segunda-feira, 18 de novembro de 2024

“O Senhor é a nossa luz e salvação”

                                                         

“O Senhor é a nossa luz e salvação”

Na segunda-feira da 33ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,35-43), que nos apresenta a cura de um cego.

Com esta cura, compreendemos o caminho que Deus trilha para nos libertar das trevas e nos fazer nascer para a luz, e assim passarmos da escravidão à liberdade, da morte à vida.

Esta passagem bíblica é mais do que a história da cura de um cego por Jesus, trata-se de uma catequese batismal com todas as suas etapas.

O cego está sentado à beira do caminho, numa expressão real de desânimo e conformismo; privado da luz e da liberdade e conformado com sua aparente irredutível situação, sem qualquer perspectiva.

Suplicando ao Senhor, tem que superar as resistências, pois até o seu grito tentam calar, mas a sua fé o salvou, e voltou a enxergar:

“É claro o significado simbólico do gesto: para seguir o Senhor é preciso saber libertar-se de tudo aquilo que serve de obstáculo a uma adesão pronta à Sua Palavra. Não se trata somente de nos libertarmos dos pecados, mas de saber antepor a riqueza espiritual da fé no Senhor aos recursos a que o nosso coração está demasiado apegado e que o tornam pesado.” (1)

O cego que foi curado depois do encontro se torna modelo de verdadeiro discípulo para nós.

Em nosso encontro com Jesus, há quem nos conduza, como também há os que nos impedem, obstaculizam.

Não podemos desanimar jamais de ir ao Seu encontro, pois somente com Ele nossa vida se torna plena de luz, paz, amor e alegria.

Pôr-se no caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida, a partir do encontro com Jesus, é o que todos devemos fazer.

Somente curados pelo Senhor, a cada instante, é que não desanimamos da caminhada de fé, sabendo, crendo, anunciando e testemunhando que somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6).

Somente Ele nos introduz na luz já no tempo presente, e, um dia, na luz eterna, na plena claridade que é o céu, plenitude de amor, pois onde houver amor, há luz. Onde houver a plenitude do amor, haverá a plenitude da luz.

Jesus, o Sumo Sacerdote do Pai que nos comunica, pelo Seu Espírito, a plenitude do Amor, da Vida e da Luz. Amém.


(1) Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 - pág. 647.

Uma fé iluminada e iluminadora

                                                                  

Uma fé iluminada e iluminadora

Ouvimos, na segunda-feira da 33ª Semana do Tempo Comum, a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,35-43), que tem uma narração paralela no Evangelho de Marcos (Mc 10, 46-52), quando se celebra o 30º Domingo do Tempo Comum (ano B).

Vejamos o que nos diz o Comentário do Missal Dominical:

“Se no passado, a fé podia constituir uma explicação ou uma interpretação do universo, um lugar de segurança diante dos absurdos da história e do mistério do mundo, hoje não é mais assim. 

Os movimentos de ideias, o processo tecnológico, a expansão do consumo, os movimentos migratórios e turísticos, a urbanização crescente e caótica com as consequentes dificuldades de integração comunitária, a agressão da publicidade, a instabilidade política, econômica e social, com todos os problemas daí derivados, concorrem para aguçar a dilaceração interior, ainda mais sensível nos homens de cultura. 

Nesse quadro, a carência de uma fé consciente e robusta favorece a dissolução da religiosidade, até a ruptura com a prática religiosa” (1)

Vivemos num mundo secularizado, com fortes marcas de ateísmo, em que o espaço do sagrado muitas vezes é sinônimo de alienação, atraso, anti-história...

O Papa São João Paulo II, brilhantemente, abordou estas questões na Encíclica Fé e Razão. 

Não são inconciliáveis a fé e a razão. Uma não pode prescindir da outra, do contrário não corroboram para o processo de fraternidade e promoção da vida, da dignidade humana. 

Evidentemente que podemos cultivar uma fé ingênua, marcada pelo infantilismo, renunciando aos compromissos inerentes à mesma; delegando a Deus o que é tarefa humana, descomprometendo-se, lamentavelmente, com aquilo que é próprio e inadiável nosso.

A fé deve ser vista como resposta, e não uma fuga dos problemas. E muito mais que uma resposta, é preciso que seja uma proposta transformadora, fundada e nutrida pelo Pão da Palavra e pelo Pão da Eucaristia. 

A fé deve consistir na resposta sedenta de sentido de vida, ultrapassando todo o pragmatismo evasivo; todas as explicações que se encerram em si mesma.

