A
graça do Ministério Presbiteral
Assim
falou o Papa São João Paulo II, na Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores
Dabo Vobis (n.22), sobre o presbítero:
“O
presbítero é chamado a assumir em si os sentimentos e as virtudes de Cristo em
relação à Igreja, amada ternamente mediante o exercício do ministério;
portanto, dele se pede que seja capaz de amar o povo com o coração novo, grande
e puro, com um autêntico esquecimento de si mesmo, com dedicação plena,
contínua e fiel, juntamente com uma espécie de ‘ciúme’ divino, com uma ternura
que reveste inclusive os matizes do afeto materno”.
Deste
modo, com o Rito da Ordenação, o presbítero “...é introduzido em um novo
gênero de vida, que o une a Cristo com um vínculo original, inefável e
irreversível e o habilita a agir ‘in persona Christi’. Configurado a Cristo,
Cabeça, Pastor, Esposo e Servo da Igreja, como seu representante e na união com
Ele, o presbítero tem uma relação especial com a Igreja de Cristo”. (1)
Como
Presbítero, exerce o tríplice múnus como um servidor e anunciador da Palavra,
ministro dos Sacramentos e um guia da comunidade.
Na
realização do Ministério, o presbítero é apresentado com várias imagens e
aspectos, que se completam e auxiliam na compreensão da natureza íntima de sua
identidade, como nos fala o Documento n. 110 da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) – Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no
Brasil que ora apresento, conforme o parágrafo n. 41
a) Presbítero: De acordo com a
Escritura é o ancião, o adulto, já experimentado na vida, e por isto se tornou
um sábio, mestre, conselheiro e guia;
b) Pastor: Uma imagem
muito frequente na Sagrada Escritura que designa aqueles a quem cabe colocar-se
a serviço do povo. Assim o faz seguindo o exemplo de Jesus Cristo, o Bom Pastor
(Jo 10,1-4). Por isto é chamado a ser homem de misericórdia e compaixão,
vivendo a proximidade com seu povo e um servidor de todos, particularmente dos
que sofrem grandes necessidades.
c) Profeta: Como mensageiro
da Palavra viva de Jesus, anuncia e testemunha a Palavra de Deus, “oportuna e
inoportunamente” como falou o Apóstolo Paulo a Timóteo (2 Tm 4,2); proclama o
reino de Deus e denuncia o que contradiz o Evangelho;
d) Servo: O Filho do
Homem veio “não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por
muitos” (Mc 10,45). O Presbítero participa desta missão do Filho, e participa
da autoridade de Cristo-Cabeça com seu serviço, seu dom, sua entrega total,
humilde e amorosa pela Igreja;
e) Missionário: Consciente de
que é enviado por Cristo, nunca deve cansar de repetir a si mesmo: “Sou uma
missão, e não simplesmente tenho uma missão”, como diz o Papa Francisco.
Para tanto, precisa coragem, audácia, fantasia e vontade de olhar não apenas
para si mesmo, nem o cumprimento das funções rotineiras, mas ir além, como
Igreja, constantemente em saída, rumo às periferias existenciais, ultrapassando
as estruturas que já não favoreçam mais à transmissão da fé;
f) Padre: Trata-se, pelo
Sacramento da Ordem, viver o dom da paternidade espiritual, com a missão de
gerar, nutrir, educar, organizar e levar à plenitude a comunidade do Povo de
Deus;
g) Sacerdote: É alguém que foi
separado para o Evangelho de Deus (Rm 1,1), e em virtude da Ordenação se torna
um dom sagrado de Deus para o seu povo. Ele reúne a comunidade para o momento
mais alto e importante de sua existência, que é a Celebração Eucarística. Ele é
sempre o ministro de Deus e nele, a exemplo de Jesus, tudo deve ser
“sacerdotalizado”;
h) Esposo: Uma vez
configurado a Cristo, o Presbítero na sua vida espiritual, é chamado a reviver
o amor de Cristo esposo, em sua relação com a Igreja esposa;
i) Perito em
humanidade: Deixa-se
atingir pelas grandes questões que envolvem a humanidade, em sinais de amizade,
companheirismo e solidariedade com todos, assumindo em seu modo de ser o estilo
de Jesus Cristo, que assumiu a condição de servo (Fl 2,7);
j) Homem da
proximidade: O
Presbítero está junto de Deus como das pessoas (1 Cor 9,19-23). Oportunas as
palavras do Papa Francisco na Homilia da Missa do Crisma de 29 de março de 2018:
“Na proximidade com Deus, a Palavra far-se-á carne em ti e tornar-te-ás um
padre próximo de toda carne. Na proximidade com o povo de Deus, a sua carne
dolorosa tornar-se-á palavra do teu coração e terás do que falar com Deus,
tornar-te-ás um padre intercessor”.
k) Homem da
misericórdia: A
exemplo de Jesus, exerce o Ministério com cuidado especial em relação aos
pobres e marginalizados (Lc 14,13; Mt 25,31-46; Hb 5,7.9);
l) Homem de oração: O Presbítero por
sua disponibilidade a encontros fervorosos com o Senhor, torna-se íntimo das
coisas divinas, místico e mistagogo, de modo que é capaz de auxiliar todos os
que o procuram, a encontrarem-se com o Mistério de Deus;
m) Homem de sacrifício: Contemplando o
Senhor que oferece a sua vida pelos outros, o Presbítero é capaz de consumir-se
com generosidade e sacrifício pelo Povo de Deus;
n) Irmão universal: Participante da
missão de Jesus Cristo e da sua Igreja, leva o Evangelho até os confins da
terra; portanto, chamado a construir relações especial com os irmãos de outras
Igrejas e confissões cristãs, com os fiéis de outras religiões e com as pessoas
de boa vontade.
Elevemos orações por todos os presbíteros,
e por todos aqueles que estão se preparando com vistas à Ordenação Presbiteral,
para que possam viver estes diferentes aspectos e imagens no exercício do
Ministério Presbiteral.
Em cada Presbítero, podemos encontrar um ou outro aspecto e
imagem mais presente, de modo que não podemos economizar orações para que cada
vez mais se façam presentes em suas vidas, e assim cumpram, com solicitude,
empenho, dedicação, o Ministério pela Igreja confiado na santificação, ensino e
governo da Igreja.
(1)
Diretrizes para a formação dos
Presbíteros da Igreja no Brasil – Edições CNBB – (Documento n.110, n.35)
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