quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Em poucas palavras...

 


Fortaleçamos os vínculos da caridade

“Deus eterno e onipotente, que reunis os Vossos fiéis dispersos e os conservais na unidade, olhai com bondade para todo o Povo de Cristo, para que vivam unidos pela integridade da fé e pelo vínculo da caridade todos aqueles que foram consagrados pelo mesmo Batismo”. (1)

 

(1) Lecionário Comentado – Volume Quaresma/Páscoa – Editora Paulus – 2011 – p.638

 

A fé não nos dispensa de sagrados compromissos

                                 

A fé não nos dispensa de sagrados compromissos

Retomemos um trecho da Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos, em que se refere à criação à espera da libertação da corrupção - (Rm 8,18-25):

“Sabemos que toda a criação, até ao tempo presente, está gemendo como que em dores de parto, e não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo...”.

Assim nos fala o Comentário do Missal Cotidiano:

“Os problemas levantados pela ecologia têm chamado a atenção sobre o equilíbrio natural. Também em nosso modo de ver a natureza, devemos encontrar um equilíbrio. Entre um naturalismo todo horizontal, terra-a-terra, e um angelismo todo vertical, para o qual a terra não passa de base para os pés, existem outras posições mais realistas, portanto, mais cristãs. Ciência e técnica se inclinam a um esforço de busca e transformação da criação. Mas, as energias descobertas são por si ambíguas. Nós é que lhes damos sentido: gloria do Criador ou desfrute da criatura. Num caso tem-se a expansão na liberdade; no outro, a distorção, grávida de consequências arriscadas”. (1)

Naturalismo todo horizontal e angelismo todo vertical. Termos não muito comuns ao nosso discurso, mas de pertinência incontestável.

Não somente em relação à criação, mas a outros fatos da vida (nascimento, vida, doença, saúde, emprego, relacionamentos amorosos, dimensão profissional, morte etc.) podemos transitar entre as duas atitudes.

Diante da vida podemos adotar a primeira postura, procurando respostas humanas, técnicas e científicas, prescindindo de toda dimensão espiritual, sobretudo se considerarmos o processo de dilaceramento interior aguçado da fé, da religião, da existência e da necessidade de Deus.

A busca de solução, portanto, na pura razão científica e técnica e absolutamente desvinculada da fé. Não há espaço algum para a fé!

A outra postura, prescindir da ciência, da técnica, de seus avanços. Não se utilizar daquilo que o conhecimento humano alcançou, com a inapropriada postura: Deus tudo resolverá!

Segue-se a atitude de passividade e confiança em Deus, pois cabe a Ele tudo resolver, sem fazer uso daquilo que por Ele também foi propiciado, mas que deliberadamente pela atitude pessoal dispensada. A fé que tudo resolve sem mediação alguma!

Nem uma postura, nem outra. Adotada uma postura unilateral, exclusiva teremos o que se disse acima: “Num caso tem-se a expansão na liberdade; no outro, a distorção, grávida de consequências arriscadas”.

Mais uma vez vem à mente a brilhante Encíclica do Papa São João Paulo II – “Fé e Razão”.

Como Bispo, religioso, bem como cientista social que também sou, procuro transitar entre um polo e outro:

As questões econômicas, políticas, sociais, ecológicas etc. Sejam elas quais forem somente encontrarão respostas, que as sustentem, sabendo-se fazer sabiamente este livre trânsito.

Quando a fé e a ciência procuram sincero diálogo: Deus tem o seu lugar absoluto na vida humana, e esta, por sua vez, ganha em expressão, beleza e dignidade!

A negação de Deus, Seu eclipse, é a negação e o eclipse da própria humanidade, como afirmava o Papa Bento XVI, em suas Encíclicas e pronunciamentos.

Oremos:

Livrai-nos, Senhor, da terrível “armadilha” do Naturalismo Horizontal e do Angelismo Vertical, que certamente levar-nos-ia a ofuscar e a não reconhecer Vossa soberania e  divindade, bem como fragilizaria nossa imagem que de Vós somos, estampada em nossa humanidade! 

Dai-nos, Senhor, o Fogo do Espírito, para correspondermos melhor ao Vosso Projeto de Vida plena para todos.

Dai-nos, a Sabedoria do Espírito, para iluminar a sabedoria humana, o que nos levará ao equilíbrio necessário, para agirmos como se tudo dependesse da humanidade, sem jamais prescindirmos da Força da Suprema Divindade. Amém.


(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus - pág.1428

PS: Oportuno para reflexão da passagem da Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses (1 Ts 3,12-4,2)

O dinamismo da conversão e da penitência

 


O dinamismo da conversão e da penitência

O parágrafo n.1439 do Catecismo da Igreja Católica nos apresenta o dinamismo da conversão e da penitência, maravilhosamente descrito por Jesus na parábola do «filho pródigo», cujo centro é «o pai misericordioso» (Lc 15,11-24):

1º.         o fascínio de uma liberdade ilusória e o abandono da casa paterna;

2º.        a miséria extrema em que o filho se encontra depois de esbanjar a fortuna;

3º.        a humilhação profunda de se ver obrigado a guardar porcos e, pior ainda, de desejar alimentar-se com a ração que os porcos comiam:

4º.        a reflexão sobre os bens perdidos:

5º.        o arrependimento e a decisão de se declarar culpado diante do pai:

6º.        o caminho do regresso;

7º.        o acolhimento generoso por parte do pai: a alegria do pai. 

O anel e o banquete festivo (sandálias e vestes novas) são símbolos desta vida nova, pura, digna, cheia de alegria, que é a vida de quem retorna para Deus e para o seio da família que é a Igreja.

Afirma ainda o Catecismo: somente o Coração de Cristo, que conhece a profundidade do amor do Seu Pai, pôde revelar-nos o abismo da Sua misericórdia, de um modo tão cheio de simplicidade e beleza.

Que experimentemos este abismo de misericórdia, vivendo este dinamismo de conversão e de penitência, que contemplamos ao refletir sobre a passagem da parábola do pai misericordioso, e tanto quanto possível, nos aproximemos do Sacramento da Penitência para uma necessária e frutuosa confissão e absolvição de nossos pecados.


A vigilância comprometida com o mundo novo

 


A vigilância comprometida com o mundo novo
 
Reflexão à luz da passagem da Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses (1Ts 5,1-6).
 
O Apóstolo Paulo nos exorta, como partícipes do plano de Deus, para que “não durmamos como os outros”, mas que nos empenhemos em multiplicar os próprios talentos, sem acumular uma fortuna para si.
 
Tão pouco devemos usar as próprias capacidades unicamente para si, menos ainda com desperdício; e é através do trabalho que produzimos a criação divina, como prolongamento da obra da criação.
 
Vejamos o que nos diz o Missal Dominical:
 
“A vida nos nossos dias é muito dura para a maior parte dos homens, a concorrência é desumana, não existe segurança profissional para ninguém, o relaxamento dos costumes cresce de maneira inquietadora, os homens confiam cada vez menos uns no outros.
 
Aumenta a delinquência, o sofrimento não poupa ninguém e a morte continua a ser o pavor de todos. Pesa sobre a humanidade o perigo de guerras: reina ainda na terra o estado da injustiça, que clama vingança, e no qual se encontra o Terceiro Mundo.
 
Todos experimentam, às próprias custas, quais as consequências, quando o pecado domina. Quem pode sentir-se em segurança?
 
Entretanto, Cristo age nesta humanidade como força de renovação, difundindo dons e talentos a homens livres que saibam fazê-los frutificar corajosamente.
 
Deus não tem o hábito de transformar as leis da natureza ou de agir em nosso lugar; não organiza nenhum sistema de segurança nem mesmo para os que creem n’Ele; mas o Espírito de Deus nos impele a tornarmo-nos homens novos, isto é, homens que, apesar dos contragolpes e oposições, continuam a edificar com amor um futuro mais sorridente”. (1)
 
Concluindo, nas atividades quotidianas, experimentamos nossas capacidades transformadoras, a necessária fantasia criativa, que não pode prescindir da verdadeira Sabedoria, para não promover e se deixar seduzir pela desordem do pecado, em dimensão pessoal, social e estrutural.


 
(1) Missal Dominical - Paulus, 1995 - p.860.

Milagres: o que diz a Igreja Católica?

                                                             

Milagres: o que diz a Igreja Católica?

Vejamos o que nos diz o Catecismo da Igreja sobre os milagres:

“A Bíblia é riquíssima em passagens nas quais Jesus acompanha suas palavras com numerosos "milagres, prodígios e sinais" (At 2,22) que manifestam que o Reino está presente nele. Os milagres atestam que Jesus é o Messias anunciado.

Os sinais operados por Jesus testemunham que o Pai o enviou. Convidam a crer nele. Aos que a Ele se dirigem com fé, concede o que pedem. Assim, os milagres  fortificam a fé nAquele que realiza as obras de seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus. Eles podem também ser "ocasião de escândalo". Não se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mágicos, especulações vãs” (§547/8).

