segunda-feira, 16 de setembro de 2024

“Senhor, eu não sou digno…” (02/12)

                                                            

“Senhor, eu não sou digno…”

Em todas as Missas, quando o padre diz: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, a assembleia responde: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”.

Ela se fundamenta na passagem do Evangelho (Lc 7,1-10; Mt 8,5-11; Jo 4,46-54), em que um centurião ao encontrar Jesus disse-lhe: “Senhor, tenho em casa um criado com paralisia, que está com muitas dores”. Jesus disse-lhe: “Eu vou lá curá-lo”.

O centurião respondeu: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizei uma só palavra e meu servo ficará curado”. Então Jesus disse: “Vai e faça-se como crês”. Nessa mesma hora, o criado ficou curado.

Façamos um paralelo à luz da visita de Jesus na casa de Zaqueu (Lc 19,1-10) –“Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa”. E no final do encontro, da hospedagem e da acolhida de Jesus, houve a concretização de sua conversão com os propósitos de mudança e restituição dos bens defraudados, bem como a partilha da metade de seus outros bens e assim Zaqueu pode escutar a mais bela notícia da própria boca de Jesus: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque você também é um filho de Abraão! Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.

“Desce depressa” é o convite de Jesus. Ele visitou a casa de um centurião, de um chefe de cobrador de impostos; casa não muito recomendada, a ponto de arrancar murmurações e despertar incompreensões. Mas o agir de Deus ultrapassa todas as medidas, sobretudo as medidas mesquinhas de nossos julgamentos, conceitos e preconceitos.

A misericórdia divina rompe os limites de nossa visão,  faz novas todas as coisas e todas as pessoas. Ela é para ser acolhida, experimentada, jamais aprisionada, sobretudo em nossas mãos que, por vezes, se fecham; não cabe em nosso coração, que por vezes, se apequena; não cabe em nossa mente, porque é limitada.

Reflitamos:

- Merecemos receber Jesus em nós?
- Merecemos recebê-Lo em nosso coração?
- Somos dignos de acolhê-Lo em vasos de argila que somos?
- Somos a perfeição em pessoa?
- Somos melhores do que os outros?
- Já somos a santidade consumada, sacramentada para sempre?
- Já estamos no auge da conversão concretizada e irrevogável?

Oremos:

Senhor, não merecemos recebê-Lo, mas sois infinitamente bom, misericordioso, cheio de amor por nós. 

Vós que tendes poder sobre tudo e sobre todos.

Vós que sois infinitamente superior à nossa miserável condição humana, diga apenas uma Palavra e seremos salvos. 

Só Vós tendes Palavras de vida eterna. Só Vos podeis romper nossa surdez.

Só Vós podeis restituir nossa visão para que vejamos, com os olhos de Deus.

Só Vós podeis adentrar o mais profundo de nós, em nossa intimidade, em nosso coração. 

Só Vós podeis, com uma Palavra apenas, nos purificar, nos possibilitar a mais bela acolhida, a acolhida de  Vós, no Pão da Eucaristia, o Corpo do Senhor.

“Graças e louvores se deem a todo o momento, ao
Santíssimo e Diviníssimo Sacramento…”.

Dobrem-se os sinos

                                                               


Dobrem-se os sinos
Um minuto para o meio-dia.
O sino vai tocar mais forte do que ontem,
Porque hoje preciso que assim seja,
Para me lembrar de que estamos adormecidos,
Em pleno sol sem a sombra que aparecerá,
A cada minuto até o seu poente.

Estamos adormecidos do que não se podia.
Estamos em letargia que a vida macula.
O que fazer, para que todos acordemos
De uma realidade marcada por terríveis pesadelos?
Arrebentar as correntes da alma,
Que nos aprisionam roubando perspectivas.

Agora são 12 horas.
Sinos invadem ouvidos e iluminam a mente.
Transformo pesadelos em salutares sonhos,
Calço as sandálias da coragem e prontidão,
Coloco o cinto para o combate da fé,
para não nos entregarmos ao aparentemente invencível.

Os sinos continuam a badalar, incessantemente,
Dobrem-se os sinos em toda a parte,
Até que todos acordemos, enquanto é tempo,
Não permitindo que a desolação de pandemias
Roubem nossas forças e a fina flor da esperança,
Para que inflamados da caridade, sejamos.

Não cessem os sinos, enquanto for necessário.
Escutemo-los, pois algo nos dizem:
Novo tempo há de surgir.
O medo não pode nos submergir.
Sinos por todo o mundo dobrados,
Até que todos acordemos.

"Portanto, não durmamos, a exemplo dos outros; 
mas vigiemos e sejamos sóbrios. 
Quem dorme, dorme de noite;
Nós, pelo contrário, que somos do dia,
sejamos sóbrios, revestidos da couraça da fé e da caridade,
e do capacete da esperança da Salvação" (1 Ts 5,6-8).


PS: Escrito em agosto de 2020

Mesmo que eu sue…

                                                     


Mesmo que eu sue…

Mesmo que eu sue,
Terá valido a pena suar.
Mesmo que os sinos não soem,
Valeu a pena ter esperado seu badalar.

Mesmo que não soe o sino a suar na luta,
Valeu a pena dela não fugir…

Os sinos soarão na eternidade para os que
Não hesitaram em suar, e até mesmo, se
Necessário for, como Cristo o fez,
Suor de sangue derramar…

Após o “suor”, o “soar” dos sinos...

                                                   

Após o “suor”, o “soar” dos sinos...

Eis aqui uma das belezas e dificuldades da Língua Portuguesa: os parônimos.

Parônimos?
Para que o leitor não tenha maior trabalho, são palavras semelhantes na escrita e/ou na pronúncia, mas com significados diferentes.

Entre tantos exemplos, fiquemos com “suar” e “soar”. Quão parecidos verbos e quantas vezes os empregamos indevidamente fazendo “suar frio” quem percebe a conjugação errada; outras vezes, porém, dando o desejo de fazer “soar os sinos” pela beleza da conjugação e concordância.

Que façamos “suar menos” pelo erro e “soar mais” os sinos pelo aprendizado ininterrupto desta inesgotável riqueza da nossa língua.

E assim, brincando com as palavras é mais uma brincadeira. Brincadeira? Muito mais que isto. Na verdade a poesia com os parônimos "suar" e "soar" pretende, de forma simples e descontraída, ajudar a evitar erros comumente observados, ao mesmo tempo em que nos leva a refletir a esperança daqueles que suam na luta sem jamais desistir.

Afinal, sem o suor do aprendizado, pouco a pouco, assimilado não haverá o soar dos sinos pelo que foi aprendido...

Sem o suor, na luta, cotidianamente derramado, não ouviremos o soar dos sinos na eternidade...

Suar e soar na perfeita sintonia,
Nisto consiste a verdadeira alegria,
Empenho até em aparentes lutas inglórias...
Após o suor, o soar dos sinos na vitória!

A Salvação: graça, dom e missão de todos

                                                          


A Salvação: graça, dom e missão de todos

A Liturgia do 9º domingo do Tempo Comum (ano C) nos convida a refletir sobre a Salvação que Deus oferece a todos os povos por meio de Jesus Cristo.

Na primeira Leitura (1Rs 8,41-43), nos é apresentada a Oração de Salomão na dedicação do Templo de Jerusalém, em que ele pede a Deus que ali também a oração dos estrangeiros sejam ouvidas:

“Note-se, portanto, uma abertura da religião de Israel ao estrangeiro, na medida em que reconhece, por um lado, que este último (estrangeiro) poderá vir ao Templo de Jerusalém por causa do nome do Senhor, ou seja, por reconhecer a presença do Senhor no Templo e, por outro lado, que o nome do Senhor, Deus de Israel, poderá ser temido, adorado na terra do estrangeiro” (1).

Na segunda Leitura (Gl 1,1-2.6-10),  o Apóstolo Paulo nos apresenta a Salvação que nos vem por meio de Cristo, e não pela observância da Lei apenas. Ele é o único e definitivo mediador da Salvação para todos.

Como Servo de Cristo, nos apresenta a Salvação como obra de Deus, como graça, dom imerecido: faz-se necessária a colaboração do homem, mas a iniciativa é de Deus. “Aquele que te criou sem ti não pode salvar-te sem ti!”, disse Santo Agostinho.

O Apóstolo nos exorta a confiar na Salvação que vem de Cristo: o absoluto não é a Lei, mas Cristo:

“A Lei fica sempre exterior ao homem e não pode, de modo algum, mudar o homem; ainda que possa observar todas as leis, o homem não mudará. Se o homem não fosse pecador ‘interiormente’, não teria necessidade de ser mudado.

Mas o homem, todo homem, é pecador, e só Deus pode transformá-lo; a Lei não o pode. É Cristo que opera tudo isso no homem. Paulo convida os gálatas a escolher entre a Lei e Cristo”. (2)

Na passagem do Evangelho (Lc 7,1-10), temos a fé e a súplica de um centurião para que Jesus cure seu servo.

Este oficial coloca toda a sua confiança na misericórdia de Jesus e na Sua Palavra: “Senhor, não Te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao Teu encontro. Mas ordena com a Tua Palavra, e o meu empregado ficará curado...” (Lc 7, 6-7).

A misericórdia de Deus pode se manifestar mesmo à distância, dependendo apenas da fé do orante, daquele que suplica. Fundamental é confiar na Palavra e Pessoa de Jesus, Aquele que tem poder sobre tudo: enfermidade, pecado, poderes, morte...

 Citando mais uma vez o Bispo Santo Agostinho, que assim diz sobre esta passagem: “Pequena teria sido a felicidade se o Senhor Jesus tivesse entrado dentro de suas quatro paredes, e não estivesse hospedado em seu coração”.

Vemos que o centurião faz como que um caminho progressivo na fé manifestada em sua oração: ele se dá conta de que para que Jesus realize seu pedido, não faz valer seus méritos, nem posses ou subalternos, porque para Ele o que conta de fato, é a misericórdia de Deus, que é totalmente gratuita.

As palavras do centurião, repetimos em todas as Missas, antes de recebermos o Corpo e o Sangue do Senhor. A Eucaristia que celebramos, adoramos e quotidianamente vivemos, é este encontro que se repete inúmeras vezes, e assim devemos nos questionar:

“Às vezes pergunto-me se nós, cristãos de hoje, que andamos enfarinhados nas coisas de Deus, nas liturgias bem aprumadas e em longas orações, assumimos a causa de Deus na liturgia quotidiana da nossa vida.

Pergunto-me se basta a Palavra para a fé, ou ainda procuramos outros sinais que podem parecer importantes, mas não essenciais.

Pergunto-me se andamos no único Evangelho que conta, o de Jesus Cristo, ou navegamos noutros evangelhos; assim nos provoca Paulo na segunda leitura.

Pergunto-me se habitamos e conhecemos o nome de Deus e lhe oramos com plena escuta do nosso ser ou entretemo-nos com outros nomes e repetidas orações que apenas passam pelo ouvido; assim nos interpela a primeira leitura”. (3)

Reflitamos:

- Quando, de fato, Jesus entrou em nosso coração e mudou nossa vida com Sua Palavra e ação?
- Quanto Jesus transformou nossa vida, sobretudo, através de nossa participação na Ceia Eucarística, em que Ele nos comunica a Sua Palavra e nos alimenta com o Seu Corpo e o Seu Sangue?

Finalizando, vemos que a liturgia nos apresenta a centralidade em Jesus que a todos Se dá, sem exceção, sem olhar a quem, ultrapassando os laços da pertença a um grupo específico.

Se quisermos ser discípulos missionários do Senhor, Ele quer de nós adesão de fé, plenamente, na Sua Pessoa e na Sua Palavra.

Esta adesão de fé haverá de ser centrada e enraizada no amor misericordioso de Deus em Jesus Cristo, que experimentamos de modo sublime em cada Ceia Eucarística em que celebramos, quando Ele Se dá no Pão da Palavra e no Pão da Eucaristia, nos oferecendo gratuitamente a Salvação, como dom, graça e missão.

Contemplemos e correspondamos à Misericórdia de Deus que é para todos.

  
(2) Missal Dominical - p.1137 - Editora Paulus.

PS: Oportuna para a 24ª Semana do Tempo Comum, quando se proclama a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 7,1-10).

“Dai-nos, Senhor, a coragem de Vossos Mártires”

                                                 

“Dai-nos, Senhor, a coragem de Vossos Mártires”

No dia 16 de setembro, celebramos a Memória dos Mártires, Papa São Cornélio e do bispo São Cipriano (séc. III).

Vejamos como se deu o martírio de São Cipriano, a partir das Atas Proconsulares.

"No dia décimo oitavo das calendas de outubro pela manhã, grande multidão se reuniu no campo de Sexto, conforme a determinação do procônsul Galério Máximo. Este, presidindo no átrio Saucíolo, no mesmo dia ordenou que lhe trouxessem Cipriano. Chegado este, o procônsul interrogou-o: ‘És tu Táscio Cipriano?’ O bispo Cipriano respondeu: ‘Sou’.

O procônsul Galério Máximo: ‘Tu te apresentastes aos homens como papa do sacrílego intento?’ Respondeu o bispo Cipriano: ‘Sim’.

O procônsul Galério Máximo disse: ‘Os augustíssimos imperadores te ordenaram que te sujeites às cerimônias’. Cipriano respondeu: ‘Não faço’.

Galério Máximo disse: ‘Pensa bem!’ O bispo Cipriano respondeu: ‘Cumpre o que te foi mandado; em causa tão justa, não há que discutir’.

Galério Máximo deliberou com o seu conselho e, com muita dificuldade, pronunciou a sentença, com esta palavras: ‘Viveste por muito tempo nesta sacrílega ideia e agregaste muitos homens nesta ímpia conspiração. Tu te fizeste inimigo dos deuses romanos e das sacras religiões, e nem os piedosos e sagrados augustos príncipes Valeriano e Galieno, nem Valeriano, o nobilíssimo César, puderam te reconduzir à prática de seus ritos religiosos. Por esta razão, por seres acusado de autor e guia de crimes execráveis, tu te tornarás uma advertência para aqueles que agregaste a ti em teu crime: com teu sangue ficará salva a disciplina’. Dito isto, leu a sentença: ‘Apraz que Táscio Cipriano seja degolado à espada’. O bispo Cipriano respondeu: ‘Graças a Deus!’

Após a sentença, o grupo dos irmãos dizia: ‘Sejamos também nós degolados com ele’. Por isto houve tumulto entre os irmãos e grande multidão o acompanhou. E assim Cipriano foi conduzido ao campo de Sexto. Ali tirou o manto e o capuz, dobrou os joelhos e prostrou-se em oração ao Senhor. Retirou depois a dalmática, entregando-a aos diáconos e ficou de alva de linho e aguardou o carrasco, a quem, quando chegou, mandou que os seus lhe dessem vinte e cinco moedas de ouro. Os irmãos estenderam diante de Cipriano pano de linho e toalha. O bem-aventurado quis vendar os olhos com as próprias mãos. Não conseguindo amarrar as pontas, o presbítero Juliano e o subdiácono Juliano o fizeram.

Deste modo morreu o bem-aventurado Cipriano. Seu corpo, por causa da curiosidade dos pagãos, foi colocado ali perto, de onde, à noite, foi retirado e, com círios e tochas, hinos e em grande triunfo, levado ao cemitério de Macróbio Candiano, administrador, existente na via Mapaliense, junto das piscinas. Poucos dias depois, morreu o procônsul Galério Máximo.

Mártir santíssimo Cipriano foi morto, no dia décimo oitavo das calendas de outubro, sob Valeriano e Galieno imperadores, reinando, porém, nosso Senhor Jesus Cristo, a quem a honra e a glória pelos séculos dos séculos. Amém.”

São testemunhos que se tornaram sementes de novos cristãos na história da Igreja, e se tornam para nós, em todo o tempo, exemplos a serem seguidos, como modelo de fidelidade, coragem, serenidade e paixão incondicional pelo Senhor, a quem damos toda a honra e glória pelos séculos dos séculos.

Todos podemos passar por dificuldades e provações, e sejam os testemunhos dos mártires exemplos para firmamos nossos passos no carregar da cruz, na vivência do bom combate da fé.

Concluímos com o Responsório da Liturgia das Horas ao celebramos estes Mártires da Igreja de Nosso Senhor:

“Ao lutarmos pela fé, Deus nos vê, os Anjos olham e o Cristo nos contempla. Quanta honra e alegria combater, vendo-nos Deus e a coroa receber do Juiz, que é Jesus Cristo. Concentremos nossas forças, para a luta preparemo-nos com a mente pura e forte, doação fé e coragem. Quanta honra e alegria combater, vendo-nos Deus e a coroa receber do Juiz, que é Jesus Cristo”.

"Uma fé decidida e estável e o indefectível amor fraterno"

                                     

"Uma fé decidida e estável e o indefectível amor fraterno"

A Igreja celebra no dia 16 de setembro, a memória de dois grandes mártires: O Papa São Cornélio e o Bispo São Cipriano.

Em uma das Cartas de São Cipriano ao Papa Cornélio podemos contemplar duas corajosas e preciosas testemunhas do Senhor, além de contemplar mais que uma amizade, uma comunhão que ultrapassa todas as barreiras, porque sabe que se eternizarão em Deus, pela fé decidida e estável vivida, e o indefectível amor fraterno.

“Cipriano a Cornélio, seu irmão. Tive notícias, irmão caríssimo, dos gloriosos testemunhos de vossa fé e fortaleza. Recebemos com tanta exultação a honra de vossa confissão que também nos julgamos participantes e companheiros de vossos merecidos louvores.

Pois se em nós e na Igreja só há um modo de pensar e indivisa concórdia, qual o sacerdote que não se rejubilaria como próprios com os louvores dados a seu irmão no sacerdócio? Ou que fraternidade não se alegraria com o júbilo de todos os irmãos?

Impossível expressar como foi grande esta exultação e alegria, quando fui informado de vossas vitórias e atos de coragem.

Nisto foste o primeiro, durante o interrogatório dos irmãos. O testemunho do chefe ainda foi acrescido pela confissão dos irmãos. Enquanto vais à frente na glória, fazes muitos companheiros nesta glória e estimulas o povo a dar testemunho por estares preparado, primeiro que todos, a confessar em nome de todos.

Não sabemos o que primeiro elogiar em vós: se vossa fé decidida e estável, se o indefectível amor fraterno. Aí se provou de público a virtude do Bispo indo à frente, e se revelou a união da fraternidade que o seguia. Já que em vós só há um coração e uma só voz, foi toda a Igreja Romana que testemunhou.

Tornou-se evidente, irmão caríssimo, a fé que o Apóstolo já tinha louvado em vós. Já então ele previa a virtude louvável e a firmeza da coragem, atestando com isso vossos méritos futuros.

O elogio aos pais era estímulo aos filhos. Por serdes assim unânimes, assim fortes, destes exemplos de unanimidade e de fortaleza aos outros irmãos.

Sinais da providência do Senhor nos avisam, e palavras salutares da divina misericórdia nos advertem de que já se aproxima o dia de nossa grande luta.

Por isto, como podemos irmão caríssimo, pela mútua caridade que nos une, nós vos exortamos a não esmorecer.

Nos jejuns, nas vigílias e orações com todo o povo. São estas armas celestes que fazem ficar de pé e perseverar com denodo; são estas as defesas espirituais, as lanças, que protegem.

Lembremo-nos um do outro, concordes e unânimes, mutuamente oremos sempre por nós, suavizando as tribulações e angústias pela caridade recíproca.”

Reflitamos sobre a presença de  São Cornélio na vida de São Cipriano, a ele dedicando esta Carta, como que escrita pelo próprio punho  como expressão de autêntica amizade.

“Oremos: Ó Deus, que em São Cornélio e São Cipriano destes ao Vosso povo pastores tão dedicados e mártires invencíveis, fortificai, por suas preces, nossa fé e coragem, para que possamos trabalhar incansavelmente pela unidade da Igreja. Por N. S. J. C. Amém!”



PS: “Cornélio foi ordenado Bispo da Igreja de Roma no ano 251. Teve de combater o cisma dos Novacianos e, com a ajuda de São Cipriano, conseguiu consolidar a sua autoridade. Foi desterrado pelo imperador Galo e morreu no exílio, perto de Civitavecchia, no ano 253. O seu corpo foi trasladado para Roma e sepultado no cemitério de Calisto.

Cipriano nasceu em Cartago cerca do ano 210, de uma família pagã. Tendo-se convertido à fé e, ordenado sacerdote, foi eleito bispo daquela cidade no ano 249. Em tempos muito difíceis, governou sabiamente, com suas obras e escritos, a Igreja que lhe foi confiada. Na perseguição de Valeriano, sofreu primeiramente o exílio, e depois o martírio no dia 14 de setembro do ano 258”.

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