Caminho de santificação
“Sede,
portanto perfeitos como Vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48)
Sejamos
enriquecidos pela Homilia de São Josemaria Escrivá de Balaguer (séc. XX):
“Sentimo-nos
tocados, com o coração
a bater com mais força,
quando ouvimos com toda a atenção
este brado de São Paulo: ‘esta é a
vontade de Deus: a vossa santificação’.
Hoje, mais uma vez o
repito a mim mesmo e também o recordo a cada um e à humanidade inteira: esta
é a vontade de Deus, que sejamos santos.
Para pacificar as
almas com uma paz autêntica,
para transformar a terra, para procurar Deus Nosso Senhor no mundo e através
das coisas do mundo, é indispensável a santidade pessoal.
Chama cada um à
santidade, pede amor a cada um: jovens e velhos, solteiros e casados, sãos e
doentes, cultos e ignorantes, trabalhem onde quer que trabalhem, estejam onde
quer que estejam.
Há um único modo
de crescer na familiaridade e na confiança com Deus: a intimidade da oração, falar com Ele,
manifestar-Lhe — de coração a coração —
o nosso afeto.
Primeiro uma
jaculatória, e depois outra e outra... Até que parece insuficiente esse
fervor, porque as palavras se tornam pobres...: e abrem-se as portas à
intimidade divina, com os olhos postos em Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como cativos, como
prisioneiros.
Enquanto realizamos
com a maior perfeição
possível, dentro dos nossos erros e limitações, as tarefas próprias da
nossa condição
e do nosso ofício, a alma anseia escapar-se. Vai até Deus como o ferro
atraído pela força
do íman. Começa-se
a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto.
Mas não esqueçamos que estar com
Jesus é seguramente encontrar-se com a sua cruz.
Quando nos
abandonamos nas mãos de Deus, é frequente que Ele permita que saboreemos a
dor, a solidão, as contradições,
as calúnias, as difamações,
os escárnios, por dentro e por fora: porque quer conformar-nos à Sua imagem e
semelhança
e permite também que nos chamem loucos e que nos tomem por néscios.
Quando admiramos e
amamos deveras a Santíssima Humanidade de Jesus, descobrimos, uma a uma, as
suas Chagas. E nesses tempos de expiação passiva, penosos, fortes, de
lágrimas doces e amargas que procuramos esconder, sentiremos necessidade de
nos meter dentro de cada uma daquelas Feridas Santíssimas: para nos
purificarmos, para nos enchermos de alegria com esse Sangue redentor, para nos
fortalecermos.
O coração
sente então a necessidade de distinguir e adorar cada uma das pessoas divinas.
De certo modo, é uma descoberta que
a alma faz na vida sobrenatural. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o
Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à
atividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos.
As palavras
tornam-se supérfluas, porque a língua não consegue expressar-se; o
entendimento aquieta-se. Não se discorre, olha-se! E a alma rompe outra vez a
cantar um cântico
novo, porque se sente e se sabe também olhada amorosamente por Deus a toda a
hora.
Com esta entrega, o
zelo apostólico ateia-se, aumenta dia-a-dia — pegando esta ânsia aos outros —
porque o bem é difusivo.
Não é possível
que a nossa pobre natureza, tão perto de Deus, não arda em desejos de semear
no mundo inteiro a alegria e a paz, de regar tudo com as águas redentoras que
brotam do lado aberto de Cristo, de começar e acabar todas as tarefas por
Amor.
Que a Mãe de Deus e
nossa Mãe nos proteja a fim de que cada um de nós possa servir a Igreja na
plenitude da fé, com os dons do Espírito Santo e com a vida contemplativa.” (1)
Como
peregrinos de esperança somos exortados a viver a santidade, como amigos e
amigas de Deus.
Fundamental
que intensifiquemos a oração, para que toda nossa vida seja por ela configurada
e impulsionada, como vemos em sua Homilia.
Seja
nossa vida por pensamentos, palavra e ação a santificação do nome de Deus em
todos os momentos, a fim de que rezemos
vivamos a Oração que o Senhor nos ensinou – “Pai nosso que estais nos
céus...”
Urge que nossa oração seja acompanhada de gestos e compromissos
concretos em favor de nossos irmãos, fortalecendo as relações mais fraternas.
Deste modo, poderemos a Deus chamar de Pai e o Seu nome santificar em todos os momentos e em todos os lugares. Amém.
(1) Citada na Liturgia das Horas, e sua Memória é celebrada no dia 26 de junho: Rumo à Santidade, em Amigos de Deus, Ed. Rei dos Livros, Lisboa, 3a ed. 1993, nn. 294-315
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