Há sempre muito mais do que se possa verbalizar e racionalizar, a fim de que cultivemos uma fé consciente e robusta, procurando respostas aos incontáveis problemas mencionados, de modo que a fé, a esperança e caridade, como virtudes teologais, amadureçam, inseparavelmente, em nosso interior, afastando toda a estimulação e excitação de dilaceramentos interiores...

Tão somente assim, veremos a fé expressa em gestos concretos, afetivos e efetivos de caridade.

Urge uma  viva e uma Esperança com âncoras nos céus, onde se encontra o Ressuscitado, de modo que a Caridade dará respostas libertadoras para o mundo que precisa ser transformado.

  
(1)  Missal Dominical - Editora Paulus - pág.1057

Não abandonemos o primeiro amor

                                                             

Não abandonemos o primeiro amor
 
“Todavia, há uma coisa que eu reprovo,
abandonaste o teu primeiro amor” (Ap 2,4).
 
Cristãos leigos e leigas, consagrados ou, até mesmo, com o Sacramento da Ordem, não estamos imunes do esfriamento do primeiro amor.
 
Oportuno retomar a Carta dirigida por João à Igreja de Éfeso (Ap 1,1-4;2-1-5a), com a advertência feita a esta Igreja, depois de reconhecer seus diversos aspectos relevantes e positivos: – "Todavia, há uma coisa que eu reprovo, abandonaste o teu primeiro amor” (Ap 2,4).
 
João lembra o retrocesso da comunidade e o convite à conversão e à volta da prática inicial:
 
“Também nas nossas Igrejas, na nossa atividade de cristãos, pode aparecer por vezes o cansaço, a fadiga, a revolta, mas como nos sugere a Palavra, não devemos abandonar ‘a caridade primitiva’ (Ap 2,4).
 
A procura da fé não deve ser ofuscada por questões contingentes, por particularismos, por atitudes mesquinhas: se é difícil chegar à fé, é ainda mais fácil perdê-la.
 
Para isso precisamos da Palavra de Deus, a qual nos acompanhará na meditação 'noite e dia’ ao longo do caminho de uma procura contínua que, alimentada pela linfa da Palavra divina, será sólida ‘como árvore plantada à beira das águas’ (Sl.1,1-4.6)” (1).
 
No testemunho de nossa fé, no seguimento de Jesus, como discípulos missionários, todos somos passíveis do cansaço, da fadiga e, até mesmo, da revolta frente a acontecimentos diversos.
 
Por vezes, pode aparecer o desencanto, as contrariedades, as provações, acompanhadas até por perseguições, não obstante, será sempre ocasião para que não abandonemos “o primeiro amor”, aqueles primeiros momentos, em que sentimos fortemente o chamado do Senhor, o Seu olhar de amor, quando nos chamou pelo nome.
 
Urge cuidar sempre, para que esta chama jamais se apague, de modo que, inflamada, sejamos evangelizadores zelosos, amorosos e ardorosos.
 
Oremos:
 
Senhor Deus, não permitais que nos afastemos de Vós, e tão pouco abandonemos “o primeiro amor”.
 
Inflamai nosso coração de amor, para que irradiemos a Vossa divina luz nas situações mais obscuras, iluminados pela Vossa Palavra e nutridos pela Santíssima Eucaristia. 
 
Seja nosso coração indiviso na fidelidade ao Vosso Filho que nos chamou, e conosco caminha, com a presença e ação do Vosso Espírito. Amém.
 
 
 
(1)    Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – Vol. II – pp.814-815
 


Amar e se compadecer (17/11)

                                                                  

Amar e se compadecer

 “Que queres que Eu faça por ti?” O cego respondeu:
“Senhor, eu quero enxergar de novo”. 
Jesus disse: “Enxerga, pois, de novo.
A tua fé te salvou” (Lc 18, 41-43)

Cristo Jesus, contemplo-Te caminhando rumo a Jerusalém para ser crucificado, na mais suprema expressão de amor que nos ama até o fim.

Cristo Jesus, contemplo Tua compaixão e sensibilidade para com o sofrimento do cego, que Te atrai imediatamente, mesmo entre a algazarra da multidão.  

Cristo Jesus, contemplo Teu sofrimento, que não é somente a maior dor pela humanidade vivida, mas, sobretudo, o maior e indizível amor de todo o mundo e em todo o tempo.

Cristo Jesus, é por isto que Te preocupas prontamente com o sofrimento do próximo, como te preocupaste e tiveste o Coração tocado pelo sofrimento daquele cego.

Cristo Jesus, pedimos-Te perdão, pois este mesmo sentimento e atitude são tão difíceis para nós, que temos, às vezes, muita dor e pouco amor.

Cristo Jesus, ajuda-nos, para que tendo de Ti mesmos pensamentos e sentimentos, compreendamos e nos sensibilizemos com a angústia dos que mais precisam.

Cristo Jesus, que unindo-nos à Tua Paixão e Morte, por amor a Igreja, da qual és a Cabeça, e nós, o corpo, façamos de nossa dor uma abertura ao próximo, sem jamais nos fecharmos em nós mesmos. Amém!


Fonte inspiradora: Comentário do Missal Cotidiano sobre Evangelho de Lucas (Lc 18,35-43)

Nós Vos suplicamos, Senhor...

                                 


Nós Vos suplicamos, Senhor...

Senhor, Vós que tendes a plenitude do Espírito.
Vós que sois o Amém, o Sim total a Deus,
Vós que sois a testemunha fiel, a Verdade,
O princípio de todas as criaturas de Deus,

Nós Vos suplicamos, Senhor...

Suplicamos
Que nos ajudeis a multiplicar
Os dons que tanto nos enriqueceis
Pela Divina presença do Vosso Espírito em nós.

Suplicamos
Que não sejamos moribundos na fé,
Diante das dificuldades que possam existir,
Como Vossa Igreja de Sardes exortada.

Suplicamos
Que nossa fé não seja morna,
Que não nos assemelhemos à Igreja de Laodiceia,
Que a chama de nossa fé a todos ilumine e aqueça.

Suplicamos
Que nos fortaleceis no carregar da cruz,
Para uma vida cristã autêntica, fé comprovada,
Como viveram tantos no início de Vossa Igreja.

Suplicamos
Que não nos deixeis perder a fidelidade originária,
O primeiro amor, o primeiro encanto,
A alegria dos primeiros passos da fé.

Suplicamos
Que afasteis de nós uma vida cristã inócua e insípida,
Marcada pela infelicidade, pobreza, cegueira e nudez,
Que encontremos em Vós a mais bela e preciosa riqueza.

Suplicamos
Que nos concedais o imprescindível colírio da fé,
Para redescobrirmos sempre em nosso próximo,
Sobretudo nos empobrecidos, Vossa divina presença.

Suplicamos
Enfim, Senhor, que sejamos por Vosso poder curados
De toda mudez, para que ouvintes de Vossa Palavra
Não apenas o sejamos, mas fervorosos praticantes.

Até que Vós venhais reinar sobre tudo e sobre todos.
A Vós, a quem rendemos toda honra, glória e poder,
Toda a nossa vida Vos seja um agradável louvor.

Se a vida for, por vezes, a travessia de um vale escuro,
Que a chama batismal em nosso coração um dia acesa
Não se apague, o caminho ilumine, Vossa luz resplandeça!
Amém!


PS: Fonte inspiradora: Ap  3,1-6.14-22, Leitura da terça-feira da 33ª semana do Tempo Comum (ano par); apropriado para a passagem do Evagelho de Marcos (Mc 10,46-52; Lc 18,35-43)

Companheiros na travessia

                                                          

Companheiros na travessia

Todas as vezes que celebramos a Eucaristia, degustamos a Palavra, precedida por uma preparação, que se torna cada vez mais um imperativo no mundo pós-moderno, em procura da saciedade de amor, alegria, paz, luz.

A Liturgia da Palavra, inseparavelmente da Liturgia Eucarística, são imprescindíveis Mesas que nos revigoram, nos dão forças em nossas travessias, por vezes sombrias, obscuras em alguns momentos.

Viver, de fato, é uma grande travessia: 

“Tornar-se companheiro de viagem de cada homem, ser para cada homem ‘Sacramento ‘do Amor de Deus com os gestos, tal como com as palavras: é este o compromisso irrenunciável que as leituras de hoje colocam à nossa frente. 

Somos chamados a viver a responsabilidade de fazer da dupla Mesa do Pão e da Palavra o centro, o coração da vida, tornando-a disponível a quem quer que possamos encontrar: 

Somos chamados a tornar-nos companheiros de viagem, e, portanto, a tornar-nos dom, na missão que Deus nos confia, identificando-nos com essa missão sem querer nada para nós, e desaparecer nela e com ela; como o diácono Filipe, que cumpre a sua missão e logo é arrebatado pelo Espírito por ser destinado a outras missões.”  (1)

Nesta travessia, como companheiros de viagem, é fundamental que nos ajudemos reciprocamente com os dons que Deus nos concede a cada um:

“Nesta caminhada, tão profundamente humana, todos podemos descobrir-nos, companheiros de viagem e iluminar-nos reciprocamente com os dons que Deus concede a cada um” (2).

Deste modo:

Companheiros de viagem, haveremos de ser também,
Companheiros de viagem, também precisamos ter.

Companheiro é aquele que come o pão no mesmo prato;
Que partilha as alegrias, vitórias, conquistas,

Mas que também é solícito para compartilhar
Tristezas, derrotas, perdas, por vezes irreparáveis.

Que nos fala, com a palavra e com a vida,
Uma palavra, sobretudo uma Palavra Divina.

Que nos ajuda a firmar os passos na direção
De uma eternidade feliz, desde o tempo presente.

Que nos abre os olhos para o necessário,
Não permitindo que o medo nos cegue.

Que não faz média, pacto de mediocridade,
Sem conivência com o erro e a falta da verdade.

Que nos toma pelas mãos para adiante seguir,
Sem dar em nosso lugar os necessários passos.

Que sabe contar e cantar os sonhos que nos movem,
Porque de sonhos e cantos também vivemos.

Que nos ajuda a enfrentar os terríveis pesadelos,
Confiantes que não têm eles a última palavra.

Que compartilhe as dúvidas e incertezas do momento que vivemos,
Nas escolhas que haveremos de fazer, para maiores acertos.

Que nos ajuda a não trair os princípios de nossa fé,
Sobretudo os que se referem à dignidade e sacralidade da vida.

Companheiros que me ajudem a continuar esta reflexão,
Porque companheiros se enriquecem reciprocamente.

Companheiros de viagem, precisamos!
Companheiros de viagem, sejamos!

(1)     Lecionário Comentado – Tempo Pascal - p.470. 
(2)    Idem – Tempo Comum – Vol. II – p.476

A permanente caminhada de fé

                                                        

A permanente caminhada de fé

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,35-43), quando Jesus Se aproximando de Jericó, curou um cego que estava sentado à beira do caminho.

Oportuno retomar o Comentário do Missal Dominical para o 30º Domingo do Tempo Comum (Ano B), quando se proclama a passagem paralela do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52), para reflexão e o aprofundamento da vivência de nossa fé, como discípulos missionários do Senhor.

“... Se, no passado, a fé podia constituir uma explicação ou uma interpretação do universo, um lugar de segurança diante dos absurdos da história e do mistério do mundo, hoje não é mais assim.

Os movimentos de ideias, o processo tecnológico, a expansão do consumo, os movimentos migratórios e turísticos, a urbanização crescente e caótica com as consequentes dificuldades de integração comunitária, a agressão da publicidade, a instabilidade política, econômica e social, com todos os problemas daí derivados, concorrem para aguçar a dilaceração interior, ainda mais sensível nos homens de cultura.

Neste quadro, a carência de uma fé consciente e robusta favorece a dissolução da religiosidade, até a ruptura total com a prática religiosa”. (1)

Como vemos, não há mais lugar para uma fé anônima e sem compromissos, pois há sempre um itinerário a ser percorrido para que nossa fé tenha os “predicativos desejáveis” e “aditivos indispensáveis”

“Num mundo como o nosso, não há mais lugar para uma fé anônima, formalista, hereditária. É necessária uma fé fundada no aprofundamento da palavra de Deus, na opção e nas convicções pessoais. Uma fé conscientemente abraçada e não passivamente recebida em herança.

Tudo isto comporta um novo modo de enfrentar o problema da iniciação cristã, um novo modo de considerar a evangelização e a sacramentalização. Abre-se um imenso campo de ação à pastoral em geral e à catequética particularmente.

O cristão deverá percorrer (ou repercorrer, se se trata de adulto) não tanto um caminho feito de etapas e gestos sacramentais, mas um itinerário de fé, um catecumenato renovado, sem o qual não têm sentido nem eficácia os gestos sacramentais feitos em prazos fixos.” (2)

Assim é a caminhada de fé: um processo permanente, no qual é preciso que se avance para não recuar, sem qualquer possibilidade de desistência do carregar da cruz, ainda que adversos e difíceis sejam os momentos por que possamos passar.

Oremos: 
“Deus eterno e Todo-Poderoso, aumentai em nós
a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar
o que prometeis. Por N.S.J.C. Amém!”



(1) Missal Dominical - Editora Paulus - pág. 1057.
(2) Idem.

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