domingo, 10 de novembro de 2024

A esmola, o bem e a semeadura (XXXIIDTCB)

 


A esmola, o bem e a semeadura

“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7)

Sejamos iluminados pelo Tratado sobre as coletas, escrito pelo Papa e Doutor da Igreja, São Leão Magno (séc. V):

“Amadíssimos, que ninguém se vanglorie dos pequenos méritos de uma vida boa se lhe faltarem as obras de caridade; nem se refugie na falsa segurança de sua pureza corporal, quem não busca a sua purificação na esmola.

A esmola apaga o pecado, mata a morte e extingue a pena do fogo eterno. Mas quem estiver desprovido do fruto da esmola, também não poderá receber a indulgência do remunerador, pois diz Salomão: Quem fecha os ouvidos ao clamor do necessitado, não será escutado quando grite. Por isso Tobias dizia ao seu filho, incutindo-lhe os preceitos da piedade: Dá esmola dos teus bens e não sejas mesquinho. Se vês um pobre, não desvies o teu rosto, e Deus não afastará sua face de ti.

Esta virtude torna úteis todas as outras virtudes: sua união vivifica a própria fé, da qual o justo vive, e que, se não tem obras, é considerada morta: mas se é verdade que a fé é a razão de ser das obras, não é menos que as obras são a força da fé. Por isso, como diz o apóstolo, enquanto temos oportunidade, trabalhemos pelo bem de todos, especialmente pelo bem da família da fé. Não nos cansemos de fazer o bem, que, se não esmorecermos, no tempo certo colheremos.

A vida presente é tempo de semeadura, e o dia da retribuição é tempo de colheita, quando cada um recolherá uma colheita proporcionada à quantidade da semeadura.

Ninguém ficará defraudado do rendimento desta messe, pois ali se atenderá tanto o volume das contribuições como a qualidade das intenções; de maneira que se equipararão os pequenos donativos procedentes de escassos rendimentos e os suntuosos de fortunas imensas.

Em consequência, amadíssimos, acatemos o que foi estabelecido pelos apóstolos. E como no próximo domingo terá lugar a coleta, disponham-vos para a voluntária devoção, para que cada um coopere, segundo as suas possibilidades, para a sacratíssima oblação. Vossas próprias esmolas serão uma oração em vosso favor, assim como para aqueles a quem ajudareis com vossa generosidade. Assim estareis disponíveis para toda boa iniciativa, em Cristo Jesus, nosso Senhor, que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.”

Destaco três trechos:

“A esmola apaga o pecado, mata a morte e extingue a pena do fogo eterno”;

“Não nos cansemos de fazer o bem, que, se não esmorecermos, no tempo certo colheremos.”;

“A vida presente é tempo de semeadura, e o dia da retribuição é tempo de colheita, quando cada um recolherá uma colheita proporcionada à quantidade da semeadura.”.

Como Igreja sinodal que somos, caminhando juntos, peregrinando na esperança, nossas orações devem ser acompanhadas por estas práticas: a esmola, a promoção do bem e a participação na semeadura.

Oremos:

Ó Deus, que jamais nos cansemos de fazer o bem, e saibamos vencer o mal com o bem, multiplicando gestos de esmola, partilha, compaixão e solidariedade, alegres discípulos missionários a cultivar o Vosso divino Jardim, com a semente do Verbo, com a ação e presença do Santo Espírito. Amém.

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp.505-506

 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG