O perdão vivido faz nascer a semente da vida, que não pode morrer no coração do pecador que se propõe, contrito, por num caminho de contínua conversão e uma nova vida, porque experimentou a realidade do amor e do perdão divinos que nos libertam das amarras e da escravidão do pecado, e nos faz verdadeiramente livres.
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
A exigência do perdão
O perdão vivido faz nascer a semente da vida, que não pode morrer no coração do pecador que se propõe, contrito, por num caminho de contínua conversão e uma nova vida, porque experimentou a realidade do amor e do perdão divinos que nos libertam das amarras e da escravidão do pecado, e nos faz verdadeiramente livres.
“Entranhas de misericórdia”
Em poucas palavras...
A vida do cristão
“A fé, a verdade e a esperança devem ser alimentadas e caracterizadas por comportamentos, atitudes que, na fidelidade à doutrina e ao ensinamento transmitido, manifestem também exteriormente o rosto da fé.
A vida do cristão não é uma vida tomada ao de leve, que se adapta ao comportamento comum ou àquilo que é mais cômodo, mas é uma vida que compromete continuamente a pessoa na coragem da escolha da fé.” (1)
(1)Lecionário Comentado – Tempo Comum – Volume II – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – pág. 763
Comentário sobre a passagem da Leitura: Tt 1,1-9
Em poucas palavras...
A generosidade é plural
“Notemos que a generosidade, como todas as virtudes, é plural,
tanto em seu conteúdo como nos nomes que lhe emprestamos ou que servem para
designá-la.
Somada à coragem, pode ser heroísmo.
Somada à justiça, faz-se equidade.
Somada à compaixão, torna-se benevolência.
Somada à misericórdia, vira indulgência.
Mas seu mais belo nome é seu segredo, que todos conhecem: somada
à doçura, ela se chama bondade” (1)
(1)André Comte Sponville
Testemunhemos a Deus pelas obras
Testemunhemos
a Deus pelas obras
Sejamos
enriquecidos por uma homilia de um autor do segundo século.
“O
Senhor usou para conosco de uma misericórdia tão grande que, primeiramente,
nós, seres vivos, não sacrificássemos a deuses mortos nem os adorássemos, e levando-nos
por Cristo ao conhecimento do Pai da verdade. E qual é o conhecimento que nos
conduz a Ele? Não é acaso não negar Aquele por quem O conhecemos? Ele mesmo
declarou: Ao que der testemunho de mim, Eu darei testemunho
dele diante do Pai
(cf. Lc 12,8). É este o nosso prêmio: testemunhar Aquele por quem fomos salvos.
Como
O testemunharemos? Fazendo o que diz, sem desprezar Seus mandamentos, honrando-O
não com os lábios só, mas de todo o coração e inteligência. Pois Isaías disse: Este
povo me honra com os lábios, seu coração, porém, está longe de mim (Is 29,13).
Portanto,
não nos contentemos em chamá-Lo de Senhor; isto não nos salvará. São Suas as Palavras:
Não
é quem me diz Senhor, Senhor, que se salvará, mas quem pratica a justiça (cf. Mt 7,21). Por isso, irmãos,
demos testemunho pelas obras: amemo-nos mutuamente, não cometamos adultério,
não nos difamemos uns aos outros nem nos invejemos, mas vivamos na continência,
na misericórdia, na bondade.
E
sejamos movidos pela mútua compaixão, não pela cobiça. Confessemo-lo por estas
obras, não pelas contrárias. Não temos de temer os homens, mas a Deus. Porque o
Senhor disse aos que assim procediam: Se estiverdes comigo, reunidos em meu
seio e não cumprirdes meus mandamentos, Eu vos repelirei e direi: Afastai-vos
de mim, não sei donde sois, operários da iniquidade (cf. Mt 7,23; Lc 13,27).
Por
conseguinte, irmãos meus, lutemos, sabendo que o combate está em nossas mãos.
Muitos se entregam a lutas corruptíveis, mas somente são coroados aqueles que
mais tiverem lutado e combatido gloriosamente.
Lutemos,
pois, também nós, para sermos todos coroados. Para isto, corramos pelo caminho
reto, pelo combate incorruptível. Naveguemos em grande número para Ele e
pelejemos, a fim de obter a coroa. Se não pudermos todos ser coroados, que ao
menos dela nos aproximemos. Convém-nos saber que se alguém se entrega a um
combate corruptível, mas é surpreendido como corruptor, é flagelado, afastado e
expulso do estádio.
Que
vos parece? Que deverá padecer quem corrompe o combate da incorrupção? Sobre
aqueles que não guardam o caráter, se diz: Seu verme não morre,
seu fogo não se extingue e serão dados em espetáculo a toda carne (Is 66,24).”
Somos exortados a testemunhar a Deus pelas obras, e não apenas pelas palavras.