“O motivo de crer não é o fato de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz de nossa razão natural. Cremos "por causa da autoridade de Deus que revela e que não pode nem enganar-se nem enganar-nos". "Todavia, para que o obséquio de nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados das provas exteriores de sua Revelação. Por isso, os milagres de Cristo e dos santos, as profecias, a propagação e a santidade da Igreja, sua fecundidade e estabilidade "constituem sinais certíssimos da Revelação, adaptados à inteligência de todos", "motivos de credibilidade" que mostram que o assentimento da fé não é "de modo algum um movimento cego do Espírito" (§156).

Em síntese, a Igreja nos permite dizer que muitos fatos podem ser explicados à luz da razão natural e outros não, porque se devem a autoridade de Deus, que se manifesta em sinais que ultrapassam toda e qualquer racionalidade, expressando-se como graças divinas que trazem em si a revelação de quão imensurável é o Seu Amor por nós.

O que aos nossos olhos e razão parece ser impossível para Deus não é. Não temos o poder de enquadrar a força divina, e Seu poder ultrapassa toda possibilidade de racionalização, quantificação.

Certamente o leitor já presenciou transformações, curas e outros fatos que a ciência não soube explicar. Mas quem disse que a ciência tem que tudo explicar? Pela fé somos e podemos muito mais do que possamos pensar, porque ela é força que nos move no romper de barreiras aparentemente intransponíveis.

Bem exclamou o Senhor aos Apóstolos– “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: Arranque-se daí e plante-se no mar. E ela obedeceria vocês” (Lc 17,6).

Portanto, por menor que seja a fé,
se acrisolada no fogo da caridade,
faz reacender a esperança de que a Ação Divina
se multiplicará e os milagres como
Graça Divina se tornarão imensuráveis.

Sejam nossas palavras temperadas com sal

                                                            

Sejam nossas palavras temperadas com sal

"Que a palavra de vocês seja sempre agradável, temperada com sal, de tal modo que saibam responder a cada um como convém” (Cl 4,6)

O Apóstolo Paulo, na passagem da Carta aos Colossenses (Cl 4, 2-6), nos exorta a viver na vigilância e na oração.

Vejamos o que nos diz a Nota da Bíblia Edição Pastoral:

“O texto é perpassado por um clima de oração. Os motivos para rezar são diversos: para permanecer vigilantes com relação às doutrinas estranhas, para render graças pela salvação alcançada, para que a Palavra continue seu caminho missionário, para que o Projeto de Cristo seja conhecido (Rm 6,12-14; Ef 6,18-20). Por causa desse Projeto, Paulo está preso (Cl 4,3.10.18). Palavra ‘temperada com sal’ é o modo como os antigos se referiam à palavra sábia e oportuna”.

Deste modo, reflitamos sobre a necessária vigilância, acompanhada de oração, para que nossas palavras sejam agradáveis, temperadas com sal, ou seja, sábias e oportunas, em todos os momentos e em todas as situações.

Na Carta aos Efésios (Ef 4,29), o Apóstolo também nos diz:

“Que da boca de vocês não saia nenhuma palavra que prejudique, mas palavras boas para a edificação no momento oportuno, a fim de que façam bem para aqueles que as ouvem”.

Roguemos a Deus para que a Sua Palavra esteja sempre em nossos lábios e coração, pois a boca fala do que o coração está cheio, nos disse o Senhor Jesus (Lc 6,45).

Sejamos iluminados pelo Espírito do Senhor, para que não nos faltem palavras sábias e oportunas para corrigir, exortar, edificar, na vida familiar, eclesial e social.

Sejam nossas palavras acompanhadas de conteúdo necessário para que se tornem credíveis, com o sal necessário para “temperar” novos e saborosos relacionamentos fraternos.

Sejam nossas palavras “temperadas com sal” na exata medida, para que venhamos a dar sabor a vida de tantos quantos convivemos: palavras sábias, equilibradas e que retratam o desejo e o compromisso de um mundo melhor.

Urge que aqueles que conduzem o “rebanho” tenham sempre palavras temperadas com o sal na exata medida, para que sejam revigorados em sua fé, renovados na esperança e inflamados na caridade.

Oremos, finalmente, por todos os que nos governam para que também não faltem a estes palavras temperadas com sal, para que sejam credíveis em suas palavras e atitudes na promoção do bem comum, na promoção de uma sociedade justa e fraterna.

Em poucas palavras...


 

O triunfo da misericórdia

“Falai e procedei como pessoas que vão ser julgadas pela Lei da liberdade.

Pensai bem: O juízo vai ser sem misericórdia para quem não praticou misericórdia; a misericórdia, porém, triunfa do juízo.”

 

 

(1)Tg 2,12-13

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