quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Gratidão a Deus por Seu imensurável Amor

                                                


Gratidão a Deus por Seu imensurável Amor

Ele quis gravar, para sempre, nos corações, a mais bela lição de Amor à humanidade.

Sejamos enriquecidos pelos escritos do Bispo São Cirilo de Jerusalém (sec. IV), “Das Catequeses” :

“Toda ação de Cristo é glória da Igreja católica. Contudo, a glória das glórias é a Cruz. Paulo, muito bem instruído, disse: Longe de mim gloriar-me a não ser na Cruz de Cristo.

Foi uma coisa digna de admiração que Ele tenha recuperado a vista àquele cego de nascença em Siloé. Mas o que é isto em vista dos cegos do mundo inteiro?

Foi estupendo e acima das forças da natureza ressuscitar Lázaro após quatro dias de morto. Mas a um só foi dada essa graça; e os outros todos, em toda a terra, mortos pelo pecado?

Foi maravilhoso alimentar com cinco pães, qual fonte, a cinco mil homens. Mas e aqueles que em toda a parte sofrem a fome da ignorância?

Foi magnífico libertar a mulher ligada há dezoito anos por Satanás; mas que é isto se considerarmos a todos nós, presos pelas cadeias de nossos pecados?

Pois bem; a glória da Cruz encheu de luz os que estavam cegos pela ignorância, libertou os cativos do pecado, remiu o universo inteiro.

Não nos envergonhemos da Cruz do Salvador. Muito pelo contrário, dela tiremos glória. Pois a palavra da Cruz é escândalo para os judeus e loucura para os gentios, para nós, no entanto, é salvação. Para aqueles que se perdem é loucura; para nós, que fomos salvos, é força de Deus. Não era um simples homem quem por nós morria; era o Filho de Deus feito Homem.

Outrora o cordeiro, morto segundo a instituição mosaica, afastava para longe o devastador. Porém, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, não poderá muito mais libertar dos pecados? O sangue de um cordeiro irracional manifestava a salvação. Sendo assim, não trará muito maior salvação o Sangue do Unigênito?

O Cordeiro não entregou a vida coagido, nem foi imolado à força, mas por Sua plena vontade.

Ouve o que Ele disse: Tenho o poder de entregar minha vida; e tenho o poder de retomá-la. Chegou, portanto, com toda a liberdade à Paixão, alegre com a excelente obra, jubiloso pela coroa, felicitando-Se com a salvação do homem. Não se envergonhou da Cruz, pois trazia a salvação para o mundo. Não era um homem qualquer Aquele que padecia, era o Deus encarnado a combater pelo prêmio da obediência.

Por conseguinte, não te seja a Cruz um gozo apenas em tempo de paz. Também em tempo de perseguição guarda a mesma fidelidade, não aconteça seres tu amigo de Jesus durante a paz e inimigo durante a guerra. Agora recebes a remissão dos pecados e és enriquecido com os generosos dons espirituais de Teu Rei. Rebentando a guerra, luta por Ele valorosamente.

Jesus foi crucificado em teu favor, Ele não tinha pecado. Tu, por tua vez, não te deixarás crucificar por Aquele que em teu benefício foi pregado na Cruz? Não estarás fazendo nenhum favor porque primeiro recebeste. Entretanto, mostras tua gratidão pagando a dívida a quem por ti foi crucificado no Gólgota.”

Revitalizemos nossa fé e não nos envergonhemos da Cruz de Nosso Senhor,  mas façamos dela um gozo, mesmo em tempo de perseguição, dificuldades e incompreensões possíveis na vida de todo aquele que se põe a caminho com Ele. 

Em nenhum momento o Senhor nos prometeu facilidades; até mesmo acenou para os inevitáveis perigos deste caminho, mas assegurou Sua eterna e amável presença. Nosso medo se diluiu diante de Sua força e presença: “Coragem, sou Eu. Não tenhais medo!” (cf. Mt 14,22-33).

Expressemos, continuamente, nossa gratidão a Deus por tão imenso e incompreensível Amor consumado na Cruz, sem que o mereçamos, mas indubitavelmente a prova maior do Amor de Deus por nós (cf. Jo 3,16).

Ainda que nada precisasse provar, Ele quis gravar, para sempre,  nos corações, a mais bela lição de Amor à humanidade; amor tão imenso ao próximo também vivido, reconciliado, recriando um mundo novo com relações mais fraternas.

Gloriemo-nos na Cruz de Cristo como fez o Apóstolo Paulo e tantos outros ao longo de mais de dois milênios de história do cristianismo (cf. Gl 6,14).

Façamos da Cruz de Cristo um instrumento de salvação; Cruz assumida cotidianamente, sempre precedida de renúncias necessárias, desapegos de si e de todos os bens pelo Bem Maior: Deus Uno e Trino, em plena comunhão de amor, vida, alegria e paz (cf. Lc 9,23). Amém.

Em poucas palavras...

 


A esperança nossa de cada dia, nos dai hoje

“A esperança cristã manifesta-se, desde o princípio da pregação de Jesus, no anúncio das Bem-Aventuranças.

As Bem-Aventuranças elevam a nossa esperança para o céu, como nova terra prometida e traçam-lhe o caminho através das provações que aguardam os discípulos de Jesus.

Mas, pelos méritos do mesmo Jesus Cristo e da sua paixão, Deus guarda-nos na «esperança que não decepciona» (Rm 5, 5). A esperança é «a âncora da alma, inabalável e segura» que penetra [...]«onde entrou Jesus como nosso precursor» (Hb 6, 19-20).

É também uma arma que nos protege no combate da salvação: «Revistamo-nos com a couraça da fé e da caridade, com o capacete da esperança da salvação» (1 Ts 5, 8).

Proporciona-nos alegria, mesmo no meio da provação: «alegres na esperança, pacientes na tribulação» (Rm 12, 12). Exprime-se e nutre-se na oração, particularmente na oração do Pai-Nosso, resumo de tudo o que a esperança nos faz desejar.” (1)

 

(1) Parágrafo do Catecismo da Igreja Católica – n.1820

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Anunciar a Palavra do Senhor: graça a nós confiada

                                                


Anunciar a Palavra do Senhor: graça a nós confiada

Sejamos enriquecidos pelo Sermão n. 17 de São Gregório Magno (séc VI), sobre o ofício da pregação:

Não leveis dinheiro, nem sacola, nem sandálias; e não saudeis a ninguém pelo caminho. O pregador deve ter tanta confiança em Deus que, mesmo que não se aprovisione do necessário para a vida presente, esteja, contudo, muito seguro de que nada lhe faltará; não ocorra que, por ter a atenção centrada nas coisas temporais, descuide de prover aos demais as realidades eternas.

Quando entreis em uma casa, dizei primeiro: Paz a esta casa. E se ali houver pessoas de paz, descansará sobre eles vossa paz; se não voltará para vós. A paz que se oferece pela boca do pregador, ou repousa na casa, se nela existem pessoas de paz, ou volta ao próprio pregador; porque ou terá ali algum predestinado para a vida que colocará em prática a palavra celestial que ouve, ou, se ninguém quiser ouvir, o próprio pregador não ficará sem fruto, porque a ele retorna a paz, uma vez que o Senhor lhe recompensará, concedendo-lhe a recompensa pelo trabalho realizado.

E vede como aquele que proibiu levar sacola e dinheiro concede os meios necessários de subsistência através da própria pregação, pois acrescenta: Ficando na mesma casa, comei e bebei daquilo que tiverem: porque o trabalhador merece o seu salário. Se nossa paz é aceita, justo é que fiquemos na mesma casa, comendo e bebendo daquilo que tenham, e assim recebamos uma retribuição terrena daqueles a quem oferecemos os prêmios da pátria celestial. Deste modo, a recompensa que se recebe na vida presente deve estimular-nos a aspirar com mais entusiasmo a recompensa futura.

Por isso, um pregador já experimentado não deve pregar nem receber a recompensa nesta terra, mas deve receber a paga para poder continuar pregando. Porque quem prega para receber a recompensa aqui, em honra ou em moeda, priva-se indubitavelmente da recompensa eterna. Porém, quem prega buscando agradar aos homens para atraí-los com suas palavras ao amor do Senhor, não ao seu próprio, ou recebe uma retribuição para não acabar extenuado no ministério da pregação por causa de sua pobreza, este certamente receberá a sua recompensa na pátria celestial, porque durante sua peregrinação somente recebeu o estritamente necessário.

E o que nós fazemos, ó pastores, que não só recebemos a recompensa, mas ainda por cima não somos operários? Recebemos, já o creio, os frutos da santa Igreja para nosso sustento cotidiano, e, contudo, não nos aplicamos a fundo na pregação em benefício da Igreja eterna. Pensemos qual será a penalização subsequente ao fato de ter recebido um salário sem ter completado a jornada laboral. Vejam, nós vivemos das oferendas dos fiéis; e o que fazemos por suas almas? Invertemos em gastos pessoais aquilo que os fiéis ofereceram para remissão de seus pecados, e, no entanto, não nos esforçamos, como seria justo, em lutar com dedicação para a oração ou para a pregação contra esses mesmos pecados.”

Ao Presbítero é confiada pela Igreja, a graça de anunciar a Palavra do Senhor, cumprindo a sua missão de ensinar, bem como também santificar o Povo de Deus a ele confiado.

Elevemos a Deus orações para que cumpra com zelo esta missão, com a participação de inúmeros cristãos leigos e leigas, numa expressão autêntica de sinodalidade que sempre necessária.

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pág. 426-428

PS: oportuno para aprofundamento da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,7-13)

Santa Águeda, testemunho da bondade divina


Santa Águeda, testemunho da bondade divina

Completemos nossa reflexão, no dia em que celebramos a memória de Santa Águeda, com o Sermão do Bispo São Metódio da Sicília (Séc. IX), que nos fala deste luminar da fé que correspondeu ao dom que foi concedido por Deus, a verdadeira fonte da bondade.

Santa Águeda foi um autêntico testemunho de entrega, doação na expressão máxima do martírio, em corajosa e incondicional fidelidade a Deus.

“A comemoração do aniversário de Santa Águeda nos reúne a todos neste lugar, como se fôssemos um só. Bem conheceis, meus ouvintes, o combate glorioso desta mártir, uma das mais antigas e ao mesmo tempo tão recente que parece estar agora mesmo lutando e vencendo, através dos divinos milagres com os quais diariamente é coroada e ornada.

A virgem Águeda nasceu do Verbo de Deus imortal e Seu único Filho, que também padeceu a morte por nós. Com efeito, João, o teólogo, assim se exprime: ‘A todos aqueles que O receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12)’.

É uma virgem esta mulher que nos convidou para o Sagrado Banquete; é a mulher desposada com um único esposo, Cristo, para usar as mesmas expressões do Apóstolo Paulo, ao falar da união conjugal. É uma virgem que pintava e enfeitava os olhos e os lábios com a luz da consciência e a cor do Sangue do verdadeiro e divino Cordeiro; e que, pela meditação contínua, trazia sempre em seu íntimo a morte d’Aquele que tanto amava.

Deste modo, a mística veste de seu testemunho fala por si mesma a todas as gerações futuras, porque traz em si a marca indelével do Sangue de Cristo e o tesouro inesgotável da sua eloquência virginal.

Ela é uma imagem autêntica da bondade, porque, sendo de Deus, vem da parte de seu Esposo nos tornar participantes daqueles bens, dos quais seu nome traz o valor e o significado: Águeda (que quer dizer ‘boa’) é um dom que nos foi concedido por Deus, verdadeira fonte de bondade.

Qual a causa suprema de toda a bondade, senão aquela que é o Sumo Bem? Por isso, quem encontrará algo mais que mereça, como Águeda, os nossos elogios e louvores?

Águeda, cuja bondade corresponde tão bem ao nome e à realidade! Águeda, que pelos feitos notáveis traz consigo um nome glorioso, e no próprio nome demonstra as ilustres ações que realizou!

Águeda, que nos atrai com o nome, para que todos venham ao seu encontro, e com o exemplo nos ensina a corrermos sem demora para o verdadeiro bem, que é Deus somente!”

Com Águeda, através de sua fragilidade que manifesta a onipotência de Deus, aprendemos a expressar no mundo a bondade divina através de palavras e muito mais através dos gestos.

Com ela aprendemos a correr sem demora para o verdadeiro bem, Deus, pois somente Deus e sua graça nos basta.

Águeda, a “virgem que pintava e enfeitava os olhos e os lábios com a luz da consciência e a cor do Sangue do verdadeiro e divino Cordeiro; e que, pela meditação contínua, trazia sempre em seu íntimo a morte d’Aquele que tanto amava” também nos ensina a também a ver o mundo com os olhos de Deus, e com os lábios proclamar ao mundo o seu projeto, já experimentado e vivenciado na meditação contínua, na mais perfeita configuração à Jesus Cristo, que por amor em nosso favor morreu e Ressuscitou.

Que Deus nos conceda cada vez mais sermos sinal de Jesus Cristo no mundo, na pureza de alma e coração, que somente é possível quando participamos ativa, piedosa e frutuosamente da Mesa da Eucaristia, prolongando-A no cotidiano, a fim de que não haja a separação empobrecedora do culto e a vida.

Águeda, virgem e mártir, seduzida pelo Amor de Deus, na fidelidade ao Senhor, com o coração inflamado de amor do Espírito, ajudai-nos também a viver mesma fidelidade, com coragem e mansidão, como soubeste viver.

O Senhor tem apenas um plano para nós

                                                     

O Senhor tem apenas um plano para nós
Na quinta-feira da quarta semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem de Marcos (Mc 6,7-13), em que Jesus chamou os doze e os enviou em missão.

Oportuno retomar esta singela mensagem fictícia:

“Conta-se que Jesus, no dia da sua Ascensão aos céus, se encontrou com S. Gabriel Arcanjo que vinha, caminho contrário, cumprir alguma missão aqui na terra.

Gabriel, ao ver o Senhor subindo aos céus e que a terra ficaria sem Ele, olhou também para o planeta e observou um cenário curioso: a terra estava coberta por uma nuvem negra e o contraste negro-azul não resultava muito agradável a não ser por uns poucos, pouquíssimos, pontos de luz.

Chamou a atenção do Arcanjo o ambiente desolador, mas chamou-lhe mais imperiosamente a atenção a existência desses poucos pontos de luz.

O Arcanjo perguntou então ao Senhor: “e aqueles pontos de luz? O que são? Jesus respondeu: “são a minha mãe e os meus outros discípulos. Eles vão iluminar toda a terra”.

Gabriel, conhecendo a debilidade humana, depois de pensar um pouco, disse: “Senhor, excetuando a tua mãe, e se eles falharem?”. Ao que Jesus respondeu: “Eu não tenho outros planos”. Dito isso, Jesus continuou ascendendo rumo ao Pai.”

Como Igreja, continuamos a missão do Senhor, em todo tempo e lugar, e neste sentido, é necessário que reflitamos:

- Como realizar com êxito esta missão?
- Como não temer ao assumi-la?

- Como não sucumbir diante da hesitação da fé, no enfraquecimento da esperança que inevitavelmente congela o fogo da caridade que deve arder em nossos corações, sobretudo quando acolhemos a Palavra Divina e nos nutrimos do Pão do Amor, o Pão da Eucaristia?

A missão somente será possível e acompanhada de êxito, porque a promessa do Senhor se cumpriu, o Espírito Santo, o Paráclito nos foi enviado.

Não tendo Ele outros planos, apenas confiando em nossa participação, sabia muito bem que precisaríamos de “Alguém” que nos acompanhasse, nos assistisse. Por isto, voltando para o Pai, nos enviou o Seu Espírito.
A presença do Espírito Santo nos enriquece com Seus dons, e assim, fortalecidos, levemos adiante a missão evangelizadora, como ardorosos, corajosos e apaixonados Discípulos Missionários do Senhor.

Concluímos com as palavras de São Cirilo de Jerusalém (séc. IV), sobre a ação do Espírito Santo na vida da Igreja:

“Branda e suave é a Sua aproximação; benigna e agradá­vel é a Sua presença; levíssimo é o Seu jugo! A Sua chegada é precedida por esplêndidos raios de luz e ciência. Ele vem com o amor entranhado de um irmão mais velho: vem para salvar, curar, ensinar, aconselhar, fortalecer, consolar, ilu­minar a alma de quem O recebe, e, depois, por meio desse, a alma dos outros”. 

Paixão e a Graça Divina na Vocação profética

                                                

Paixão e a Graça Divina na Vocação profética

A Liturgia da quarta-feira da 4ª Semana do Tempo Comum revela-nos, através da passagem do Evangelho (Mc 6,1-6), um Deus que nos chama para que sejamos Suas testemunhas, apesar de nossas limitações, fragilidades, pois é, paradoxalmente, em nossa fraqueza que Ele manifesta a Sua força.

Contemplamos, através da ação e presença de Jesus, esta ação divina, mas os conterrâneos de Jesus, em Nazaré, não souberam ir ao encontro e acolher Deus na Pessoa de Jesus, o Emanuel, Deus conosco, ao contrário, tiveram uma reação totalmente oposta, de rejeição, indiferença.

Embora rejeitado pelos Seus, a missão de Jesus não é invalidada e tão pouco interrompida. Bem dizia São Francisco, pelos caminhos da Itália: “O Amor não é amado”.

“Cristo Crucificado é o emblema do Amor infinito de Deus por nós. Embora vergados sob a Cruz, com coração obstinado, os homens desafiam a Sua onipotência; Ele permanece inerme na Cruz, mostrando um Amor indefectível, mais forte que a morte.

[...] A Cruz de Cristo revela a maldade humana, mas, mais ainda, revela o Amor de Deus. Aos pés da Cruz de Cristo confrontam-se num dramático e perene duelo, ‘a fortaleza débil’ do homem e a ‘fraqueza forte’ de Deus. A fé é que nos revela quem é o vencedor”. (1)

Podemos nós também acolher ou nos tornarmos indiferentes à proposta de Jesus, como Seus conterrâneos, fechados em nossos esquemas mentais, preconceitos diversos, que impedem o reconhecimento e acolhida d’Ele em nossa vida.

Pode ocorrer na missão dos discípulos o mesmo, importa não se deixar levar pelo desânimo, frustração, dificuldades.

Se grande é a incredulidade humana, bem maior é o Amor de Deus por nós.

Tenhamos um olhar mais atento aos grandes personagens da Bíblia, que viveram sua história de amor e sedução por Deus, cada um em seu tempo: Ezequiel, o Apóstolo Paulo, e tantos outros, para que na fidelidade ao Senhor, enraizemos profundamente em Seu Amor, sem o que a chama profética se apagaria totalmente, e com isto não saberíamos qual o sentido do próprio existir.

Precisa-se de Profetas autênticos, para que o mundo seja mais próximo do que Deus quer para nós. Qual é a nossa resposta?

Quando da Eucaristia autenticamente participamos, pela Palavra de Deus somos iluminados, e pelo Pão da Imortalidade fortalecidos, renovamos e revigoramos a vocação profética que o Senhor nos concedeu.

Refitamos:

- A missão do Profeta não é uma missão de descanso e fuga. Assim compreendo a minha missão?

- A missão do Profeta não é pelo prazer, mas em fidelidade ao Sopro do Espírito, suportando as diversas dificuldades acima mencionadas. Sei suportar estas dificuldades, provações, na vivência de minha vocação profética?

- Qual é a minha vocação?
- Para que Deus me chama?

- Para onde Deus me envia?
- Como se manifesta em mim a graça divina?

- Quais são as dificuldades a serem superadas?

Oremos:

Que Deus nos conceda a graça de uma fé humilde, disponibilidade confiante e obediência filial, para vivermos autenticamente a missão que nos confia, não por causa de nossa força e mérito, até mesmo por falta deles. Amém!


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - pp.663-666.
Oportuno para o 14º Domingo do Tempo Comum - ano B

Vocação profética, um desafio

                                                            


Vocação profética, um desafio

           “Jesus lhes dizia:
'Um profeta só não é estimado em sua pátria,
entre seus parentes e familiares'.” (Mc 6,1)

Na quarta-feira da 4ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho (Mc 6,1-6), e assim contemplamos a ação de Deus, que Se revela na fraqueza e na fragilidade, e por isto a dificuldade dos conterrâneos de Jesus reconhecê-Lo como Salvador da humanidade; não conseguem reconhecer a presença de Deus naquilo que Ele diz e faz.

Esta rejeição, no entanto, não invalida Sua procedência divina nem O leva a desistir da missão pelo Pai confiada.

No rosto humano de Jesus, a divindade de Deus se revela, e no rosto divino de Jesus se revela a Sua humanidade: em Jesus o humano e o divino se encontram.

A atitude de Jesus nos convida a nunca desanimar e desistir: Deus tem Seus Projetos e sabe como transformar o fracasso em êxito.

Pelo Batismo, continuamos a missão de Jesus vivendo a vocação como graça e enfrentando as possíveis dificuldades.

A missão do profeta, no seguimento do Senhor, não é a busca do prazer, sucesso, vedetismo, holofotes, mas é algo sério, profundo e que dá sentido à vida.

É Deus que nos chama para a vocação profética, apesar de nossas limitações, mas somente uma paixão profunda por Jesus nos fará profetas, aguentando o espinho na carne, enfrentando e superando incompreensões, oposições e acusações.

Reflitamos:

- Qual é a minha vocação na Igreja e no mundo?
- De que modo me abro à graça divina, para viver a vocação e enfrentar possíveis dificuldades?

- Para onde Deus me envia?
- Como se manifesta em mim a graça divina?

Tão somente enraizados no amor de Deus, nutridos pelo Pão da Imortalidade, iluminados pela Palavra do Senhor, e com a força e luz do Santo Espírito, é que poderemos realizar, com solicitude e ardor, a missão profética recebida no dia de nosso Batismo.

Voltemo-nos à Oração depois da Comunhão da Solenidade de São Pedro e São Paulo, que muito nos fortalece no discipulado e missão, para sermos hoje os profetas no mundo como Deus tanto espera.

Oremos:

“Concedei-nos, ó Deus, por esta Eucaristia, viver de tal modo na Vossa Igreja que, perseverando na Fração do Pão e na Doutrina dos Apóstolos, e enraizados no Vosso Amor, sejamos um só coração e uma só alma. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”



PS: oportuno para o 14º Domingo do Tempo Comum - ano B

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