terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Diocese de Guarulhos: 40 anos de Evangelização!

Diocese de Guarulhos: 40 anos de Evangelização!

No dia 11 de fevereiro de 1981, Festa de Nossa Senhora de Lourdes, foi criada pelo Papa São João Paulo II a Diocese de Guarulhos pela Bula “Plane Intelligitur” (1981).

A Missa de Ordenação do primeiro Bispo, D. João Bergese, aconteceu no dia 05 de abril, às 15 horas, na praça de esportes do Hospital Padre Bento - Gopoúva.

Com alegria, portanto, celebramos trinta e oito anos de Evangelização em nossa Cidade, procurando ser uma presença iluminadora, à luz do Evangelho, porque quis o Senhor que os Seus discípulos missionários fossem luz do mundo, fermentando uma nova realidade, transformando os sinais de morte em sinais de vida, e assim, não perdermos a graça de sermos sal da terra, dando gosto de Deus a todo o existir. 

Fazemos memória aos três primeiros Bispos: D. João Bergese (1981-1991), com o Lema Episcopal – “Chamados à Comunhão; D. Luiz Gonzaga Bergonzini (1992-2012, com o Lema – “É necessário que Ele cresça”; D. Joaquim Justino Carreira (2012-2013), com o Lema “Pax Vobis”.

Também fazemos memória aos padres e cristãos leigos que fizeram parte desta história e que, tendo combatido o bom combate da fé, já se apresentaram diante de Deus.

Ressaltamos também todos aqueles que continuam a missão evangelizadora na cidade de Guarulhos, com seus desafios incontáveis, e outros que se encontram em outras Dioceses no Brasil ou no exterior.

Muito nos ajuda em nossa travessia turbulenta até a outra margem, as palavras que nossos bispos nos deixaram:

- “É mal menor, errar agindo que nada fazer. As lutas são vencidas por aqueles que lutam, não por aqueles que criticam.” (frase escrita à mão por D. João Bergese, em sua carta testamento, do lado superior);

“Temos consciência que a tarefa é árdua, espinhosa, difícil. Temos consciência de que somos limitados e fracos, mas anima-nos o saber que a tarefa não é nossa, mas também e principalmente d’Ele... Se dispensarmos o Cristo e Sua graça, confiando unicamente em nossas forças, recursos e capacidades pessoais, ficaremos sozinhos e a derrota será total: pois além de não vencermos, estaríamos impedindo a Cristo de lutar ao nosso lado e vencer juntamente conosco” (D. Luiz Gonzaga Bergonzini).

- “Neste tempo de mudança de época que estamos vivendo, quando as atitudes se destacam com relativismo e fundamentalismo, os cristãos são chamados a não desertar do mundo que Deus lhes confia para evangelizar, através de uma verdadeira conversão pessoal e pastoral, discernindo os sinais dos tempos” (D. Joaquim Justino Carreira).

Hoje, sob o pastoreio de nosso quarto Bispo, Dom Edmilson, vivemos um cenário nacional extremamente delicado, marcado pela crise econômica e política. Entretanto, é exatamente neste momento que precisamos fortalecer nossa missão evangelizadora, com zelo, amor e alegria, como vimos na realização da 10ª Assembleia Diocesana de Pastoral, no ano passado.

Iluminadoras são para nós as palavras do Apóstolo Pedro, para que reavivemos a chama da fé um dia acesa em nosso batismo, dando razão de nossa esperança, na prática da efetiva e afetiva caridade:

“E quem há de vos fazer mal, se sois zelosos do bem: Mas se sofreis por causa da justiça, bem-aventurados sois! Não tenhais medo nenhum deles, nem fiqueis conturbados, antes, santificai a Cristo, o Senhor, em vossos corações, estando sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede.” (1 Pd 3,13-15).

É tempo de multiplicar todos os esforços possíveis. Não é tempo de luto sem esperança. Somos discípulos do Cristo Vencedor, Aquele que passou pela morte, e a última palavra foi a Sua Ressurreição.

Que a força e a vida nova do Ressuscitado façam renascer em nosso coração a esperança, para que continuemos trilhando o caminho da evangelização, mesmo nas dificuldades, certos de que Ele caminha conosco, e, quando a travessia do mar nos assustar, não permitamos que o medo nos faça submergir na mediocridade, no desespero, pois Deus em Sua infinita misericórdia jamais nos abandona à mercê de naufrágios irreversíveis.


PS: Publicado no Jornal “Folha Diocesana” – Guarulhos – Edição nº231.

As primeiras lições que a renúncia nos ofereceu

As primeiras lições que a renúncia nos ofereceu

Doze anos passados, naquele amanhecer, fiquei atônito com a notícia revelada ao mundo sobre a renúncia do Papa.

Esperei algum tempo para me certificar se fato ou boato. Ao compreender que se tratava de um fato real, a serenidade voltou ao coração quando li suas próprias palavras, que precisam ser lidas por todos, católicos ou não.

“Caríssimos Irmãos, convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o Ministério Petrino.

Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor, quer do corpo, quer da mente; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.

Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20 horas sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos.

Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice.
Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à Oração, a Santa Igreja de Deus".

Algumas horas passadas, compreendo na decisão do Papa como um belo gesto de humildade, reconhecendo que não tem mais condições físicas e de saúde para estar à frente da Santa Igreja em sua missão de Romano Pontífice.

Uma lição de vida a aprender, uma vez que vivemos momentos em que as pessoas estão muito ligadas ao poder. Ele, mesmo tendo cargo vitalício, abdicou pelo melhor da Igreja.

Indubitavelmente, uma lição a ser aprendida dentro e fora dos espaços da Igreja. Seu gesto foi expressão de coerência e amor à vida, um gesto humano para consigo mesmo, mas acima de tudo de amor para com a própria Igreja.

Cargos, ministérios, títulos são para servir a Igreja, antes de tudo à vivência da graça batismal, como Profetas, Sacerdotes e Reis.

Agora, cabe a nós rezar a Deus para que o assista como o fez até o presente, para que ele viva o propósito de uma vida consagrada à Igreja.

A renúncia ao cargo não o dispensou do bom combate da fé, até que mereça um dia a contemplação da face divina, a coroa da glória. 

“Mensagem para o dia Mundial dos Enfermos (2012)

“Levanta-te e vai, a tua fé te salvou!”

Retomemos a Mensagem do Papa Bento XVI para o XX Dia Mundial do Doente - 2012.

Iluminado pela passagem do Evangelho na qual Jesus cura os dez leprosos – “Levanta-te e vai, a tua fé te salvou!” (Lc 17, 19) oferece riquíssima reflexão sobre os Sacramentos de Cura (Sacramento da Penitência e da Reconciliação e o Sacramento da Unção dos Enfermos), que se voltam e se alimentam do Sacramento da Eucaristia, pois nele encontram o seu cumprimento natural.

Ressaltou a missão da Igreja, e de todo cristão que, a exemplo de Cristo, que Se debruçou sobre os sofrimentos materiais e espirituais do homem para  curá-los, devem fazer o mesmo (cf. Lc 10, 29-37).

Urge a tomada de consciência acerca da importância da fé para aqueles que, angustiados pelo sofrimento e pela enfermidade, se aproximam do Senhor. Ajudá-los a sentir que Deus não nos abandona em nossas angústias e sofrimentos, mas está intimamente próximo e nos ajuda a suportá-los, e por isto deseja curar profundamente o nosso coração (cf. Mc 2, 1-12).

Cada Sacramento expressa e põe em prática a proximidade do próprio Deus, que redime nossa dimensão corporal e espiritual: criação e redenção são inseparáveis. Deus que de modo admirável nos criou, de modo mais admirável nos redimiu e os Sacramentos são expressão desta unidade indissociável.

Gratidão e alegria transbordam abundantemente no coração de quem é curado, redimido da alma e do corpo – como ele próprio o diz sobre o “binómio entre saúde física e renovação das dilacerações da alma ajuda-nos a compreender melhor os «Sacramentos de cura».

Ressaltou por vários parágrafos o valor inestimável do Sacramento da Penitência, que esteve com frequência no centro da reflexão dos Pastores da Igreja, precisamente devido à sua grande importância no caminho da vida cristã, uma vez que «toda a eficácia da Penitência consiste em restituir-nos à graça de Deus e em unir-nos a Ele numa amizade perfeita» (Catecismo da Igreja Católica, n. 1.468).

A exortação Paulina «Em nome de Cristo... sejamos embaixadores: através de nós, é o próprio Deus quem exorta. Suplicamo-vos, em nome de Jesus Cristo: deixai-vos reconciliar com Deus» (2Cor 5, 20) une-se estreitamente a vida e ação de Jesus que anunciou e tornou presente a misericórdia do Pai.

“Ele veio não para condenar, mas para perdoar e salvar, para incutir esperança também na obscuridade mais profunda do sofrimento e do pecado, para conceder a vida eterna; deste modo, no Sacramento da Penitência, na «medicina da confissão», a experiência do pecado não degenera em desespero, mas encontra o Amor que perdoa e transforma” (cf. João Paulo II, Exortação Apostólica pós-sinodal Reconciliatio et paenitentia, 31)."

O Papa falou dos momentos de sofrimento, nos quais podem surgir a “... tentação de se abandonar ao desânimo e ao desespero, mas podem também transformar-se assim em tempo de graça para voltar a si mesmo e, como o filho pródigo da Parábola, reconsiderar a própria vida, reconhecendo os próprios erros e fracassos, sentindo a saudade do abraço do Pai e repercorrendo o caminho rumo à sua Casa. No Seu grande Amor, Ele vigia sempre e de qualquer modo sobre a nossa existência, e espera-nos para oferecer a cada um dos filhos que volta para Ele, o dom da plena reconciliação e da alegria.”
Ressaltou a importância do Sacramento da Unção dos Enfermos, explicitando os Evangelhos de onde sobressai claramente o modo como Jesus sempre demonstrou uma atenção particular para com os enfermos. Ele não só convidou os Seus discípulos a curar as feridas dos mesmos (cf. Mt 10, 8; Lc 9, 2; 10, 9).

Refere-se também à Carta de Tiago que valoriza e “dá testemunho da presença deste gesto sacramental já na primeira comunidade cristã (cf. Tg 5, 14-16): mediante a Unção dos Enfermos, acompanhada pela Oração dos Presbíteros, a Igreja inteira recomenda os doentes ao Senhor sofredor e glorificado, a fim de que alivie as suas penas e os salve, aliás, exorta-os a unir-se espiritualmente à Paixão e à Morte de Cristo, para contribuir deste modo para o bem do Povo de Deus.”

Tal Sacramento leva-nos a contemplar o dúplice Mistério do Monte das Oliveiras: a senda da Paixão, como gesto supremo de Amor, e como lugar da Redenção da humanidade, morrendo e subindo ao Pai. – “Na Unção dos Enfermos, a matéria sacramental do óleo é-nos oferecida por assim dizer, «como medicamento de Deus... que agora nos torna seguros da Sua bondade e deve revigorar-nos e consolar, mas ao mesmo tempo aponta para além do momento da enfermidade, para a cura definitiva, a Ressurreição (cf. Tg 5, 14)».”

Chamou a atenção para uma consideração merecida a este Sacramento, por parte de toda a Igreja, tanto na reflexão como na atuação pastoral: Valorizar os conteúdos da Oração Litúrgica que se adaptam às diversas situações humanas ligadas à doença, e não só quando o doente está no fim da própria vida (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1.514), e ainda salienta que o Sacramento da Unção dos Enfermos não deve ser considerado como quê «um Sacramento menor» em relação aos demais.

Este Sacramento bem compreendido revela a atenção e a cura pastoral pelos enfermos, como sinal da ternura de Deus por aqueles que se encontram no sofrimento, e o benefício espiritual que é oferecido também aos Sacerdotes e a toda a comunidade cristã, na consciência de que o que fazemos aos mais pequeninos, é ao próprio Jesus que o fazemos (cf. Mt 25, 40).

Ressaltou a importância da Eucaristia, que quando recebida no momento da doença, contribui de maneira singular para realizar tal transformação, associando aquele que se alimenta do Corpo e do Sangue de Jesus à oferenda que Ele fez de Si mesmo ao Pai, para a Salvação de todos.

Chamou-nos a atenção: “Toda a Comunidade Eclesial, e as comunidades paroquiais em particular, prestem atenção para garantir a possibilidade de se aproximarem com frequência da Comunhão Sacramental àqueles que, por motivos de saúde ou de idade, não podem acorrer aos lugares de culto. Deste modo, a estes irmãos e irmãs é oferecida a possibilidade de revigorar a relação com Cristo Crucificado e Ressuscitado, participando com a Sua vida oferecida por Amor a Cristo, na missão da própria Igreja.”

Reafirmou que os Sacerdotes “... que exercem a sua obra delicada nos hospitais, nas casas de cura e nas habitações dos doentes se sintam verdadeiros «“ministros dos enfermos”, sinal e instrumento da compaixão de Cristo, que deve alcançar cada homem assinalado pelo sofrimento» (Mensagem para o XVIII Dia Mundial do Doente, 22 de Novembro de 2009).”

Apontou para a Eucaristia como Alimento de eternidade, citando o próprio Evangelho de João: «Quem come a minha carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jo 6, 54).

Citou Santo Inácio de Antioquia, que afirmou mais tarde: «A Eucaristia é remédio de imortalidade, antídoto contra a morte» (Carta aos Efésios, 20: PG 5, 661), Sacramento da passagem da morte para a vida, deste mundo para o Pai, que a todos espera na Jerusalém Celeste.

O Papa finalizou animando e encorajando todos os trabalhos que são feitos em favor do enfermo, pois o são, na exata medida, em favor do próprio Jesus, ressaltando que é sempre necessário redescobrir a força e a beleza da fé, aprofundar os seus conteúdos e testemunhá-los na vida de todos os dias (cf. Carta Apostólica Porta fidei, 11 de Outubro de 2011).

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Testemunhar a fé, viver a misericórdia

                                                       

Testemunhar a fé, viver a misericórdia

Senhor, ajudai-nos a fim de que tomemos cada vez mais consciência de que na vida de fé, quando não se avança, recua, e que jamais podemos ficar parados, ou mesmo achar que já cumprimos a missão.

Senhor, que sejamos misericordiosos como o Pai, sendo sinal de Vossa presença, portanto, sinal do Vosso amor, em cada momento de nossa vida, fazendo de cada etapa vivida o começo de uma nova, porque nisto consiste a exigência do Reino por Vós inaugurado.

Senhor, queremos comprometer nossa vida contigo, vivendo a fé com ousadia e coragem, sempre a caminho, colocando-nos em plena disponibilidade para novos trabalhos, ou os mesmos, mas feitos com zelo, amor e alegria.


Senhor, renovai nossa sensibilidade e solidariedade aos apelos da realidade concreta na qual estamos inseridos, buscando superar novos desafios e obstáculos, com um olhar de misericórdia para com o nosso próximo.

Senhor, que Vos amando expressemos este amor procurando conhecer os problemas e necessidades daqueles que padecem qualquer dor ou sofrimento, vertendo lágrimas de angústia ou por qualquer outro dilacerante motivo.

Senhor, que jamais nos cansemos ou nos omitamos na prática das obras de misericórdia corporais e espirituais, pois tão somente assim, nossa oração será frutuosa e agradável, porque acompanhada de jejum, renúncias e concreta solidariedade. Amém.


Fonte inspiradora - Mc 6, 53-56 - segunda-feira da 5ª Semana do Tempo Comum e Lc 6,27-38 do 7º Domingo do Tempo Comum - ano C

Santa Escolástica: “Foi mais poderosa aquela que mais amou”

                                           


Santa Escolástica: “Foi mais poderosa aquela que mais amou”

Vejamos o que nos diz o Papa São Gregório Magno (Séc.VI) em seus Diálogos sobre Santa Escolástica, irmã de São Bento.

“Escolástica, irmã de São Bento, consagrada ao Senhor desde a infância, costumava visitar o irmão uma vez por ano. O homem de Deus descia e vinha encontrar-se com ela numa propriedade do mosteiro, não muito longe da porta.

Certo dia, veio ela como de costume, e ao seu encontro veio seu irmão, com alguns discípulos. Passaram todo o dia no louvor a Deus e em santas conversas, de tal modo que já se aproximavam as trevas da noite quando sentaram-se à mesa para tomar a refeição.

Como durante as santas conversas o tempo foi passando, a santa monja rogou-lhe: ‘Peço-te, irmão, que não me deixes esta noite, para podermos continuar falando até de manhã sobre as alegrias da vida celeste’. Ao que ele respondeu-lhe: ‘Que dizes tu, irmã? De modo algum posso passar a noite fora da minha cela’.

A santa monja, ao ouvira recusa do irmão, pôs sobre a mesa as mãos com os dedos entrelaçados e inclinou a cabeça sobre as mãos para suplicar o Senhor onipotente. Quando levantou a cabeça, rebentou uma grande tempestade, com tão fortes relâmpagos, trovões e aguaceiro, que nem o venerável Bento nem os irmãos que haviam vindo em sua companhia puderam pôr um pé fora da porta do lugar onde estavam.

Então o homem de Deus, vendo que não podia regressar ao mosteiro, começou a lamentar-se, dizendo: ‘Que Deus onipotente te perdoe, irmã! Que foi que fizeste?’ Ela respondeu: ‘Eu te pedi e não quiseste me atender. Roguei ao meu Deus e ele me ouviu. Agora, pois, se puderes, vai-te embora; despede-te de mim e volta para o mosteiro’.

E Bento, que não quisera ficar ali espontaneamente, teve que ficar contra a vontade. Assim, passaram a noite toda acordados, animando-se um ao outro com santas conversas sobre a vida espiritual. Não nos admiremos que a santa monja tenha tido mais poder do que ele: se, na verdade, como diz São João, Deus é amor (1Jo 4,8), com justíssima razão, teve mais poder aquela que mais amou. 

Três dias depois, estando o homem de Deus na cela, levantou os olhos para o alto e viu a alma de sua irmã liberta do corpo, em forma de pomba, penetrar no interior da morada celeste. Cheio de júbilo por tão grande glória que lhe havia sido concedida, deu graças a Deus onipotente com hinos e cânticos de louvor; enviou dois irmãos a fim de trazerem o corpo para o mosteiro, onde foi depositado no túmulo que ele mesmo preparara para si.

E assim, nem o túmulo pôde separar aqueles que sempre tinham estado unidos em Deus.”

De fato, foi mais poderosa aquela que mais amou, como vemos no diálogo entre estes dois irmãos, e quão fecunda é a oração de quem a faz com o coração pleno de amor.

Brotem nossas orações de um coração que muito ama, em total confiança em Deus e sua onipotência e misericórdia.

Com eles, aprendamos a dialogar como irmãos, com conversas sadias e que nos façam progredir no temor de Deus, e na amizade entre nós.

Oremos:

“Celebrando a Festa de Santa Escolástica, nós Vos pedimos, ó Deus, a graça de imitá-la, servindo-Vos com caridade e alegrando-nos com os sinais do Vosso amor. Por N. S. J. C. Amém.”

 

PS: Celebramos a Memória de Santa Escolástica no dia 10 de fevereiro e a de São Bento no dia 11 de julho.

Eu vi...

                                                                


Eu vi...

Eu vi...
Eu vi as sementes daquela flor sendo replantadas...
Eu vi uma jovem recebendo uma flor de seu amado...
Eu vi um jovem entregando uma flor para sua amada... (ainda se dá flores!)

Eu vi um homem cuidando do jardim, para que desse a flor.
Eu vi antes ele plantando a semente para que nascesse a flor.
Eu vi alguém comprando as mesmas sementes, potencial de flor.

Eu vi alguém preparando as sementes para outro dela dispor.
Eu vi a semente, da semente da semente, daquela flor.
Eu vi a semente da semente, da semente da semente da semente... daquela flor.

Eu vi a semente...
Eu vi as primeiras sementes no Éden sendo espalhadas: Obra do meu Amor
Eu não vi mais as primeiras sementes, porque elas ainda não existiam...
Mas, eu as vi antes que todos vissem,
Quando tudo por meio d'Ele criei!
Sempre vejo o que você ainda não viu!

Assim Sou Eu, assim somos Nós: Trindade Santa.
Nós o mundo pensamos, criamos, te presenteamos...
Mas Eu também vos vejo o mesmo mundo destruindo,
Com ambições desmedidas, sustentabilidade ofendida...

Mas eu também espero, porque confio em minhas amadas criaturas,
Um dia cuidarão de cada semente com mais amor e ternura!
Mas Eu também vos vejo o mesmo mundo reconstruindo,
Com novas posturas ecológicas do planeta cuidando...
Como me alegra o coração, nos limites da humana condição,
Pessoas de boa vontade: 
Luzes, cores, flores e amores - multiplicação!



PS: Para uma reflexão teológica e antropológica da criação! Convite à reflexão e atitudes que demonstrem amor ao planeta, por novas posturas ecológicas e de sustentabilidade.

Cuidemos de nosso jardim

                                               


Cuidemos de nosso jardim

Assim proclamou o Profeta Isaías:

“Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, 
do que proclama boas novas e anuncia a s
alvação, 
que dize a Sião:"O teu Deus reina. "(Is 52,7).

Assim queremos ver se multiplicar, por todos os cantos, pés de muitos a anunciar a Boa-Nova do Reino e proclamar a paz, comunicando vida plena para todos, porque, afinal, o Senhor vive e reina para sempre.

Mas não nos iludamos, fiquemos atentos e vigilantes cuidando do “jardim” que o Senhor nos confiou, para que nele floresçam as mais belas flores do amor, da verdade, justiça e liberdade, exalando seus mais belos perfumes.

Que não sejam pisoteadas e roubadas, as rosas vermelhas do amor, no coração dos enamorados pelo Senhor, numa paixão incondicional pela vida, desde sua concepção ao seu declínio natural.

Da mesma forma, as flores amarelas, que sinalizam nossas riquezas de tantos nomes, por Deus concedidas, não sejam subtraídas de múltiplas formas, gerando fome, sofrimento, pobreza, abandono, desolação e dor.

Não roubem nem murchem os lírios brancos imaculados da paz tão sonhada, sinalizando que devemos pôr fim a toda forma de violência, gastos e armas de morte e de guerra, bem como toda e qualquer arma que não se toque e não se veja.

Não permitamos que murchem as verdes folhagens de nosso jardim, sinalizando a vitalidade e a beleza da esperança, que nos impulsiona e nos compromete a viver intensamente cada dia, reavivando utopias de que o amanhã haverá de ser melhor.

Por fim, cuidemos, para que não matem as flores azuis, que sinalizam o novo céu e a nova terra que buscamos, em que luto, dor, pranto e morte já não mais haverá, porque Ele, o Senhor, faz novas todas as coisas.

Cuidemos de nosso jardim, e vida plena haveremos de ter. Amém. Feliz Natal!

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG