quarta-feira, 25 de junho de 2025

Caminho de santificação

 


Caminho de santificação

        “Sede, portanto perfeitos como Vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48)

Sejamos enriquecidos pela Homilia de São Josemaria Escrivá de Balaguer (séc. XX):

“Sentimo-nos tocados, com o coração a bater com mais força, quando ouvimos com toda a atenção este brado de São Paulo: ‘esta é a vontade de Deus: a vossa santificação’.

Hoje, mais uma vez o repito a mim mesmo e também o recordo a cada um e à humanidade inteira: esta é a vontade de Deus, que sejamos santos.

Para pacificar as almas com uma paz autêntica, para transformar a terra, para procurar Deus Nosso Senhor no mundo e através das coisas do mundo, é indispensável a santidade pessoal.

Chama cada um à santidade, pede amor a cada um: jovens e velhos, solteiros e casados, sãos e doentes, cultos e ignorantes, trabalhem onde quer que trabalhem, estejam onde quer que estejam.

Há um único modo de crescer na familiaridade e na confiança com Deus: a intimidade da oração, falar com Ele, manifestar-Lhe de coração a coração o nosso afeto.

Primeiro uma jaculatória, e depois outra e outra... Até que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se tornam pobres...: e abrem-se as portas à intimidade divina, com os olhos postos em Deus sem descanso e sem cansaço.  Vivemos então como cativos, como prisioneiros.

Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso ofício, a alma anseia escapar-se. Vai até Deus como o ferro atraído pela força do íman. Começa-se a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto.

Mas não esqueçamos que estar com Jesus é seguramente encontrar-se com a sua cruz.

Quando nos abandonamos nas mãos de Deus, é frequente que Ele permita que saboreemos a dor, a solidão, as contradições, as calúnias, as difamações, os escárnios, por dentro e por fora: porque quer conformar-nos à Sua imagem e semelhança e permite também que nos chamem loucos e que nos tomem por néscios.

Quando admiramos e amamos deveras a Santíssima Humanidade de Jesus, descobrimos, uma a uma, as suas Chagas. E nesses tempos de expiação passiva, penosos, fortes, de lágrimas doces e amargas que procuramos esconder, sentiremos necessidade de nos meter dentro de cada uma daquelas Feridas Santíssimas: para nos purificarmos, para nos enchermos de alegria com esse Sangue redentor, para nos fortalecermos.


O corac
̧ão sente então a necessidade de distinguir e adorar cada uma das pessoas divinas. De certo modo, é uma descoberta que a alma faz na vida sobrenatural. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à atividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos.

As palavras tornam-se supérfluas, porque a língua não consegue expressar-se; o entendimento aquieta-se. Não se discorre, olha-se! E a alma rompe outra vez a cantar um cântico novo, porque se sente e se sabe também olhada amorosamente por Deus a toda a hora.

Com esta entrega, o zelo apostólico ateia-se, aumenta dia-a-dia — pegando esta ânsia aos outros — porque o bem é difusivo.

Não é possível que a nossa pobre natureza, tão perto de Deus, não arda em desejos de semear no mundo inteiro a alegria e a paz, de regar tudo com as águas redentoras que brotam do lado aberto de Cristo, de começar e acabar todas as tarefas por Amor.

Que a Mãe de Deus e nossa Mãe nos proteja a fim de que cada um de nós possa servir a Igreja na plenitude da fé, com os dons do Espírito Santo e com a vida contemplativa.” (1)

Como peregrinos de esperança somos exortados a viver a santidade, como amigos e amigas de Deus.

Fundamental que intensifiquemos a oração, para que toda nossa vida seja por ela configurada e impulsionada, como vemos em sua Homilia.

Seja nossa vida por pensamentos, palavra e ação a santificação do nome de Deus em todos os momentos, a fim de que rezemos  vivamos a Oração que o Senhor nos ensinou – “Pai nosso que estais nos céus...”

Urge que nossa oração seja acompanhada de gestos e compromissos concretos em favor de nossos irmãos, fortalecendo as relações mais fraternas.

Deste modo, poderemos a Deus chamar de Pai e o Seu nome santificar em todos os momentos e em todos os lugares. Amém. 

(1)  Citada na Liturgia das Horas, e sua Memória é celebrada no dia 26 de junho: Rumo à Santidade, em Amigos de Deus, Ed. Rei dos Livros, Lisboa, 3a ed. 1993, nn. 294-315

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