segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Natal: gerar e formar Cristo em nós

                                                       


Natal: gerar e formar Cristo em nós

Mais uma manhã, e com o despertar do sol, estaremos mergulhados na intensidade da beleza da Festa do Natal do Senhor, celebrada na véspera, quando o mesmo sol se pôs.

A Liturgia das Horas nos apresenta uma pequena “Exposição sobre o Evangelho de São Lucas”, do Venerável Presbítero São Beda (Séc. VIII) sobre o Magnificat cantado por Maria; cantado por todas as gerações, e que muito nos ajuda na preparação do Natal.

“E Maria disse: A minh’alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46-47).

O Senhor, diz ela, elevou-me por um dom tão grande e inaudito, que nenhuma palavra o pode descrever e mesmo no íntimo do coração é difícil compreendê-lo. Por isso dedico todas as forças de meu ser ao louvor e à ação de graças, contemplando a grandeza d’Aquele que é eterno, e ofereço com alegria minha vida, tudo que sinto e penso, porque meu espírito rejubila pela divindade eterna de Jesus, o Salvador, que concebi e é gerado em meu seio.

O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc 1,49).

Estas palavras se relacionam com o início do cântico que diz: A minh’alma engrandece o Senhor. De fato, só a alma em quem o Senhor Se dignou fazer maravilhas pode engrandecê-Lo e louvá-Lo dignamente e dizer, exortando os que compartilham seus desejos e aspirações:

Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome (Sl 33,4).

Quem conhece o Senhor e é negligente em proclamar Sua grandeza e santificar o Seu nome, será considerado o menor no Reino dos Céus (Mt 5,19).

Diz-se que Santo é o Seu nome porque, pelo Seu poder ilimitado, transcende toda criatura e está infinitamente separado de todas as coisas criadas.

Acolhe Israel, Seu servidor, fiel ao Seu amor (Lc 1,54).

Israel é, com razão, denominado servidor do Senhor, porque, sendo obediente e humilde, foi por Ele acolhido para ser salvo, como diz Oséias: Quando Israel era criança, eu já o amava (Os 11,1). Aquele que recusa humilhar-se não pode certamente ser salvo, nem dizer com o Profeta: Quem me protege e me ampara é meu Deus; é o Senhor quem sustenta a minha vida! (Sl 53,6). Mas, quem se fizer humilde como uma criança, esse é o maior no Reino dos Céus (cf. Mt 18,4).

Como havia prometido a nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos para sempre (Lc 1,55).

Trata-se da descendência de Abraão segundo o Espírito e não segundo a carne, isto é, não apenas dos filhos segundo a natureza, mas de todos que seguiram o exemplo da sua fé, fossem eles circuncidados ou incircuncisos. Pois o próprio Abraão, ainda incircunciso, acreditou e isto lhe foi imputado como justiça.

A vinda do Salvador foi, portanto, prometida a Abraão e a seus filhos para sempre, isto é, aos filhos da promessa, dos quais se diz:

Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa (Gl 3,29).

É com razão que, antes do nascimento do Senhor e de João, Suas mães profetizam, para que, tendo o pecado começado pela mulher, os bens comecem igualmente por ela; e se foi pela sedução de uma só mulher que a morte foi introduzida no mundo, agora é pela profecia de duas mulheres que se anuncia ao mundo a Salvação.”

O Salvador foi formado e gerado no ventre de Maria pela ação do Espírito Santo, como tão bem expressa o Evangelho do quarto Domingo do Advento - Ano A -  (Mt 1,18-24).

Maria soube submeter-se aos desígnios de Deus, acolhendo o anúncio do Anjo Gabriel, deu o SIM mais expressivo da História – “Eis aqui a serva do Senhor...” (Lc 1,38)

Agora é a nossa vez de sermos fecundados pelo Espírito Santo em coração, para celebrarmos com alegria e júbilo o Natal do Salvador.

É preciso que geremos e formemos Cristo em nós, somente assim poderemos trocar sinceros e profícuos votos de Feliz Natal.

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