Supliquemos
ao Senhor que nos conceda a sabedoria do Espírito Santo, para nos iluminar e
nos conduzir, sobretudo nas situações mais adversas no bom combate da fé, para
que nosso testemunho se dê pelas obras, sobretudo quando nos empenhamos em
viver a proposta que Ele nos apresentou no monte: as Bem-Aventuranças (Mt 5,1-12).
Com a Sabedoria divina saibamos buscar sempre as coisas do alto onde Deus habita, na fidelidade ao Bem Maior, Deus, usando as coisas que passam (bens menores), e abraçando as que não passam (nosso Bem Maior).
Nisto consiste o caminho de santidade, a que todos somos
chamados e vocacionados: testemunhar uma fé inquebrantável em Deus, mantendo
viva a nossa esperança, acompanhada de inflamada e generosa caridade. Amém.
PS: Oportuno para reflexão do Evangelho de Lucas (Lc 16,1-8).
domingo, 10 de novembro de 2024
Jesus, o Mediador da Nova e Eterna Aliança (XXXIIDTCB)
O autor da Carta aos Hebreus, dirigindo-se aos cristãos em dificuldade, com a perda do entusiasmo inicial, pois grandes eram as dificuldades, os reanima, para que não corram o risco de renunciar ao compromisso assumido no dia do Batismo. É nítido seu esforço em animar e revitalizar a experiência de fé de seus destinatários.
A esmola, o bem e a semeadura (XXXIIDTCB)
A
esmola, o bem e a semeadura
“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia” (Mt 5,7)
Sejamos iluminados pelo Tratado sobre as coletas, escrito pelo Papa e Doutor da Igreja, São Leão Magno (séc. V):
“Amadíssimos,
que ninguém se vanglorie dos pequenos méritos de uma vida boa se lhe faltarem
as obras de caridade; nem se refugie na falsa segurança de sua pureza corporal,
quem não busca a sua purificação na esmola.
A
esmola apaga o pecado, mata a morte e extingue a pena do fogo eterno. Mas quem
estiver desprovido do fruto da esmola, também não poderá receber a indulgência
do remunerador, pois diz Salomão: Quem
fecha os ouvidos ao clamor do necessitado, não será escutado quando grite. Por isso Tobias dizia ao seu filho,
incutindo-lhe os preceitos da piedade: Dá
esmola dos teus bens e não sejas mesquinho. Se vês um pobre, não desvies o teu rosto,
e Deus não afastará sua face de ti.
Esta
virtude torna úteis todas as outras virtudes: sua união vivifica a própria fé,
da qual o justo vive, e que, se não tem obras, é considerada morta: mas se é
verdade que a fé é a razão de ser das obras, não é menos que as obras são a
força da fé. Por isso, como diz o apóstolo, enquanto temos oportunidade,
trabalhemos pelo bem de todos, especialmente pelo bem da família da fé.
Não nos cansemos de fazer o bem, que, se não esmorecermos, no tempo certo
colheremos.
A
vida presente é tempo de semeadura, e o dia da retribuição é tempo de colheita,
quando cada um recolherá uma colheita proporcionada à quantidade da semeadura.
Ninguém
ficará defraudado do rendimento desta messe, pois ali se atenderá tanto o
volume das contribuições como a qualidade das intenções; de maneira que se
equipararão os pequenos donativos procedentes de escassos rendimentos e os
suntuosos de fortunas imensas.
Em
consequência, amadíssimos, acatemos o que foi estabelecido pelos apóstolos. E
como no próximo domingo terá lugar a coleta, disponham-vos para a
voluntária devoção, para que cada um coopere, segundo as suas possibilidades,
para a sacratíssima oblação. Vossas próprias esmolas serão uma oração em vosso
favor, assim como para aqueles a quem ajudareis com vossa generosidade. Assim
estareis disponíveis para toda boa iniciativa, em Cristo Jesus, nosso Senhor,
que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.”
Destaco
três trechos:
“A esmola apaga o
pecado, mata a morte e extingue a pena do fogo eterno”;
“Não nos cansemos de
fazer o bem, que, se não esmorecermos, no tempo certo colheremos.”;
“A vida presente é
tempo de semeadura, e o dia da retribuição é tempo de colheita, quando cada um
recolherá uma colheita proporcionada à quantidade da semeadura.”.
Como
Igreja sinodal que somos, caminhando juntos, peregrinando na esperança, nossas
orações devem ser acompanhadas por estas práticas: a esmola, a promoção do bem
e a participação na semeadura.
Oremos:
Ó Deus,
que jamais nos cansemos de fazer o bem, e saibamos vencer o mal com o bem,
multiplicando gestos de esmola, partilha, compaixão e solidariedade, alegres
discípulos missionários a cultivar o Vosso divino Jardim, com a semente do
Verbo, com a ação e presença do Santo Espírito. Amém.
(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp.505-506