sábado, 23 de novembro de 2024

Em poucas palavras...

 


 

“O cristão, o apóstolo, é por sua natureza uma pessoa incômoda...”

“O cristão, o apóstolo, é por sua natureza uma pessoa incômoda, exatamente porque chamado a pregar o ‘Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios’ (1 Cor 1,23).

Contudo, seria cômodo confiar só a esses heróis o dever de transmitir a mensagem cristã, esquecendo o compromisso pessoal de todo cristão, por força de sua consagração batismal, de ser sempre testemunha de Cristo.”(1)


 

(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – Comentário da passagem do Livro do Apocalipse de São João (Ap 11,4-12) – pág. 1525

“Reinar é servir” (Cristo Rei)

                                                      

“Reinar é servir” 

Assim afirma o Catecismo da Igreja Católica (n. 786): “Cristo, Rei e Senhor do Universo, se fez servidor de todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20,28). Para o cristão, ‘reinar é servir’ "(Lumen Gentium n.36).

Também, citando a Gaudium et Spes (n. 10,2; 45,2) professa: “A Igreja crê... que a chave, o centro e o fim de toda história humana se encontram em seu Senhor e Mestre” (CIC n. 450).

Em poucas linhas, encontramos uma densidade inesgotável que nos convida ao silêncio e à contemplação, para que não apenas celebremos, mas como discípulos missionários, anunciemos e testemunhemos que Jesus é o Senhor de nossa história, em todos os âmbitos, em todos os corações, e de todo o Universo, se numa palavra apenas fôssemos dizer.

Cristo, Ungido, Enviado, Aquele que foi por muito tempo esperado. A realização da promessa messiânica se cumpriu em Sua Pessoa: “O Verbo se fez Carne e habitou entre nós...” (Jo 1,14), e a Ele damos toda honra, glória, poder e louvor.

Rei, mas um Rei diferente, pobre, despido, ultrajado, tendo como trono a Cruz, esvaziado de Sua condição divina, humilhou-Se e foi obediente até o fim, e Deus O Ressuscitou, para que diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fl 2, 7-8).

Senhor, porque reina em tudo e em todos, a Ele tudo foi submetido: “O último inimigo a ser destruído será a morte, pois Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo. Mas quando se diz que tudo lhe será submetido, é claro que se deve excluir Deus, que tudo submeteu a Cristo. E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então próprio Filho Se submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos.” (1 Cor 15, 26-28).  

Servidor de todos, ao lavar os pés dos discípulos, lavou os pés de toda humanidade, deixando ao mundo um sinal de humildade e serviço: o Mestre e Senhor lavou os pés dos servos; os pés de toda a humanidade, e a lição para sempre foi gravada na mente e no coração da humanidade, selado como  sinal de amor. Lição que haveremos de reaprender incansavelmente, cotidianamente.


O Senhor tem a chave e  confiou a Pedro. Também é a porta que nos possibilitou a entrada na eternidade (Jo 10, 9), e tão somente por esta porta estreita haveremos de passar, se coragem e fidelidade no carregar da cruz tivermos, sem deserção, sem medo ou refúgio na mediocridade de uma fé morna e instalada, sem sagrados compromissos com a vida.

É preciso que centralizemos o Senhor em nossa vida, para que tudo ganhe um novo sentido em nosso existir. Quanto mais O centralizarmos, mais plena será nossa alegria. Centralizar Jesus é ter d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos, de tal modo a Ele configurado, que Ele é gerado e formado em nós, e nos outros.

Ele é o fim de toda a história, para Ele tudo haverá de convergir. Nossos dias, nossos passos, nossos planos, projetos, sonhos somente florescerão abundantemente, e darão frutos eternos se não tivermos ninguém além d’Ele para nos guiar e nos iluminar.

Com Jesus, cada noite escura de nossa vida, é acompanhada da certeza de que a luminosidade irromperá quando menos esperarmos, porque vigilantes esperamos Aquele que veio, vem e virá um dia, gloriosamente.

Por ora, é tempo de reinar com o Senhor, e somente o faremos se O servimos em cada irmão e irmã, sobretudo nos pobres, com os quais quis Se identificar. E este serviço silencioso, sem holofotes, glamoures, ibopes, confetes, nos credencia para a recompensa na eternidade, como Ele nos disse sobre o julgamento final: “Venham vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo.” (Mt 25, 34)

Reinamos com o Senhor, quando servimos. E, para que sirvamos incansavelmente com ardor, É preciso que nosso coração Seja inflamado pelo Seu indizível Amor.


Em poucas palavras...

 


«Sacerdote, profeta e rei»

“Jesus Cristo é Aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e constituiu «sacerdote, profeta e rei». Todo o povo de Deus participa destas três funções de Cristo, com as responsabilidades de missão e de serviço que delas resultam (Papa São João Paulo II).” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 783

“A missão de Jesus é a nossa missão”

                                                                    

“A missão de Jesus é a nossa missão”

Se há algo que devemos exultar de alegria é a graça de continuar a missão de Jesus, pois a Sua missão nos foi confiada por Ele mesmo, de modo que a Sua missão é a nossa missão.

Esta graça recebemos no dia do Batismo, e se faz necessário que correspondamos a esta confiança em nós depositada.

Tornando-nos cristãos pelo batismo, somos uma pessoa livre de todo espírito mau, portanto, não combina ser enviado de Deus e ter um coração cheio de ódio e de maldade...

É sempre tempo de nos questionarmos sobre a história que estamos escrevendo como enviados do Senhor.

Como é bonito passar pela vida escrevendo uma história de amor, pois quem assim o faz nunca morre.

Renovando a cada dia a graça da missão, damos novo sentido à nossa vida, que somente em Deus encontra, e nos é dado sempre a Sua sabedoria para criar e recriar o novo querido por Ele.

Urge que realizemos nossa missão  com alegria, gratuidade, confiança, despojamento, liberdade e superação das rejeições e adversidades.

Permaneçamos firmes na missão com a coragem de rever os caminhos feitos para viver a missão como graça e com a graça divina. Sem o quê jamais conseguiríamos avançar para as águas mais profundas, e poucas coisas memoráveis teríamos para partilhar.

Viver a missão que o Senhor nos confia a cada dia, conduzidos pela Oração que Ele nos ensinou: 

“Pai nosso que estais nos céus...” , tão somente assim poderemos proclamar que Jesus Cristo é Nosso Senhor e Rei do Universo. 

“Viver para Ele e, com Ele, para os outros”

 “Viver para Ele e, com Ele, para os outros”

“A consciência de que n'Ele
O próprio Deus Se entregou por nós até à morte,
Deve induzir-nos a viver, não mais para nós mesmos,
Mas para Ele e, com Ele, para os outros.”

Assim Reina Jesus, amando e Se doando;
Amando e passando pela crudelíssima morte,
Por nós se entregando, Sangue Redentor,
No trono da Cruz fragilizado, derramando.

Onipotência divina do Amor confirmada,
Paradoxalmente, na morte de Cruz, revelada.
Sua humanidade violada, sacrificada.
Em Sua morte, a morte de nossa morte.

Lição última ao mundo deixada:
Não viver mais para nós mesmos,
Porque se assim o for, um viver empobrecido,
Porque não pelo amor a vida vivida.

Somente o amor vivido, a vida plenifica;
Somente o amor que morre como grão,
É que apenas um solitário grão não há de ser,
Porque na entrega solidária há de florescer.

Assim é Jesus, e assim conosco haverá de ser,
Quando para Ele e com Ele vivermos,
E não mais egoisticamente para nós,
Mas para o outro, sentido da vida haveremos de ter.

Bela é a vida de quem se doa como Ele o fez,
Mais alegria e coragem para a vida viver,
Não fará de problemas pessoais montanhas,
Mas terá fé para outras insanas montanhas remover.

Vivamos para Ele e com Ele, centro de nosso existir.
Vivamos o amor autêntico, por Ele vivido e testemunhado,
Tão somente assim a Lei do Amor por Ele deixada,
Em atos transformada, eternidade feliz alcançada.


PS: Inspirado na primeira Carta Encíclica Papa Bento XVI - “Deus Caritas Est“ - n.33. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Em poucas palavras...

                                                 


Com Maria sempre podemos contar

Ao pronunciar o «Fiat» da Anunciação e dando o seu consentimento ao mistério da Encarnação, Maria colabora desde logo com toda a obra a realizar por seu Filho. Ela é Mãe, onde quer que Ele seja Salvador e Cabeça do Corpo Místico.

Terminado o curso da sua vida terrena, a santíssima Virgem Maria foi elevada em corpo e alma para a glória do céu, onde participa já na glória da ressurreição do seu Filho, antecipando a ressurreição de todos os membros do Seu Corpo.

«Nós cremos que a santíssima Mãe de Deus, a nova Eva, a Mãe da Igreja, continua a desempenhar no céu o seu papel maternal para com os membros de Cristo» “ (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafos n. 973-975 

Doce e amarga é a Palavra do Senhor

                                                        


Doce e amarga é a Palavra do Senhor

        “Na boca era doce como mel, mas quando o engoli,
meu estômago tornou-se amargo”  (Ap 10,10)

Com a passagem do Livro do Apocalipse (Ap 10, 8-11), refletimos sobre a importância da Palavra de Deus para quem professa a fé.

Além do duplo aspecto (doçura-amargor) que possui, ela deve ser antes interiorizada por quem a acolhe e nela acredita, para viver coerentemente:

“É doce como o mel, porque a Palavra de Deus comunica sentimentos de doçura e de conforto aos homens, mas ao mesmo tempo é muito amargo, porque o seu anúncio pode comportar dificuldades, provas e perseguições” (1)

Este processo tem exigência própria, porque coloca a nu nossa realidade e contradições, e não é como a palavra humana que pode ser combatida, revogada, com possíveis álibis, escapatórias, réplicas, tréplicas, divergências, contraposições, concepções divergentes, ou outras tantas possibilidades.

Acolhê-la implica vencer todo medo de ouvi-La, permitindo que penetre em nossa alma, com suas interpelações de mudança, conversão, redirecionamento de caminhos e propósitos, porque, de fato, a Palavra divina é irrevogável, questionadora, reveladora do mais profundo de cada um de nós.

Não é uma Palavra que anestesia ou legitima nossos caprichos e quereres, pois nem sempre nossa vontade corresponde à vontade divina, assim como nosso tempo, definitivamente, não é o tempo de Deus.

Na impossibilidade de refutá-la ou sufocá-la, ou pelo medo do compromisso, é possível que a esvaziemos de sua força revolucionária, flexibilizando-a e a condicionando aos nossos caprichos, até mesmo para que se torne agradável e aceitável por parte também dos que nos ouvem.

Não nos é dado este direito da parte de Deus, pois a Palavra Divina não se presta a manipulações de quaisquer motivações.

O anúncio da Palavra não se faz para a multiplicação de adeptos e seguidores de si mesmo, mas do Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós.

Concluo com as palavras do Missal  Cotidiano:

“Mas se a Palavra de Deus é ‘amarga por vezes, também é cheia de doçura para quem a aceita e se esforça por vivê-la. Garante a liberdade, a segurança, a paz, a salvação; dá-nos a coragem de atualizá-la e transmiti-la aos outros como mais precioso dom”. (2)


(1)         Lecionário Comentado – Editora  Paulus – 2013 – p.834
(2)        Missal Cotidiano Editora Paulus - 1997 – pp.1520-1521)
PS: Livre adaptação do comentário do Missal Cotidiano

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