terça-feira, 24 de junho de 2025

Em poucas palavras...

                                               


A missão de João e a nossa

“João é filho de Zacarias, mudo, e de Isabel, a estéril; seu nascimento anuncia a chegada dos tempos messiânicos, nos quais a esterilidade se tornará fecundidade e o mutismo, exuberância profética...(1)

...Ter consciência da própria missão na vida é sinal de sabedoria” (2)

 

(1)         Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 1659

(2)         Idem pág. 1666

 

João Batista nos apresentou o Cordeiro de Deus

                                                          

João Batista nos apresentou o Cordeiro de Deus

“Melhor é calar-se e ser do que falar e não ser.
Coisa boa é ensinar, se quem diz o pratica.”

Celebramos, no dia 24 de junho, o nascimento de João Batista, que se inseriu numa memorável página da história da Salvação.

Já no Antigo Testamento (Is 49,3.5-6), o Profeta Isaías anunciou a ação divina, com o segundo cântico do Servo Sofredor.

Deus faria deste Servo a luz das nações,  a Salvação oferecida a toda a humanidade.

A Tradição cristã viu sempre nesta página o anúncio profético do Messias, que veio ao mundo como luz e Salvação para a Humanidade.

Deste modo, na passagem do Evangelho de João (Jo 1,29-34), vemos a presença de João Batista que nos apresenta Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado mundo.

João batizou Jesus, não porque este fosse pecador, mas para santificar a água na qual todos seríamos batizados. João viu e dá  testemunho sobre Jesus:  Ele, João, viu, no dia do Batismo, descer do céu sobre Jesus o Espírito como uma pomba. É Jesus, batizado por João, o Messias esperado, o enviado de Deus para com o Batismo no Espírito comunicar Luz e Salvação para toda a humanidade:

- “Hoje a Palavra de Deus qualifica João como o ‘apresentador do Messias.

Estamos habituados a assistir às entrevistas na televisão, em que o apresentador se serve de personagens famosas para ganhar audiência: os outros são para ele um pretexto para aumentar sua popularidade.

João, não! Não se serve de Jesus para aumentar a sua fama, ao invés convida os seus discípulos a seguirem Jesus” (1)

A propósito, João dirá em outra passagem: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).

Imitemos João, a fim de que nossa vida corresponda ao que anunciamos, com o testemunho permanente e incansável, até que um dia possamos contemplar a face d’Aquele que nos foi apresentado, e também ao mundo apresentamos, na glória da eternidade, lembrando Santo Inácio de Antioquia (séc I):

Melhor é calar-se e ser do que falar e não ser. Coisa boa é ensinar, se quem diz o pratica. Pois só um é o Mestre que disse e tudo foi feito, mas também, tudo quanto Ele fez em silêncio é digno do Pai”.

Renovemos a alegria da graça do Batismo, e também de sermos no mundo sinal da Luz que é o Cristo Senhor, anunciando e testemunhando Sua Palavra em todos os setores da vida e por todos os meios, vivendo em constante atitude de amor, diálogo, comunhão e serviço.

(1)  Lecionário Comentado – Editora Paulus – p.62 
PS: Oportuna para o dia 03 de janeiro quando se proclama a passagem do Evangelho (Jo 1,29-34)

“João Batista: a voz no tempo...”

                                                 

“João Batista: a voz no tempo...”

A Igreja celebra no dia 24 de junho a Festa do nascimento do último Profeta, uma voz que clamou no deserto.

É um acontecimento tão importante, que é o único Santo que a Igreja celebra o nascimento, uma vez que normalmente só é celebrada sua morte.

Voltar à reflexão do Bispo Santo Agostinho (ver post anterior) nesta Festa é inevitável, pois cada vez que a retomamos algo novo Deus faz renascer em nosso coração, nossa vida é iluminada, tamanha a sabedoria de suas palavras.

Deleitemo-nos com o paralelo que ele faz entre o nascimento do precursor e o nascimento do Salvador:

“João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna!”

Reflitamos:

- João, a voz no tempo, e nós?
- Qual a comunicação que fazemos do Verbo?

- Qual o testemunho profético que damos?
- Que história escrevemos?

- Por que e para que existimos?
- Que caminhos haveremos de preparar para que o Senhor possa vir glorioso, uma vez que já veio no tempo?

Tenhamos a graça de crescer 
em maior ardor e amor Verbo, 
na acolhida ao Espírito 
para maior temor do Deus Amor...  
Ó tão amável Trindade! Amém.

“João Batista, a voz no tempo; Cristo, a Palavra Eterna”

                                                                     

 “João Batista, a voz no tempo; Cristo, a Palavra Eterna”

Tenhamos, em todo tempo, a palavra certa na hora certa,
iluminados pela Palavra Eterna.

Para bem celebramos a natividade de São João Batista, acolhamos o Sermão do Bispo Santo Agostinho (séc. V).

“A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente.

Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: tal fato tem, sem dúvida, uma explicação. E se não a soubermos dar tão bem, como exige a importância desta solenidade, pelo menos meditemos nela mais frutuosa e profundamente.

João nasce de uma anciã estéril; Cristo nasce de uma jovem virgem. O pai de João não acredita que ele possa nascer e fica mudo; Maria acredita, e Cristo é concebido pela fé.

Eis o assunto que quisemos meditar e prometemos tratar. E se não formos capazes de perscrutar toda a profundeza de tão grande Mistério, por falta de aptidão ou de tempo, Aquele que fala dentro de vós, mesmo em nossa ausência, vos ensinará melhor.

N’Ele pensais com amor filial, a Ele recebestes no coração, d’Ele vos tornastes templos. João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos, o antigo e o novo.

O próprio Senhor o chama de limite quando diz: A Lei e os Profetas até João Batista (Lc 16,16). Ele representa o antigo e anuncia o novo. Porque representa o Antigo Testamento, nasce de pais idosos; porque anuncia o Novo Testamento, é declarado Profeta ainda estando nas entranhas da mãe.

Na verdade, antes mesmo de nascer, exultou de alegria no ventre materno, à chegada de Maria. Antes de nascer, já é designado; revela-se de quem seria o precursor, antes de ser visto por Ele.

Tudo isto são coisas divinas, que ultrapassam a limitação humana. Por fim, nasce. Recebe o nome e solta-se a língua do pai.

Relacionemos o acontecido com o simbolismo de todos estes fatos. Zacarias emudece e perde a voz até o nascimento de João, o precursor do Senhor; só então recupera a voz.

Que significa o silêncio de Zacarias? Não seria o sentido da profecia que, antes da pregação de Cristo, estava, de certo modo, velado, oculto, fechado? Mas com a vinda d’Aquele a quem elas se referiam, tudo se abre e torna-se claro.

O fato de Zacarias recuperar a voz no nascimento de João tem o mesmo significado que o rasgar-se o véu do templo, quando Cristo morreu na Cruz.

Se João se anunciasse a si mesmo, Zacarias não abriria a boca. Solta-se a língua, porque nasce aquele que é a voz. Com efeito, quando João já anunciava o Senhor, perguntaram-lhe:
Quem és tu? (Jo 1,19).

E ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto (Jo 1,23). João é a voz; o Senhor, porém, no princípio era a Palavra (Jo 1,1). João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna.”

João Batista tem o mérito de ser celebrado, tanto seu nascimento como seu martírio.

João foi uma voz no tempo. O tempo continua, e a missão de João, é agora a nossa missão: ser uma voz profética, acompanhada de ações, com postura ética cristã, num mundo que, muitas vezes, veladamente ou não, coloca-se com toda resistência à Palavra de Deus, ou mesmo a ignora, relativizando verdades que são irrenunciáveis.

Precisamos de pessoas como João Batista, que comuniquem ao mundo a Misericórdia de Deus, o apelo de conversão, a coerência, a prática da justiça, para que construamos um mundo novo, fortalecendo a relações fraternas.

Continuemos a missão de João Batista, preparando a vinda d’Aquele que veio, vem e virá, e conosco quer contar.

Ontem, João Batista precursor o foi. Hoje, somos continuadores de sua missão: anunciar o Sol Nascente, que é Jesus Cristo.

Bem cantou Zacarias em "Benedictus" - Cântico Evangélico:

"Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que a Seu povo visitou e libertou e fez surgir um poderoso Salvador na casa de Davi, Seu servidor, como falara pela boca de Seus Santos, os Profetas desde os tempos mais antigos...

Serás Profeta do Altíssimo, ó menino, pois irás andando à frente do Senhor para aplainar e preparar os Seus caminhos, anunciando ao Seu povo a salvação, que está na remissão de seus pecados, pelo amor do coração de nosso Deus, Sol

nascente que nos veio visitar, lá do alto como luz resplandecente, a iluminar a quantos jazem entre as trevas e na sombra da morte estão sentados e no caminho da paz guiar nossos passos"

Comuniquemos a Palavra, a única em todo o tempo: a Palavra que Se fez Carne. Ele, João, e nós, vozes que comunicam a força da Palavra que existiu desde sempre. Amém.

“Desde o seio materno, sois o meu amparo”

 


           “Desde o seio materno, sois o meu amparo”
 
Na Missa da Vigília da Solenidade de São João Batista, ouvimos as passagens bíblicas: Jr 1,4-10; Sl 70; 1 Pd 1,8-12; Lc 1,5-17.
 
Na passagem da primeira Leitura, refletimos sobre a vocação profética, à luz da vocação do profeta Jeremias.
 
A vocação profética é sempre iniciativa divina, e pressupõe duas liberdades:  a liberdade de quem chama, e a liberdade de quem responde.
 
As marcas de uma vocação profética:
 
-  Obediência no seguimento;
-  Disponibilidade na resposta;
-  Confiança na providência divina em todo o tempo;
- Certeza da assistência divina, sobretudo nos momentos mais difíceis.
 
Na passagem da segunda Leitura, o Apóstolo Pedro nos exorta a permanecermos firmes no discipulado e na graça da vocação profética, assistidos pelo Espírito Santo, fonte de alegria.
 
O discípulo, movido pela fé, na fidelidade ao Senhor, trilha o caminho da salvação:
 
- O ama sem tê-Lo visto;
- Crê sem tê-lo visto;
- Testemunha sem tê-Lo visto.
 
A passagem do Evangelho nos fala do nascimento de João Batista (Deus é misericórdia), por meio de Zacarias (Deus se lembrou) e Isabel (Deus é plenitude).
 
No diálogo do Arcanjo Gabriel com Zacarias é apresentada a missão de João:
 
- Será o precursor – caminhará à frente do Salvador;
- Será instrumento de conversão para muitos;
- Vai preparar o caminho do Salvador – Jesus Cristo.
 
João, de fato, será a voz no tempo, e Cristo a Palavra eterna, desde o princípio e para sempre, como nos falou Santo Agostinho: “João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna!”
 
Revestidos de Cristo, sejamos a voz do Bom Jesus em todo o tempo, sinais de esperança de um novo céu e uma nova terra, na vivência da fé viva e comprometida, e na prática da caridade ativa. Amém.
 
 

Para seguir o Senhor...

                                                         

Para seguir o Senhor...

Na Liturgia, da terça-feira da 12ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho (Mt 7,6.12-14), em que Jesus nos apresenta três exigências para o discipulado e uma vida cristã autêntica:

a)       prudência, que consiste no discernimento ao oferecer “coisas santas”, pois a Palavra de Deus exige ser acolhida por um coração aberto, disponível e generoso (como o coração de Abraão – Gn 13,2.5-18);

b)          caridade para com o próximo, como um amor que se dá sem limites, um amor que ama sem medida, sem a preocupação de retribuição – como vemos na lei de ouro que Jesus nos apresenta – “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também vós a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas” (Mt 7,12);

c)   firme decisão em prol do Evangelho d’Ele, Jesus Cristo, sofredor e perseguindo, não se refugiando em falsa segurança, com o esforço contínuo de passar pela porta estreita, que consiste nas renúncias cotidianas necessárias, para livremente segui-Lo até o fim.

Oremos:

“Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de Vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no Vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.


Fonte: Missal Cotidiano – Editora  Paulus - pp.937-938

Livrai-nos, Senhor, de toda forma de arrogância!

Livrai-nos, Senhor, de toda forma de arrogância!

Senhor, quantas vezes temos diante de nós a personificação de Senaquerib,
Já não mais um rei da Assíria, e nem tão distante de nós no tempo e no espaço.
Senaquerib é a mais pura expressão daqueles que confiam nas forças das armas,
Do poder que se impõe pela força, a custa do sangue dos inocentes.

É também a expressão de quantos se acreditam eternos, arrogantes,
Submersos em sua petulância, egoísmo, indiferença, mediocridade.
Expressão daqueles que riem de quem nas mãos de Deus se coloca com santa confiança;
Daqueles que humilham os pequenos, pisando-lhes a fina flor da esperança.

Ó Senhor, que não sejamos contaminados por este vírus indesejável
Que nos afasta de Vós, roubando-nos e perdendo o que de mais belo possamos possuir:
A semelhança convosco, como tão bem e maravilhosamente nos criastes, por Vossas mãos divinas.
E, neste vaso de barro que somos, Hóspede de nossa alma Vós quisestes ser.

Ó Senhor, que aprendamos com o piedoso Ezequias,
Em todos os momentos, naqueles aparentemente insuperáveis,
Diante de Vossa presença sempre nos colocar e nos dobrar,
O coração abrir para nossas angústias, que bem conheceis, oferecer.

Sei que inclinais os Vossos ouvidos a quem Vos suplica.
Sei que voltais o Vosso olhar para os que a Vós se curvam.
Sei que o Vosso Amor, entranhado em nossa alma,
Reorienta, conduz, sustenta, anima, fortalece...

Ó Senhor, vinde em nosso socorro, a Vós suplicamos.
Sois nosso Deus desde sempre, Autor de nossa história.
Bem sabemos que convosco somos mais que vencedores,
Porque assim cremos, e nos falou o amável Apóstolo.

Naquele dia, agistes ao lado e a favor de Ezequias que a Vós suplicou;
Exterminando centenas de milhares com Vosso braço poderoso.
Ajudai-nos em nossas batalhas cotidianas, Vos suplicamos,
E eternamente, louvores, agradecimentos multiplicaremos.

Livrai-nos, Senhor, da terrível e empobrecedora arrogância humana.
Manifestai em nossa fragilidade a Vossa incomparável força divina.
Que Vossos ouvidos, olhos e coração para nós sempre se voltem.
Inclinai, Senhor, a nós que tão somente a Vós nos dobramos.

Ó Deus, por meio do Vosso Amado Filho, é que Vos suplicamos,
Por Ele, Jesus, em quem dois abismos se tocam maviosamente:
A fragilidade humana e o poder divino, paradoxalmente,
Na mais perfeita comunhão com Vosso Santo Espírito. Amém!



PS: Fonte inspiradora: Leitura (2Reis 19,9-11.14-21.31-36) – Liturgia da Palavra da terça-feira da 12ª semana do Tempo Comum (ano par).

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