sexta-feira, 4 de abril de 2025

Celebremos ativa e piedosamente a Semana Santa, a Semana Maior

 


Celebremos ativa e piedosamente a Semana Santa, a Semana Maior
 
Como Igreja, celebraremos a Semana Santa, chamada também de a Semana Maior (por seu conteúdo, importância e riqueza para a fé que professamos), como um tempo forte de silêncio e oração, de tal modo que poderemos rever como testemunhamos nossa fé e como nos relacionamos com nosso próximo, pois a fé sem obras é morta, como nos fala o Apóstolo em sua Carta (Tg 2, 14-18).
 
São dias memoráveis, que começam com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, e, de modo especial, o Tríduo Pascal, que inicia com a Missa da Quinta-feira Santa, quando celebramos a Instituição da Eucaristia, Mandamento Novo do Amor e o Sacramento da Ordem; a Sexta-Feira Santa da Paixão e Morte do Senhor; o Sábado Santo culminando com a mais antiquíssima e bela Vigília Pascal, ao anoitecer; e chegando ao ápice do Domingo da Páscoa e da Ressurreição do Senhor.
 
A fé, para que seja autêntica, deve ser operativa, ou seja, levar ao compromisso social e comunitário. Belos discursos não bastam; é preciso uma bela prática, pois a religião autêntica transparece nos gestos concretos de amor e solidariedade, fraternidade, serviço, partilha, perdão, para que não façamos da religião uma mentira, um engano, uma evasão, uma omissão nos sagrados compromissos de solidariedade e misericórdia com nosso próximo, sobretudo no cumprimento do Novo Mandamento que Ele nos deu: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (cf. Jo 15,12).
 
Com a Celebração da Semana Santa, nos unimos mais intensamente ao Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Ele configurados, como peregrinos da esperança, testemunhas de sua ternura, compaixão, proximidade e misericórdia, no cuidado e promoção da vida humana, no cuidado da criação e da nossa Casa Comum.
 

A Palavra de Deus: leitura e oração

                          

A Palavra de Deus: leitura e oração
                                      
   “A oração nos purifica, a leitura nos instrui”

Reflexão à luz da Palavra do Semeado conforme as passagens do Evangelho (Mt 13,1-9; Mc 4,1-9; Lc 8,4-15).

O Semeador é o próprio Jesus, assim como a semente é a Sua Palavra a cair no chão de nosso coração.

Sejamos enriquecidos pelos escritos do Bispo Santo Isidoro (séc. VII) sobre a importância da Palavra de Deus, e em que consiste a diferença da sua leitura ou oração.

“A Oração nos purifica, a leitura nos instrui. Usemos uma e outra, se é possível, porque as duas são coisas boas. Porém, se não for possível, é melhor rezar do que ler.

Quem deseja estar sempre com Deus, deve rezar e ler constantemente. Quando rezamos, falamos com o próprio Deus; mas quando lemos, é Deus que nos fala.

Todo progresso procede da leitura e da meditação. Com a leitura aprendemos o que não sabemos, com a meditação conservamos na memória o que aprendemos.

Da leitura da Sagrada Escritura recebemos uma dupla vantagem, porque ilumina a nossa inteligência e conduz o homem ao amor de Deus, depois de tê-lo arrancado das vaidades mundanas.

Duplo é também o fim que temos de propor-nos a ler: o primeiro, tratar de compreender o sentido das Escrituras; e em seguida, esforçar-nos por proclamá-la com a maior dignidade possível.

Quem lê, de fato, busca em primeiro lugar compreender o que lê, e somente depois trata de expressar de modo mais conveniente o que aprendeu.

Mas o bom leitor não se preocupa tanto de conhecer o que lê quanto de colocá-lo em prática. É menos árduo ignorar completamente um ideal do que, uma vez conhecido, não colocá-lo em prática. Portanto, assim como mediante a leitura demonstramos nosso desejo de conhecer, assim logo após ter conhecido temos de sentir o dever de colocar em prática as coisas boas que aprendemos.

