“Coragem! Sou Eu!
Não tenhais medo”
Ouvimos, na terça-feira da 18ª semana do Tempo Comum (ano par), a passagem do Livro de Jeremias (Jr 28,1-17) e a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 14,22-36).
Somos convidados a refletir sobre duas figuras de extrema importância na Bíblia: Jeremias e Pedro. Ambos em tempos diferentes, com fragilidades próprias, tiveram o coração pelo Amor de Deus seduzido. Cada um ao seu modo abraçou a missão por Deus confiada.
Encantamo-nos ao meditar sobre a vocação de Jeremias: predestinação desde o ventre materno, chamado divino, resposta corajosa, sedução, apaixonamento, missão profética, e a escuta da voz de Deus.
Experimentou a perseguição, cadeias, abandono, solidão, provações, sofrimentos e muito mais que se possa dizer, mas foi fiel à missão abraçada.
Foi tido como o “Profeta da desgraça”, traidor, ignorado, caluniado, incompreendido. Nem por isto deixou ou retrocedeu na missão, e teve que reacender a chama da confiança e da esperança em Deus, em absoluta e incondicional fidelidade à Aliança divina, pois somente Deus pode assegurar a vida, a liberdade e a paz.
Assim deve viver todo cristão discípulo missionário do Senhor, tendo Jeremias como modelo e inspiração de vida na fidelidade ao Senhor.
Tenhamos sempre diante de nós a vocação de Jeremias, sobretudo nos momentos mais difíceis de incompreensão, abandono e desilusão.
Também o Apóstolo Pedro e os discípulos foram desafiados diante das tempestades e da travessia sobre as águas turbulentas a professar sua confiança na presença divina, como ouvimos na passagem do Evangelho.
A súplica dos discípulos deve ser também a de todos nós sempre nas inúmeras travessias das águas turbulentas que a vida nos oferece – “Senhor, Salva-me!”. E, a advertência de Jesus ressoará a Pedro, ressoará sempre em nossos corações – “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”:
“A confiança na presença divina na vida é a base indispensável para procurarmos ser cristãos, e, portanto, pessoas maduras e responsáveis [...] confiar em Nosso Senhor Jesus Cristo significa dar crédito à veracidade da sua Palavra, à autenticidade positiva dos valores que ela exprime.
E se a comunidade, todos os que se sentem chamados ao discipulado cristão, ou seja, a Igreja, não viver fundamentado efetivamente sobre tudo isso, bem depressa sentirá medo do presente e do futuro, entrincheirar-se-á na defesa das suas posições humanas e mergulhará nas dificuldades históricas sem remissão possível”. (1)
Em nossas limitações e fragilidades experimentamos a força e poder de Deus. No testemunho da fé, como rebanho do Senhor; nutridos pela oração e de modo sublime pela Eucaristia.
Seja a nossa glória a Cruz de Nosso Senhor, para que, como Jeremias, não fraquejemos na missão profética, e tão pouco retrocedamos ou descuidemos do rebanho, como Pedro tanto nos inspira.
A paixão de Jeremias, a ousadia e o progresso na fé de Pedro e a Loucura da Cruz Paulina nos acompanhem ontem, hoje e sempre.
(1) Lecionário Comentado p.58
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