sábado, 20 de dezembro de 2025

O futuro que esperamos

                                                                

O futuro que esperamos

Deus contemplou toda a Sua obra,
viu que tudo era bom
(Gn 1,31)


Haverá sorriso contagiante no futuro,
Se aprendermos com as lágrimas do passado.

Haverá luz radiante no futuro,
Se não escrevermos uma história sem Deus.

Haverá frutos saborosos a colher,
Se no presente o melhor soubermos semear.

Haverá família sólida no futuro,
Se a edificarmos em sagrados valores.

Haverá vida bela no futuro,
Se soubermos promovê-la e defendê-la no tempo presente.

Haverá um mundo belo para todos no futuro,
Se revitalizarmos laços de paz e solidariedade.

Haverá vida em nossa casa comum no futuro,
Se nos convertermos para uma ecologia integral, sem desmedida ambições.

Haverá uma Igreja santa e pecadora no futuro,
A serviço do Reino de amor, verdade, justiça e  paz.

Haverá futuro, se coragem tivermos de reler o passado,
E repensar o presente, que está sempre em nossas mãos...

Para bem celebramos o Santo Natal do Senhor, 
vivamos um santo e fecundo Advento, 
na espera do Senhor que veio, vem e virá. Amém.

Advento: Os Dons do Espírito acolhamos

                                                    


Advento: Os Dons do Espírito acolhamos

"Naquele dia, nascerá uma haste do
tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento
de uma flor; sobre ele repousará o Espírito do Senhor...” (Is 11,1-10)

Advento, o coração preparar para o Natal bem celebrar,
Abrir-se à ação do Espírito do Senhor que vem ao nosso encontro,
Para a alegria do Natal do Verbo, radiantes, contemplar.

Acolher o Espírito com Seus dons comunicados,
E na vida a serviço do próximo multiplicados,
Como expressão de uma fé viva, amor autêntico.

Ficar repleto dos dons do Santo Espírito
Acolher o Espírito de Sabedoria, que nos ilumina,
Para governar nossa vida segundo os desígnios de Deus.

Acolher o Espírito de Inteligência, para distinguir
O que, de fato, é justo e bom, sem ilusões, sem erros,
Sem confusões empobrecedoras sobre o bem e o mal.

Acolher o Espírito de Conselho e Fortaleza,
Para compreensão do Plano de graça do Senhor
E contar com Sua Divina força no seu cumprimento.

Acolher o Espírito de Conhecimento e Temor de Deus,
Para que sejamos mais dóceis nas diversas situações,
Sejam elas agradáveis ou não, favoráveis ou adversas...

Viver em Espírito de Piedade, como consequência,
Aprofundando com Deus nossa intimidade,
Fortalecendo nossa amizade e ao Cristo configurados.

Que o Tempo do Advento seja o grande tempo,
O preparar-se sem medo, letargia ou omissão,
Com matizes Pascais: imitá-Lo na Vida, Morte e Ressurreição.

Creio n’Aquele que veio, vem e virá: Jesus

 


Creio n’Aquele que veio, vem e virá: Jesus

“Aguardamos o nosso Salvador, o Senhor, Jesus Cristo.
Ele transformará o nosso corpo humilhado
e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso,
com o poder que tem de sujeitar a Si todas as coisas.” ( Fl 3,20b-21)

Creio na Encarnação Do Verbo, feito Carne, envolto em faixas e reclinado num presépio, e assim ao vir pela primeira vez, revestido de nossa fragilidade, para realizar o plano eterno do amor de Deus para nós, suportando a cruz, sem recusar a Sua ignomínia, abrindo-nos o caminho da Salvação.

Creio que virá pela segunda vez, revestido da glória de Sua majestade, num manto de luz, cercado de uma multidão de anjos, para nos conceder em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos.

Creio na primeira vinda de Cristo que foi nossa redenção, e na Sua segunda vinda, quando aparecerá como nossa vida. 

Creio na Sua presença contínua em espírito e poder, como numa senda, guiando-nos da primeira para a segunda vinda gloriosa, que vigilantes esperamos. Amém.

 

Fontes: Prefácio do Advento I;  São Cirilo de Jerusalém – séc. IV; São Bernardo (séc. XII)

 

Natal: Ele vem conosco caminhar

Natal: Ele vem conosco caminhar

Menino Jesus, celebrando o Teu Nascimento, não queremos que seja reduzido apenas a uma comemoração com mesas fartas, consumos desmedidos, esquecendo-nos de Ti.

Menino Jesus, no ventre de Maria, Tua amada mãe, és o Unigênito do Pai, e cremos que não estás somente revestido de carne, mas também inserido plenamente na nossa condição humana.

Menino Jesus, encarnando-Se, não somente Te uniste a um “corpo verdadeiro”, mas te tornaste “realmente homem”, em tudo como nós, exceto no pecado, para nos redimir e nos salvar.

Cristo Jesus, crescendo em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus, experimentaste os nossos sentimentos, as nossas emoções, as nossas paixões.

Cristo Jesus, melhor do que ninguém, conheceste as alegrias dos afetos e a desilusão das traições; partilhaste as nossas ânsias, as nossas dores e as nossas humilhações.

Cristo Jesus, soubeste compreender e suportaste a nossa ignorância, dureza de coração e infidelidade ao vosso projeto, respondendo com gesto de misericórdia e perdão.

Cristo Jesus, conheceste a nossa satisfação em aprender e também o nosso medo perante a morte, assim como não fugiste da agonia na hora da Tua, com suor de sangue vertido.

Senhor Jesus, não permita que Te reduzamos a uma mera estátua colocada num presépio, inerte, como se jamais houvesse crescido e a vida, por nós, concedido, na morte, por amor incondicional, na Cruz.

Senhor Jesus, Tu és o mesmo que no monte da Galileia, após a Ressurreição, enviaste os discípulos ao mundo inteiro para continuar Tua divina missão, e também a nós envias.

Senhor Jesus, conduzi-nos, como discípulos missionários Teus, para fazermos novos discípulos, em todas as nações, com a promessa de que estará conosco todos os dias, até o fim do mundo (Mt 28, 20). Amém.

Advento: Mergulhemos em suas profundezas!

                                                               


Advento: Mergulhemos em suas profundezas!

Na desejável leveza e profundidade deste Tempo, estammos vivendo  o Tempo do Advento, em que a altura e as coisas do alto serão alcançadas.

Advento, Tempo de vigilância e oração, a Igreja insiste incansavelmente. Tempo de leveza, beleza, profundidade, vigilância e oração. Tempo de faxinar a alma e o coração.

Tempo de passarmos do falta do ânimo à coragem, da indolência ao zelo, da indiferença à solidariedade, do distanciamento à comunhão...

Tempo da nossa indispensável, e mais querida por Deus, preparação para acolhida do Seu Filho na manjedoura mais do que preferida, o coração humano. 

Tempo, enfim, de nos perguntarmos:

- Como estamos preparando a chegada do Senhor? 
- O Menino Deus nos encontrará vigilantes?
- Ele encontrará uma Igreja vigilante?

Se não prepararmos a chegada do Senhor, quão triste e sem luz será o Natal.

Advento é, e será sempre, Tempo de criar possibilidades para que o Novo de Deus, Jesus, em nós encontre moradia, concedendo-nos a tão desejada, e possível, plena alegria, como Ele mesmo nos prometeu. Deus promete, Deus cumpre!

Que o Senhor nos encontre mais que vigilantes, orantes, atentos, a fé testemunhando, solidificando a mais bela e encantadora esperança de um novo tempo, e a chama do Altíssimo em nós seja inflamada, e o nosso coração, pela chama da caridade, aquecido. E assim, quando o Menino Deus, que fará novas todas as coisas, chegar, Sua Luz resplandecerá e então, verdadeiramente, Natal será!

Recuperemos a dimensão Pascal do Natal para celebrar o nascimento de Jesus, o  Sol Nascente, a Luz sem ocaso que veio nos visitar e sempre vem nos visitar.

Advento, mergulhemos em suas profundezas! E, então, o Natal será uma Festa de paz, de amor, de graça e de luz.

Natal: sejamos envolvidos pelo fogo do amor divino

                                                      

Natal: sejamos envolvidos pelo fogo do amor divino

Quando o Verbo Se fez Carne e habitou entre nós, realizaram-se as profecias: veio Jesus, o Emanuel, o Deus conosco caminhar (Ml 3,1-4.23-24).

Deus, por meio de Seu Amado Filho, veio para purificar o mundo com o fogo da Sua Palavra e do Seu Espírito, que age e faz, e conduz a História.

Contemplemos e adoremos este fogo, que não castiga, mas renova a face da Terra; um fogo devorador, abrasador, que ilumina, aquece os corações no difícil caminhar.

Seja o Natal a Festa da acolhida do Senhor, e assim o será, se nos preparamos para celebrar a Sua chegada, para que Ele faça morada em nós.

Seja o Natal a Festa do renascimento da alegria da missão, como Igreja Sinodal em estado permanente de missão, pois ainda há muitos lugares, situações e circunstâncias em que Deus parece não estar presente, e a as condições desumanas revelam que a Palavra não teve ainda o impacto necessário, e o Evangelho não foi acolhido plenamente.

Seja o Natal a alegria da conversão de nossa mente e coração, com a mudança da imagem de Deus que criamos, fruto de nossos raciocínios e critérios puramente humanos, para que corresponda cada vez mais ao rosto de Deus, que nos foi revelado pelas Sagradas Escrituras.

Seja o Natal uma noite iluminada pela luz do Verbo, que veio ao nosso encontro, para que se tornem claros nossos caminhos, projetos e sonhos.

Seja o Natal a Festa do fogo do amor de Deus inflamado em nosso coração, para que a Ele amemos, primeiramente, na ordem dos preceitos; e ao próximo, primeiramente, na ordem da execução, da prática concreta, efetiva.

Seja o Natal, portanto, a Festa do Deus Uno e Trino, que veio nos envolver com laços de ternura, amor e afeto, para que a humanidade recrie  novos laços mais humanos e fraternos.

Apressa-te em dizer sim, ó Maria!

                                                                      

Apressa-te em dizer sim, ó Maria!

Com a Homilia de São Bernardo (séc. XII), em louvor à Virgem Mãe, refletimos sobre o sim de Maria na realização da vontade de Deus.

“Ouviste, ó Virgem, que vais conceber e dar à luz um filho, não por obra de homem – tu ouviste – mas do Espírito Santo.

O Anjo espera tua resposta: já é tempo de voltar para Deus que o enviou. Também nós, Senhora, miseravelmente esmagados por uma sentença de condenação, esperamos tua palavra de misericórdia.

Eis que te é oferecido o preço de nossa salvação, se consentes, seremos livres. Todos fomos criados pelo Verbo eterno, mas caímos na morte; com uma breve resposta tua seremos recriados e novamente chamados à vida.

Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. 

Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés.

E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça.

Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao Anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e  concebe a Palavra  de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna.

Por que demoras? Por que hesitas? Crê, consente, recebe. Que tua humildade se encha de coragem, tua modéstia de confiança. De modo algum convém que tua simplicidade virginal esqueça a prudência. Neste encontro único, porém, Virgem prudente, não temas a presunção. Pois, se tua modéstia no silêncio foi agradável a Deus, mais necessário é agora mostrar tua piedade pela palavra.

Abre, ó Virgem Santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao Criador. Eis que o Desejado de todas as nações bate à tua porta. Ah! se tardas e Ele passa, começarás novamente a procurar com lágrimas Aquele que teu coração ama!

Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento. Eis aqui, diz a Virgem, a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua Palavra (Lc 1,38)”. (1)

Urgiu que Maria se apressasse em dar seu Sim para que o Verbo Se fizesse Carne em nosso meio, e é esta a mesma urgência o nosso sim aos Projetos Divinos cotidianamente se impõe, para que o Mistério da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor não fiquem relegados a um fato do passado, mas seja um acontecimento que se irrompe em cada instante de nossa vida!

Apressemo-nos também em dizer sim para Deus e
Seus santos desígnios a nosso respeito.

(1) Liturgia das Horas - Volume Tempo Comum/Advento - pp.309-310

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