Ninguém é capaz de aprofundar-se no sentido da Sagrada Escritura se não a lê com assiduidade, conforme está escrito: ‘Ama-a e ela te exaltará, glorificar-te-á quando a abraças’.

Quanto mais assíduo se é na leitura da Escritura, mais rico é o entendimento que se alcança. É o mesmo que acontece com a terra: quanto mais a cultivamos, mais produz.

Existem pessoas que, sendo inteligentes, são negligentes na leitura dos textos sagrados. Desta forma, com sua negligência manifestam seu desprezo por aquilo que poderiam ter aprendido mediante a leitura. Outros, no entanto, têm desejos de saber, porém sua escassa preparação se torna um obstáculo. Contudo, estes últimos, mediante uma leitura inteligente e assídua, chegam a conhecer o que os outros ignoram; mais inteligentes, porém preguiçosos e indiferentes.

Assim como uma pessoa, ainda que seja tarda em inteligência, consegue tirar fruto graças ao seu esforço e seu empenho no estudo, assim aquele que negligencia o dom da inteligência que Deus lhe concedeu se torna culpável de reprovação, porque rejeita um dom recebido e o deixa sem dar frutos.

Se a doutrina não está sustentada pela graça, não chega ao coração, mesmo que entre pelos ouvidos. Faz muito barulho por fora, mas não aproveita a alma. Somente quando intervém a graça, a Palavra de Deus desce dos ouvidos ao fundo do coração, e ali age intimamente, levando a compreensão do que foi lido”. (1)

Um pouco antes, São Jerônimo exortou-nos a amar a Palavra de Deus na Sagrada Escritura. Literalmente afirmou: “Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”.

Por isso, é importante que todo cristão viva em contato e em diálogo pessoal com a Palavra de Deus, que nos é entregue na Sagrada Escritura.

Este diálogo com Ela deve ter sempre duas dimensões: por um lado, deve haver um diálogo realmente pessoal, pois Deus fala conosco através da Sagrada Escritura e tem uma mensagem para cada um de nós.

A Sagrada Escritura não pode ser vista como uma Palavra do passado, mas como Palavra de Deus dirigida também a nós, quando procuramos entender o que o Senhor quer nos dizer.

Para não cair no individualismo, temos de ter presente que a Palavra de Deus nos é dada precisamente para construir comunhão e para nos unir na verdade de nosso caminho rumo a Deus.

Portanto, apesar de ser sempre uma Palavra pessoal, é também uma Palavra que edifica a comunidade, que edifica a Igreja verdadeiramente Sinodal. Por isso, temos de lê-la em comunhão com a Igreja viva.

O lugar privilegiado da leitura e da escuta da Palavra de Deus é a Liturgia, nela ao celebrar a Palavra e ao tornar presente o Sacramento do Corpo de Cristo, atualizamos a Palavra em nossa vida e a fazemos presente entre nós.

A Palavra de Deus transcende os tempos, ao contrário das opiniões humanas que passam. O que hoje se apresenta como moderno, amanhã estará ultrapassado. Ela é Palavra de Vida Eterna, tem em si a eternidade, vale para sempre. 

Com a leitura da Palavra Divina, podemos nos instruir acerca da vontade de Deus, mas quando a tomamos para a Oração, abrimos nosso coração e a Ele apresentamos nossos anseios, propósitos, angústias, esperanças,  alegrias e tristezas, em atenta espera de Sua resposta.

Os Salmistas nos ensinam que os ouvidos de Deus estão sempre abertos e prontos a nos conceder uma resposta, ainda que esta nos desinstale, nos questione, exija mudança de rumos, conceitos e paradigmas, e alargamento de horizontes…

“Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei para meu Deus:
do Seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu clamor em Sua presença chegou aos Seus ouvidos.” (Sl 17,7)


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp. 176-177

A necessária reconciliação

                                                 


A necessária reconciliação

               “Não descanse se não te reconciliaste com o teu irmão”

Sejamos enriquecidos pelos escritos de Santo Isidoro de Sevilha, Doutor da Igreja (séc. VII), sobre a reconciliação.

