quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Advento: rever nossas atitudes (IIIDTAA)

                                                      


Advento: rever nossas atitudes

“Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; 
que não entra no caminho dos malvados,
nem junto aos zombadores vai sentar-se; 
mas encontra seu prazer na Lei de Deus,
dia e noite, sem cessar” (Sl 1,1-2)

Há uma lenda muito oportuna para que vivamos intensamente o Tempo do Advento, nos preparando para a Celebração do Natal do Senhor.

“Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.

Ele disse:
– ‘A batalha é entre os dois lobos que vivem dentro de todos nós. Um é Mau. É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é Bom. É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé’.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
– ‘Qual lobo vence’?
O velho índio respondeu:
– ‘Aquele que você alimenta!’”.

Advento é tempo para avaliarmos quais “lobos” alimentamos dentro de nós.

Tempo do Advento: urge abandonar toda a prática que fomente as trevas dentro de nós e ao nosso redor, como as mencionadas acima, e tantas outras que poderiam ser somadas, como que numa lista interminável. E isto se dará quando deixarmos de alimentar o “lobo mau”, que vive dentro de cada um de nós.

Tempo do Advento: urge, também, a intensificação de gestos luminosos e que promovam a comunhão, a fraternidade, a solidariedade, e, sobretudo, viver a caridade, sem desprezar as mencionadas na lenda acima. Deste modo, estaremos alimentando o “lobo bom” que também em nós habita.

A lenda nos remete a uma verdade: somos santos e pecadores. E neste sentido, o Advento é tempo favorável de mudança, de reorientação de nossos caminhos, voltando-nos para Deus de coração sincero, com súplicas e ação de graças.

Se assim o fizermos, naquela noite maviosa, poderemos sentir a verdadeira alegria do Natal do Senhor acontecendo em todos os âmbitos, dando o sentido genuíno do Natal, por vezes esvaziado pela mentalidade consumista, do lucro, de vendas e mesas fartas, e corações vazios.

O Tempo de Advento é para reflexão profunda, e esta lenda nos ajuda neste mergulho, para que naquela noite também façamos o mergulho no mar de ternura e amor a nós possibilitado pela Encarnação do Verbo naquela frágil e meiga Criança: Jesus Cristo, o Deus Menino, ao mesmo tempo, verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus.

O Natal e a alegria mais profunda (IIIDTAA)

                                                      

O Natal e a alegria mais profunda

O Tempo do Advento consiste na preparação para o encontro final com o Senhor que virá gloriosamente e, ao mesmo tempo, a preparação para a Solenidade do Natal que se aproxima.

Neste sentido, não podemos nos perder no “deserto da cidade”, em atmosferas natalinas, sobretudo aquelas que visam o incremento do consumo na compra e troca de presentes, ou outras formas que não correspondem necessariamente à beleza da Festa.

Seja o Natal a graça de sentirmos a alegria mais profunda, desejada por nós e mais que querida por Deus para todos nós, sobretudo os mais empobrecidos, com os quais Ele Se identificou.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, ouvindo as vozes dos profetas, e a voz do precursor João Batista que ecoa pelos séculos, unindo nossas expectativas aos que se sentem longe da pátria e da paz.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, ao abrir meus ouvidos às “vozes” que me conduzam ao reencontro da esperança de um novo amanhecer, em que o amor e a verdade se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, despertada pela “voz que clama no deserto” reconhecendo a presença de Deus não somente na glória de um Rei que regressa por nós, vencedor de  batalhas maiores, mas também na ternura do Menino Deus, o Bom Pastor.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, porque sei que Ele, o Bom Pastor, nos carrega no colo, sobretudo quando ainda não sabemos caminhar e por onde caminhar, ou quando nos sentimos fracos e feridos por tantas situações por que possamos passar ao escrever as linhas de nossa história.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, fruto da capacidade e maturidade de quem reconhece os erros dos tempos passados, somado aos limites do tempo presente, com o reconhecimento das limitações próprias da humana condição, como ervas e flores que murcham, névoa do amanhecer que seca quando sente os primeiros raios do sol.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, unindo nossa esperança às esperanças desiludidas por realizações parciais, ou mesmos não realizadas e frustradas, na espera de um novo céu e uma nova terra, ainda que demorados, mas com compromissos sagrados renovados.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, cheia de júbilo, que sabe compreender e aceitar com serenidade quando o tempo de Deus não for o nosso tempo, assim como renovar a paciência e a serenidade no mais profundo de mim mesmo, para que se aproxime a paciência e a serenidade divinas.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, daquela noite das noites que mudou o rumo da história, a Noite do Nascimento do Salvador. E com os anjos, pastores, Maria e José, dar glórias a Deus no mais alto dos céus, e tão próximo e íntimo de nós. Ele tão perto e, por vezes, d’Ele, tão longe.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda...

Fonte de inspiração: Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – Vol. Advento-Natal pp. 91-92.

Com João Batista, preparemos um Santo Natal (IIIDTA)

                                                 

Com João Batista, preparemos um Santo Natal

O Sermão do bispo Santo Agostinho (séc. V) nos inspira e nos motiva na caminhada espiritual e pastoral!

O bispo acentua que o Profeta João é a voz, Cristo, a Palavra. Acolhamos esta voz tão preciosa, que nos fala da última voz profética, e nos ajuda na preparação do caminho para a chegada da Palavra, o próprio Senhor.

João era a voz, mas o Senhor, no princípio, era a Palavra (Jo 1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra eterna desde o princípio. Suprimi a palavra, o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.

Entretanto, mesmo quando se trata de alimentar nossos corações, vejamos a ordem das coisas. Se penso no que vou dizer, a palavra já está em meu coração. Se quero, porém, falar contigo, procuro o modo de fazer chegar ao teu coração o que já está no meu.

Procurando então como fazer chegar a ti e penetrar em teu coração o que já está no meu, recorro à voz e por ela falo contigo. O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la, esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu coração, sem haver deixado o meu.

Não te parece que esse som, depois de haver transmitido minha palavra, está dizendo: É necessário que Ele cresça e eu diminua? (Jo 3,30). A voz ressoou, cumprindo sua função, e desapareceu, como se dissesse: Esta é a minha alegria, e ela é completa (Jo 3,29). Guardemos a Palavra; não percamos a Palavra concebida em nosso íntimo.

Queres ver como a voz passa e a Palavra divina permanece? Que foi feito do batismo de João? Cumpriu sua missão e desapareceu; agora é o Batismo de Cristo que está em vigor. Todos cremos em Cristo e esperamos d’Ele a Salvação: foi o que a voz anunciou.

Justamente porque é difícil não confundir a voz com a palavra, julgaram que João era o Cristo. Confundiram a voz com a Palavra. Mas a voz reconheceu o que era para não prejudicar a Palavra. Eu não sou o Cristo (Jo 1,20), disse Joãonem Elias nem o Profeta.

Perguntaram-lhe então: Quem és tu? Eu sou, respondeu ele, a voz que grita no deserto: “Aplainai o caminho do Senhor” (Jo 1,19.23). É a voz do que grita no deserto, do que rompe o silêncio. Aplainai o caminho do Senhor, como se dissesse: ‘Sou a voz que se faz ouvir apenas para levar o Senhor aos vossos corações. Mas Ele não Se dignará vir aonde o quero levar, se não preparardes o caminho’.

O que significa: Aplainai o caminho, senão: Orai como se deve orar? O que significa ainda: Aplainai o caminho, senão, tende pensamentos humildes? Imitai o exemplo de João: julgam que ele é o Cristo, e ele diz não ser Aquele que julgam; não se aproveita do erro alheio para uma afirmação pessoal.

Se tivesse dito: ‘Eu sou o Cristo, facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o dissesse. Mas não disse, pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreendeu que era uma lâmpada e temeu que o vento do orgulho pudesse apagá-la”.

Reflitamos:

-  Somos uma voz a comunicar a Palavra de Deus?

- Como o  fazemos mais intensamente com a nossa própria vida, atitudes e compromissos?

-  O que temos comunicado para as pessoas que nos cercam e nos ouvem?

- Como estamos preparando o caminho do Senhor, para bem celebrarmos Sua chegada, a Festa do Natal que se aproxima?

Que a humildade, a coragem, a disponibilidade, o vigor, o entusiasmo, e tantas outras virtudes do Precursor, possam ser contempladas e vividas por nós, de modo que o orgulho e a vaidade não ofusquem a maravilhosa missão que o Pai nos confiou por meio de Jesus: comunicar ao mundo a Luz do Santo Espírito.

Com João, aprendamos a preparar um Santo Natal de amor, vida e paz!

Acolhamos o Senhor que vem (IIIDTA)


 
 
Acolhamos o Senhor que vem
 
Senhor Deus, nossa alma é sedenta do belo, da verdade e do bem, e cremos que sempre vindes ao nosso encontro, e esperais que abramos, ainda que uma pequena fresta para vir e fazer de nós Vossa presença e morada.
 
Não permitais, Senhor, que nossa vida se torne um labirinto, por vezes tão ocupados em mil coisas, em permanente movimento, agitados, sem sabermos o que fizemos, e para onde vamos.
 
Ajudai-nos, para que vivamos uma vida «descafeinada», plana e sem horizontes de transcendência, em que o que importa é estar entretido, e assim, o risco da perda de motivações necessárias, mergulhando na indesejável apatia e desânimo.
 
Conduzi-nos. para que não vivamos submersos na «espuma das aparências», preocupados com a própria imagem, do aparente e externo, o que nos condenaria à superficialidade, sem a coragem de mergulhar em sua profundidade da existência para necessárias superações e crescimento por Vós esperado.
 
Livrai-nos das paixões e vozes sedutoras do mundo, para que não sejamos reduzidos a fragmentos de mil pedaços, ensurdecidos pelo pecado do egoísmo; com a perda da sabedoria, e assim, fragilizados, impossibilitados para tecer relações de fraternidade e solidariedade.
 
Ajudai-nos a viver o Tempo do Advento, revendo os caminhos feitos, e reabrindo frestas de nosso coração para que invadais com a Luz do Vosso Filho, que veio, vem e virá iluminar nossos passos, reorientar o rumo do nosso existir. Então, será o verdadeiro Natal de Vosso Filho acontecendo em nossas vidas. Amém.
  
Fonte: Artigo “Frestas”  - autor: José Antonio Pagola 

A verdadeira alegria em todo o tempo (IIIDTA)

                                                     

A verdadeira alegria em todo o tempo

Exultemos de alegria no Senhor, porque cremos n'Ele vivo e Ressuscitado e tão somente n'Ele encontramos a verdadeira alegria.

A vida de quem crê tem que ser marcada por sinais de alegria evangélica, jamais de pranto, lamentos sem perspectivas ou da aflição sem consolo.

Os Evangelhos nos convidam a olhar para o Crucificado, de modo que compreendamos a lógica da Sua vida, para também compreendermos que a alegria evangélica não está na ausência da Cruz e que a Cruz não é uma derrota definitiva, mas uma passagem necessária.

A alegria cristã tem matizes diferentes da alegria do mundo, por isto se pode falar no confronto de dois tipos de alegria:

A alegria do mundo, facilmente compreensível, pois se baseia em ser jovem, belo, com saúde, com muito dinheiro e sucesso à maneira do "quero tudo e já", possivelmente sem muita fadiga, sem renúncias, sacrifícios, e tudo imediatamente e sem tempo de espera ou que se prolongue tanto (“cultura líquida” – uma característica da pós-modernidade).

Bem diferente e bem mais profunda é a outra alegria, porque nasce da paciência de amar e aprender a amar, e não obstante, não desdenha as mil alegrias do mundo, mas sabe, em profundidade, ligar-se ao que não passa e não pode desiludir, discerne entre o essencial e acessório, o eterno e o provisório.

tristeza momentânea sentida pelos discípulos, quando da  passagem de Jesus para o Pai, não é apenas uma partida que deixa os discípulos "no exílio longe do Senhor' como diz Paulo (2 Cor 5,6); mas é também um modo de viver a revelação.

Esta tristeza, com a Ressurreição do Senhor e a vinda do Espírito Santo, se tornará uma alegria plena e que ninguém poderá tirar.

Esta alegria será testemunhada mediante a fé, acolhida, anúncio e testemunho da Palavra de Jesus, no serviço aos irmãos e, sobretudo, sentida ao participar com piedade, consciente e ativamente da Refeição Eucarística, quando antecipamos a Sua vinda –“Anunciamos Senhor a Vossa Morte e proclamamos a Vossa Ressurreição, Vinde, Senhor Jesus!”.

Consolidemos a verdadeira alegria, na fraternidade, na comunhão, no perdão, solidariedade e partilha, para não nos desvalorizarmos e tão pouco sucumbirmos diante das dificuldades da vida e não sermos por elas submersos, aniquilados.

Vivamos o Tempo do Advento, na espera do Senhor que vem, carregando a cruz com fidelidade e fé no Ressuscitado, nutridos pela Palavra e Eucaristia, assistidos pelo Espírito Santo de Deus, sentindo a verdadeira alegria, que o mundo não pode garantir e tão pouco nos privar, com fé, esperança e caridade.

Vivamos intensamente o Tempo do Advento para celebrarmos um santo e verdadeiro Natal do Senhor!

 
PS: Livre adaptação do Lecionário Comentado - Volume do Tempo Pascal - Editora Paulus - Lisboa - 2011 - pág. 597-598. 

"Receita da Alegria" (IIIDTAA)

                                                         

"Receita da Alegria"

Com certa frequência aparecem propostas de "decálogos", e podemos ver uma delas no texto da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses (1 Ts 5, 16-24).


Ao contrário de tantas falsas promessas de alegria, de felicidade, de realização em todos os âmbitos, temos dez indicações que se pode chamar de "receita da alegria":

1 - "Estai sempre alegres",
É a recomendação de São Paulo. Alegria é tarefa, virtude a ser praticada, decisão tomada com clareza, antes de ser uma efusão de barulho ou gargalhadas, quem sabe motivadas por exterioridades que não realizam as pessoas.

2 - "Rezai sem cessar"
Como sabemos que quem reza se salva, temos também a certeza de que o apelo à Oração, especialmente na participação da Santa Missa, é caminho certo para manter a verdadeira alegria.

3 - "Dai graças em todas as circunstâncias"!
Olhar ao redor e identificar os inúmeros motivos que temos para agradecer, muito maiores do que os problemas existentes. Vale a pena tomar posse, com a graça de Deus, da boa notícia de cada dia!

4 - "Não apagueis o Espírito"
É por Ele que somos conduzidos e seremos felizes se ouvirmos sempre a Sua voz, que se manifesta em nossa consciência.

5 - "Não desprezeis os dons de profecia, mas examinai tudo e guardai o que for bom"
 O Senhor não nos entregou ao acaso dos acontecimentos, mas garantiu a assistência do Espírito Santo, para discernir o que é útil à nossa salvação. Vale a pena prestar atenção, porque há muita inspiração enviada por Deus aos pequeninos e aos mais jovens.

6 - "Afastai-vos de toda espécie de mal"
Não brincar com fogo para não se queimar, ensinam nossos pais. Radicalidade, fuga do pecado, seriedade na vivência da Lei de Deus.

7 - "Que o próprio Deus da paz vos santifique inteiramente"
Buscar a paz e a realização fora de Deus só conduz ao fracasso. Nosso mundo multiplica leis e regulamentos, mas falta-lhe a alma para encontrar a paz, que só pode vir de Deus.

8 - "Todo o vosso ser – o espírito, a alma e o corpo – seja guardado irrepreensível"
Não basta o cuidado do corpo, com a higiene, a alimentação, os exercícios físicos. É necessário cuidar da vida interior, se queremos ser realmente felizes e alegres!

9 - "Para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" De fato, "se é só para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão" (1 Cor 15, 19). Fonte de felicidade é olhar também para a eternidade, depois de nossa Páscoa pessoal na morte!

10 - "Aquele que vos chama é fiel”, Ele mesmo fará isto. A última recomendação é a certeza de que estamos nas mãos de quem nos pode dar a verdadeira alegria!”

Preparando-nos para celebrar o Natal do Senhor, não deixemos que pseudoalegrias nos deixem entorpecidos e não acolhamos a Divina Fonte da Alegria, o Menino Deus que vem ao nosso encontro, faz-Se um de nós, igual a nós, exceto no pecado, lá no presépio, na humilde manjedoura, o Seu primeiro Altar, para Se fazer presente em tantos Altares da Eucaristia pelo mundo, e de modo também muito especial no altar de nosso coração, onde fez também Sua morada. 

Agora é acolher a proposta e vivê-la: Palavra de Deus acolhida, crida e vivida é certeza de que algo novo irromperá em nossa vida.


PS: Fonte -  Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo de Belém do Pará (PA). 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Exultemos de alegria pelo nascimento do Salvador

                                                       

Exultemos de alegria pelo nascimento do Salvador

“O Verbo Se fez Carne
e nós vimos a Sua glória” (Jo 1,14)

A alguns dias do Natal, precisamos dar os últimos passos em sua preparação, para que exultemos de alegria diante do maior acontecimento conhecido pela humanidade: o nascimento de Jesus.

Através d’Ele, Deus vem armar a Sua tenda, vem morar em nosso meio, fazendo-se um de nós, exatamente igual a nós, exceto no pecado. Caminhando conosco, Ele, a luz do mundo, ilumina a nossa vida, os nossos caminhos.

Diversos fatos revelam o Natal do Senhor acontecendo em nossa vida, em todos os âmbitos e em todo o tempo; fatos marcantes que manifestam a glória de Deus.

A intensidade dos fatos vividos nos desafia a olhar para frente e comunicar uma palavra de ânimo, coragem e vigor para a continuidade da ação evangelizadora que é ininterrupta e jamais consumada.

Celebrar o Natal do Senhor com matizes pascais e manifestar a Sua glória, comunicando “a alegria do Evangelho”, como insistiu o Papa em sua primeira Exortação Apostólica, é sermos portadores de uma alegria que o mundo não pode oferecer e tão pouco nos tirar, porque somos discípulos missionários do Verbo que se fez Carne, presença divina em nosso meio e  nos enviou em missão.

Celebrar o Natal verdadeiramente nos faz intensamente comprometidos com uma Igreja que não se acomoda dentro de suas  paredes, mas vive com ardor a presença no mundo, comunicando o sabor de Deus e a vida, porque comunica a Luz que veio iluminar a humanidade e tão somente assim seremos fermento na massa, levedando um mundo novo que tanto sonhamos e buscamos.

Que a Noite de Natal não seja apenas de mesas fartas e troca de presentes, um tempo de alegria cronometrado. Mas, seja, antes de tudo, uma noite em que os corações se abrem para acolhida do Amor ao mundo comunicado e para sempre presente no coração dos homens e mulheres de boa vontade que cantam glória a Deus no mais alto dos céus, para que tão somente assim tenhamos uma fé luminosa, que tornará fecunda a esperança, porque caminhará de braços dados com a caridade.

Natal com matizes Pascais é preciso ser celebrado, e isto acontece no primeiro e indispensável espaço de nosso coração. Somente assim o Natal será todos os dias: o nascimento do amor, o resplandecer da luz que brilha nas trevas, nas sombras da história.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG