“Há um momento para tudo e um tempo
para todo propósito debaixo do céu.”
Finalizando o segundo ano de missão (de três que se completaram), aos amigos da Diocese de Guarulhos, escrevi mais uma carta falando das atividades junto ao povo da Diocese de Ji-Paraná.
Inicialmente, pedi perdão pelo atraso na resposta das correspondências, e convidei-os a meditar esta passagem do Livro do Eclesiastes - “Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo de nascer...” (Ecl 3,1-22)
Há tempo para escrever, tempo para partilhar a correria que foi o mês de setembro. Há tempo em que o tempo brinca conosco, feito criança esperta e nós correndo atrás, às vezes cansados e sem fôlego; tempo de fazer tempo para falar com o outro, ainda que por carta (parece estranho falar em carta hoje, mas naquela época era comum esta comunicação, e estamos falando de apenas quinze anos passados)
Há e haverá sempre tempo, para que possamos partilhar nossa missão e amizade!
Na carta, falei da Missão Jovem, realizada de 8 a 16 de setembro, da alegria vivida, a animação missionária, as visitas às famílias; o entusiasmo dos mais de 70 missionários (as); a presença do Bispo no encerramento; o resgate do sonho, muitos jovens e famílias afastadas das comunidades.
E ainda um momento inesquecível: o Passeio Ecológico dos Presbíteros, realizado todos os anos por alguns padres diocesanos e religiosos.
Passávamos uma semana no meio da floresta: pescar e descansar e favorecer a amizade e a comunhão entre nós. Naquele ano, fomos para Aripuanã – Mato Grosso.
Ficamos bem próximo à reserva indígena dos zorós, acampados à beira do Rio Branco, sem contato com o mundo, sem telefone, computador, notícias...
Alguns padres bem que tentaram pescar, mas, naquela semana, “o rio não estava para peixe”. Pescou-se o suficiente para as refeições. O calor era intenso, amenizado com um gostoso banho no rio, devidamente vestido por causa do candiru (um peixe que, se penetrar no corpo, cresce e só sai com cirurgia – Ninguém queria correr este risco).
Durante o dia, dentro da barraca não dava para ficar por causa do calor, e de alguns mosquitos pequeninos.
Na rede, não dava para ficar por causa dos piuns, muriçocas, pernilongos. Repelente? Mais parecia “atraente”.
Voltei um dia antes, com a perna marcada pelas picadas. Mas, apesar de tudo, foi muito bom. De vez em quando é bom sair da rotina. No ano seguinte, pretendíamos retornar ao local do primeiro passeio, com mais peixe e menos desconforto.
Na Paróquia, em setembro, realizamos a formação Setorial para Catequistas e Animadores (as) de Grupo de Reflexão/Família: Nossa Paróquia contava com 10 setores. Com nossa Equipe Paroquial de Catequese, de 24 a 27 de setembro, passamos em todos os setores.
O encontro era realizado durante um dia inteiro, durante a semana. Fazíamos um aprofundamento sobre a realidade social, econômica e política que estamos vivendo, pela manhã. À tarde, todos faziam seu deserto, com reflexão e oração, à luz de alguns trechos bíblicos vocacionais. Revíamos e renovávamos o chamado de Deus para a missão de evangelizador (a).
No mesmo mês, tivemos a Assembleia Diocesana. Comigo, foram mais quatro Agentes de Pastoral de nossa Paróquia. Éramos quase 130 participantes. Avaliamos nossa caminhada à luz das Diretrizes da Evangelização de nossa Diocese.
Fizemos uma revisão de nossa caminhada, a fim de renovar nossa identidade para sermos uma Igreja mais profética, servidora neste Novo Milênio.
Também, fizemos a revisão e aprovação do Novo Diretório para as Comunidades para orientar a Organização, Sacramentos, Conselhos, Estruturas Pastorais da Diocese.
Toda a Comunidade, para caminhar em comunhão com a Diocese, deveria se orientar pelo Diretório. Foi uma das riquezas que encontrei e reaprendi com a aquela Diocese, que tinha aproximadamente 1400 Comunidades.
O que aconteceria se cada comunidade tivesse suas normas? Ou se cada Comunidade se organizasse e vivesse ao seu modo? E se cada Padre ou Religiosa fizesse de sua Paróquia o seu Mundo?
Na noite da sexta-feira, tivemos um momento de análise de conjuntura, proporcionado pelo Bispo da Diocese (Dom Antonio Possamai), à luz da Carta da CNBB, enviada a todas as comunidades: “Brasil – “Apreensões e esperanças”.
Inspirados nela, fizemos uma Carta aberta a todas as Comunidades, com linguagem simplificada e forte, denunciando a situação de miséria que o país estava vivendo (eram 50 milhões condenados à pobreza...).
Nesta Assembleia, criamos o Conselho Diocesano de Leigos, há muito necessário e desejado...
Partilhei também a visita às comunidades de Presidente Médici, em sua terceira visita do ano. As comunidades do interior tinham Missa apenas 4 vezes por ano, e em dias de semana. Apesar disto, caminhavam, assumindo os diversos ministérios, levando à frente a Evangelização.
Finalizando, escrevi sobre o Encontro de Formação para 30 Ministros do Batismo, Eucaristia e Matrimônio, no mês de outubro; com avaliação da caminhada, aprofundamento bíblico, celebração do perdão e estudo do novo ritual diocesano para os sacramentos mencionados. Foi um excelente momento de fortalecimento espiritual para todos nós.
Como se pode ver, eram dias intensos, marcados por muitas atividades. Por isto, afirmo que o tempo de missão foi fecundo e marcante para o meu Ministério Presbiteral. Agradeço a Deus sempre pela graça destes três anos memoráveis em minha vida, com marcas de saudades e gratidão.
PS: Escrito em 2000 quando em missão na Diocesede Ji-Paraná - Rondônia
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