“Dá satisfação ao teu irmão se o contristar em alguma coisa. Arrepende-te em sua presença se pecares contra ele; e se ofendeste alguém, torna-o favorável com tua súplica. Corre velozmente para a reconciliação por tua ofensa e pede com prontidão o perdão necessário...

Não durmas se não voltaste a ficar em paz, não descanse se não te reconciliaste com o teu irmão. Chama-lhe com rapidíssimo afeto de dileção. Faz-lhe voltar à graça com humildade; prostra-se diante dele com vontade submissa e com espírito suplicante pede-lhe perdão...

Concede de boa vontade o perdão a quem te peça, como tua indulgência a quem a solicite; despede com suavidade e abraça imediatamente aquele que se reconcilia contigo. Ao que volta a ti, recebe-o prontamente com benigna caridade. Perdoa, para que se perdoe a ti; desculpa, para que sejas desculpado.

Não te portes com aquele que peca contra ti segundo a sua culpa, sabendo que também contra ti acontecerá o juízo, e não te concederá indulgência se não a deste. E se ele não te suplica, se não pede que se lhe perdoe, se não sofre a humilhação do pedido, se não reconhece seu pecado devido a sua má consciência, tu cedes de coração, perdoa de boa vontade, sê graciosamente indulgente, e concede o perdão por tua própria vontade...

Não guardes dor em teu coração, nem a reproduzas em teu espírito; tira de ti a ofensa fraterna e não conserves mal-estar pela maldade alheia. Porque o ódio separa o homem do Reino de Deus, lhe afasta do céu, lhe precipita do paraíso, não se apaga com sofrimentos, nem se expia com o martírio, nem desaparece com derramamento de sangue.”

Oportuna a reflexão para nos ajudar nas reconciliações necessárias, dentro ou fora dos espaços da comunidade.

Voltemo-nos para as palavras do Senhor no Evangelho de Mateus (Mt 5,23-24):

“Portanto, se estiveres para trazer a tua oferta ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e depois virás apresentar a tua oferta”

Concluindo, ressoe em nosso coração também as palavras do Apóstolo Paulo aos Efésios:

“Não pequeis. Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento. Não vos exponhais ao diabo.” (Ef 4,26-27).

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 209

Fidelidade plena ao Senhor no amor e doação

                                                               


Fidelidade plena ao Senhor no amor e doação

A Liturgia da terça-feira da sétima Semana do Tempo Comum nos convida a refletir sobre as condições para o seguimento de Jesus, no acolhimento de Sua Palavra, para anunciá-La e testemunhá-La.

O discípulo de Jesus terá que discernir sempre para pautar a sua vida na “sabedoria de Deus” e não na “sabedoria do mundo”.

No Livro da Sabedoria, na passagem (Sb 2,12.17-20) nos apresenta a sabedoria de Deus que devem ser vivida, e isto implica em suportar as perseguições, num aparente caminho de fracasso, opondo-se a toda forma de idolatria, numa verdadeira adoração a Javé.

O autor sagrado do Livro mais recente do Antigo Testamento assegura que vale a pena ser justo e fiel aos valores da fé; garante que a fidelidade do justo a Javé não ficará sem recompensa.

A sabedoria de Deus deve ser vivida até a morte, por amor, em relação de serviço, unidade, caridade, verdade, construindo um mundo mais justo e fraterno.

É preciso renunciar a todo orgulho e autossuficiência, pois a vivência da sabedoria do mundo condena ao vazio, à frustração, à depressão, à escravidão e a uma felicidade ilusória, passageira.

Somente a sabedoria de Deus é garantia de uma verdadeira felicidade, realização plena, embora não garanta uma vida fácil, pois mesmo na vida daquele que a vive pode estar presente a calúnia, a perseguição, a tortura e até mesmo o martírio.

Por isto viver em comunidade é preciso sempre procurar viver na coerência do Evangelho, como nos vemos na passagem da Epístola de São Tiago (3, 16-4,3), tomando cuidado para que esta não seja destruída pelo orgulho, ambição, inveja, competição, egoísmo...

O batizado deve viver segundo os critérios de Deus, e, portanto, a necessária vigilância e conversão.  A opção pela sabedoria do mundo não é um caminho para a realização plena do homem, pois gera somente infelicidade, desordem, guerras, rivalidades, conflitos e mortes.

De outro lado, a sabedoria de Deus deve plenificar o nosso coração e iluminar as nossas decisões. Somente assim nossa Oração será ouvida por Deus, pois a Oração que é movida pela sabedoria do mundo não tem sentido algum.

Voltemos à passagem do Evangelho, em que Jesus mais uma vez anuncia a Sua Paixão e Morte (2.º anúncio), e nos apresenta a verdadeira concepção de poder que os Seus seguidores devem possuir.

O Evangelista nos apresenta Jesus como o Filho de Deus, que oferece Sua vida como dom, por amor a humanidade. Assim também terão que fazer os Seus seguidores; precisarão ter a coragem de viver a lógica de Deus, tão oposta à lógica humana. Deverão ter coragem e disposição para embarcar com Ele na mais bela de todas as aventuras: a aventura do Reino de Deus.

Seguirão um caminho que poderá ter aparência de fracasso, mas terá como palavra última a vitória assegurada pelo Cristo Ressuscitado.  A adesão ao Senhor implica em seguir o mesmo caminho que Ele percorreu, portanto, o discipulado é essencialmente Pascal, precedido da Paixão e Morte.

O seguimento de Jesus implicará em viver o “poder-serviço”. Não haverá a busca dos primeiros lugares, mas com humildade cada um se colocar alegre e generosamente a serviço de todos, a partir dos últimos.

Esta humildade não consiste na virtude do medroso, covarde, medíocre, ao contrário, é preciso ter consciência de que a vida só tem beleza e sabor quando consumida e colocada a serviço do outro. Somente assim se alcança e se saboreia as delícias de uma autêntica “felicidade-doação”.

A criança mencionada no Evangelho representa os frágeis, os sem direitos, os pobres, os indefesos, os insignificantes, os marginalizados. São estes que devem ocupar nossas pautas, mente e coração; é esta realidade que nos incomoda e nos pede compromissos evangélicos de amor e solidariedade.

Resumindo, somos convidados a viver a sabedoria de Deus que passa pela Cruz, que possui aparência de fracasso, mas é certeza de vitória; na doação da própria vida, acolhendo as críticas, as perseguições, as incompreensões (Mt 5,1-12 – as Bem-Aventuranças), numa vida de serviço por amor, alegremente, deixando nossas atitudes e pensamentos moverem-se pelos critérios de Jesus.

Urge que a virtude da humildade se concretize na acolhida e serviço aos pequenos, que são os preferidos de Deus. E como afirmou Jon Konings – “Os humildes despertam a força do amor que dorme no coração do ser humano”.

Cuidando dos preferidos de Deus, estaremos cuidando do próprio Deus (Mt 25 – o julgamento final).

Como Igreja, Povo Eleito do Senhor, sejamos uma comunidade de serviço: promovendo a unidade, vivendo a caridade, pautando os relacionamentos pela verdade; aprendendo a viver a complementaridade e subsidiariedade.

Reflitamos:

-  Qual sabedoria pauta nossa vida: a do mundo ou a de Deus?
-  O que constrói ou destrói nossas comunidades?

-  Qual a nossa alegria em embarcar na aventura do Reino de Deus?
-  De que modo o poder é verdadeiramente serviço dentro e fora da Igreja?

- Quem foi eleito para qualquer cargo o exerce com doação, promovendo o bem comum, no compromisso com os últimos de nossa sociedade?
-  Todos nós temos algum poder (família, escola, trabalho...). Como o exercemos?

Continuemos como discípulos missionários do Senhor o caminho, dando passos firmes na fidelidade a Ele e ao Evangelho, com renúncias necessárias, carregando cotidianamente nossa cruz, até que mereçamos a glória e o descanso eterno; pois peregrinos da esperança, somos vocacionados para amar e servir com alegria transbordante no coração. Amém.


PS: apropriado para a reflexão da passagem do Livro da Sabedoria (Sb 2,2-2.10.25-30)

Na Escola da Sabedoria, A Sabedoria de Deus é a loucura da Cruz

                                                              

Na Escola da Sabedoria, A Sabedoria de Deus é a loucura da Cruz

Reflitamos sobre algumas lições que devemos aprender na Escola da Sabedoria, que é a Escola de santidade e fidelidade ao Senhor, para que tenhamos a Sabedoria de Deus, e sejamos movidos incondicionalmente por amor a Jesus, assumindo e vivendo a loucura da Cruz.

Esta loucura somente é vivida na fidelidade à Palavra de Deus e na vivência concreta da fé, e assim, não teremos oscilações tão acentuadas e viveremos maior fidelidade a Deus e aos compromissos sagrados, guardando os Mandamentos Divinos. Fidelidade em tudo em nossa vida.

Paciência para alcançar resultados – a oração deve ser feita sem nada cobrar de Deus. O tempo de Deus não é o nosso tempo. A sabedoria de Deus nos faz manter a paciência até que possamos alcançar o que nos for melhor e o que for, de fato, o querer de Deus – alcançamos a sabedoria quando aprendemos a suportar as demoras de Deus.

Confiança no auxílio do Senhor, para além de todas as aparências, para além de tudo e de todos. Somente no Senhor devemos confiar. Ele protege quem O procura com coração sincero.

Contar sempre com a misericórdia de Deus e por ela ser revestida. A loucura da Cruz nos leva ao mergulho no abismo profundo de amor, que é o coração transpassado de Jesus – "Sagrado coração de Jesus, fazei nosso coração semelhante ao Vosso!"

A sabedoria de Deus é alcançada quando reconhecemos nossos pecados e a Deus voltamos de coração contrito e humilhado.

A sabedoria de Deus não deixará nossos olhos e coração ofuscados, mas iluminados.

Consciência de que somos preciosos aos olhos de Deus – dificuldades, inquietações não podem abaixar nossa autoestima. 

Jamais podemos nos sentir desamparados e abandonados por Deus. Porque Deus nos deu o Seu Filho único e compartilhou de Sua dor e entrega na Cruz.

De fato, somos preciosos demais aos Seus olhos, embora não o mereçamos.

Determinação em seguir a trilha do bem, afastando-nos de tudo aquilo que nos distancie de Deus e, consequentemente, da felicidade querida por Ele para nós.

Suportar as provações que não são para nos derrotar, mas que, se assimiladas e enfrentadas com fé, levam-nos ao amadurecimento, ao crescimento. Ele também foi provado, tentado e venceu. N’Ele e com Ele também podemos vencer, como assim rezamos no Pai Nosso…

Somos protegidos em todas as aflições – Deus é nosso auxílio, nosso refúgio e salvação…

Crer que o sofrimento não tem a última palavra, tão pouco a morte.
Purificação de nossos pensamentos, mentalidade e atitudes para que se conformem aos pensamentos, e atitudes de Deus – aqui reside a verdadeira loucura da Cruz e o alcance da verdadeira sabedoria.

Acolher Jesus e Sua proposta no carregar da cruz, a cada dia, precedido das renúncias necessárias.

Coragem para seguir o Crucificado. Não seguimos Cristo sem cruz. Não é possível ter encontrado Jesus Cristo sem cruz. Sabedoria de Deus é para quem assume a inevitabilidade da cruz em seu seguimento. Completar em nossa carne o que falta a Paixão de Cristo, por amor à Sua Igreja(Cl 1,24).

Pôr-se sempre a caminho, numa longa travessia. Seguir Jesus é colocar-se sempre a caminho; cansar talvez,  recuar jamais – Ele é o único caminho. Jesus, O descobrimos caminhando. Deus Se revela quando nos pomos a caminho, quando nos desinstalamos de nossas comodidades e das mesmices.

Ser último de todos na atitude de serviço.

Acolher Jesus leva ao compromisso e solidariedade com os pequeninos, os marginalizados, sinalizando a presença do Reino. A acolhida de Jesus se dá na acolhida do necessitado, do marginalizado…

Cultivar a alegria como discípulos missionários – aqui em perfeita sintonia com a palavra do Profeta – “A alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8,10).

Compromisso com a justiça para que floresça a paz, certos de que a Palavra Sagrada é fonte inesgotável de Sabedoria, por que a Sabedoria de Deus é inesgotável, não cabe na pequenez de nossas mentes e nos limites de nosso coração. Importante é buscar a sabedoria sempre.

Invocá-la, suplicá-la, vivendo o Amor que leva a glória eterna, o amor que passa pelo caminho (humanamente incompreensível) da Cruz (divinamente vivido e testemunhado)!



PS: Liturgia da Palavra: Livro do Eclesiástico (2,1-13); Salmo 36 e Evangelho de São Marcos (Mc 9,30-37), e oportuno para reflexão da passagem da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios (Sb 2,12.17-20; 1 Cor 1,17-25)

A sabedoria divina na provação

                                                   

A sabedoria divina na provação

No seguimento de Jesus, é preciso acolher Sua Palavra, no alegre e corajoso anúncio e testemunho, discernindo sempre para pautar a sua vida na “sabedoria de Deus”, jamais na “sabedoria do mundo”.

Na passagem do Livro da Sabedoria (Sb 2,12.17-20), vemos que a sabedoria de Deus deve ser vivida com a coragem de suportar as perseguições, num aparente caminho de fracasso, opondo-se a toda forma de idolatria, numa verdadeira adoração a Javé.

O autor sagrado, do Livro mais recente do Antigo Testamento, assegura que vale a pena ser justo e fiel aos valores da fé; garante que a fidelidade do justo a Javé não ficará sem recompensa.

A sabedoria de Deus deve ser vivida até a morte, por amor, em relação de serviço, unidade, caridade, verdade, construindo um mundo mais justo e fraterno.

É preciso renunciar a todo orgulho e autossuficiência, pois a vivência da sabedoria do mundo condena ao vazio, à frustração, à depressão, à escravidão e a uma felicidade ilusória, passageira.

Somente a sabedoria de Deus é garantia de uma verdadeira felicidade, realização plena, embora não garanta uma vida fácil, pois mesmo na vida daquele que a vive pode estar presente a calúnia, a perseguição, a tortura e até mesmo o martírio.

Na Epístola de São Tiago (Tg 3,16-4,3), vemos que viver em comunidade exige a vivência da coerência do Evangelho, tomando cuidado para que esta não seja destruída pelo orgulho, ambição, inveja, competição, egoísmo...

O batizado deve viver segundo os critérios de Deus, e, portanto, a necessária vigilância e conversão.  A opção pela sabedoria do mundo não é um caminho para a realização plena do homem, pois gera somente infelicidade, desordem, guerras, rivalidades, conflitos e mortes.

De outro lado, a sabedoria de Deus deve plenificar o nosso coração e iluminar as nossas decisões. Somente assim nossa Oração será ouvida por Deus, pois, se movida pela sabedoria do mundo não tem sentido algum.

Como discípulos missionários do Senhor, precisamos viver a sabedoria de Deus, que passa pela Cruz, possui aparência de fracasso, mas é certeza de vitória; na doação da própria vida, acolhendo as críticas, as perseguições, as incompreensões (Mt 5,1-12 – as Bem-Aventuranças), numa vida de serviço por amor, alegremente, deixando nossas atitudes e pensamentos moverem-se pelos critérios de Jesus.

Urge que a virtude da humildade se concretize na acolhida e serviço aos pequenos, que são os preferidos de Deus. E como afirmou Jon Konings – “Os humildes despertam a força do amor que dorme no coração do ser humano”.

Cuidando dos preferidos de Deus, estaremos cuidando do próprio Deus, como vemos na passagem em que Jesus nos fala do julgamento final (Mt 25,31-46).

Como Igreja, Povo Eleito do Senhor, sejamos uma comunidade de serviço: promovendo a unidade, vivendo a caridade, pautando os relacionamentos pela verdade; aprendendo a viver a complementaridade e subsidiariedade.

Como discípulos missionários, vivamos com sabedoria, em plena fidelidade ao Senhor e ao Evangelho, com renúncias necessárias, carregando cotidianamente nossa cruz, até que mereçamos a glória e o descanso eterno. Amém. 

Quaresma: viver iluminados pela sabedoria divina

                                                      

Quaresma: viver iluminados pela sabedoria divina

Reflexão à luz da passagem do Livro da Sabedoria (Sb 2,1a.12-22).

Acolher e viver a sabedoria de Deus, implica em suportar as perseguições, num aparente caminho de fracasso, opondo-se a toda forma de idolatria, numa verdadeira adoração a Javé.

O autor do Livro mais recente do Antigo Testamento assegura que vale a pena ser justo e fiel aos valores da fé; garante que a fidelidade do justo a Javé não ficará sem recompensa.

A sabedoria de Deus deve ser vivida até a morte, por amor, em relação de serviço, unidade, caridade, verdade, construindo um mundo mais justo e fraterno.

É preciso renunciar a todo orgulho e autossuficiência, pois a vivência da sabedoria do mundo condena ao vazio, à frustração, à depressão, à escravidão e a uma felicidade ilusória, passageira.

Somente a sabedoria de Deus é garantia de uma verdadeira felicidade, realização plena, embora não garanta uma vida fácil, pois mesmo na vida daquele que a vive pode estar presente a calúnia, a perseguição, a tortura e até mesmo o martírio.

Em Tempo Quaresmal, reflitamos sobre  a missão do discípulo missionário do Senhor, para discernir e pautar a sua vida na “sabedoria de Deus” e não na “sabedoria do mundo”.

Vivamos a Sabedoria de Deus, que passa pela Cruz, com aparência de fracasso, mas é certeza de vitória; na doação da própria vida, acolhendo as críticas, as perseguições, as incompreensões (Mt 5,1-12 – as Bem-Aventuranças), numa vida de serviço por amor, alegremente, deixando nossas atitudes e pensamentos moverem-se pelos critérios de Jesus.

Urge que a virtude da humildade se concretize na acolhida e serviço aos pequenos, que são os preferidos de Deus. E como afirmou Jon Konings – “Os humildes despertam a força do amor que dorme no coração do ser humano”.

Cuidando dos preferidos de Deus, estaremos cuidando do próprio Deus (Mt 25 – o julgamento final).

Como Igreja, Povo Eleito do Senhor, sejamos uma comunidade que pauta a vida pela sabedoria e verdade divinas e se coloca a serviço de unidade, na prática da caridade, aprendendo a viver a complementaridade e subsidiariedade.

Reflitamos:

-  Qual sabedoria pauta nossa vida: a do mundo ou a de Deus?
-  O que constrói ou destrói nossas comunidades?

-  Qual a nossa alegria em embarcar na aventura do Reino de Deus?
-  De que modo o poder é verdadeiramente serviço dentro e fora da Igreja?

- Quem foi eleito para qualquer cargo o exerce com doação, promovendo o bem comum, no compromisso com os últimos de nossa sociedade?
-  Todos nós temos algum poder (família, escola, trabalho...). Como o exercemos?

Trilhando o itinerário quaresmal, demos mais um passo na fidelidade ao Senhor, com renúncias necessárias, carregando, cotidianamente, nossa cruz, até que mereçamos a glória e o descanso eterno. Amém.

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG