domingo, 2 de fevereiro de 2025

Adoremos Jesus, Luz e Salvação do Mundo

                                           


Adoremos Jesus, Luz e Salvação do Mundo
 
“Oferece teu filho, Santa Virgem, e apresenta ao Senhor o fruto bendito de teu ventre. Oferece, para reconciliação de todos nós, A Santa Vítima que é agradável a Deus”. (São Bernardo - séc. XII)
 
Nos braços de Simeão, o Menino Jesus não é só oferecido ao Pai, mas também ao mundo.
 
Maria é, portanto, a mãe da humanidade. O dom da vida vem através de Maria.
 
Aquele que foi apresentado no templo é a luz do mundo e a salvação tão esperada, que por Ele, há de ser realizada, porque veio habitar no meio da humanidade a Luz de Deus enviada ao mundo, redenção da humanidade.
 
Ao acolher Jesus como nossa Luz e Salvação, renovamos a alegria e o compromisso de anunciá-Lo e testemunhá-Lo ao mundo, porque, pelo batismo, somos sal da terra e luz do mundo!
 
Urge que façamos de nossa vida uma agradável oferenda ao Senhor, lembrando que a oferta há de ser agradável sacrifício, celebrado no altar do Sacrifício do Senhor.
 
Ofertar nossa vida cotidianamente implica em sacrifícios, constantes renúncias, tomando nossa cruz, e, com serenidade e fidelidade, segui-Lo, até que um dia possamos fazer da cruz instrumento de travessia para a eternidade, para o céu.
 
Concluímos com um Hino de São Sofrônio (séc. VII), dedicado à Santíssima Virgem Maria:
 
“Salve, mãe da alegria celeste;
Salve, você que alimenta em nós um gozo sublime;
Salve, sede da alegria que salva;
Salve, você que nos oferece a alegria perene;
Salve, místico lugar da alegria inefável;
Salve, campo digníssimo da alegria inexprimível.


Salve, manancial bendito da alegria infinita;
Salve, tesouro divino da alegria sem fim;
Salve, árvore frondosa da alegria que dá vida;
Salve, mãe de Deus, não desposada;
Salve, Virgem íntegra depois do parto;
Salve, espetáculo admirável, mais alto que qualquer prodígio.

Quem poderá descrever seu esplendor?
Quem poderá contar seu mistério?
Quem será capaz de proclamar sua grandeza?
Você adornou a natureza humana.
Você superou as legiões angélicas,
Você superou a toda criatura,
Nós lhe aclamamos: Salve, cheia de graça.”
 
Deus jamais nos deixará sozinho na escuridão da noite.
Não há noite eterna para a Fonte de Luz eterna.
 
Adoremos Jesus, a Luz e Salvação do Mundo, e sejamos no coração do mundo sal e luz. Amém. 
 

PS: Oportuno para a Celebração da Festa da Sagrada Família (ano B) e a Festa da Apresentação do Senhor, quando se proclama a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 2,22-40).

Festa da Apresentação do Senhor: Jesus, a luz e Salvação de todos os povos

                                                      

Festa da Apresentação do Senhor:                  
Jesus, a luz e Salvação de todos os povos

Celebramos dia 02 de fevereiro, a Festa da Apresentação do Senhor, e sejamos enriquecidos pelo Sermão do Bispo São Sofrônio (séc. VII).

“Todos nós que celebramos e veneramos com tanta piedade o Mistério do encontro do Senhor, corramos para Ele cheios de entusiasmo. Ninguém deixe de participar deste encontro, ninguém recuse levar Sua luz.

Acrescentamos também algo ao brilho das velas, para significar o esplendor divino d’Aquele que Se aproxima e ilumina todas as coisas; Ele dissipa as trevas do mal com a Sua luz eterna, e também manifesta o esplendor da alma, com o qual devemos correr ao encontro com Cristo.

Do mesmo modo que a Mãe de Deus Virgem imaculada trouxe nos braços a verdadeira luz e a comunicou aos que jaziam nas trevas, assim também nós: iluminados pelo Seu fulgor e trazendo na mão uma luz que brilha diante de todos, corramos prontamente ao encontro d’Aquele que é a verdadeira luz.

Realmente, a luz veio ao mundo (Jo 1,9) e dispersou as sombras que o cobriam; o Sol que nasce do alto nos visitou (Lc 1,78) e iluminou os que jaziam nas trevas. É este o significado do Mistério que hoje celebramos.

Por isso caminhamos com lâmpadas nas mãos, por isso acorremos trazendo as luzes, não apenas simbolizando que a luz já brilhou para nós, mas também para anunciar o esplendor maior que dela nos virá no futuro.

Por este motivo, vamos todos juntos, corramos ao encontro de Deus. Chegou a verdadeira luz, que vindo ao mundo ilumina todo ser humano (Jo 1, 9). Portanto, irmãos, deixemos que ela nos ilumine, que ela brilhe sobre todos nós.

Que ninguém fique excluído deste esplendor, ninguém insista em continuar mergulhado na noite. Mas avancemos todos resplandecentes. Iluminados, por este fulgor, vamos todos ao Seu encontro e com o velho Simeão recebamos a luz clara e eterna.

Associemo-nos a sua alegria e cantemos com ele um hino de ação de graças ao Criador e Pai da luz, que enviou a luz verdadeira e, afastando todas as trevas, nos fez participantes do Seu esplendor.

A Salvação de Deus, preparada diante de todos os povos, manifestou a glória que nos pertence, a nós que somos o novo Israel.

Também fez com que víssemos, graças a Ele, essa Salvação e fôssemos absolvidos da antiga e tenebrosa culpa. Assim aconteceu com Simeão que, depois de ver a Cristo, foi libertado dos laços da vida presente.

Também nós abraçando, pela fé, a Cristo Jesus que nasce em Belém, de pagãos que éramos, nos tornamos povo de Deus – Jesus é, com efeito, a Salvação de Deus Pai – e vemos com nossos próprios olhos o Deus feito homem.

E porque vimos a presença de Deus, e a recebemos, por assim dizer, nos braços do nosso espírito, somos chamados de novo Israel. Todos os anos celebramos novamente esta festa, para nunca esquecermos d’Aquele que um dia há de voltar.” (1).

Este Sermão sacia nossa sede de Deus e também ilumina nossa caminhada de fé com a Luz do Senhor, que é clara e eterna.

Como disse o Bispo:

“... Ninguém insista em continuar mergulhado na noite. Recebamos nos braços do nosso espírito o Salvador, a Luz das nações.”

Com o feliz Simeão, digamos:

“Agora, Senhor, deixai o Vosso servo ir em paz, segundo a Vossa Palavra. Porque os meus olhos viram a Vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as nações, e para a glória de Vosso povo de Israel (Lc 2,29-32).”

Com o Salmista também digamos:

“O Senhor é a minha luz e a minha salvação, de quem eu terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida: frente a quem eu temerei?” (Sl 27)

Tendo acolhido Jesus como nossa Salvação e nossa Luz, é tempo de sermos, no coração do mundo, sal e luz.

Deus jamais nos deixará sozinho na escuridão da noite. 
Não há noite eterna para a Fonte de Luz eterna!


(1) Liturgia das Horas Vol. III - pág. 1236/7

Festa da Apresentação do Senhor: "Salve, mãe da alegria celeste"

                                                          


Festa da Apresentação do Senhor:
"Salve, mãe da alegria celeste"

Rezemos com o Hino do Bispo São Sofrônio à Santíssima Virgem:

“Salve, mãe da alegria celeste;
Salve, tu que alimentas em nós um gozo sublime;

Salve, sede da alegria que salva;
Salve, tu que nos ofereces a alegria perene;

Salve, místico lugar da alegria inefável;
Salve, campo digníssimo da alegria inexprimível.

Salve, manancial bendito da alegria infinita;
Salve, tesouro divino da alegria sem fim;

Salve, árvore frondosa da alegria que dá vida;
Salve, mãe de Deus, não desposada;

Salve, Virgem íntegra depois do parto;
Salve, espetáculo admirável, mais alto que qualquer prodígio.

Quem poderá descrever o seu esplendor?
Quem poderá contar o seu mistério?
Quem será capaz de proclamar a sua grandeza?
Você adornou a natureza humana.
Você superou as legiões angélicas,
Você superou toda criatura, 
Nós a aclamamos: Salve, cheia de graça!”

Salve Rainha mãe de misericórdia...

Festa da Apresentação do Senhor: Criança, um dom precioso do Senhor

                                                   


Criança, um dom precioso de Deus

“E Jesus crescia em tamanho, sabedoria
e graça diante de Deus”  (Lc 2,52)

Naquele dia, aquela Criança era o próprio Deus apresentado no templo:
Jesus, Aquele que salva, o Messias, o esperado, o Cristo, o ungido de Deus.
Tão frágil, tão meigo, ali, com Maria e sob a proteção de José,
Esposo de Maria, guardião do Salvador, cumprindo o prescrito na Lei do Senhor.

Simeão, tendo Jesus em seus braços, bendisse a Deus e exclamou:
“Agora, Senhor, segundo a Vossa Palavra, deixareis ir em paz o Vosso servo,
Porque os meus olhos viram a Vossa Salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos; Luz para Se revelar às nações e glória de Israel, Vosso povo” (Lc 2,29-32).

Ana, que do templo não se afastava, de idade avançada,
Servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações, com alegria transbordante,
Louvava a Deus, e falava d’Aquele Menino com o coração pleno de alegria,
A todos que esperavam a muito a libertação de Jerusalém.

Maria e José, voltando com o Menino para a cidade de Nazaré,
Edificavam a Sagrada Família com laços indestrutíveis e eternos de amor, 
trabalho, Silêncio, oração e fidelidade possibilitavam que o Menino Deus
Crescesse e Se tornasse robusto e cheio da sabedoria, porque a graça estava com Ele.

Hoje, diante da comunidade reunida para a Ceia Eucarística,
Também apresentamos esta criança, dom precioso de Deus.
Que, com a proteção de Maria, Mãe de Deus e nossa,
Esta criança tenha todas as possibilidades de crescer e ser feliz.

Que não falte a ela, a semente da Palavra no coração plantada,
Em primeiro lugar, pelos seus pais, primeiros catequistas de seus filhos.
Que não lhe falte o pão de cada dia, para que também cresça
Com saúde, vida, fortaleza de corpo e espírito.

Hoje apresentada na celebração do Banquete da Eucaristia,
Amanhã, não apenas apresentada, mas, pelo Pão de Eternidade,
Participando da Eucaristia, seus pecados serão destruídos,
As virtudes crescerão e a alma será plenamente saciada de todos os dons espirituais. Amém.

PS: Apresentação de uma criança na Missa ou Celebração

Festa da Apresentação do Senhor : Anunciar Aquele que foi apresentado!

                                                           


Festa da Apresentação do Senhor:
Anunciar Aquele que foi apresentado!

A Festa Litúrgica da Apresentação do Senhor, celebrada dia 02 de fevereiro, teve sua origem no séc. IV, inicialmente no oriente.

No pleno cumprimento da Lei de Moisés, Maria e José levam o menino Jesus, depois de quarenta dias do Seu nascimento, para apresentá-Lo no templo.

Normalmente contemplamos este acontecimento quando rezamos os Mistérios gozosos, que na verdade, já trazem em si o germe dos mistérios dolorosos:

Quando Simeão, o justo e piedoso, lá no templo, anuncia a Maria que uma espada lhe transpassaria a alma, referia-se a missão Daquela criança, luz das nações, Salvador de todos os povos, causa de queda e reerguimento de muitos…

A apresentação do Senhor no templo não era apenas cumprimento de um ritual prescrito, de modo que os Santos Padres dizem que é muito mais:

Maria oferecia seu Filho para a obra da redenção com a que Ele estava comprometido desde o princípio…

Vejamos o que nos diz São Bernardo (séc. XII), sobre a Apresentação do Senhor:
“Oferece teu filho, Santa Virgem,
e apresenta ao Senhor o fruto bendito de teu ventre.
Oferece, para reconciliação de todos nós,
A Santa Vítima que é agradável a Deus” .

Nos braços de Simeão, o Menino Jesus não é só oferecido ao Pai, mas também ao mundo…
Maria é assim a Mãe da humanidade…
O dom da vida vem através de Maria…

Festa da Apresentação do Senhor:

Aquele que foi apresentado no templo é a luz do mundo e a Salvação tão esperada, agora por Ele há de ser realizada.

Ele é a luz de Deus enviada ao mundo, redenção da humanidade.

Acender as velas nesta celebração, e caminhar com elas nas mãos, é acolher Jesus como nossa luz e nossa salvação e, ao mesmo tempo, o compromisso de anunciá-Lo ao mundo.

Aquele que foi apresentado no templo, uma vez acolhido, também ao mundo deve ser apresentado, e isto acontece quando vivemos a graça do Batismo e somos sal da terra e luz do mundo, fazendo de nossa vida, uma agradável oferenda ao Senhor.

Ofertemos nossa vida cotidianamente com sacrifícios, constantes renúncias, lembrando que toda oferta é sacrifício, mas há de ser agradável sacrifício celebrado no Altar do Sacrifício do Senhor.

Assim, tomando nossa cruz 
com serenidade e fidelidade, segui-Lo;
até que um dia possamos fazer da Cruz
instrumento de travessia para a eternidade, para o céu.
Amém.

Festa da Apresentação do Senhor: Simeão e Ana contemplaram e testemunharam o Salvador

                                                           

Festa da Apresentação do Senhor:
Simeão e Ana contemplaram e testemunharam o Salvador

Aquele dia memorável entrou para sempre na história da humanidade e da Salvação de todos nós: a apresentação do menino Jesus no Templo de Jerusalém, por Maria e José, a fim de se cumprir o que era previsto pela Lei do Senhor.

Uma apresentação acompanhada da oferta feita pelos pobres: um par de rolas ou dois pombinhos, como era previsto na Lei.

Contemplando a cena narrada pelo Evangelista Lucas (Lc 2,22-40), encontramos duas presenças fundamentais: Simeão e Ana.

Eles representam o Povo de Israel fiel, que esperava ansiosamente a libertação e a restauração do reinado de Deus sobre o Seu Povo.

Simeão, um homem justo e piedoso, como nos fala Lucas, com quem estava o Espírito Santo, e a ele havia anunciado que não morreria antes de ver o Salvador. E assim se cumpriu a promessa: teve diante de si o Menino Deus, o Salvador esperado.

Foi movido pelo Espírito que Simeão foi ao Templo, e são para sempre suas palavras, que penetraram profundamente na alma de Maria e de José, ao acolher e bendizer a Deus:

“Agora, Senhor, conforme a Tua promessa, podes deixar Teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do Teu povo Israel” (Lc 2,29). Palavras que trouxeram a admiração de Maria e José.

E em seguida, Simeão dirigindo-se a Maria, a Mãe de Jesus, disse:

“Este Menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (Lc 2,35).

Com estas palavras, temos a revelação da universalidade da Salvação de Deus para todos os povos, independentemente de raça, cultura, fronteiras e esquemas religiosos, e ao mesmo tempo, pré-anunciam o “drama da Cruz”.

Ana, como nos descreve Lucas, uma profetisa, filha de Fanuel, da tribo de Aser; de idade muito avançada (oitenta e quatro anos); e quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o seu marido, e depois ficara viúva.

Diz-nos o Evangelista que ela não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações.

Ao chegar e ver o Menino Jesus, pôs-se a louvar a Deus e falar d’Ele a todos que esperavam a libertação de Jerusalém (Lc 2,37-38).

Ana é uma figura do Israel pobre e sofredor (“viúva”, que se manteve fiel ao Senhor, esperando a salvação de Deus, e assim viu se cumprir ao ver o Menino Jesus.

Simeão e Ana são a revelação de um Povo esperançoso nas promessas de Deus fiel à sua Aliança, e realizador de Suas promessas:

“Mesmo quando não se vê o modo de sair de uma crise, quando Deus parece mais longínquo, talvez esquecido de nós, eis que Ele vem ao Templo, numa figura frágil, de um Menino, ‘sinal de contradição’, mas também, e, sobretudo, sinal de redenção, de libertação para todos os que ainda ousam crer e esperar num mundo segundo a ordem de Deus, em que a ‘sabedoria’ e a ‘graça’ que habitavam a Pessoa de Jesus possam ser os fundamentos de uma ‘civilização do amor’”. (1)

Simeão e Ana, encontramos em nossas comunidades. São todos aqueles/as que vivem dia pós dia a graça do batismo, irradiando a luz divina e contribuindo para que sejamos uma Igreja missionária, misericordiosa, que apresente ao mundo uma mensagem de vida e esperança.

São todos aqueles/as que cultivam no coração e se comprometem com um novo céu e uma nova terra, na fidelidade aos Mandamentos divinos, vivendo o amor de Deus e o amor ao próximo, pois são amores inseparáveis por toda a eternidade.

São todos aqueles/as que não se dobram diante de ídolos ou ideologias que passam, mas cultivam com zelo a semente da fé, esperança e caridade no coração, para frutificar em sagrados frutos do Reino.

São todos aqueles/as que têm coragem de renunciar a si mesmo, tomando a cruz de cada dia, põem-se a caminho, vivendo o Mistério Pascal, com maturidade e serenidade, pois sabem em quem confiam.

São todos aqueles/as que assumem a graça de edificar uma Igreja, comprometidos com a ação evangelizadora, vivendo e edificando comunidades, como uma casa com pilares que dão solidez e jamais serão derrubadas por ventos e tempestades, como nos falou Mateus (Mt 7,25).

São todos aqueles/as que se deixam iluminar e guiar pela Palavra de Deus; alimentam-se do Pão de Eternidade, o Pão da Eucaristia; envolvidos pelo amor de Deus, e deste, verdadeiras testemunhas, no incansável combate da fé, em permanente ação missionária.



(1)         idem

Família, uma pequena Igreja (Sagrada Família - Ano B)

                                                        


Família, uma pequena Igreja

Celebrar Festa da Sagrada Família (ano B), é ocasião favorável para refletirmos sobre o papel fundamental que tem a família no Plano de Salvação que Deus nos propõe.

A família é uma pequena Igreja, e nela devem estar presentes alguns sinais da bênção do Senhor como vemos no Antigo Testamento: paz, abundância de bens materiais, concórdia e a descendência numerosa.

É o que vemos na passagem da primeira Leitura (Eclo 3,3-7.14-17a). A obediência e o amor eram imprescindíveis no cumprimento da Lei, de modo que esta obediência era sinal e garantia de bênção e prosperidade para os filhos, mas também um modo de honrar a Deus nos pais, como encontramos no Livro do Êxodo (20,12) – “honra teu pai e tua mãe”.

Os pais são instrumentos de Deus e fonte de vida, e como recompensa do “honrar pai e mãe”, os filhos obtêm o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a atenção de Deus.

"Com razão se diz hoje que a família é o primeiro lugar da evangelização, provavelmente o mais decisivo. Com efeito, é na família que a criança, mesmo muito pequenina, respira ao vivo a fé ou a indiferença. Por aquilo que vê e vive, ela adverte se em sua casa - e na vida - há lugar para Deus ou não. Nota se a vida se projeta pensando só em si mesmos, ou também nos outros. Tudo isto para dizer que normalmente o modo de viver encontra as suas raízes na família.”  (1)

Na passagem da segunda Leitura (Cl 3,12-21), o Apóstolo Paulo exorta sobre o novo modo de relacionamento na família, onde os esposos e os filhos cristãos vivem a vida familiar como se já vivessem na família do Pai Celeste.

Revestidos do “Homem novo”, as relações são marcadas pela misericórdia, bondade, humildade, doação, serviço, compreensão, respeito pelo outro, partilha, mansidão, paciência e perdão.

Na passagem do Evangelho (Lc 2,22-40) sobre a apresentação de Jesus no templo, temos a experiência de Cristo, que entra  no  contexto  de  uma  família  humana  concreta,  e Lucas nos apresenta, de modo catequético, um quadro realista dos reveses e vicissitudes a que está sujeita a vida de uma família em todo tempo.

De acordo com o Livro do Levítico (Lv 12,2-8), quarenta dias após o nascimento de uma criança, esta deveria ser apresentada no Templo, e a mãe oferecia um ritual de purificação com a oferenda de um cordeiro de um ano (se a família fosse mais abastada) ou duas pombas ou duas rolas (famílias com menos recursos).

Na cena narrada por Lucas, temos no templo a presença de Simeão e Ana, que representam Israel, o Povo de Deus que esperava ansiosamente a sua libertação e restauração, bem como a universalidade da Salvação.

Simeão e Ana, anciãos que acolhem Jesus no Templo, não são pessoas desiludidas da vida, voltadas para o passado, como um tempo ideal que não tem volta; ao contrário, são pessoas voltadas para o futuro, atentas e abertas para o Deus libertador que vem ao encontro do Povo, e sabem ler os sinais de Deus naquela Criança.

Ambos possuem maturidade, sabedoria e equilíbrio, com espírito aberto e livre, colocando-se a serviço da comunidade.

Também hoje precisamos de novos “Simeãos e Anas” que ensinem os mais jovens a distinguir entre o que é eterno e importante e aquilo que é apenas passageiro e acessório.

As palavras de Simeão, sobre a espada que transpassaria a alma de Maria, nos permitem afirmar que a apresentação de Jesus no templo e a purificação de Maria, embora seja o quarto Mistério gozoso, também é um Mistério doloroso, glorioso e luminoso, quando Ele viesse a crescer em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus.

Na Sagrada Família, como em todas as outras, há alegrias e sofrimentos, desde o nascimento até a infância e a idade adulta; ela amadurece através de acontecimentos alegres e tristes para cada um de seus membros, como vemos nos Evangelhos.

Nos dias atuais, a célula familiar está particularmente em perigo, e vemos postos em discussão seu direito tradicional, sua moral, sua economia, sua função social como papel formador de seus membros.

Na realidade em que vive a família, nem tudo é idílico, paz e serenidade. Toda família passa por sofrimentos e dificuldades: exílio, perseguição, crises no trabalho ou sua falta, separação, emigração, afastamento dos pais e outros inúmeros problemas e desafios.

- Sem trair ou negar o Evangelho, como ajudar a família a situar-se no mundo de hoje, e a construir-se a si mesma em meio às dificuldades que encontra?

Do ponto de vista moral, temos o divórcio, o espinhoso problema da limitação da natalidade e o aumento do número dos matrimônios fracassados que obrigam os cristãos a retomarem a consciência do caráter sagrado da família cristã.

No plano econômico, temos a crise econômica e suas graves consequências abalando as estruturas das famílias.

No plano político, a família é, felizmente, ajudada pelo Estado em muitos países, mas corre o perigo de ficar a serviço do Estado, sobretudo no que concerne à primeira educação dos filhos, em que semeiam os valores fundamentais: amor, verdade, respeito, justiça e liberdade.

São gravíssimos os problemas enfrentados pela família, e que não podem ser resolvidos facilmente, mas somente com abertura ao Espírito, acompanhada de profunda e frutuosa reflexão e Oração.

É preciso investir o máximo na formação daqueles que pretendem constituir nova família, a fim de que esta seja edificada com a sua irrenunciável e inadiável tarefa educativa, e para uma vida de intimidade e comunhão.

Somente assim ela não se degenerará, não fracassará, não se desvirtuará na multiplicação de divórcios, fomentando a desestruturação da família.

A solidez e a luminosidade de uma família somente se darão quando Jesus Cristo for, verdadeiramente, a base sólida sobre a qual se edifica esta pequena Igreja (Mt 7,21.24-27), se deixando iluminar por Sua Divina Luz (Jo 8,12).

Famílias devidamente edificadas também se abrem a relacionamentos comunitários solidários e fraternos, jamais se isolando, pois é impensável famílias como “pequenas ilhas” fechadas em si mesmas.

Na vivência da caridade, a família encontra a verdadeira fonte da unidade familiar, abrindo-se à realidade da Boa-Nova do Reino, em que se estabelecem relações fraternas e universais; abrindo-se a novos horizontes, como fez a Sagrada Família.

Se alguma família fracassou no mundo foi porque faltou, sobretudo, o verdadeiro amor, porque onde o amor se extingue, a família se esfacela, num processo irreversível de autodestruição.

Celebrando a Festa da Sagrada Família, que nossas famílias como pequenas Igrejas domésticas, sejam iluminadas pelos raios do Espírito, que nos são comunicados em cada Banquete Eucarístico para iluminar os caminhos obscuros e incertos por que passamos.

Somente deste modo as famílias serão espaços privilegiados do aprendizado dos valores, acima de tudo o aprendizado do Mandamento do Amor que o Senhor nos deixou, tornando a vida mais bela, o mundo mais fraterno e feliz.

Eternos aprendizes da Sagrada Família, sejamos; e, nesta escola, permaneçamos sempre para santificar e iluminar nossas famílias, pequeninas Igrejas domésticas em que o Senhor reina, pois onde Ele reina, reina o amor.

Urge que nossas famílias se abasteçam na Divina Fonte do Amor, tal como a família de Jesus, Maria e José, em total e incondicional obediência e fidelidade ao Amor do Pai e abertura ao Santo Espírito.



PS: Fontes de pesquisa: Missal Dominical, pp.100-101; www.dehonianos.org/portal
(1) Lecionário Comentado - Volume Advento/Natal - Editora Paulus - Lisboa  - p.255

PS: Oportuno para a celebração da Apresentação do Senhor no templo - dia 02 de fevereiro, quando se proclama a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 2,22-40).

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