segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

A virtude da paciência

                                                         

A virtude da paciência

Todos podemos nos decepcionar frente às diversas dificuldades multiplicadas no tempo presente: resultados esperados, não alcançados; demora de resposta; metas que parecerem menos tangíveis; decepções, por ver não conformar o que se esperava de alguém ou de uma situação com a realidade de fato.

As provas são muitas, ora menores, ora maiores, ora internas próprias da condição humana, ora externas, devido aos inúmeros fatores que nos envolvem (econômicos, familiares, sociais).

E nos dizem: “é preciso ter paciência”... Paciência? Mas como ter paciência? Como cultivá-la? O que fazer quando “sentimos que o sinal de reserva já foi dado”?

A virtude da paciência precisa andar de mãos dadas com a perseverança, apesar de todos os obstáculos que possam surgir e nos desafiar, pois a paciência é, segundo Santo Agostinho, “a virtude pela qual suportamos os males com ânimo sereno”.

Na Sagrada Escritura, encontramos inúmeras passagens que revelam a paciência de Deus conosco: é próprio do Amor de Deus não desistir jamais de nós.

Entretanto, não confundamos paciência com passividade perante o sofrimento, pois o Amor de Deus nos assegura que, se um sofrimento nos foi permitido, é para que tenhamos frutos maiores ainda, como nos diz Santo Tomás em seu comentário da Epístola aos Hebreus:

– “Corramos com paciência ao combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a Cruz; não Se importando com a infâmia (Hb 12,1-2)”.

O Senhor, sabedor das dificuldades, nos revela a misericórdia de Deus e nas provações nos diz: “havereis de ter aflições no mundo, mas tendes confiança, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Precisamos viver a virtude da paciência em três níveis:

- Primeiro, para conosco próprios: humildade, confiança em Deus, superação das próprias limitações. São Francisco de Sales afirmava que “é necessário termos paciência com todos, mas, em primeiro lugar, conosco próprios – (“Epistolário – fragmento n.139);

- Depois, com as pessoas com quem nos relacionamos: elas também têm seus defeitos, limitações, e também podem estar fazendo esforços de superação. É preciso dar um tempo, uma resposta amável, para que nossas palavras cheguem ao coração destas, e ainda se não chegarem, com certeza chegarão ao Coração do Senhor, que não desviará Seu olhar de afeto para nós. Pode acontecer que o veneno, o problema não esteja no outro, mas bem dentro de nós;

- Finalmente, com os acontecimentos que nos contrariam: doença, pobreza, frio ou calor, contratempos, provações de muitos nomes... É preciso enfrentar tudo com ânimo, sem “explodir”, sem rancores, blasfêmias. Santificar-se também com as adversidades, e em todas as circunstâncias dar graças a Deus, ficando sempre alegres, e orando sem cessar, conforme falou o Apóstolo (1 Ts 5, 17).

Abrir o coração à docilidade do Espírito que nos assiste, vivendo a paciência de mãos dadas com a constância, a humildade: quando a paciência anda de mãos dadas com a humildade, acomoda-se ao ser das coisas e respeita o tempo e o momento de cada uma delas, sem precipitações, perturbações, inquietações desnecessárias, porque sabe lidar com as próprias limitações, com as dos outros e com o contexto no qual nos encontramos inseridos.

É preciso ter sempre o olhar posto em Cristo e confiar em Sua presença e Palavra; manter a serenidade, e, somente cresceremos em serenidade, se a pusermos a serviço da caridade, fortalecendo a humildade, tomando consciência de nossas limitações, aprendendo a conviver com elas para superá-las.

Para finalizar, somente com uma Oração bem feita, deixando-nos modelar pela mão divina, iluminando as profundezas de nosso coração, reencontraremos a paciência que tanto desejamos e precisamos para nos relacionarmos conosco, com o outro e com o mundo que nos cerca.

Cultivemos esta virtude tão cara, tão necessária para que a esperança de novos tempos se torne uma realidade, e o fortalecimento de novas relações de amor e paz.

Somente nos sentindo amados por Deus, daremos um suspiro profundo, renovando nossas forças que vêm do alto, vêm da Divina Fonte da Paciência: A Trindade Santíssima.

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