domingo, 7 de dezembro de 2025

A beleza do Tempo do Advento (IIDTAA)

                                                           



A beleza do Tempo do Advento (ano A)

Antes de apresentarmos a mensagem que a Liturgia da Palavra nos oferece, podemos assim entender o Tempo do Advento:

“Hoje nós não esperamos a vinda do Messias – que já apareceu em Belém há mais de dois mil anos – mas a Sua manifestação ao mundo. É nesta perspectiva que adquire sentido o Tempo que dedicamos à preparação do Natal, Tempo que mais do que ‘Advento’, deveria ser chamado ‘Preparação para o Advento’” (1).

Agora vejamos o que nos propõe a Liturgia:

- No primeiro Domingo (ano A) retrata a vinda escatológica de Jesus (a Sua segunda vinda gloriosa, que professamos e aguardamos na vigilância). Somos chamados a “atitude da vigilância”. Todos os textos proclamados evocam a manifestação do Senhor no fim dos tempos e a urgência da preparação para este final da história da humanidade na terra.

- No segundo Domingo (e também no terceiro) retrata a Sua vinda na História. A atitude que se ressalta é a “conversão”, a partir da voz de João Batista, que exorta a preparar os caminhos do Messias esperado.

- No terceiro Domingo, temos a identificação de Jesus testemunhado pelas Suas obras. De fato era Ele que haveria de vir. A marca deste Domingo é a “alegria”, pela Sua primeira vinda e a espera paciente e confiante de Sua segunda vinda.

- No quarto Domingo nos fala do “anúncio“ a José, sobre o nascimento do Filho de Maria como Salvador e Deus conosco.

Em relação à Palavra proclamada nestes Domingos:

- Na primeira leitura, percorremos um itinerário de consciência progressiva do caráter salvífico da vinda d’Aquele que foi prometido e que será reconhecido, no quarto Domingo, na Pessoa de Jesus de Nazaré.

- Na segunda Leitura, temos um convite a nos deixar conduzir pela vigilância, paciência e fidelidade às Escrituras, reconhecendo em Jesus, o Filho de Deus, e vivendo a obediência da fé.

Neste sentido, somos convidados à vigilância e à conversão, esperando com alegria e perseverança a chegada de Deus, na encarnação do Verbo, com a destruição da injustiça e da impiedade, trazendo a salvação para todos os que n’Ele crerem.

Concluindo, podemos afirmar que o Tempo do Advento é uma frutuosa introdução no Mistério do Ano Litúrgico e a celebração da tríplice vinda de Jesus: “As poucas semanas que precedem a Festa do Natal constituem uma importante iniciação ao Mistério insondável da Encarnação, que desde então é o âmbito em que vivemos na fé e na esperança” (2).

Sobre esta tríplice vinda, fiquemos com as palavras de São Bernardo (séc. XII), em sua Homilia para o Advento:

“Na primeira vinda, o Senhor veio em carne e debilidade, nesta segunda, em espírito e poder; e na última, em glória e majestade. Esta vinda intermediária é como que uma senda por que se passa da primeira para a última: na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; nesta, é o nosso descanso e o nosso consolo” (3).


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - p.35
(2) Missal Quotidiano Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa – 2011 pp. 27-28
(3) idem p.28 - (in São Bernardo, Homilia sobre o Advento, 5,1-2, Opera omnia, edição cisterciense, 4, 1966, 188-190).

Suavidade e beleza do Tempo do Advento (IIDTAA)

                                                              

Suavidade e beleza do Tempo do Advento

Concedei-nos, ó Deus, viver o Tempo do Advento como uma  parábola do tempo presente, em que esperamos com alegria e humildade a hora do grande encontro com Jesus, distribuindo todos os bens com infinita generosidade e de maneira imprevisível, e que voltará em Sua segunda vinda gloriosa, quando menos esperarmos.

Fortalecei-nos, ó Deus, para que vivamos este tempo de gozo espiritual, em que caminhamos olhando para a frente, com o coração pleno de fé, esperança e caridade.

Despertai-nos, ó Deus, para que vivendo este tempo, abramos a Vós nosso coração, acompanhado de orações de súplica confiante e ação de graças por todos os bens que nos concedeis, e dentre eles, o maior de todos os bens, o Bem Divino, que é o Vosso Filho, em comunhão com o Santo Espírito.

Ajudai-nos, ó Deus, para que vivamos com ardor a missão de discípulos missionários do Vosso Filho, assistidos pela docilidade do Santo Espírito, o Vosso projeto para nós, confiantes em Vossa Palavra viva e eficaz, empenhados na prática do bem, orantes e vigilantes em todo o tempo.

Abri, ó Deus, nossos olhos e nosso coração, para que sintamos e vivamos a beleza e suavidade do Tempo do Advento, para  bem celebrarmos as vindas primeira e segunda do Vosso Filho, vivendo intensamente a vinda intermediária, experimentando Vossa força, proteção e imprescindível presença, para que sejamos partícipes de um novo tempo e promotores da fraternidade e amizade social, caminho da paz plena e universal. Amém.

 

Fonte inspiradora: Missal Quotidiano, Dominical e Ferial, Editora Paulus, Lisboa, 2010 – pp.100/102 

Tempo do Advento: a conversão necessária (IIDTAA)

                                                              


Tempo do Advento: a conversão necessária

Nas  passagens do Evangelho (Mc 1,1-8; Mt 3,1-12; Lc 3,1-6), João Batista, uma voz a gritar no deserto, anuncia a proximidade da concretização do Reino, por isto, sua palavra é um forte grito profético que chama à conversão:

“Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo” (Mt 3, 1). E ainda: “Esta é a voz que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3, 2).

Todos precisamos de conversão, pois podemos, também hoje, nos considerarmos religiosos (como se julgavam os fariseus e os saduceus), e permanecermos longe de Deus.

Podemos nos purificar com ritos, deles participar, mas sem nada corrigir e reorientar a própria vida, sem ressonâncias no agir cotidiano, sem nada nos transformar e renovar.

Também podemos cair no risco de reduzir nossa oração a intensos monólogos com Deus, acompanhado de demasiado silêncio imposto a Ele, e com isto caímos no vazio, ficamos desorientados e desmotivados.

Neste Tempo do Advento, ouvindo a voz de João Batista, o precursor do Salvador, no deserto, ponhamo-nos em atitude de conversão, procurando viver na simplicidade de vida, na demolição de tantos ídolos e cultos desviantes que nos afastem do Deus Vivo e Verdadeiro.

Purifiquemo-nos através de orações autênticas, múltiplas formas de religiosidade puras e purificadoras. 

Deste modo, Deus não ficará aparentemente perto, apenas nas palavras vazias de conteúdo; e ficará bem mais perto de nós, do que nós de nós mesmos, então será o Verdadeiro Natal do Senhor que vamos Celebrar e mais um ano por Ele iluminado, caminhar com fidelidade, a cruz cotidiana, com renúncias necessárias, compromissos com o Reino jamais adiar.


Fonte inspiradora: Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa – 2011 - PP 86-87

Em poucas palavras... (IIDTAA)

                                             


Advento: vamos ao encontro da Verdade, Jesus

“João Batista ajuda-nos a ultrapassar as nossas incertezas. Ele é um crente verdadeiro: debate-se entre muitas perplexidades, coloca interrogações, mas não renega o Messias porque não corresponde aos seus critérios, põe de lado as suas seguranças e confia no Senhor.

Só quem, como ele, procura a verdade com ardor é que está preparado para se encontrar com Cristo, que é a ‘Verdade’”.   (1)

 

(1) Leccionário Comentado – Advento-Natal - Editora Paulus -  Lisboa – Paulus – pág. 154-155


Em poucas palavras... (IIDTAA)

 


“São João Batista é o precursor imediato do Senhor”

“São João Batista é o precursor imediato do Senhor (At 13,24), enviado para Lhe preparar o caminho (Mt 3,3). «Profeta do Altíssimo» (Lc 1, 76), supera todos os profetas (Lc 7,26), é o último deles (Mt 11,13) inaugura o Evangelho (At 1,22; Lc 16,16); saúda a vinda de Cristo desde o seio da sua Mãe (Lc 1,41) e põe a sua alegria em ser «o amigo do esposo» (Jo 3, 29) que ele designa como «Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29). Precedendo Jesus «com o espírito e o poder de Elias» (Lc 1, 17), dá testemunho d'Ele pela sua pregação, pelo seu batismo de conversão e, finalmente, pelo seu martírio (217).” (1)

 

(1)              Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 523

Devotos dos Santos, adoradores do Senhor! (IIDTAA)

                                                                       

Devotos dos Santos, adoradores do Senhor!

Na devoção aos Santos, muitos a eles recorrem para pedir uma graça, uma cura ou um auxílio em determinada situação.

Outros, provavelmente em menor número, expressam sua devoção aos Santos procurando aprender com eles como viver maior fidelidade, amizade, intimidade com o Senhor para melhor segui-Lo.

Outros saboreiam seus testemunhos, escritos, admiram sua coragem, sua entrega e o quanto fizeram a Igreja crescer, e com ela o anúncio da Boa Nova, no testemunho do Ressuscitado.

Também pode ser vivida a devoção aos Santos para contar com sua ajuda e intercessão, para o bom combate da fé no tempo presente, dando conteúdo à Comunhão dos Santos que professamos ao rezar o Credo.

Mas e São João Batista? 
O porquê da devoção para com ele?

Antes uma constatação:

* “... a devoção a São João Batista constitui uma exceção, porque não são referidos milagres feitos por ele, nem na vida, nem depois de morto. E, no entanto, o seu culto espalhou-se imediata e surpreendentemente, tanto que já era universal a partir do século IV. Em todos os lugares onde se falava dos episódios da sua vida dirá surgiram santuários: só na área vizinha junto ao Mar Morto onde ele pregou foram erguidos quatro. Hoje é praticamente impossível encontrar uma igreja paroquial ou uma capela que não tenha uma imagem ou um quadro que o recorda”.

E duas possíveis explicações:

“São duas as razões que explicam a admiração dos cristãos por este Santo: antes de mais, o elogio que Jesus fez dele, e depois a veneração dos monges que, desde os primeiros séculos, o consideraram seu modelo de vida ascética”.

A devoção a ele, portanto, consiste em acolher suas palavras que foram pronunciadas no deserto e atravessando séculos e milênio, não entra em nossos ouvidos, mas muito mais, penetra e ressoa em nossa alma, em nosso coração.

Na passagem do Evangelho (Lc 7,24-30) Jesus faz a João Batista três elogios:

João não era volúvel, como as canas dos pântanos que crescem ao longo do Jordão;

Não era corrupto pensando em seus interesses, nada acumulando e nada gastando com divertimentos, vestes elegantes e refinadas (vestia pele de couro e comia leite e mel no deserto);

Era um Profeta, mais até que Profeta. Ninguém do Antigo Testamento teve missão semelhante a sua: preparar o povo para a acolhida do Messias e entregá-lo ao Novo Moisés, o próprio Jesus, que haveria de introduzir este mesmo povo na verdadeira terra prometida que é o Reino de Deus.

Sua austeridade de vida se contrapôs e se contrapõe ainda hoje a uma sociedade consumista que cria falsas necessidades e numa publicidade muito hábil e com nuances sofisticadas induz a todos nós ao consumo cada vez mais, fazendo-nos crer que o supérfluo, o dispensável é vital e necessário, sem o que não seremos felizes.

Austeridade de vida, que nos convida a rever o sentido genuíno do Natal, muitas vezes maculado pelas propagandas, festas,   e outras coisas mais, sobretudo a não acolhida do Absolutamente Essencial em nossa vida: Jesus.

Sua vida no silêncio também questiona o barulho ensurdecedor da cidade, o não diálogo, a incomunicabilidade, o fechamento em grandes que são feitas em pretensa proteção.

O silêncio orante de João deve reinar mais em nossa vida, em nossas famílias, não como fuga, mas como criação do espaço para a Palavra de Deus melhor ouvir, para com mais ardor vivê-La.

João também nos ensina sobre a necessária “sensibilidade espiritual aos apelos de Deus”. Quantos são os apelos, as atividades que nos devoram até mesmo sem perceber? Quanto ativismo que nos esvazia e nos distancia do outro, de nós mesmos, e o pior de todos os distanciamentos, o de Deus?

Ainda que o leitor não tenha devoção a nenhum Santo, ou ainda que a devoção careça de purificação, para ser conforme a Igreja tão sabiamente nos ensina, aprendamos com eles a conhecer Jesus e Sua proposta, aderindo incondicionalmente a Ele, e assim viveremos uma fé mais pura, verdadeira e frutuosa, como tem sido insistido no Ano da Fé que vivemos, e em todo o tempo.

Voltar-se para Deus é a grande lição que podemos aprender com João Batista, entre outras...

Não percamos a hora de misericórdia do Salvador (IIDTAA)

                                                                      


Não percamos a hora de misericórdia do Salvador

Acolhamos um trecho do Sermão do Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho (séc. V), sobre a conversão necessária, de modo especial, neste Tempo do Advento, na preparação da celebração do Natal do Senhor.

“Que cada um receba com prudência as advertências do preceptor (João Batista), se não quer perder a hora de misericórdia do Salvador, misericórdia que concede no contexto atual, em que ao gênero humano se oferece o perdão.

Precisamente ao homem se presenteia o perdão para que se converta e não exista a quem condenar. Isso mesmo Deus decidirá quando chegar o fim do mundo; mas de momento nos encontramos no tempo da fé.

Se no fim do mundo encontrará ou não aqui alguns de nós, eu o ignoro; possivelmente não encontre a nenhum. O certo é que o tempo de cada um de nós está próximo, porque somos mortais. Andamos no meio de perigos. Assustam-nos mais as quedas do que se fôssemos de vidro.

E existe algo mais frágil do que um vaso de cristal? Mas, contudo, conserva-se e dura séculos. E mesmo que se possa temer a queda de um vaso de cristal, não existe medo de que a velhice ou a febre o afete.

Somos, portanto, mais frágeis do que o cristal, porque devido, sem dúvida, a nossa própria fragilidade, cada dia nos espreita o temor dos números e constantes acidentes inerentes à condição humana; e ainda que estes temores não cheguem a se concretizar, o tempo corre: e o homem que pode evitar um golpe, poderá também evitar a morte? E se consegue escapar dos perigos exteriores, conseguirá evitar também os que vêm de dentro?

Algumas vezes são os vírus que se multiplicam no interior do homem, outras é a enfermidade que se abate subitamente sobre nós; e mesmo que o homem consiga ver-se livre dessas taras, a velhice acabará finalmente por chegar a ele, sem moratória possível.” (1)

De fato, não queremos perder a hora de misericórdia do Salvador, que vem sempre ao encontro da humanidade, oferecendo a possibilidade de experimentar as carícias da misericórdia divina, como tão bem expressou o Papa Francisco em sua Carta Apostólica: 

“As nossas comunidades abram-se para alcançar a todas as pessoas que vivem no seu território, para que chegue a todas as carícias de Deus através do testemunho dos crentes” (Carta Apostólica “Misericordia et misera” - n. 21).

Não percamos a hora de misericórdia do Salvador...
E quando não a perdemos?

Quando vivemos o Advento como tempo de conversão, de preparação do caminho do Senhor, ouvindo e se deixando questionar pela voz profética de João Batista, não mais no deserto, mas em nosso recolhimento na intimidade com o Senhor.

Quando participamos de grupos de reflexão, novenas, aprofundando a espiritualidade do Natal, preparando o coração, para que seja a verdadeira e querida manjedoura para o nascimento do Salvador.

Quando nos empenhamos na participação da construção de uma sociedade justa e fraterna, sobretudo quando vemos decisões que nos entristecem no cenário político, dificultando a transparência administrativa dos recursos que são absurdamente desviados, tornando a vida do povo cada vez mais penosa, totalmente contrária aos planos sagrados.

Quando não permitimos que a nossa fé se fragilize diante das dificuldades, provações por que possamos passar.

Quando reavivamos a esperança, de Eucaristia em Eucaristia, de que a mesa do cotidiano de todas as pessoas serão mais fartas, e nunca haverá de faltar pão, e assim banida a fome do mundo será; não somente a fome do pão material, mas a fome de tudo quanto seja essencial para uma vida plena e feliz.

Quando não permitimos que o Fogo do Espírito, o Fogo abrasador do Senhor seja apagado em nosso coração, pois inflamados por Ele, seremos sinais e instrumentos do amor divino, construindo relações mais fraternas, ternas e eternas.

Quando...

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes 2014 - p.28

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