segunda-feira, 1 de abril de 2024

Creio no Senhor Ressuscitado

Creio no Senhor Ressuscitado

Creio em Vós, Jesus, o Cristo que destruistes a morte,
triunfastes do inimigo,

Calcastes aos pés o inferno, prendestes o violento e
nos elevastes  às alturas dos céus.

De Vós recebemos o perdão,
porque sois a nossa Páscoa da Salvação,
o Cordeiro por nós imolado, 
Sangue derramado que nos redime,
e que Vos tornastes para nós Verdadeira Bebida 
Alimento de Eternidade, na Eucaristia.

Vós sois a Água que nos purifica.
Em Vós somos banhados e renovados.

Vós sois a nossa Vida, Ressurreição, Luz,
Salvação, Rei e Redentor.

Conduzi-nos, Senhor, sempre para as alturas.
Ressuscitai-nos! 
Mostrai-nos o Pai que está nos céus.
Levantai-nos com a Vossa mão direita.
Enviai-nos, do Pai, o Vosso Espírito.

Amém! Aleluia! Aleluia!


Fonte de inspiração: Homilia sobre a Páscoa, do Bispo de Sardes, Melitão (Séc. II)

“Creio em Vós, Jesus, o Cristo”

                                                       


“Creio em Vós, Jesus, o Cristo”

Na Liturgia das Horas, da Segunda-feira da oitava da Páscoa, nos é apresentada, para Oração, a Homilia sobre a Páscoa, do Bispo de Sardes, Melitão (Séc. II).

“Prestai atenção, caríssimos: o Mistério Pascal é ao mesmo tempo novo e antigo, eterno e transitório, corruptível e incorruptível, mortal e imortal.

É Mistério antigo segundo a Lei, novo segundo a Palavra que se fez carne; transitório pela figura, eterno pela graça; corruptível pela imolação do Cordeiro, incorruptível pela vida do Senhor; mortal pela Sua sepultura na terra, imortal pela Sua Ressurreição dentre os mortos. 

A Lei, na verdade, é antiga, mas a Palavra é nova; a figura é transitória, mas a graça é eterna; o Cordeiro é corruptível, mas o Senhor é incorruptível, Ele que, imolado como Cordeiro, Ressuscitou como Deus. 

Na verdade, era como ovelha levada ao matadouro, e, contudo, não era ovelha; era como cordeiro silencioso (Is 53,7), e, no entanto, não era cordeiro. Porque a figura passou e apareceu a realidade perfeita: em lugar de um cordeiro, Deus; em vez de uma ovelha, o homem; no homem, porém, apareceu Cristo que tudo contém. 

Por conseguinte, a imolação da ovelha, a celebração da Páscoa e a escritura da Lei tiveram a sua perfeita realização em Jesus Cristo; pois tudo o que acontecia na antiga Lei se referia a Ele, e mais ainda na nova ordem, tudo converge para Ele. 

Com efeito, a Lei fez-se Palavra e, de antiga, tornou-se nova (ambas oriundas de Sião e de Jerusalém); o preceito deu lugar à graça, a figura transformou-se em realidade, o cordeiro em Filho, a ovelha em homem e o homem em Deus.

O Senhor, sendo Deus, fez-Se homem e sofreu por aquele que sofria; foi encarcerado em lugar do prisioneiro, condenado em vez do criminoso e sepultado em vez do que jazia no sepulcro; Ressuscitou dentre os mortos e clamou com voz poderosa:

“Quem é que me condena? Que de mim se aproxime (Is 50,8). Eu libertei o condenado, dei vida ao morto, ressuscitei o que estava sepultado.

Quem pode me contradizer? Eu sou Cristo, diz Ele, que destruí a morte, triunfei do inimigo, calquei aos pés o inferno, prendi o violento e arrebatei o homem para as alturas dos céus. Eu, diz Ele, sou Cristo.

Vinde, pois, todas as nações da terra oprimidas pelo pecado e recebei o perdão. Eu sou o vosso perdão, vossa Páscoa da salvação, o Cordeiro por vós imolado, a Água que vos purifica, a vossa vida, a vossa Ressurreição, a vossa Luz, a vossa Salvação, o vosso Rei.

Eu vos conduzirei para as alturas, vos ressuscitarei e vos mostrarei o Pai que está nos céus; eu vos levantarei com a minha mão direita”.

Contemplemos a ação de Cristo, a quem tributamos toda honra, glória, poder e louvor.

Nos dois últimos parágrafos, o próprio Senhor fala a cada um de nós. E, é exatamente assim que sentimos e cremos, é como vivenciamos nestes dias da Semana Santa, culminando com o Domingo da Páscoa:

Celebrando, sentimos a presença de Cristo, que viveu o ápice da agonia da alma no Getsêmani e a agonia do corpo ao longo da flagelação, culminando com a crudelíssima Morte na Cruz que nos redimiu.

Concluo com uma pequena profissão de fé:

 Creio em Vós, Jesus, o Cristo que destruiu a morte,
triunfou do inimigo,

Calcou aos pés o inferno, prendeu o violento e
nos elevou  para as alturas dos céus.

De Vós recebemos o perdão, 
porque sois a nossa Páscoa da Salvação,
o Cordeiro por nós imolado, Sangue derramado que nos redime,
e que Se tornou para nós Verdadeira Bebida e
Alimento de Eternidade, na Eucaristia.

Vós sois a Água que nos purifica.
Em Vós somos banhados e renovados.

Vós sois a nossa Vida, Ressurreição, Luz,
Salvação, Rei e Redentor.

Conduzi-nos, Senhor, sempre para as alturas.
Ressuscitai-nos! Mostrai-nos o Pai que está nos céus.

Levantai-nos com a Vossa mão direita.
Enviai-nos, do Pai, o Vosso Espírito.
Amém! 
Aleluia! Aleluia!

Em poucas palavras...


                                              "A onda de lágrimas..."

“A onda de lágrimas tem uma força igual ao banho do batismo, 

e os gemidos da contrição atraem a graça que se tinha afastado um instante”  (1)



(1) Santo Astério de Amasea -  séc. V

 

“Grande é a glória que acompanha a tribulação”


 
“Grande é a glória que acompanha a tribulação”

O Bispo São João Crisóstomo (séc. IV) nos enriquece com uma de suas Homilias sobre os sofrimentos e a glória dos mártires.

“Consideremos a sabedoria de Paulo. Que diz ele? Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós (Rm 8,18). Por que, exclama, me falais das feridas, dos tormentos, dos altares, dos algozes, dos suplícios, da fome, do exílio, das privações, dos grilhões e das algemas?

Ainda que invoqueis todas as coisas que atormentam os homens, nada podeis mencionar que esteja à altura daqueles prêmios, daquelas coroas, daquelas recompensas. Pois as provações cessam com a vida presente, ao passo que a recompensa é imortal, permanecendo para sempre.

Também isto insinuava o Apóstolo em outro lugar, quando dizia: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação (cf. 2Cor 4,17). Ele diminuía a quantidade pela qualidade, e alivia a dureza pelo breve espaço de tempo.

Como as tribulações que então sofriam eram penosas e duras por natureza, Paulo se serve de sua brevidade para diminuir-lhe a dureza, dizendo: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação, acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável.

E isso acontece, porque voltamos os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno (cf. 2Cor 4,17- 18).

Vede como é grande a glória que acompanha a tribulação! Vós mesmos sois testemunhas do que dizemos. Antes mesmo que os mártires tenham recebido as recompensas, os prêmios, as coroas, enquanto ainda se vão transformando em pó e cinza, já acorremos com entusiasmo para honrá-los, convocando uma assembleia espiritual, proclamando o seu triunfo, exaltando o sangue que derramaram, os tormentos, os golpes, as aflições e as angústias que sofreram. Assim, as próprias tribulações são para eles uma fonte de glória, mesmo antes da recompensa final.

Tendo refletido sobre estas coisas, irmãos caríssimos, suportemos generosamente todas as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são úteis para nós. Não percamos a esperança nem a coragem, prostrados pelo peso dos sofrimentos, mas resistamos com fortaleza e demos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu.

Deste modo, depois de gozarmos dos seus dons na vida presente, alcançaremos os bens da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. A Ele pertencem a glória e o poder, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos. Amém.”

Ser discípulo missionário do Senhor é graça e missão de ser sal da terra e luz do mundo, e pode ocorrer, na realização desta,  adversidades, tribulações, incompreensões, perseguições, como o próprio Jesus nos falou ao apresentar as Bem-Aventuranças no Sermão da Montanha (Mt 5,1-12).

Revigoremos nossa fé, fortaleçamos nossos passos na fidelidade ao Senhor, para que jamais se extinga nossa esperança, e tão somente assim será mantida viva a caridade que nos impele a seguir na missão que o Senhor nos confia.

A minh’alma tem sede de Deus e de alegria

                                                            

A minh’alma tem sede de Deus e de alegria


“Que eu Te conheça e Te ame,
para encontrar em Ti minha alegria”

Vivendo intensamente o Tempo Pascal, sejamos enriquecidos pelos escritos do bispo Santo Anselmo (séc. XII), em seu “Proslógion, em que manifesta o ardente desejo de conhecer a Deus e amá-Lo, e n’Ele encontrar a sua alegria.

“Encontraste, ó minh’alma, o que procuravas? Procuravas a Deus e viste que Ele está muito acima de tudo, e nada melhor do que Ele se pode pensar; que Ele é a própria vida, a luz, a sabedoria, a bondade, a eterna felicidade e a feliz eternidade; e que Ele é tudo isto sempre e em toda parte.

Senhor meu Deus, meu Criador e Redentor, dize à minh’alma sedenta em que és diferente daquilo que ela viu, para que veja mais claramente o que deseja. Ela se esforça por ver sempre mais; contudo nada vê além do que já viu, senão trevas. Ou melhor, não vê trevas, porque elas não existem em Ti; porém vê que não pode enxergar mais por causa das trevas que possui.

Verdadeiramente, Senhor, esta é a luz inacessível em que habitas; verdadeiramente nada há que penetre nesta luz para ali te ver, tal como és. De fato, eu não vejo essa luz, porque é excessiva para mim; e, no entanto, tudo quanto vejo é através dela: semelhante à nossa vista humana que, pela sua fraqueza, só pode ver por meio da luz do sol e contudo não pode olhar diretamente para o sol.

Minha inteligência é incapaz de ver essa luz, demasiado brilhante para ser compreendida; os olhos de minh’alma não suportam fixar-se nela por muito tempo. Ficam ofuscados pelo seu esplendor, vencidos pela sua imensidade, confundidos pela sua grandeza.

Ó luz suprema e inacessível! Ó verdade plena e bem-aventurada! Como estás longe de mim que de ti estou tão perto! Quão afastada estás de meu olhar, de mim que estou tão presente ao teu olhar!

Estás presente em toda parte, e eu não te vejo. Em Ti me movo, em Ti existo, e de Ti não posso me aproximar. Estás dentro de mim e a meu redor, e eu não Te percebo.

Peço-Te, meu Deus, faze que eu Te conheça e Te ame, para encontrar em Ti minha alegria. E se não o posso alcançar plenamente nesta vida, que ao menos vá me aproximando, dia após dia, dessa plenitude. Cresça agora em mim o conhecimento de Ti, para que chegue um dia ao conhecimento perfeito; cresça agora em mim o amor por Ti até que chegue um dia à plenitude do amor; seja agora a minha alegria grande em esperança, para que um dia seja plena mediante a posse da realidade.

Senhor, por meio de Teu Filho ordenas, ou melhor, aconselhas a pedir, e prometes acolher o pedido para que nossa alegria seja completa. Por isso, peço-Te, Senhor, o que aconselhas por meio do nosso admirável Conselheiro; possa eu receber o que em Tua fidelidade prometes, a fim de que minha alegria seja completa. Deus fiel, eu Te peço: faze que O receba, para que minha alegria seja completa.

Por enquanto, nisto medite meu espírito e fale minha língua. Isto ame meu coração e proclame minha boca. Desta felicidade prometida tenha forme e sede a minha carne. Todo o meu ser a deseja, até que um dia entre na alegria do meu Senhor, que é Deus uno e trino, bendito pelos séculos. Amém”.

Muitas vezes, podemos experimentar esta sede de Deus, como tão bem expressou o bispo; sobretudo quando passamos por noites escuras, enfrentando tempestades que parecem se eternizar, ou ventos contrários que parecem levar com eles nossos sonhos e projetos, exigindo renovadas e redobradas forças.

Esta reflexão nos coloca sequiosamente diante do Mistério de Deus, que tão somente Ele pode saciar a nossa sede de amor, vida, alegria e paz.

Concluo, retomando palavras do bispo, extraídas de outro texto:

“Ensinai-me a Vos procurar e mostrai-Vos quando Vos procuro; não posso procurar-Vos se não me ensinais  nem encontrar-Vos se não Vos mostrais. Que desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando Vos encontre,  e encontrando Vos ame”.

Ó santos mártires da Igreja! Que fé! Que testemunho! Testemunhas de fé inexpugnáveis!

Ó santos mártires da Igreja! Que fé! Que testemunho!
Testemunhas de fé inexpugnáveis!

O Bispo São Cipriano escreveu uma bela e densa Carta, que retrata a coragem com que os primeiros cristãos testemunharam, com a vida e a morte, a fé e adesão ao Senhor.

“Com que louvores proclamarei, irmãos fortíssimos, o vigor de vosso peito, a perseverança da fé, e com que elogio os exaltarei? Tolerastes duríssima tortura até a consumação na glória. Não cedestes aos suplícios, foram antes os suplícios que cederam diante de vós.

As coroas deram fim às dores que os tormentos não davam. Os maiores dilaceramentos duraram muito tempo, não para lançar abaixo a fé, mas para enviar mais depressa ao Senhor os homens de Deus.

A multidão presente viu, admirada, o celeste combate de Deus e a luta espiritual de Cristo. Viu Seus servos que perseveraram, com a palavra livre, com a mente incorrupta, com a força divina; despidos diante das flechas terrenas, mas armados com as armas da fé.

Os torturados mantinham-se mais fortes do que os torturadores; os membros açoitados e dilacerados venceram os ferrões dos açoitadores e dilaceradores.

Os golpes furiosos, longamente repetidos, não conseguiram superar a fé inexpugnável. Embora suas vísceras estivessem arrebentadas, já não eram os membros destes servos de Deus que eram torturados, mas as chagas.

Corria sangue que iria extinguir o incêndio da perseguição; o glorioso sangue derramado que apagaria a chama e o fogo da geena.

Oh! Que espetáculo foi este para o Senhor, que sublime, quão grande, de quanto apreço aos olhos de Deus, pelo juramento e consagração de Seu soldado!

Tal como está escrito nos Salmos, que nos falam e exortam pelo Espírito Santo: Preciosa aos olhos de Deus a morte de Seus justos (Salmo 115,15).

Preciosa a morte que compra a imortalidade ao preço de seu sangue, que recebe a coroa de Deus pela perfeição da virtude.

Quão alegre ali estava Cristo, com que satisfação lutou e venceu em tais servos Seus, Ele, o protetor da fé, que dá aos crentes tanto quanto quem recebe crê poder comportar.

Esteve presente em seu combate, levantou, fortaleceu, animou os lutadores e as testemunhas de Seu nome. Aquele que uma vez venceu a morte em nosso lugar, sempre vence em nós.

Ó feliz Igreja nossa, iluminada pela honra da divina condescendência, que em nossos tempos o glorioso sangue dos mártires ilustra.

Antes, alva pelas boas obras dos irmãos, fez-se agora purpúrea pelo sangue dos mártires. Entre suas flores não faltam nem os lírios nem as rosas.

Lute cada um agora pela magnífica dignidade de ambas as honras. Ganhem coroas alvas, pelas boas obras ou vermelhas pelo martírio”

O Bispo Santo Agostinho, um pouco mais tarde, diria que os mártires nos anteciparam no jardim do Senhor:

“Tem, irmãos, tem o jardim do Senhor não apenas rosas dos mártires, tem também lírios das virgens, heras dos casados, violetas das viúvas.

Absolutamente ninguém, irmãos, seja quem for, desespere de sua vocação; por todos morreu Cristo...

Compreendamos, portanto, como pode o cristão seguir Cristo além do derramamento de sangue, além do perigo de morte...”

Refletindo sobre os testemunhos mencionados, bem como seu próprio testemunho (também mártir da Igreja), vemos como ainda temos muito a amadurecer na fé, para que tenhamos o mesmo amor, fidelidade, coragem dos que nos antecederam no testemunho na fé.

Somos provocados a aprofundar nosso amor meu amor pela Igreja, fecundada pelo sangue dos incontáveis mártires que tiveram fé inexpugnável. São verdadeiramente testemunhos de fé invencíveis, que nos questionam e nos fortalecem no bom combate da fé.

Urge que também tenhamos uma fé inexpugnável, invencível a todo e qualquer obstáculo, dificuldade, provação, inquietação.

Concluamos fazendo a nossa profissão de fé:
“Creio em Deus Pai todo Poderoso...”
Amém!

Que a graça de Deus nos fortaleça constantemente


Que a graça de Deus nos fortaleça constantemente

Sejamos iluminados pela homilia do Bispo São João Crisóstomo (séc IV).

Consideremos a sabedoria de Paulo. Que diz ele? Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós (Rm 8,18). Por que, exclama, me falais das feridas, dos tormentos, dos altares, dos algozes, dos suplícios, da fome, do exílio, das privações, dos grilhões e das algemas?

Ainda que invoqueis todas as coisas que atormentam os homens, nada podeis mencionar que esteja à altura daqueles prêmios, daquelas coroas, daquelas recompensas. Pois as provações cessam com a vida presente, ao passo que a recompensa é imortal, permanecendo para sempre.

Também isto insinuava o Apóstolo em outro lugar, quando dizia: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação (cf. 2Cor 4,17). Ele diminuía a quantidade pela qualidade, e alivia a dureza pelo breve espaço de tempo.

Como as tribulações que então sofriam eram penosas e duras por natureza, Paulo se serve de sua brevidade para diminuir-lhe a dureza, dizendo: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação, acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável. E isso acontece, porque voltamos os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno (cf. 2Cor 4,17- 18).

Vede como é grande a glória que acompanha a tribulação! Vós mesmos sois testemunhas do que dizemos. Antes mesmo que os mártires tenham recebido as recompensas, os prêmios, as coroas, enquanto ainda se vão transformando em pó e cinza, já acorremos com entusiasmo para honrá-los, convocando uma assembleia espiritual, proclamando o seu triunfo, exaltando o sangue que derramaram, os tormentos, os golpes, as aflições e as angústias que sofreram. Assim, as próprias tribulações são para eles uma fonte de glória, mesmo antes da recompensa final.

Tendo refletido sobre estas coisas, irmãos caríssimos, suportemos generosamente todas as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são úteis para nós. Não percamos a esperança nem a coragem, prostrados pelo peso dos sofrimentos, mas resistamos com fortaleza e demos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu.

Deste modo, depois de gozarmos dos Seus dons na vida presente, alcançaremos os bens da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. A Ele pertencem a glória e o poder, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos. Amém.”

Retomemos parte da Homilia:

“... suportemos generosamente todas as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são úteis para nós. Não percamos a esperança nem a coragem, prostrados pelo peso dos sofrimentos, mas resistamos com fortaleza e demos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu”

Depois de gozarmos dos Seus dons na vida presente, alcançaremos os bens da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. A Ele pertencem a glória e o poder, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos”

Muitos são os obstáculos, incompreensões, resultados não esperados, que parecem consumir nossos sonhos e esperanças. Somem-se a isto possíveis noites escuras de falta de esperança e saída, que se repetem parecendo infindáveis.

Quando desejamos levar a sério a fé e o compromisso cristão não somos isentos da cruz, das renúncias necessárias, superações contínuas, martírio silencioso e fecundo...

Não podemos perder a esperança e tão pouco a coragem, ainda que o peso dos sofrimentos pareça insuportável, é preciso resistir com fortaleza, com a força da Palavra e da Eucaristia, e o sopro do Espírito.

Dificuldades existem e devem ser enfrentadas propiciando o verdadeiro amadurecimento na fé. Se dificuldades vierem, peçamos ao Senhor o necessário: a graça para nos fortalecer no bom combate da fé até que mereçamos um dia a glória eterna, o contemplar da Face Divina.

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