domingo, 6 de outubro de 2024

Missão e espiritualidade

                                                      

Missão e espiritualidade

“A missão precisa do ‘pulmão da oração’, da mística,
da espiritualidade, da vida interior”

Neste mês em que a Igreja dedica especial reflexão sobre a sua dimensão missionária, é oportuno reavivarmos a chama da fé acesa no dia do batismo, para sermos sinais de esperança e testemunhas do mandamento do amor, que nos foi confiado, assim como desejou Jesus Cristo ao enviar os discípulos pelo mundo a fora, para proclamar a Sua Boa-Nova a todos os povos (Mt 28,19-20; Mc 16, 15-20).

Disse-nos o Papa Francisco que “não servem as propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário, nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração. Essas propostas parciais e desagregadoras alcançam só pequenos grupos e não têm força de ampla penetração, porque mutilam o Evangelho. É preciso cultivar sempre um espaço interior que dê sentido cristão ao compromisso e à atividade” (Evangelii Gaudium n.70).

E ressoando as palavras do Papa, no recente Documento 105, sobre a missão dos cristãos leigos e leigas, na Igreja e na sociedade, para que sejam sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14), os Bispos da Igreja do Brasil afirmam: “A missão precisa do ‘pulmão da oração’, da mística, da espiritualidade, da vida interior”.

Portanto, somente uma Igreja que ofereça momentos intensos de oração, aprofundamento da mística para os que dela participam, iluminando com a luz da Palavra de Deus abundantemente proclamada e refletida, através da prática da Leitura Orante, que tanto se tem insistido, nutridos pelo Pão Eucarístico no Banquete indispensável, a Santa Missa, é que poderemos, de fato, dar um sentido novo ao nosso viver, à nossa missão e nossas ações, fora e dentro da própria Igreja, comprometidos em construir uma nova sociedade com vida plena e feliz para todos.

Não podemos ficar indiferentes à realidade a qual estamos inseridos, mas, com coragem, sermos como o sal, que se dissolve para conservar e dar sabor ao alimento. É nossa missão conservar a vida, cuidando, sobretudo do planeta, nossa casa comum; ser luz que não se esconde, mas a todos ilumina; ter um olhar luminoso e o coração sábio para gerar luz; sabedoria para alargar novos horizontes de comunhão, partilha, fraternidade, solidariedade, misericórdia e paz.

Sendo a Igreja “perita em humanidade” não pode se omitir em sua missão de oferecer princípios e fundamentos para os que dela fazem parte, e assim não se omitam em sagrados compromissos no vasto e complicado mundo da família, da economia, da política, dos meios de comunicação, da cultura e muito mais que possa ser mencionado.

E como nos diz o Papa, em uma de suas Mensagens para o dia Mundial das Missões é preciso que sejamos uma “Igreja missionária, testemunha de misericórdia”, que não se fecha em si mesma, e se põe em atitude de permanente missão, aberta a ouvir e se solidarizar misericordiosamente com todos os que clamam por vida e dignidade, fazendo a Palavra de Deus chegar a todos os lugares, sobretudo os que tanto nos desafiam (escolas, universidades, penitenciárias, prédios, condomínios, shoppings, meios de comunicação social, migrantes etc.)

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG