sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Em poucas palavras...

                                             


“Na morte, Deus chama o homem a Si...”

“Na morte, Deus chama o homem a Si. É por isso que o cristão pode experimentar, em relação à morte, um desejo semelhante ao de São Paulo: «Desejaria partir e estar com Cristo» (Fl 1, 23). E pode transformar a sua própria morte num ato de obediência e amor para com o Pai, a exemplo de Cristo (Lc 23,46):

«O meu desejo terreno foi crucificado: [...] há em mim uma água viva que dentro de mim murmura e diz: "Vem para o Pai"» (Santo Inácio de Antioquia).

«Ansiosa por ver-Te, desejo morrer» (Santa Teresa de Jesus).

«Eu não morro, entro na vida» (Santa Teresinha do Menino Jesus).


(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1011

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Compromissos com um mundo novo

                                                        


Compromissos com um mundo novo

“Tende sal em vós mesmos” (Mc 9,50)

Ouvimos, na quinta-feira da sétima semana do Tempo Comum, a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 9,41-50).

Nela, encontramos alguns ditos de Jesus, lições a serem aprendidas pelos discípulos, para que se viva um autêntico discipulado, promovendo o bem comum e apoiando todos os que lutam pela libertação da humanidade, sem jamais escandalizar os “pequeninos”.

É preciso eliminar todo o egoísmo e autossuficiência que destroem a vida, porque o fim dos injustos é a “geena”, o inferno, a ausência do Amor de Deus, a condenação de viver sem o amor que foi rejeitado.

Deste modo, não há lugar na vida do discípulo para arrogância e egoísmo; é preciso arrancar de dentro de si, tudo o que não constrói o Reino de Deus.

O Missal Cotidiano afirma: “O escândalo mais grave que se dá hoje aos pequeninos e humildes é o contratestemunho de muitos cristãos, seu escasso senso social, sua ‘ética individualista’ e outras incoerências que constituem um serviço não desprezível ao surgimento do ateísmo em muitos homens, de modo que ‘se deve dizer que mais encobrem do que revelam a autêntica face de Deus e da religião” (Gaudium et spes 19).

Também precisamos ser vigilantes, como o Senhor nos adverte: “Tende, pois, sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.

O Missal Cotidiano também afirma: “O ‘sal’ que preserva o mundo da corrupção são os cristãos que sabem ‘difundir o espírito de que são animados os pobres, os mansos e os construtores da paz, que o Senhor no Evangelho proclamou bem-aventurados” (Lumen Gentium 38).

Reflitamos:

- O que podemos fazer para nos colocarmos a serviço dos últimos, dos pequeninos?

- O que devemos evitar para não escandalizar os pequeninos, os preferidos de Deus?

- Quais são as verdadeiras motivações no trabalho que realizamos em nossa Pastoral, em nossa Comunidade? É o amor autêntico, livre, desinteressado em favor dos que mais precisam?

-  De que modo vivamos a vigilância ativa, para que tenhamos sal em nós mesmos?

-  Somos instrumentos da construção da civilização do amor e da paz?
- Somos sinais de discórdia ou de comunhão nos espaços que ocupamos?

Tão somente quem se deixar conduzir pela Palavra do Senhor, terá gosto de Deus, encontrará sentido para a sua existência e se colocará como um instrumento para a construção da civilização do amor e da paz.

Concluindo: sem “sal”, sem o amor de Deus, derramado em nós pelo Seu Espírito, ficamos empobrecidos, ainda que bens e riquezas materiais possuamos.

Grito profético que sobe aos céus: não escandalizar os pequeninos

                                                           


Grito profético que sobe aos céus: não escandalizar os pequeninos

      “Tende sal em vós mesmos” (Mc 9,50)

Ouvimos, na quinta-feira da sétima semana do Tempo Comum (ano par), a passagem da Epístola de Tiago (Tg 5,1-6) e do Evangelho de Marcos (Mc 9,41-50).

As Leituras exortam a superar toda forma de arrogância, egoísmo, e ainda arrancar, de dentro de nós, tudo o que não constrói o Reino de Deus.

A Epístola é um forte grito profético contra a exploração, o acúmulo de bens, o enriquecimento à custa dos pobres, e exorta o discernimento necessário para sabermos usar os bens materiais que são transitórios.

Os bens por melhor que sejam (ouro, conta bancária, carro de luxo, casa dos sonhos etc.) não saciam a fome de vida eterna.

O autor sagrado tem uma mensagem muito clara e atual: o crime contra o pobre é crime contra o próprio Deus. A acusação profética de Tiago é dirigida aos ricos e a todos que não se esforçam para corrigir as injustiças que se multiplicam no mundo inteiro.

A vida plena depende, na exata medida, das opções que fazemos nesta vida, de modo que a prática da injustiça é a autoexclusão da família de Deus. É preciso, portanto, afastar todo orgulho, ambição, autossuficiência.

A passagem do Evangelho nos apresenta alguns ditos de Jesus que são lições a serem aprendidas pelos discípulos, para que se viva um autêntico discipulado, promovendo o bem comum e apoiando todos os que lutam pela libertação da humanidade, sem jamais escandalizar os “pequeninos”.

É preciso cortar todo egoísmo, autossuficiência que destrói a vida, porque o fim dos injustos é a “geena”, o inferno, a ausência do Amor de Deus, a condenação de viver sem o amor que foi rejeitado.

O Missal Cotidiano afirma: “O escândalo mais grave que se dá hoje aos pequeninos e humildes é o contratestemunho de muitos cristãos, seu escasso senso social, sua ‘ética individualista’ e outras incoerências que constituem um serviço não desprezível ao surgimento do ateísmo em muitos homens, de modo que ‘se deve dizer que mais encobrem do que revelam a autêntica face de Deus e da religião” (Gaudium et spes 19).

Também precisamos ser vigilantes, como o Senhor nos adverte: “tende, pois, sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros” (Mc 9,50).

O Missal Cotidiano também afirma: “O ‘sal’ que preserva o mundo da corrupção são os cristãos que sabem ‘difundir o espírito de que são animados os pobres, os mansos e os construtores da paz, que o Senhor no Evangelho proclamou bem-aventurados (Lumen Gentium 38).

Reflitamos:

- O que podemos fazer para nos colocarmos a serviço dos últimos, dos pequeninos?

- O que devemos evitar para não escandalizar os pequeninos, os preferidos de Deus?

- Quais são as verdadeiras motivações no trabalho que realizamos em nossa Pastoral, em nossa Comunidade? É o amor autêntico, livre, desinteressado em favor dos que mais precisam?

- De que modo vivemos a vigilância ativa, para que tenhamos sal em nós mesmos?

- somos instrumentos da construção da civilização do amor e da paz?
- somos sinais de discórdia ou de comunhão nos espaços que ocupamos?

Concluindo, quem se deixa conduzir pela Palavra do Senhor, tem gosto de Deus, encontra sentido para a sua existência e se coloca como um instrumento para a construção da civilização do amor e da paz. Sem “sal”, sem o amor de Deus, derramado em nós pelo Seu Espírito, ficamos empobrecidos, ainda que bens e riquezas materiais possuamos.

PS: Oportuna para o 26º Domingo do Tempo Comum - ano B

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Deixar-se surpreender por Deus

                               Resultado de imagem para surpresa de Deus

Deixar-se surpreender por Deus

O comentário do Missal Cotidiano nos apresenta iluminadoras palavras de Paul Tilich, quando da proclamação da passagem do Livro do Eclesiástico (Eclo 4,12-22):

“Penso no teólogo que não espera por Deus, porque O possui em sua construção doutrinal.

Penso no estudante de teologia que não espera por Deus, porque O possui fechado em seu manual.

Penso no homem de Igreja, que não espera por Deus, porque O possui encerrado numa instituição.

Penso no crente que não espera por Deus, porque O possui na própria experiência.

Não é fácil suportar estar sem Deus, dever esperá-Lo... Somos mais fortes se esperarmos do que se possuirmos”.

A tentação humana é enquadrar Deus em esquemas mentais, numa espécie de monopólio, quase que O submetendo às nossas vontades, conceitos e dimensões.

No entanto, é preciso nos deixar sempre surpreender por Deus, abertos à manifestação de Sua Sabedoria, que vem ao nosso encontro.

Num contexto de utilitarismo e imediatismo de soluções, é preciso viver na confiante espera do Senhor que vem, e somente pode ser percebido pelo coração que ama e crê, numa permanente vigilância.

Deixar-se surpreender por Deus, o mais belo, profundo, intenso e imenso Mistério, que quer nos envolver com laços de ternura e misericórdia.

Deixar-se surpreender por Deus, que ultrapassa conhecimentos adquiridos sobre Ele, por meros ritos realizados, por vezes, já com a espera de resultados previsíveis alcançados.

Deus, um Mistério insondável, será sempre alegre e grata surpresa na vida daqueles que O temem, amam, e n'Ele confiam.

E como afirmou o teólogo: – “Não é fácil suportar estar sem Deus, dever esperá-Lo... Somos mais fortes se esperarmos do que se possuirmos”.



PS: Paul Johannes Oskar Tillich (Starzeddel, 20 de agosto de 1886 — Chicago 22 de outubro de 1965) - teólogo alemão-estadounidense e filósofo da religião.

Dai-nos, ó Deus, Vossa Sabedoria em nosso peregrinar

 


Dai-nos, ó Deus, Vossa Sabedoria em nosso peregrinar

Ó Deus, onde encontraremos a Vossa Divina Sabedoria?

Não permitais que nos acomodemos, julgando já tê-La encontrado, mas que a procuremos continuamente, desinstalando-nos na busca de novas fronteiras e desafios, na procura do inédito que sempre nos agracia.

Libertai-nos da tentação de permanecermos à margem da praia,  e dai-nos a Vossa Sabedoria para avançarmos para águas mais profundas e sulcar corajosamente os mares, resgatando quantos pudermos para a beleza do bem viver, com dignidade e plenitude.

Como peregrinos de esperança, rompei as correntes que nos aprisionam, para que jamais prefiramos o imobilismo, e, incansavelmente, Vos busquemos incessantemente no caminhar da história, pondo somente em Vós toda a nossa confiança.

Vossa Sabedoria nos comunicai, iluminando as entranhas de nossa alma, para que vençamos eventuais medos secretos que, por vezes, tentam roubar ou aniquilar nossas forças, fragilizando-nos nos sagrados compromissos da Boa Nova do Reino.

Dai-nos, ó Deus, Vossa Divina Sabedoria, para que nos passos de Vosso Amado Filho, o Sol nascente que nos veio visitar, nos abramos a ela  a cada nascer do sol  até que possamos merecer a glória da eternidade. Amém.

 

 

PS: Fonte de inspiração – Comentário do Missal Cotidiano sobre a passagem do Livro do Eclesiástico (Eclo 2,1-13 (gr. 1-11). – pág.798

Ninguém pode reter a ação do Espírito de Deus

                                         


Ninguém pode reter a ação do Espírito de Deus
 
“Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome
 para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor” (Mc 9, 39-40).
 
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 9,38-40, sobre a ação divina que não pode ser controlada por ninguém: o Espírito de Deus sopra onde e quando quiser.  
 
Urge superar toda forma de arrogância, ciúmes em relação à ação de Deus e ainda, arrancar, de dentro de nós, tudo o que não constrói o Reino de Deus.
 
É preciso cortar todo egoísmo, autossuficiência que destroem a vida, porque o fim dos injustos é a “geena”, o inferno, a ausência do Amor de Deus, a condenação de viver sem o amor que foi rejeitado:
 
“O Espírito é capaz de soprar e de fazer palpitar os corações também noutros locais, como nas mesquitas, nas sinagogas, nos areópagos, no templo que nós chamamos e nos parece pagão. Deveríamos, por isso, pedir ao Senhor, a graça de aprender a alegrarmo-nos pelo bem, onde quer que ele se concretize, de nos alegrarmos por todo o bem, sem nos importarmos com quem o pratica: seja pequeno ou crescido; seja jovem ou ancião; seja leigo ou consagrado; seja infeliz ou afortunado; seja doente ou saudável; seja alguém que se abre para a vida ou alguém que está para prestar contas com Aquele que generosamente lha concedeu”. (1)
 
Vemos que não é próprio dos discípulos do Senhor atitudes que revelem arrogância, sectarismos, intransigência, intolerância, presunção, ciúmes, mesquinhez, pretensão de monopolização do próprio Jesus e Sua Boa Nova:
“João e os outros discípulos não conseguiram ainda pensar segundo a lógica de Jesus, Seu Mestre, a qual é para Ele, na perspectiva da Cruz, lógica de serviço e de humilde diaconia. Preferem nesse momento a lógica espalhada e exclusiva do sectarismo e da separação, ou seja, pretendem ter o exclusivo e o monopólio da Salvação” (2).
Reflitamos:
- O que precisamos cortar para superar qualquer sombra de dominação e monopólio do Espírito e melhor nos colocarmos a serviço dos últimos?
- Quais são as verdadeiras motivações no trabalho que realizamos em nossa Pastoral, em nossa Comunidade? 
 
- Onde e quando percebemos a ação de Deus além dos limites de nossa comunidade?
- Quais pessoas que professam uma crença diferente da nossa e nas quais contemplamos também a ação de Deus?
 
- Percebemos a manifestação e ação do Espírito onde, quando e em quem Ele bem quer?
 
Renovemos nossa alegria de viver como instrumentos nas mãos de Deus, para maior fidelidade ao Projeto que Jesus inaugurou, a Boa-Nova do Reino, com a força e ação do Espírito, sem jamais termos a pretensão de exaurir Suas forças, detê-Lo, monopolizá-Lo.
 
Alegremo-nos com a inesgotável ação e presença do Espírito, que move a História, dentro e fora da própria Igreja.
 
Oremos:
 
Ó Deus, dai-nos a graça, como discípulos missionários do Senhor, contemplar e nos alegrar com a ação do Vosso Espírito, que age em quem, quando e onde quiser promovendo a vida, fazendo suscitar brotos de esperança onde nada mais parece possível; ainda que não professando a mesma fé que professamos, mas vivendo a caridade que não conhece fronteiras. Amém.
 
(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 443.
(2) Idem pág. 441.
 

Entre palavras (...)

                                                           

Entre palavras (...)

“A alegria de viver (...) a fragilidade da vida”.

O que seria este (...)?

Se (...) for “e”,
Temos que a alegria de viver e a fragilidade da vida coexistem inseparavelmente, e viver consistirá em redescobrir cotidianamente a alegria, assumindo os limites da condição humana, na real expressão da fragilidade da vida.

Se (...) for “depende”,
Aprendemos que a alegria de viver depende de como suportamos os revezes da vida, devido à sua indubitável fragilidade que nos acompanha da concepção ao seu declínio natural.

Se (...) for “pressupõe”,
Faz-nos tomar consciência de que a alegria de viver pressupõe a capacidade de lidar com a fragilidade da própria vida, com seus limites que se impõe cotidianamente.

Se (...) for “apesar”,
Implica que a alegria de viver é uma busca constante, apesar da fragilidade da vida que pode nos surpreender, por isto é preciso estar sempre vigilantes para eventuais acontecimentos que nos fragilizem ou queiram roubar nossa alegria, com a busca de caminhos de superação, acrisolamento, crescimento...

Se (...) for “com”,
A alegria de viver com a fragilidade da vida são inseparáveis, como a existência cristã só é pensável com a cruz quotidiana, com suas renúncias necessárias para seguimento do Divino Mestre.

Concluindo, o Senhor jamais nos desampara, sabe de nossas fraquezas, imperfeições, nos revela a misericórdia divina, e nos assegura que tão apenas com Ele podemos alcançar a plena alegria, se n’Ele permanecermos, alimentando-nos com a Seiva do Espírito, a Seiva do Amor.

Cada momento difícil por que tenhamos que passar, não nos fragilizará, mas será como que uma poda, para que, enxertados na Verdadeira Videira que é o Senhor, muitos e eternos frutos produzamos, como Ele mesmo nos assegurou (Jo 15).

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG