segunda-feira, 21 de abril de 2025

Em poucas palavras...

                                                            

 

“Pai nosso...”

“Quando chamamos a Deus de ‘nosso Pai’, precisamos lembrar-nos que devemos comportar-nos como filhos de Deus” (1)

(1)São Cipriano – cf. Catecismo da Igreja Católica n. 2784

 

 

Sem lamentações inúteis


Iniciemos nosso Itinerário Pascal

Iniciemos nosso Itinerário Pascal

Voltemo-nos para um trecho do Tratado sobre a Solenidade da Páscoa, escrito pelo Bispo Santo Eusébio de Cesareia (séc. IV).

“... Depois da Páscoa e ao término de sete semanas, celebramos a Festa de Pentecostes; da mesma forma que anteriormente a Festa da Páscoa, e durante um período de seis semanas, aguentamos varonilmente as práticas quaresmais.

Pois o número seis é, por assim dizer, um número que significa atividade e eficácia. Por esta razão se diz que Deus criou em seis dias todas as coisas. Com razão, pois, as fadigas que supuseram a preparação da primeira solenidade, lhes seguem as sete semanas preparatórias da segunda solenidade, na qual se concede um longo período de descanso, simbolizado pelo número sete.

Portanto, considerando os santos dias de Pentecostes como uma imagem do futuro descanso, não sem razão nossas almas transbordam de alegria, e também condescendemos com nosso corpo, concedendo-lhe um respiro, como se já estivéssemos com o Esposo. Portanto, não nos está permitido jejuar”. (1)

A Liturgia do Tempo Pascal deve ser celebrada com intensa alegria; devemos sentir este transbordamento de alegria como se já estivéssemos com o Esposo.

Esta fé que temos e professamos, no Salvador morto e ressuscitado, exige que procuremos superar um número elevado de dúvidas, de vacilações, de medos, antes de acolher, sem reticências, o Mistério revelado, como nos afirma o Missal:

Além disso, deve-se evitar anunciá-Lo prematuramente. A fé é um Itinerário Pascal de morte de nós mesmos, das nossas seguranças, das nossas ‘evidências’ para nascermos para a verdade de Deus e da Sua mensagem” (2).

Sem demora, depois da Vigília Pascal, como Igreja, começaremos nosso Itinerário Pascal, que estas mortes nos façam mais Pascais, alegres discípulos missionários do Senhor, porque sabemos em quem confiamos e depositamos nossa esperança.

Cremos e sentimos a Sua nova presença conosco, vivo e Ressuscitado, nos iluminando, nos ancorando com Sua Palavra e nos fortalecendo com Seu Corpo e Sangue, Alimento indispensável e salutar para o nosso viver.


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Ed. Vozes - PP. 339-340
(2) Missal Quotidiano Dominical e Ferial - Editora Paulus - Lisboa - P. 587.

“Jesus Cristo: jardineiro do Pai”

                                                            

“Jesus Cristo: jardineiro do Pai”

Na segunda-feira na oitava da Páscoa, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 28,8-15), que nos apresenta a aparição do Ressuscitado a Maria Madalena, a “Apóstola dos Apóstolos”, como nos falou o Presbítero e Doutor da Igreja, Santo Tomás de Aquino (séc. XIII).

Maria Madalena, num primeiro momento, não reconhece a presença de Jesus Cristo Ressuscitado, até mesmo O confundindo com um jardineiro.

Sobre esta identificação, sejamos enriquecidos por este pequeno comentário:

“Essa imagem é carregada de simbolismo. Jesus é, de fato, o jardineiro do Pai. Como vemos no Livro do Gênesis, o mundo foi criado à imagem e semelhança de um jardim, o Jardim do Éden.

Ali foi colocado o ser humano, na figura de Adão e Eva, para cuidar desse jardim e nele viver bem e felizes.

Adão seria, portanto, o jardineiro de Deus. Porém, pela sua ambição (desejo de ser Deus), o jardim foi destruído.

Deus, no entanto, envia Seu Filho para recuperar a imagem e a dignidade desse jardim maltratado.

Jesus (o novo Adão) veio para a originalidade da criação, para que todos pudessem ter vida e a ter em plenitude (Jo 10,10).

Mais uma vez a humanidade não entendeu o projeto do Pai e quis eliminar Aquele que veio para resgatar o jardim, o Paraíso. Porém, dessa vez, o bem venceu o mal.

A Ressurreição de Jesus, jardineiro do Pai, é a prova cabal dessa história...” (1)

Eis a missão para quem crê no Cristo Ressuscitado: como jardineiros do Criador, também somos chamados a restaurar o jardim de Deus, o Paraíso não como uma estéril lembrança, mas compromisso sagrado que nos impulsiona com a Boa Nova do Reino.

Deste modo, temos que ver de que modo estamos fazendo florescer o jardim que Deus nos confiou:

- Quais as sementes que estamos lançando nos corações daqueles
que a Igreja nos confia, como discípulos Missionários do Senhor?

- Quem são aqueles que dão a vida e se comprometem para que o Paraíso querido por Deus para todos nós, não seja saudade, mas compromisso e esperança?

- Numa perspectiva de Ecologia Integral, quais atitudes que precisam ser repensadas para que nossa Casa Comum seja cuidada e preservada?

Vivemos um tempo favorável de reflexão e avaliação de nossas ambições desmedidas, por vezes de braços dados com o delírio da onipotência.

Ainda hoje o Senhor continua nos chamando pelo nome, como assim o fez com Maria Madalena, e nos chama para o testemunho de Sua vitória sobre a morte; para que anunciemos ao mundo a Boa Nova de Sua Ressurreição.

Crer na Vida Nova do Ressuscitado é se tornar alegre discípulo missionário; verdadeiramente comprometido com a construção do Paraíso, na busca de um novo céu e uma nova terra, como nos fala o autor do Livro do Apocalipse:

“Depois vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia mais. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus. Ela estava vestida como uma noiva enfeitada para o seu marido. Então ouvi uma voz forte que vinha do trono, dizendo:

Agora, a morada de Deus vai ser com os homens. Deus habitará com eles e eles serão povos de Deus. Então, o próprio Deus estará com eles e Ele lhes será por Deus. Deus enxugará todas as lágrimas de seus olhos e a morte já não existirá mais. Não haverá mais luto, nem choro e nem dor, porque as coisas velhas já passaram”. (Ap 21,1-4)

(1) Liturgia da Palavra I – Reflexões para os dias da Semana – 2014 – Editora Paulus – p.85

Perseverar com a presença do Espírito Santo

                                                         

Perseverar com a presença do Espírito Santo

“Eles mostravam-se assíduos ao Ensinamento dos Apóstolos,
à Comunhão Fraterna, à Fração do Pão e às Orações” (At 2,42).

Contemplemos a presença e a manifestação do Ressuscitado no meio da comunidade reunida, ainda com as portas fechadas, com medo dos judeus. Mas a presença do Ressuscitado foi a comunicação do “shalom”, plenitude de paz; de todos os bens necessários para que seguissem com coragem a missão.

Acompanhada da saudação, a comunidade recebe do Ressuscitado o sopro do Espírito e é enviada em missão: “Assim como o Pai me enviou, também vos envio...” (Jo 20, 22-23). A partir deste momento, os apóstolos saíram para anunciar a Boa-Nova do Evangelho, e maravilhas o Senhor realizava por meio deles, ainda que homens rudes, simples, mas enriquecidos com a sabedoria e a força do Espírito.

Deste modo, edificava-se uma comunidade perseverante na Doutrina dos ApóstolosComunhão Fraterna, Fração do Pão e na Oração (At 2,42-45).

Ontem, hoje e sempre, Jesus é o mesmo, e precisamos continuar a missão que Ele confiou à Sua Igreja, e não estamos sós, mas com a ação e presença do Espírito Santo, que nos foi comunicado, desde aquele dia.

É preciso que perseveremos na Doutrina dos Apóstolos, sendo uma Igreja discípula e missionária e profética, aprendizes do que o Espírito nos diz. Para tal, é providencial o subsídio “Conversando sobre a Bíblia”, já disponibilizado para as nossas comunidades.

Um passo a mais, daremos ao conhecer e aprofundar a Doutrina Social da Igreja à luz da Misericórdia Divina, que será tema da Semana Diocesana de Formação, em julho próximo, nas Foranias.

Importante também que acolhamos a Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” (a “Alegria do Amor”), do Papa Francisco, sobre o amor na família. Do mesmo modo, acolhamos o Documento final sobre a missão dos cristãos leigos e leigas, aprovado na 54ª Assembleia dos Bispos, em Aparecida (2016).

É preciso que perseveremos na Comunhão Fraterna, fazendo de nossas comunidades “ilhas de misericórdia, no mar da indiferença” (mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2015). 

Viver a misericórdia, para que sejamos uma Igreja samaritana, servidora dos que mais sofrem. A acolhida fraterna, o fortalecimento dos vínculos entre os membros da comunidade, e a presença solidária onde a vida é ameaçada, também são marcas expressivas desta comunhão a ser vivida.

É preciso que perseveremos na Fração do Pão, como comunidades Eucarísticas, que se nutrem do Pão da Imortalidade. Lembramos o grande teólogo, Pesbítero e Doutor da Igreja, Santo Tomás de Aquino, que nos disse não haver outro Sacramento mais salutar do que este, pois nele, os nossos pecados são destruídos (nos renovamos e reconciliamos com a Trindade Santa); nossas virtudes crescem, bem como nossa alma é plenamente saciada e enriquecida de todos os dons espirituais. Precisamos nos revigorar nas Mesas inseparáveis, da Palavra e da Eucaristia, que nos remetem à mesa do cotidiano, crendo que “a Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia” (Papa São João Paulo II).

É preciso que perseveremos na Oração, de modo especial, através da Leitura Orante, cujas orientações nos são oferecidas no encarte deste jornal. Procuremos valorizar todos os espaços e momentos de oração que a Igreja nos propõe (de âmbito diocesano, paroquial e comunitário), e de modo especial, fortalecendo o Ministério da Visitação, a fim de que novos grupos de reflexão e oração se formem, e os que já existem se solidifiquem.

É preciso que sejamos evangelizadores, anunciadores e testemunhas da Boa-Nova do Ressuscitado, com a presença do Espírito, participando da construção do Reino de Deus, empenhados por um mundo mais justo, fraterno e solidário. Motivações não nos faltam: o amor que recebemos de Jesus, a consciência e alegria de sermos Povo de Deus, a ação misteriosa do Ressuscitado e do Seu Espírito, a força missionária da intercessão e a presença de Maria, a Mãe da Evangelização (cf. “Evangelii Gaudium)”.

Creio no Senhor Ressuscitado

                                                                    

Creio no Senhor Ressuscitado

Creio em Vós, Jesus, o Cristo que destruistes a morte,
triunfastes do inimigo,

Calcastes aos pés o inferno, prendestes o violento e
nos elevastes  às alturas dos céus.

De Vós recebemos o perdão,
porque sois a nossa Páscoa da Salvação,
o Cordeiro por nós imolado, 
Sangue derramado que nos redime,
e que Vos tornastes para nós Verdadeira Bebida 
Alimento de Eternidade, na Eucaristia.

Vós sois a Água que nos purifica.
Em Vós somos banhados e renovados.

Vós sois a nossa Vida, Ressurreição, Luz,
Salvação, Rei e Redentor.

Conduzi-nos, Senhor, sempre para as alturas.
Ressuscitai-nos! 
Mostrai-nos o Pai que está nos céus.
Levantai-nos com a Vossa mão direita.
Enviai-nos, do Pai, o Vosso Espírito.

Amém! Aleluia! Aleluia!


Fonte de inspiração: Homilia sobre a Páscoa, do Bispo de Sardes, Melitão (Séc. II)

É Páscoa! Vida Nova foi inaugurada!

                                                             


É Páscoa!  Vida Nova foi inaugurada!
 
Então o anjo disse às mulheres: ‘Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar em que Ele estava.” (Mt 28,5-6)
 
Celebremos e vivamos o Tempo Pascal exultantes de alegria, pois a vida venceu a morte, Jesus Ressuscitou. Aleluia!
 
Reluz em nosso coração ardente a Palavra e a luz do Ressuscitado, bem como nossos olhos se abrem na partilha do Pão em cada Eucaristia, e voltam a brilhar, vislumbrando novos caminhos e compromissos com a Evangelização, como Igreja sinodal que somos, firmando os pilares das nossas comunidades: pilar da Palavra, do Pão da Eucaristia, da Caridade e da ação missionária.
 
O Senhor veio plantar no coração de pessoas de boa vontade a confiança e a esperança, que concretizadas em ações de caridade autêntica assegurarão o novo que Deus tem para nós.
 
O Senhor, de fato, faz novas todas as coisas, sobretudo no coração daquele que crê e ama. Os sinos soam em vibração contagiante e os suores da luta se multiplicam, porque quando há amor, todos os esforços são importantes.
 
Que o suor de Sangue do Amado não tenha sido em vão. Derramemos o nosso, se preciso for, por um mundo novo, alegre, cheio de vida, paz, justiça, fraternidade e amor.
 
O Sol Divino irrompeu na madrugada, iluminou nossa existência, revigorou nossos passos, refez nossos sonhos e os sagrados compromissos que brotam da fé, a fim de que sejamos uma Igreja misericordiosa, acolhedora e missionária.
 
É Páscoa! As palavras do anjo mais uma vez ressoam no mais profundo de nós: Chegou o tão esperado amanhecer! O Sol Divino, Jesus, está mais do que vivo no meio de nós. Não tenhamos medo. O Senhor Ressuscitou! Aleluia! Aleluia! 

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