quinta-feira, 13 de março de 2025
Pensamentos, palavras, atos e omissões...
Campanha no momento, compromisso sempre! (CF 2025)
Campanha
no momento, compromisso sempre!
A Igreja no Brasil realiza mais uma Campanha da Fraternidade, com uma proposta
extremamente atual e de importância indiscutível.
Tema: “FRATERNIDADE E ECOLOGIA INTEGRAL”
Lema: “Deus viu que tudo era muito bom ” (cf.
Gn 1,31)
Exorto
que nos empenhemos em acompanhar, refletir e ajudar a desenvolver esta
Campanha, que não se encerra, como se diz, indevidamente, com a Páscoa.
Oração da Campanha
da Fraternidade 2025 – CNBB
Ó Deus, nosso Pai,
ao contemplar o trabalho de tuas mãos,
viste
que tudo era muito bom!
O
nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra,
e hoje
experimentamos suas consequências.
Por Jesus, teu Filho e nosso
irmão,
humildemente
te pedimos:
dá-nos,
nesta Quaresma,
a graça do
sincero arrependimento
e da
conversão de nossas atitudes.
Que o
teu Espírito Santo reacenda
em nós
a consciência da missão que de ti
recebemos:
cultivar
e guardar a Criação,
no
cuidado e no respeito à vida.
Faz de
nós, ó Deus,
promotores da solidariedade e da justiça.
habitamos e construímos nossa Casa Comum,
na
esperança de um dia sermos acolhidos
na
Casa que preparaste para nós no Céu.
Amém!
PS: A Campanha da Fraternidade inicia na Quarta-feira de Cinzas.
Os frutos do Espírito
A Misericórdia verdadeira cria laços fraternos!
Não fosse a misericórdia de Deus...
quarta-feira, 12 de março de 2025
Quaresma e a circuncisão do coração
Quaresma
e a circuncisão do coração
Sejamos enriquecidos pelas Demonstrações escritas pelo bispo Afraaates (Séc.IV), sobre a circuncisão do coração:
“A lei e a aliança foram totalmente mudadas. Primeiramente Deus substituiu o pacto com Adão por outro que estabeleceu com Noé; e ainda estabeleceu outro com Abraão, substituindo-o depois por um novo, feito com Moisés. Como a aliança mosaica não era observada, ao chegar a plenitude dos tempos, Deus firmou uma aliança que não seria mais mudada. Com efeito, a Adão Deus ordenara não comer da árvore da vida, a Noé dera o arco-íris, a Abraão, já escolhido por causa da sua fé, deu mais tarde a circuncisão, como sinal característico de seus descendentes; a Moisés deu o cordeiro pascal para ser imolado como propiciação pelo povo.
Todas essas alianças eram diferentes umas das outras. Mas a circuncisão que agrada ao autor de todas elas é aquela de que fala Jeremias: Circuncidai o vosso coração (Jr 4,4). Pois se o pacto estabelecido por Deus com Abraão foi firme, também este é firme e imutável e não seria possível estabelecer depois outra lei, seja por parte dos que estão fora da Lei ou dos que a ela estão submetidos.
O Senhor deu a lei a Moisés, com todas as suas observâncias e preceitos; como não cumpriram, anulou a lei e seus preceitos e prometeu fazer uma nova aliança, que seria, como disse, diferente da primeira, embora fosse um só o doador de ambas. E é esta a aliança que prometeu dar: Todos se reconhecerão, do menor ao maior deles (Jr 31,34). Nessa aliança não há mais a circuncisão da carne como sinal de pertença a seu povo.
Sabemos com certeza, caríssimos irmãos, que durante várias gerações Deus estabeleceu leis que estiveram em vigor enquanto foi de seu agrado, e que mais tarde caíram em desuso, como disse o Apóstolo: ‘No passado, o reino de Deus assumiu formas diversas, segundo os diversos tempos’. O nosso Deus é veraz e os seus preceitos são fidelíssimos. Por isso, cada uma das alianças foi em seu tempo firme e verdadeira. Agora, os circuncisos de coração têm a vida por meio da nova circuncisão que se realiza no verdadeiro Jordão, isto é, por meio do batismo para a remissão dos pecados.
Josué, filho de Nun, com uma faca de pedra circuncidou o povo pela segunda vez,
quando ele e seu povo atravessaram o rio Jordão.
Jesus,
nosso Salvador, circuncidou pela segunda vez, com a circuncisão do coração, os
povos que nele creram purificados pelo batismo e circuncidados com a espada que
é a palavra de Deus, mais cortante do que qualquer espada de dois gumes (Hb
4,12).
Josué, filho de Nun, introduziu o povo na
terra da promissão; Jesus, nosso Salvador, prometeu a terra da vida a todos que
atravessassem o Jordão, cressem nele e fossem circuncidados no coração.
Felizes, portanto, os que foram circuncidados em seu coração e renasceram das
águas da segunda circuncisão! Estes receberão a herança prometida, juntamente
com Abraão, guia fiel e pai de todos os povos, porque a sua fé lhe foi
atribuída como justiça.”
Vivendo
o Tempo Quaresmal, reflitamos sobre a circuncisão do coração, que, para nós, aconteceu
por meio de Jesus no coração:
“Jesus, nosso
Salvador, circuncidou pela segunda vez, com a circuncisão do coração, os povos
que nele creram purificados pelo batismo e circuncidados com a espada que é a
palavra de Deus, mais cortante do que qualquer espada de dois gumes (Hb 4,12).”
De
fato, cremos que Deus selou conosco a Nova e Eterna Aliança por meio de Jesus
Cristo, através do Seu Sacrifício na Cruz:
- “Depois da ceia,
fez o mesmo com o cálice e disse: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue,
que é derramado por vocês’.” (Lc
23,20)
- “O Deus da paz,
que tirou da morte o pastor supremo do rebanho, o Senhor Nosso Senhor Jesus,
pelo sangue de uma aliança eterna, torne vocês perfeitos em todo o bem fazer a
vontade d’Ele. Que Deus realize em vocês aquilo que Lhe agrada, por meio de
Jesus Cristo. A Ele a glória para sempre. Amém.” (Hb
13,20-21)
Circuncidados
no coração Deus colocou em nossa mente e coração, por meio do Seu Filho, Suas
Leis e Mandamentos, não com tinta; mas com o Espírito do Deus vivo; não em
tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, que são nossos corações.
Vivamos
este Tempo da Quaresma, Tempo favorável de purificação e transformação
profunda, conversão em âmbito pessoal, comunitário e social, como circuncidados
no coração que fomos, sobretudo na prática dos exercícios quaresmais: oração,
jejum e esmola.
Peregrinos
da esperança, empenhemo-nos em corresponder ao amor de Deus, em sincero
relacionamento com Ele, expresso em gestos concretos de compromisso com a
fraternidade, bem como no cuidado dos pobres e da Casa Comum, como nos propõe a
Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema –“Fraternidade e Ecologia
Integral”, e como lema – “Deus viu que tudo era muito bom “ (Gn 1,31).
Do
coração circuncidado do Senhor, do qual jorrou água e sangue (Batismo e
Eucaristia), nossos corações, por amor, foi circuncidado. Amém.
Em poucas palavras...
“Três
dias e três noites”
“Jonas esteve por
três dias e três noites no ventre de um peixe; assim também o Filho do Homem
ficará no coração da nossa terra.” (1)
Antífona do Cântico Evangélico das Vésperas – 1ª Quarta-feira da
Quaresma
Rezando com os Salmos - Salmo 21 (22)
“–1 Do mestre de
canto, Sobre ‘a corça da manhã’. Salmo. De Davi.
–2 Meu Deus, meu
Deus, por que me abandonastes?
E ficais longe de meu grito e minha prece?
–3 Ó meu Deus, clamo de dia e não me ouvis,
clamo de noite e para mim não há resposta!
–4 Vós, no entanto, sois o Santo em Vosso Templo,
que habitais entre os louvores de Israel.
–5 Foi em Vós que esperaram nossos pais;
esperaram e Vós mesmo os libertastes.
–6 Seu clamor subiu a Vós e foram salvos;
em Vós confiaram e não foram enganados.
–7 Quanto a mim, eu sou um verme e não um homem;
sou o opróbrio e o desprezo das nações.
–8 Riem de mim todos aqueles que me veem,
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
–9 'Ao Senhor se confiou, Ele o liberte
e agora o salve, se é verdade que Ele o ama!'
–10 Desde a minha concepção me conduzistes,
e no seio maternal me agasalhastes.
–11 Desde quando vim à luz Vos fui entregue;
desde o ventre de minha mãe sois o meu Deus!
–12 Não fiqueis longe de mim, porque padeço;
ficai perto, pois não há quem me socorra!
–13 Por touros numerosos fui cercado,
e as feras de Basã me rodearam;
–14 escancararam contra mim as suas bocas,
como leões devoradores a rugir.
–15 Eu me sinto como a água derramada,
e meus ossos estão todos deslocados;
– como a cera se tornou meu coração,
e dentro do meu peito se derrete.
=16 Minha garganta está igual ao barro seco,
minha língua está colada ao céu da boca,
e por Vós fui conduzido ao pó da morte!
–17 Cães numerosos me rodeiam furiosos,
e por um bando de malvados fui cercado.
– Transpassaram minhas mãos e os meus pés
18 e eu posso contar todos os meus ossos.
= Eis que me olham e, ao ver-me, se deleitam!
19 Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.
–20 Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
ó minha força, vinde logo em meu socorro!
–21 Da espada libertai a minha alma,
e das garras desses cães, a minha vida!
–22 Arrancai-me da goela do leão,
e a mim tão pobre, desses touros que me atacam!
–23 Anunciarei o Vosso nome a meus irmãos
e no meio da assembleia hei de louvar-Vos!
=24 Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores;
glorificai-O, descendentes de Jacó,
e respeitai-O toda a raça de Israel!
–25 Porque Deus não desprezou nem rejeitou
a miséria do que sofre sem amparo;
– não desviou do humilhado a sua face,
mas o ouviu quando gritava por socorro.
–26 Sois meu louvor em meio à grande assembleia;
cumpro meus votos ante aqueles que vos temem!
=27 Vossos pobres vão comer e saciar-se,
e os que procuram o Senhor O louvarão:
'Seus corações tenham a vida para sempre!'
–28 Lembrem-se disso os confins de toda a terra,
para que voltem ao Senhor e se convertam,
– e se prostrem, adorando, diante d’Ele,
todos os povos e as famílias das nações.
–29 Pois ao Senhor é que pertence a realeza;
Ele domina sobre todas as nações.
–30 Somente a Ele adorarão os poderosos,
e os que voltam para o pó O louvarão.
– Para Ele há de viver a minha alma,
31 toda a minha descendência há de servi-Lo;
– às futuras gerações anunciará
32 o poder e a justiça do Senhor;
– ao povo novo que há de vir, ela dirá:
'Eis a obra que o Senhor realizou!'”
Com o Salmo 21(22) refletimos sobre a aflição do justo e a
súplica confiante a Deus por libertação. Temos a lamentação e a prece de um
inocente perseguido, e que é concluída com uma ação de graças pela libertação
esperada.
Lido na perspectiva da fé, vemos a Pessoa de Jesus ao morrer na Cruz,
quando deu um forte grito: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt
27,46):
“Próximo
do poema do Servo sofredor (Is 52,13-53,12), este Salmo, cujo início Cristo
pronunciou sobre a Cruz e no qual os evangelistas viram descritos diversos
episódios da Paixão, é, portanto, messiânico, ao menos em sentido típico.” (1)
Também
nos enriquece esta nota sobre este Salmo:
“Oração
pessoal de súplica. O inocente perseguido, vivendo profunda experiência de
abandono sente-se esquecido pelo próprio Deus (cf. Mt 27,46). Na angústia, faz
memória dos fatos e recorda a presença de Deus na vida dos antepassados. O fiel
sente-se longe de tudo e de todos. Será que até Deus se afastou? Ele que
socorre sempre quem vive à margem de tudo? Onde está a face de Deus, nessas
horas angustiantes? Mas da oração suplicante brota a certeza de que Deus na
realidade está presente e vai socorrer o fiel contra os inimigos violentos; vai
lhe fazer justiça e devolver-lhe a tranquilidade. Javé ouve o grito do pobre e
lhe revela sua face libertadora. A oração ensina a confiar, mesmo quando as
trevas da injustiça parecem triunfar. Pregado na cruz, Jesus rezou este Salmo
(cf. Mc 15,34).” (2)
Também nós, em momentos de provações e dificuldades, podemos e
devemos rezar este Salmo, sobretudo neste tempo da Quaresma, tempo favorável de
graça e salvação. Tempo de renovarmos nossa confiança incondicional em Deus, e
mais perfeitamente configurados a Jesus, no Seu Mistério de Paixão, Morte e
Ressurreição. Ou rezá-lo na comunhão com alguém que esteja vivendo tal
realidade. Amém.
(1) Bíblia de Jerusalém – Editora Paulus
(2)Bíblia Edição Pastoral – Editora Paulus