sexta-feira, 25 de abril de 2025

Dai-nos, Senhor, a sabedoria do Vosso Espírito

                                               

Dai-nos, Senhor, a sabedoria do Vosso Espírito 

No dia 25 de abril, celebramos a Festa do Evangelista São Marcos, e no e ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 16,15-20). 

Jesus aparece aos onze discípulos, Ressuscitado, e os envia em missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). 

Nisto consiste a missão da Igreja que somos: cumprir o mando do Senhor, sendo uma Igreja em estado permanente de missão, na fidelidade a Jesus, vivo e Ressuscitado, em plena comunhão com o Pai e o Espírito que nos conduz, pois é Ele o grande protagonista da missão. 

Oremos: 

Senhor, concedei-nos a Sabedoria do Vosso Espírito, para que, cumpramos a vontade de Deus, na missão de evangelizadores, discípulos missionários Vossos, que é a mais bela essência da nossa missão: sermos instrumentos de vida, amor, luz e paz, num mundo marcado por sinais de contradições e mortes. 

Senhor, ajudai-nos, para que nos abramos à graça e ao amor, que são derramados em nossos corações pelo Vosso Espírito, de modo que por Vós chamados, acolhidos, amados e enviados em missão, conheçamos quem sois e sintamos Vossa presença de amor e coragem. 

Senhor, movidos pelo Vosso Espírito Santo, ensinai-nos a sermos canais da graça divina na vida das pessoas e, ao mesmo tempo, preparando os nossos corações e de todos a quem comunicamos a Semente de Vossa Palavra, para que sejamos terrenos férteis, produzindo os frutos que Vosso Pai tanto espera. 

Senhor, conduzidos por Vosso Espírito, façamos de nossa vida doação e serviço, amor e entrega, como assim Vós fizestes, em ato extremo na morte de Cruz, amando-nos até o fim, por isto, pelo Pai fostes Glorificado. Amém. Aleluia! 

Não fosse o Senhor Ressuscitado...


Não fosse o Senhor Ressuscitado...

O Bispo São João Crisóstomo (Séc. IV), em memorável Homilia sobre a Primeira Carta aos Coríntios, nos fala sobre a mais bela e revolucionária Notícia: a Ressurreição do Senhor e Sua aparição aos discípulos.

Por meio de homens ignorantes a Cruz persuadiu, e mais, persuadiu a terra inteira.

Não falava de coisas sem importância, mas de Deus, da verdadeira religião, do modo de viver o Evangelho e do futuro juízo.

De incultos e ignorantes fez amigos da sabedoria. Vê como a loucura de Deus é mais sábia que os homens e a fraqueza, mais forte.

De que modo mais forte?
Cobriu toda a terra, cativou a todos por seu poder. Sucedeu exatamente o contrário do que pretendiam aqueles que tentavam apagar o nome do Crucificado.

Este nome floresceu e cresceu enormemente. Mas seus inimigos pereceram em ruína total. Sendo vivos, lutando contra o morto, nada conseguiram.

Por isso, quando o grego me chama de morto, mostra-se totalmente insensato, pois eu, que a seus olhos passo por ignorante, me revelo mais sábio que os sábios.

Ele, tratando-me de fraco, dá provas de ser o mais fraco. Tudo o que, pela graça de Deus, souberam realizar aqueles publicanos e pescadores, os filósofos, os reis, numa palavra, todo o mundo perscrutando inúmeras coisas, nem mesmo puderam imaginar.

Pensando nisto, Paulo dizia:

O que é fraqueza de Deus é mais forte que todos os homens (1Cor 1,25).

Com isso se prova a pregação divina. Quando é que se pensou: doze homens, sem instrução, morando em lagos, rios e desertos, que se lançam a tão grande empresa?

Quando se pensou que pessoas que talvez nunca houvessem pisado em uma cidade e, em sua praça pública, atacassem o mundo inteiro?

Quem sobre eles escreveu, mostrou claramente que eles eram medrosos e pusilânimes, sem querer negar ou esconder os defeitos deles.

Ora, este é o maior argumento em favor de sua veracidade. Que diz então a respeito deles? Que, preso o Cristo depois de tantos milagres feitos, uns fugiram, o principal deles O negou.

Donde lhes veio que, durante a vida de Cristo, não resistiram à fúria dos judeus, mas, uma vez Ele morto e sepultado – visto que, como dizeis, Cristo não ressuscitou, nem lhes falou, nem os encorajou – entraram em luta contra o mundo inteiro?

Não teriam dito, ao contrário: ‘Que é isto? não pôde salvar-se, vai proteger-nos agora?

Ainda vivo, não socorreu a Si mesmo, e morto, nos estenderá a mão?
Vivo, não sujeitou povo algum, e nós iremos convencer o mundo inteiro, só com dizer Seu nome?

Como não será insensato não só fazer, mas até pensar tal coisa?’

Por este motivo é evidente que, se não O tivessem visto ressuscitado e recebido assim a grande prova de Seu poder, jamais se teriam lançado em tamanha aventura”.

A inspiração que o motiva: “O que é fraqueza de Deus é mais forte que todos os homens” (1Cor 1,25).

É belíssimo contemplar como ele parte da constatação do aparente fracasso da missão de Jesus.

Da real fraqueza e limitações de Seus discípulos em todos os sentidos e como nos apresenta a novidade da Ressurreição em suas vidas, o que ela trouxe de novo e o que ela impulsionou em suas vidas.

Nossa alma se une a Deus em
estreito abraço e indestrutível laço.
Aleluia! Aleluia!

Não fosse o Senhor Ressuscitado... (continuação)

Não fosse o Senhor Ressuscitado...

Não fosse o Senhor Ressuscitado...
O anúncio de Jesus seria inócuo, olvidado, sem ressonância, de fato, insuportável.
O Pão partilhado na ceia, se não sem sabor, com sabor pior da amarga decepção.
O vinho oferecido, como Sangue apresentado, cálice da amarga ilusão, fracasso sem comparação.
O Evangelho, por Ele anunciado, não alegre notícia, mas notícia mais que indesejável.

Não fosse o Senhor Ressuscitado...
A Cruz oferecida, jugo que nos pesaria, que humanamente ninguém jamais suportaria.
Seus ensinamentos de amor, partilha, solidariedade, perdão quem guardaria no coração?
Ao Seu convite, a Sua voz, que a alguns chamou pelo nome, ouvidos taparíamos.
Distância d’Ele e do Papaizinho d’Ele tão amado é a atitude que tomaríamos.

Não fosse o Senhor Ressuscitado...
Os discípulos de Emaús jamais para Jerusalém alegremente voltariam.
O mundo não O conheceria, porque não haveria quem d’Ele falaria.
A liturgia, que é fonte e ápice da vida, que beleza e esplendor teria?
Quem exultaria e, da Santa Mesa da Vida, com alegria participaria?

Não fosse o Senhor Ressuscitado...
A história de Jesus a mais trágica e funesta história...
Sua existência, um estrondoso e inesquecível fracasso.
A história da Igreja? Que história? Dela nem memória!
Seria a soma de desilusões, inútil doação e cansaço...

Não fosse o Senhor Ressuscitado...
Teria Ele descido, tristemente, dos mortos, à mansão,
Juntado às almas que há muito na escuridão jaziam...
Sem Sua gloriosa Ressurreição, que esperança teriam?
A não ser acolher a espera  em eterna e absoluta escuridão!

Não fosse o Senhor Ressuscitado...
As correntes que a todos prendiam, neste vale mais profundo,
Jamais seriam rompidas, para sempre eterno grilhão...
Que triste destino não só para Ele, mas para todo o mundo
Que desejava ver a morte estilhaçada, liberdade-Ressurreição!

Mas não! Definitivamente Não! Ele Ressuscitou!
Deus O Ressuscitou, porque o Pai jamais O desamparou.
O Pai que tanto O amou, nunca desapontou e decepcionou.
Ele O Ressuscitou, um novo tempo inaugurou.
Falou mais alto o Amor que ama e sempre amou

Mas não! Definitivamente Não! Ele Ressuscitou!
A Boa Nova quem pode acorrentá-la?
A voz dos discípulos, quem pode sufocá-la?
O Sangue derramado, quem evitaria?
Diaconia e martírios, quem impediria?

Mas não! Definitivamente Não! Ele Ressuscitou!
Ele presente na Palavra e na Eucaristia.
Ele Ressuscitado, presente, e mais que presente,
Com o Seu Espírito antes da morte prometido,
O Amor jamais poderia ter sido vencido!

Mas não! Definitivamente Não! Ele Ressuscitou!
Ele, pelo Sangue derramado, à direita do Pai está sentado.
Ele, pelo Amor vivenciado, pelo Pai foi glorificado.
Ele, pelos discípulos imitado, pela fidelidade vivida.
Ele no Amor extremo vivido, humanidade, enfim, redimida!

Mas não! Definitivamente Não! Ele Ressuscitou!
Experimentando o rebaixamento mais humanamente possível:
A morte, a mansão tristes dos mortos, foi inúmeras almas iluminar;
Os grilhões que para sempre prendiam, rompidos: que Amor crível!
Como não, ao mundo, mais bela notícia anunciar, testemunhar?

Mas não! Definitivamente Não! Ele Ressuscitou!
Alegremo-nos com Sua Gloriosa Ressurreição!
A promessa se cumpriu: a vida venceu, de fato, a morte,
Alcançou-nos a eternidade na alegria da Salvação!
O Amor de Deus falou, como sempre, mais forte!


PS: Inspirado na Homilia de São João Crisóstomo...

Sejamos incansáveis na busca da coerência!


Sejamos incansáveis na busca da coerência!

Para que nossos corações pulsem de alegria,
trilhemos o caminho da coerência
entre o pensar, o falar e o agir,
colocando-nos, portanto, 
em busca da sintonia perfeita,
para que encontrada e vivida,
alcance-nos a felicidade 
e nos propicie 
o verdadeiro encontro com a ternura divina.
Vos suplicamos, Senhor: 
a perfeita sintonia nos dai hoje!
Amém. Aleluia! Aleluia!

É o Espírito do Senhor que age e faz


É o Espírito do Senhor que age e faz

Em pleno Tempo Pascal, celebrando o transbordamento da alegria da Ressurreição do Senhor e a riqueza da Liturgia, ressoam as Palavras do Senhor, ao anoitecer daquele primeiro dia da semana, quando os discípulos se encontravam reunidos, mas de portas fechadas, com medo dos judeus:

“A paz esteja convosco. Como Pai me enviou, também Eu vos envio”. E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20, 21-23).

Nisto consiste a missão da Igreja: enviada por Jesus, proclamar a Boa-Nova do Senhor, comunicando a paz, como expressão da plenitude de todos os bens, para que tenhamos vida plena e abundante; inaugurar um novo tempo e uma nova realidade; comunicar e viver o perdão dos pecados, pela ação e presença do Espírito Santo.

Deste modo, vemos que o sopro do Ressuscitado se repete ao longo da história, e a ação do Espírito Santo nos desafia, como Igreja, na vivência desta fidelidade ao Senhor, de modo sublime, na vivência da misericórdia concretamente através das obras de misericórdia corporais e espirituais.

Contemplamos o sopro do Espírito:

- por todos os meios de comunicação, que têm o compromisso de proclamar a Palavra de Deus, num mundo onde se multiplicam as possibilidades de informação, mas, por vezes, uma comunicação líquida que não cria laços fraternos;

- quando nos empenhamos no  aprendizado da comunicação que começa no ventre, e depois continua ao longo de toda a vida, em suas mais diversas manifestações, como a prática da Oração, do perdão e da bênção;

- na renovação de nosso “sim” na participação das diversas pastorais, movimentos e serviços que a Igreja nos convida;  

- nos sagrados compromissos na construção de uma cultura de vida e de paz.

Somente quando sentimos a presença do Ressuscitado, que rompe as “paredes fechadas” pelo medo, colocando-Se no centro da comunidade, comunicando a verdadeira Paz; e somente quando nos abrimos ao sopro de Seu Espírito é que podemos vencer todo medo, apatia, indiferença, e nos tornamos uma Igreja verdadeiramente missionária, uma Igreja em saída como afirmou o Papa Francisco em sua primeira Exortação Apostólica:

Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG n.49).

Portanto, continuemos contemplando as múltiplas e inesgotáveis manifestações do sopro do Senhor, que nos comunicou o Seu Espírito, renovando em cada um de nós a alegria de sermos discípulos missionários do Senhor.

Evangelizemos pacientemente, aguardando o tempo de Deus, que fará as sementes florescerem, e saborosos frutos pascais, abundantemente, multiplicados.

Dilemas, inquietações e segredos de quem escreve…

Dilemas, inquietações e segredos de quem escreve…

Em meio às múltiplas atividades pastorais, e outras emergências na vida de um bispo, dedico tempo para escrever e chegar até quem precisa de uma reflexão, um texto, uma homilia, algo que seja como um bálsamo para as feridas, sustento para o caminho.

Nesta atividade aparecem os dilemas, inquietações, afinidade com o sopro do Espírito, atenção para os clamores que emergem dos mais simples, o momento, os desafios diversos que não podem exilar-se dos olhos, ouvidos, mente e coração de quem escreve.

O que acontece com aquele que escreve?

Às vezes vou escrever uma coisa,
E acabo escrevendo sobre outra.
Tem coisas que não dá para entender,
Muito menos para explicar…
Coisas de quem escreve com o coração,
Coisas de quem escreve por divina inspiração,
Coisas de quem escreve, às vezes, sem ela!     

Nem sempre vem a inspiração querida…
Fazer o que?
Limites próprios e humanos de nossa fragilidade,
Isto é o que nos faz belos aos olhos de Deus:
Reconhecer nossos limites, imperfeições…
Necessitados de contínuas e múltiplas conversões!

Acertamos mais quando
Suplicamos a divina inspiração!
Somente com ela nos expressamos claramente
E adentramos alma e coração.

Luz divina que, inexoravelmente, o quarto escuro
De minha mente e meu coração obscuro, ilumina…
Luz divina, que inextinguível, mais que desejável:
Arde, aquece, inflama… Consome-se e nunca termina!

Que os dilemas e inquietações sejam minhas santas preocupações no cuidado do “rebanho”.

Que façamos de cada dilema uma possibilidade de abertura e crescimento.

Não fosse a Inspiração Divina!


Não fosse a Inspiração Divina!

"... Pois n’Ele vivemos, e nos
movemos,  e existimos..." (At 17,28)

Nenhum poeta é senhor de sua mais bela poesia.
Nenhum cantor é senhor da beleza de seu canto.
Nenhum pintor tão pouco de sua indescritível pintura.
Tudo quão belo for é obra do Criador, não da criatura!

Palavras que direi, mais que simples rimas,
É expressão de puros sentimentos,
Frutos da imensurável Bondade Divina,
Que inexaurivelmente a todos ilumina!

Quando o canto de meus olhos fica lacrimoso,
Quando os meus olhos, com certeza, luminosos,
Não há mais dúvida alguma em minha mente:
É obra de Deus, Luz Divina abundante, reluzente!



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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG