quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Em poucas palavras...

                                                   


“Mas é Deus que primeiro chama o homem...”

“Mas é Deus que primeiro chama o homem. Muito embora o homem se esqueça do seu Criador ou se esconda da sua face, corra atrás dos ídolos ou acuse a divindade de o ter abandonado, o Deus vivo e verdadeiro chama incansavelmente cada pessoa ao misterioso encontro da oração.

Na oração, é sempre o amor do Deus fiel a dar o primeiro passo; o passo do homem é sempre uma resposta. A medida que Deus Se revela e revela o homem a si mesmo, a oração surge como um apelo recíproco, um drama de aliança. 

Através das palavras e dos atos, este drama compromete o coração e manifesta-se ao longo de toda a história da Salvação.”

 

(1)   Catecismo da Igreja Católica – parágrafo 2.567

 

Em poucas palavras...

                                          


Pecados que bradam ao céu

“A tradição catequética lembra também a existência de «pecados que bradam ao céu».

Bradam ao céu: o sangue de Abel (Gn 4,10); o pecado dos sodomitas (Gn 18,20; 19,13); o clamor do povo oprimido no Egito (Ex 3,7-10); o lamento do estrangeiro, da viúva e do órfão (Ex 20,20-22); a injustiça para com o assalariado (Dt 24,14-15; Tg 5,4).”  (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1867

Deus misericordioso não quer que ninguém se perca

 


Deus misericordioso não quer que ninguém se perca

“Prega a palavra, insiste a tempo

e fora de tempo” (cf. 2Tm 4,2) 

 

Sejamos enriquecidos pelo sermão sobre os pastores, escrito pelo bispo e doutor da Igreja, Santo Agostinho (Sec.  V).

“A desgarrada não reconduzistes e a que se perdia não fostes procurar (Ez 34,4).  Aqui às vezes caímos em mãos dos ladrões e nos dentes dos lobos vorazes. 

Rogamos, pois, que oreis por estes nossos perigos.  Também as ovelhas são rebeldes.  Quando procuramos as erradias, declaram não ser nossas, para seu erro e perdição: ‘Que quereis de nós?  Por que nos procurais?’ Como se não fosse o mesmo motivo que nos faz querê-las e procurá-las; porque se desviam e se perdem.  Se estou no erro, diz, se na morte, que queres de mim?  Por que me procuras?’ Justamente porque estás no erro, quero reconduzir-te; porque te perdeste quero encontrar-te.  Quero assim errar, quero assim me perder’.

Queres vaguear assim, queres perder-te assim?  Muito bem, mas eu não quero.  Ouso dizer isto mesmo: sou importuno.  Escuto o Apóstolo que diz: Prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo (2Tm 4,2). 

Com quem, a tempo?  Com quem, fora de tempo?  A tempo com os desejosos, fora de tempo com os que não querem ouvir.  Sou inteiramente importuno, ouso dizer: ‘Tu queres errar, tu queres perecer; eu não quero’.  E afinal, não o quer Aquele que me faz tremer. 

Se eu quiser o erro, vê o que me dirá, vê como me repreenderá: Ao desgarrado não reconduzistes, ao que se perdera não fostes procurar.  Temerei mais a ti do que a Ele?  Teremos todos de nos apresentar ao tribunal de Cristo (2Cor 5, 10).

Reconduzirei a desgarrada, procurarei a perdida.  Quer queiras quer não, assim farei.  E se, em minha busca, os espinhos dos bosques me rasgarem, eu me obrigarei a ir por todos os atalhos difíceis.

Baterei todos os cercados; enquanto me der forças o Senhor que me ameaça, percorrerei tudo sem descanso. 

Reconduzirei a desgarrada, procurarei a perdida.  Se não queres que eu sofra, não te desgarres, não te percas.  E pouco dizer que tenho pena de ti, desgarrada e perdida. Tenho medo de que, se te abandonar, venha a matar o que é forte. Escuta o que se segue. E ao que era forte, matastes (Ez 34,3).  Se eu abandonar a desgarrada e perdida, o que é forte terá gosto em desgarrar-se e perder-se.”

Na fidelidade ao Deus de misericórdia, devemos fazer todo o esforço para que nenhuma de Suas “ovelhas” se disperse, por isto é preciso insistir a tempo e fora do tempo.

De fato, Deus jamais desiste de nós, e é Sua divina vontade que todos sejam salvos. Cabe a nós darmos nossa resposta livre e decidida de amor, sem jamais afastar de Seu rebanho, e do cumprimento de Sua vontade, sobretudo o amor a Ele acima de tudo e de todos. Amém.

A unidade do culto e da vida

                                                          

A unidade do culto e da vida

“A vida celebra-se, o culto vive-se”

A passagem bíblica do Livro do Profeta Ageu, proclamada na quinta-feira da 25ª Semana do Tempo Comum - ano ímpar- (Ag 1,1-8) apresenta um tema muito significativo para a História do Povo de Deus: a edificação da Casa do Senhor.

Num período dificílimo, período do pós-exílio, tempo de reconstrução de tudo, a comunidade se encontrava em ruínas, com o imperativo da reconstrução do templo. Assim se uniram os repatriados que se ajudaram uns aos outros.

O profeta Ageu via a profunda unidade entre o culto e a vida, por isto a necessidade desta reconstrução com a participação de todos.

Assim lemos no comentário do Missal Cotidiano:

“Os cristãos não devem engolfar-se no mundo ou dele fugir. ‘Quem vai além ou não permanece na doutrina de Cristo não possui a Deus’ (2 Jo 9), mas Cristo nos ‘enviou ao mundo’ (Jo 17,18). A relação entre culto e vida pode mudar com os tempos, porém não pode ser destruída: a vida celebra-se, o culto vive-se.” (1)

Roguemos a Deus as graças e luzes necessárias para não sermos envolvidos e seduzidos pela mentalidade do mundo, com suas propostas sedutoras enganadoras, mas que também não fujamos, e não vivamos alheios ao que acontece em nossa volta.

Bem diz um dos Documentos da Igreja, aludindo sobre a íntima união da Igreja com toda a família humana:

As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração”. (2)

A autenticidade de vida cristã exige de nós que jamais divorciemos a vida do culto e o culto da vida, como bem expressou o Missal Cotidiano: “A vida celebra-se, o culto vive-se”, e tão apenas com a força e ação do Espírito, viveremos a Boa-Nova de Jesus, comprometidos com o Reino de Deus por Ele inaugurado.

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - 1995 - página 1308
(2) Gaudium Et Spes – Vaticano II – n.1

Um olhar transcendente

                                                           

Um olhar transcendente

Caminhando pela praça, meus olhos se fixam ao que me toca a alma. Em um cenário diferenciado, com um chão tortuoso, tendo o cuidado para não tropeço descuidado, volto meu olhar de modo especial sobre aqueles que edificam e fazem iluminar minha alma, e me levam a voos diferenciados às alturas de um céu azulado.

Meus pensamentos voam contemplando as crianças correndo ao encontro dos braços da mãe, e por elas fotografadas, deitadas na cama que a natureza nos presenteia: a grama do jardim, roseada pelas pétalas do ipê caídas depois do tempo útil e necessário, num eterno círculo de reflorescimento: cair, morrer, fecundar, e um tempo depois novamente vir a florescer e florir.

Na praça, por vezes, somos surpreendidos com pessoas, que rompendo o anonimato, se aproximam, para uma informação ou com o simples propósito de conversar, ainda que aparentemente futilidades, podendo até mesmo vincular relacionamentos, acolhida, orientação, palavras partilhadas, renovando-se para pôr-se a caminho.

Outras vezes os pensamentos voam contemplando pessoas trêfegas, cansadas, agitadas, depois de um dia extenuante, que não percebem que o sol está se pondo no horizonte, para um novo amanhecer, com seus raios e luz que virão nos iluminar e aquecer; e num retorno em meio ao tráfego, quando o semáfaro que não abre, embora  programado, como que tivesse que se esperar uma eternidade.

Olho a praça como lugar do aprendizado da expressão da beleza da vida, da convivência harmoniosa, para além das diferenças e anonimatos a serem rompidos. Meus olhos, pela natureza encantados, pelo canto dos pássaros, meus ouvidos e alma tocados.

A sensibilidade para os mínimos acontecimentos nos dão a devida dimensão da grandiosidade e sacralidade e dignidade da vida humana e o zelo pela totalidade da divina criação.

Urge que nossas praças sejam mais valorizadas e cuidadas; um lugar agradável de caminhadas, para cuidado do corpo e do espírito, dos sonhos, dos encontros e reencontros, do refazer-se para o árduo caminho; espaço da convivência, das manifestações, da cordialidade e fortalecimentos de vínculos de justiça, paz e fraternidade.

Enfim, seja a praça a prefiguração da praça celestial, o novo céu e a nova terra, onde caminharemos entre anjos e santos, com a graça da comunhão plena de vida e de amor, em que o Senhor reinará no coração de toda a humanidade, quando o Filho, Jesus, submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos.

“E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então o próprio Filho Se submeterá àquele que tudo lhe submeteu, 
para que Deus seja tudo em todos. 
E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, 
então o próprio Filho se submeterá Àquele 
que tudo lhe submeteu, 
para que Deus seja tudo em todos”

(1 Cor 15,28).

Ninguém nos amou tanto assim!

                                                     

Ninguém nos amou tanto assim!

À luz de um dos Sermões do Bispo Santo Agostinho (Séc. V), reflitamos sobre a preciosa morte dos mártires, cujo preço foi a morte de Cristo.

“Pelos feitos tão gloriosos dos mártires, que fazem a Igreja florescer por toda parte, provamos com nossos próprios olhos como é verdadeiro o que cantamos: É preciosa aos olhos do Senhor a morte de seus santos (Sl 115,15). Portanto, é preciosa não só aos nossos olhos, mas aos olhos daquele por cujo nome se sofreu. Contudo o preço destas mortes é a morte de um só.

Quantas mortes comprou um só com a sua morte? Se ele não morresse, o grão de trigo não se multiplicaria. Ouvistes suas palavras, estando próxima a paixão, quer dizer, quando se aproximava nossa redenção: Se o grão de trigo, caindo em terra, não morrer, ficará sozinho; morrendo, porém, produzirá muito fruto (Jo 12,24).

Houve na cruz um grande comércio: abriu-se ali a bolsa para pagar nosso custo; quando seu lado foi aberto pela lança do que feria, dali correu o preço do mundo inteiro. Foram comprados fiéis e mártires; mas a fé dos mártires suportou a prova: o sangue é testemunha. Retribuíram o que tinha sido pago por eles e realizaram as palavras de São João: Assim como Cristo entregou sua vida por nós, também nós devemos entregar nossas vidas pelos irmãos (cf. 1Jo 3,16).

E em outro lugar se disse: Sentaste à grande mesa, observa com cuidado o que te oferecem porque deves preparar o mesmo (Pr 23,1-2). A grande mesa é aquela em que as iguarias são o próprio Senhor da mesa. Ninguém alimenta os convivas com sua pessoa, mas assim procede o Cristo Senhor: ele é que convida, ele é o pão e a bebida. Portanto, os mártires reconheceram o que comeram e o que beberam, para retribuírem o mesmo.

Mas como retribuir, a não ser que lhes desse com que retribuir aquele que primeiro pagou? Que retribuirei ao Senhor por tudo quanto me deu? Tomarei o cálice da salvação (Sl 115,12-13). Que cálice é este? O cálice da paixão, amargo e salutar; cálice que, se dele não bebesse antes o médico, o doente temeria tocá-lo.

É ele este cálice. Nós o reconhecemos nos lábios de Cristo que dizia: Pai, se possível for afaste-se de mim este cálice (Mt 26,39). Deste mesmo cálice disseram os mártires: Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor (Sl 115,13).

Não temos então medo de fraquejar? Por quê? Porque invocaremos o nome do Senhor. Como venceriam os mártires, se neles não vencesse aquele que disse: Alegrai-vos porque eu venci o mundo? (Jo 16,33).

O soberano dos céus governava-lhes a mente e a língua e, através deles, derrotava o diabo na terra e coroava os mártires no céu. Felizes os que assim beberam deste cálice: terminaram as dores, receberam as honras!”.

Fomos resgatados pelo Senhor em Sua morte na cruz, como nos falou o Bispo: “Houve na cruz um grande comércio: abriu-se ali a bolsa para pagar nosso custo; quando seu lado foi aberto pela lança do que feria, dali correu o preço do mundo inteiro”.

Resgatados, reconciliados e alimentados pelo Seu Corpo e Sangue, como partícipes do Banquete Eucarístico, para levar adiante a sua missão com coragem, como peregrinos da esperança, enfrentando as adversidades e até mesmo o martírio, como inúmeros assim testemunharam ao longo da história.

Correspondamos cada vez mais ao imenso amor de Deus que tendo nos amado, nos amou até o fim por meio do Seu Filho, como nos falou o Evangelista São João - Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16), e assim estaremos trilhando o caminho da verdadeira felicidade e vida plena e eterna.

Em poucas palavras...

                                                  


O testemunho de fé

“Zacarias insinua que quem conhece a Deus deve fazê-lo conhecido dos demais.

Nosso testemunho de fé deveria ser tal que pudéssemos ouvir: ‘Queremos ir convosco, porque compreendemos que Deus está convosco’” (1)

 

 

(1)               Comentário do Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 1325 sobre a passagem bíblica: Zc 8,20-23

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG