sábado, 5 de abril de 2025
Novos horizontes
Sagrados compromissos com a fraternidade universal
Sagrados compromissos com a fraternidade universal
Sejamos enriquecidos por estes parágrafos da Constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II (séc. XX), que nos fala sobre toda a atividade humana que deve ser purificado no Mistério Pascal.
“A Sagrada Escritura, confirmada pela experiência dos séculos, ensina à família humana que o progresso, grande bem para o homem, traz também consigo uma enorme tentação. De fato, quando a hierarquia de valores é alterada e o bem e o mal se misturam, os indivíduos e os grupos consideram somente seus próprios interesses e não o dos outros.
Por esse motivo, o mundo deixa de ser o lugar da verdadeira fraternidade, enquanto o aumento do poder da humanidade ameaça destruir o próprio gênero humano. Se alguém pergunta como pode ser vencida essa miserável situação, os cristãos afirmam que todas as atividades humanas, cotidianamente postas em perigo pelo orgulho do homem e o amor desordenado de si mesmo, precisam ser purificadas e levadas à perfeição por meio da cruz e ressurreição de Cristo.
Redimido por Cristo e tornado nova criatura no Espírito Santo, o homem pode e deve amar as coisas criadas pelo próprio Deus. Com efeito, recebe-as de Deus; olha-as e respeita-as como dons vindos das mãos de Deus.
Agradecendo por elas ao divino Benfeitor e usando e fruindo das criaturas em espírito de pobreza e liberdade, é introduzido na verdadeira posse do mundo, como se nada tivesse e possuísse: ‘Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus’ (1Cor 3,22-23).
O Verbo de Deus, por quem todas as coisas foram feitas, que Se encarnou e veio habitar na terra dos homens, entrou como Homem perfeito na história do mundo, assumindo-a e recapitulando-a em Si. Ele nos revela que Deus é amor (1Jo 4,8) e ao mesmo tempo nos ensina que a lei fundamental da perfeição humana, e, portanto, da transformação do mundo, é o novo Mandamento do amor.
Aos que acreditam no amor de Deus, Ele dá a certeza de que o caminho do amor está aberto a todos os homens e não é inútil o esforço para instaurar uma fraternidade universal.
Adverte-nos também que esta caridade não deve ser praticada somente nas grandes ocasiões, mas, antes de tudo, nas circunstâncias ordinárias da vida.
Sofrendo a morte por todos nós pecadores, Ele nos ensina com o Seu exemplo que devemos também carregar a cruz que a carne e o mundo impõem sobre os ombros dos que procuram a paz e a justiça.
Constituído Senhor por sua Ressurreição, Cristo, a quem foi dado todo poder no céu e na terra, age nos corações dos homens pelo poder de seu Espírito. Não somente suscita o desejo do mundo futuro, mas anima, purifica e fortalece por esse desejo os propósitos generosos com que a família humana procura melhorar suas condições de vida e submeter para este fim a terra inteira.
São diversos, porém, os dons do Espírito. Enquanto chama alguns para testemunharem abertamente o desejo da morada celeste e conservarem vivo esse testemunho na família humana, chama outros para se dedicarem ao serviço terrestre dos homens e prepararem com esse ministério a matéria do reino dos céus. A todos, porém, liberta para que, renunciando ao egoísmo e empregando todas as energias terrenas em prol da vida humana, se lancem decididamente para as realidades futuras, quando a própria humanidade se tornará uma oferenda agradável a Deus”.
Vivendo o Tempo da Quaresma, de modo mais intenso, somos motivados à prática do essencial de nossa fé cristã, que é a vivência do Mandamento do Amor que Nosso Senhor nos deu a ser vivido em sua dupla dimensão, inseparavelmente: amor a Deus e ao próximo.
De fato, como lemos, somente a prática deste Mandamento é que nos possibilitará a construção de uma fraternidade universal, e o fortalecimento dos vínculos de uma amizade social, como tão bem expressou o Papa Francisco em sua Carta Encíclica “Fratelli Tutti".
Assim, também relaciono com a temática da 5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica (2021), com o tema: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”; e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14); e também a Campanha da Fraternidade 2025, com o tema - "Fraternidade e Ecologia integral", e com o lema - "Deus viu que tudo era muito bom" (cf. Gn 1,31).
Concluo, retomando a Oração da Campanha da Fraternidade 2021, porque se trata de um convite a viver a amorosidade, derrubando muros de separações e divisões, ao mesmo tempo que somos desafiados a construir pontes de diálogo, comunhão e proximidade, e respeito a beleza e sacralidade da vida.
Oremos:
“Deus da vida, da justiça e do amor, Nós Te bendizemos pelo dom da fraternidade e por concederes a graça de vivermos a comunhão na diversidade.
Através desta Campanha da Fraternidade Ecumênica,
ajuda-nos a testemunhar a beleza do diálogo
como compromisso de amor, criando pontes que unem
em vez de muros que separam e geram indiferença e ódio.
Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a toda a humanidade, em especial, aos mais pobres e fragilizados, a fim de que possamos testemunhar o Teu amor redentor e partilhar suas dores e angústias, suas alegrias e esperanças, caminhando pelas veredas da amorosidade. Por Jesus Cristo, nossa paz,
no Espírito Santo, sopro restaurador da vida. Amém”.
Aprendiz da misericórdia Divina
Aprendiz da misericórdia Divina
Assim ouvimos na Carta de São Tiago:
“Porque o julgamento será sem Misericórdia para quem não tiver agido com Misericórdia. Os misericordiosos não têm motivo de temer o julgamento” (Tg 2,13)
Há um imperativo em nossa vida cristã, como discípulos missionários do Senhor: aprender o que é a misericórdia.
A misericórdia exige que transformemos nossa fé em obras, do contrário, será morta, como nos falou o Apóstolo São Tiago (Tg 2,26), e como antes já nos dissera o Senhor, sobre a condição para a entrada no Reino dos Céus: – “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7, 21).
Contemplemos a misericórdia divina e a tornemos concreta:
- Na acolhida ao pecador, acompanhada de reconciliação e perdão gerador da possibilidade de novos rumos, novos passos;
- Com gestos concretos para fortalecer vínculos de fraternidade e comunhão, na necessária construção de pontes e extinção de muros que geram divisões, discriminações, marginalizações e exclusões;
- Com ações afetivas e efetivas de partilha e solidariedade, sobretudo com os que mais precisam.
Contemplemos e adoremos o rosto da misericórdia, que é o próprio Jesus, em amor total e incondicional ao Reino de Deus, por Ele inaugurado, com a presença e ação do Santo Espírito.
Oremos:
“Ó Deus, Vosso nome é santo e Vossa misericórdia se celebra de geração em geração; atendei às súplicas do povo e concedei-lhe proclamar sempre a Vossa grandeza. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”. Amém.
Três luminares da fé
“Ninguém jamais falou como este homem”
“Ninguém jamais falou como este homem”
Senhor Jesus Cristo, fazemos nossas as palavras dos guardas diante dos sumos sacerdotes e fariseus, no Templo, sobre Vós: “Ninguém jamais falou como este homem” (Jo 7,46).
Dai-nos Sabedoria para acolher Vossas Palavras, e tomar posição e decisões coerentes em todos os momentos.
Abri nossa mente e coração à Vossa Revelação de Si mesmo, como Salvador de todos nós, resgatando-nos pelo Mistério de Vossa Morte na Cruz.
Firmai nossos passos, para que, como discípulos missionários Vossos, sejamos livres da miopia farisaica, de modo que Vos vejamos como o Cristo, o Ungido de Deus que veio para nos redimir e conceder vida plena.
Ajudai-nos para que, na fidelidade a Vós, doador de luz e vida, sejamos para mundo iluminados e iluminantes, apaixonados e promotores da vida em todos os âmbitos, e de cada pessoa, desde a concepção ao seu natural declínio.
Enviai-nos sempre o Vosso Espírito de Amor, para que criemos e fortaleçamos vínculos de comunhão fraterna e amizade social em todo o tempo, na alegria da contemplação e compromisso com o Reino pelo qual destes a Vossa vida. Amém.
PS: Fonte de inspiração - Comentário do Missal Cotidiano sobre a passagem do Evangelho de João (Jo 7,40-53)
Em poucas palavras...
Não nos deixeis cair em tentação!
“Cedemos às vezes à tentação de montar diante de Deus o mesmo aparato
cênico que usamos para impressionar os homens.
Para obter consideração, fazer carreira ou evitar condenação,
exibimos títulos e privilégios.” (1)
(1)
Comentário do Missal Cotidiano sobre a passagem da Carta de São
Paulo aos Filipenses (Fl 3,3-8a) – pág. 1462