domingo, 11 de maio de 2025

A verdadeira comunicação

                                                                  

A verdadeira comunicação

Com Maria, aprendamos que a comunicação verdadeira
somente se alcança quando se promove o bem comum
 e se fortalece os vínculos da paz.

Um tema muito valioso, desde o princípio da humanidade: a comunicação de Deus com a humanidade e a comunicação entre nós.

Para tal, não podemos prescindir da ajuda daquela que é a Padroeira da Comunicação: Nossa Senhora, pois não houve na história quem melhor soubesse dialogar com Deus, aberta à Voz do Espírito, para acolher no ventre a Palavra, Jesus.

Deus, ao criar o mundo, quis estabelecer um diálogo com a criatura humana, obra de Suas mãos, Sua imagem e semelhança, mas o pecado de nossos pais foi o rompimento deste desejo divino.

Desde então, Deus jamais se cansou de nos procurar para reestabelecer a comunhão, concedendo-nos o Seu perdão, propiciando a reconciliação e o fortalecimento de um vínculo de amizade conosco. Amizade por Deus querida, para nós mais que imprescindível.

Enviando Seu Filho ao mundo, encarnando-Se, fazendo-Se Palavra, Deus veio pessoalmente estabelecer conosco relações de amor e bondade.

As linhas da História da Humanidade nunca mais poderão ser escritas sem presença e ação do Santo Espírito que nos foi enviado pelo Pai, em nome de Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado, como Ele mesmo o prometera.

Eis a missão da Igreja, anunciar a Boa Notícia de Jesus até o fim do mundo, até o fim dos tempos:

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Isto somente se torna possível porque “No dia de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, a Igreja é manifestada ao mundo. O dom do Espírito inaugura um tempo novo da ‘dispensação do Mistério’: o tempo da Igreja, durante o qual Cristo manifesta, torna presente e comunica Sua obra de Salvação pela Liturgia de Sua Igreja, ‘até que Ele venha’ 1Cor 11,26)” (CIC 1076).

Nunca tivemos tantas possibilidades de nos comunicarmos como neste tempo. A pós-modernidade multiplicou estes meios de forma impressionante, mas ainda não conseguimos utilizá-los para favorecer uma comunicação edificante, semeando apenas valores que construam uma nova sociedade, no respeito às culturas, às diferenças, à intimidade e liberdade, como nos fala o Catecismo da Igreja Católica (CIC 2492).

É preciso usar todos os meios de comunicação social para informar, favorecer o desenvolvimento dos povos, superar os distanciamentos sociais, promover o bem comum, fundados nos valores da verdade, liberdade, justiça e solidariedade, respeito e caridade; critérios que devem ser normativos no uso destes meios, que devem estar disponíveis a todos. 

Neste sentido, enfatizo meu compromisso deste espaço ser um instrumento de Evangelização, no anseio de que cada reflexão seja como que uma pedra no grande edifício espiritual da comunicação, uma obra inacabada e incansável.

Que sejamos sempre flexíveis para correções, aprimoramentos, para que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus seja anunciado com melhor qualidade, propiciando renovação de pensamentos e atitudes, e levando todos ao compromisso de um mundo mais justo e fraterno, e simultaneamente, e não pela ordem, uma Igreja mais viva e servidora do Reino.

Que Nossa Senhora da Comunicação, aquela que teve a mente e o coração abertos à ação do Espírito e se tornou a perfeita comunicadora do Pai, nos ajude neste desafio de sermos instrumentos para resplandecer a luminosidade da Palavra de Jesus, assim como ela fez incansavelmente, sobretudo naquela inesquecível visita à sua prima Isabel, quando ali se estabeleceu um dos mais belos diálogos e manifestação do Espírito, num clima radiante de alegria, doação, amor e serviço, ecoando num dos mais belos cantos da Sagrada Escritura: o Magnificat.

Com Maria, aprendamos que a comunicação verdadeira somente se alcança quando se promove o bem comum e se fortalece os vínculos da paz, e o diálogo com Aquele que é a Fonte de nossa vida, introduzindo-nos na mais perfeita comunhão de amor, a comunhão da Santíssima Trindade.

Escutemos a voz do Senhor

 


Escutemos a voz do Senhor

“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10,27)

 

Senhor, que nossos ouvidos sejam sempre atentos para escutar a Vossa voz, que nos convida a um encontro pessoal, renovado a cada instante.

Que eles estejam, em perfeita sintonia convosco, jamais se fechando aos clamores que sobem aos céus, suplicando amor e solidariedade.

Que eles se fechem às tantas vozes e cantos das sereias que nos afastam de Vós e de Vosso Plano de Amor, para que não caiamos na tentação do abismo, individualismo, intimismo e autossuficiência. Amém.

 

Não estamos sós, o Bom Pastor cuida de nós com amor (IVDTPC)

                                                       

Não estamos sós, o Bom Pastor cuida de nós com amor

Com a Liturgia do 4º Domingo da Páscoa, celebramos o Domingo do Bom Pastor (Ano C), que é Jesus Cristo, como nos é apresentado no Evangelho.

Na primeira Leitura (At 13,14.43-52), refletimos sobre a missão realizada pelo Apóstolo Paulo, que é conduzido pelo Espírito Santo.

Também somos chamados a discernir sobre as atitudes que devemos ter diante da missão, que podem ser de dois modos: orgulho, autossuficiência e fechamento ou o “embarque na aventura do seguimento de Cristo”. Autossuficiência ou a atenção à voz do Senhor que nos fala pelos Apóstolos?

A mensagem é clara e objetiva: a Salvação que Jesus oferece se destina a todos os povos, e deve ser acolhida com alegria, simplicidade e entusiasmo. Não podemos viver uma religião acomodada e sem maiores compromissos com o Reino.

É preciso abrir-se sempre à Boa Nova de Jesus, desinstalar-se para melhor segui-Lo, trilhando o caminho da cruz, com possibilidade de perseguição, num percurso feito com muito amor, doação e entrega. A Vida Nova que o Ressuscitado nos oferece exige contínua conversão e jamais acomodação.

A segunda Leitura (Ap 7,9.14b-17) nos apresenta a meta final do rebanho que segue o Ressuscitado, o Cristo Bom Pastor: a vida total e uma felicidade sem fim.

Em comunhão com os que nos antecederam, vivemos a grande comunhão fazendo nascer a comunidade escatológica, que consiste da comunidade dos libertados, dos que estarão para sempre em comunhão com Deus, gozando em plenitude a vida definitiva.

Com a passagem do Evangelho de João (Jo 10,27-30), refletimos sobre os sentimentos do ser humano, como cansaço, sofrimento e incertezas, que não ficam sem a resposta e o cuidado do Bom Pastor, e por Ele, somos reconciliados, carregados em Seus ombros.

No rebanho de Jesus precisamos aprofundar nossa intimidade com Ele, escutando a Sua voz, de modo que ela entre em nossos ouvidos através de Sua Palavra proclamada pela Igreja, trespassando o mais profundo de nós, atingindo o nosso coração. Assim eleva-se a nossa alma para ecoarmos Sua Palavra no mundo.

Devemos acolher com entusiasmo, com grande alegria, a graça de pertencer a este rebanho que tem o próprio Deus, em Jesus Cristo, como o Bom Pastor, como já anunciara os Profetas, e de modo especial o Profeta Ezequiel (Ez 34).

Não estamos sós, nem na vida e sequer na morte, o Bom Pastor nos conduz a verdes pastagens, para águas cristalinas...

Reflitamos:

- Somos atentos e reconhecemos a voz do Cristo Bom Pastor ou nos deixamos desviar por vozes e cantos das sereias que nos seduzem e nos afastam de Deus e da vida que Ele tem a nos oferecer?

-  De que modo somos sinais do Bom Pastor em nossa comunidade?
-  Quais os traços do Bom Pastor presentes em mim para que eu seja sinal d’Ele para quantos precisam? Atuo numa pastoral ou serviço da comunidade?

  A exemplo do Bom Pastor, tenho uma vida de amor, doação total e serviço para que haja vida em plenitude?
-  Ainda há muitas ovelhas fora do aprisco, o que fazer para trazê-las para junto do Senhor?

-  O que fazer para trazer de volta as que se extraviaram?
- O rebanho tem faces: crianças, juventude, idosos, casais, enfermos, dependentes químicos etc. Como instrumentos e sinais do Cristo Bom Pastor, o que fazemos de concreto em favor destes?

-  O que já fazemos e poderemos fazer por amor ao Bom Pastor ao Seu rebanho?

Renovemos neste Domingo a alegria de pertencermos ao rebanho do Senhor. Alegria renovada nos leva, necessariamente, ao desejo de viver a missão, de ir ao encontro da ovelha desgarrada, sofrida, abatida, que precisa de nossa acolhida e amor.

Há um mundo sedento da Palavra de Deus. É preciso de alguém que a anuncie: Como crerão se não ouviram? E como poderão ouvir, se não houver quem anuncie?” (Rm 10,14)

Que o Domingo do Bom Pastor seja para nós momento propício de recolhimento e transbordamento da alegria de sabermos que o Bom Pastor, o Divino pastor, o Amantíssimo Pastor do Pai, por meio de Sua Igreja, tem uma Palavra de vida, de amor, de luz, de coragem e de sabedoria a nos dizer.

Famintos da Palavra, sedentos de vida, assim é o rebanho do Senhor.

Ser Mãe...

                                                     

Ser Mãe...

Ser mãe
É receber o dom divino de conhecer os sentimentos dos filhos,
Ainda que palavra alguma digamos, e de seu olhar desviemos.

Ser Mãe
É graça, vocação, a divina missão que começa desde o ventre,
De plantar a Palavra de Deus no coração dos que nela gestados.

Ser Mãe
É, como jardineira do Criador, ensinar os filhos,
Também da criação cuidar com mesmo amor.

Ser mãe
É ajudar o cultivo da fé, virtude divina,
Que se alia à virtude da caridade, que jamais passará.

Ser mãe
É cantar a esperança que não decepciona,
Acreditando na misericórdia divina que nos renova.

Ser mãe
É aprender com a Mãe de todas as mães, Maria,
O canto da alegria na terra cantar, como o mais belo canto que ouvimos para ninar.

Ser Mãe
É cantar no céu e na terra, com os Anjos e Santos e
Com Maria, a Mãe de todas as Mães, um canto que invada a alma e leve a paz. 

Mãe, o Senhor esteja contigo (súplica)

                                                         

Mãe, o Senhor esteja contigo

Senhor, concedei às nossas mães a graça de ver tudo cristãmente, com Vossos olhos: um olhar de ternura, bondade, misericórdia, esperança, reencantamento pela vida, que se manifesta na compaixão e solidariedade para com aqueles que se sentem encurvados pelo fardo do cotidiano. Vós tendes o fardo leve e jugo suave, e por isto nos dissestes: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados...” (Mt 11,28-30).

Senhor, concedei às nossas mães sabedoria para cuidar do sentido do paladar, cultivando o bom gosto, e saboreando as delícias que nos ofereceis todos os dias, de modo especialíssimo e supremo, o Pão da Eucaristia, e o Vinho Novo de Eternidade. Que elas sejam aprendizes da alegria e o compromisso de comunicar, de modo especial aos filhos, uma Palavra de Luz e Vida; iluminando-os na travessia até o encontro convosco na outra margem da eternidade.

Senhor, concedei às nossas mães ouvidos sempre atentos para escutar Vossa voz, que convida a um encontro pessoal que se renova a cada instante. Que seus ouvidos, em perfeita sintonia convosco, jamais se fechem aos clamores que sobem aos céus suplicando amor e solidariedade, e que se fechem às tantas vozes e cantos que as afastam de Vós e de Vosso Plano de Amor, para não incorrerem em individualismo, intimismo e autossuficiência.

Senhor, concedei às nossas mães o olfato, para que com prudência e discernimento se afastem de tudo aquilo que não cheire bem, porque acompanhado do odor que o pecado exala no mais profundo da alma e coração. Que saibam sentir o odor do Vosso Amor em permanente presença, e que assim também possam exalar Vosso suave aroma pelo mundo, por todos os lugares que passem; a todas as pessoas com quem convivem.

Senhor, concedei à nossas mães o sentido do tato para que tenham a sensibilidade para se deixarem tocar por Vossa presença, envolvidas em terno abraço, com a coragem de tocar nas feridas de tantos quantos precisarem, suplicando um pouco de carinho e atenção, estabelecendo uma relação de amor e respeito, edificação e santificação.

Senhor, concedei às nossas mães aguçar a inteligência para que, como os pobres e simples, se abram à Vossa sabedoria a eles revelada, e, assim como eles, também ouçam de Vossos lábios louvores a Deus – Eu Te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, por que escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25).

Enfim, Senhor, que a vontade de nossas mães seja sempre a Vossa vontade, somente assim, felizes serão, pois sem Vós nada tem, nada podem e nada são, e tão somente assim, não apenas rezarão a Oração que nos ensinastes, mas viverão o mais belo Projeto de Amor, porque Projeto Divino a ser realizado pela frágil humanidade, pelos dons do Espírito enriquecidas: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Temor e Piedade. Amém!

Seremos Sinais do Bom Pastor! (IVDTP)

                                                          

Seremos Sinais do Bom Pastor!

Conflitos, abuso de autoridade, exercício arbitrário do poder...
Existências espezinhadas, vidas sacrificadas, cruelmente devoradas...


Contemplemos a figura do Bom Pastor – Cristo Jesus:
Vida pela vida doada, para que a dignidade humana fosse elevada.
Bom Pastor - Jesus: imagem por tantos, tão conhecida.
Contemplada em Sua profundidade inexaurível,
Levar-nos-á a questionamentos inevitáveis,
Imitando-O, a esperança de algo novo é possível.
          
Bispos e Padres serão sinais do Cristo Bom Pastor:
Quando colocarem suas mãos na Mão de Quem os consagrou.
Quando colocarem seus olhos em Quem os iluminou.
Quando colocarem seu coração no Coração que largamente os amou.
Quando tiverem pés cansados porque no caminho Deus os enviou.

Enamorados por Cristo: Homens da Palavra e do Pão.
Arautos da Páscoa: Morte – Ressurreição.
Ao clamor dos pequeninos procuram dar uma resposta,
Pois sabem que solidariedade vivida é caminho de salvação.

Quando carregarem no coração a Paixão pelo Reino,
Para carregarem a cruz com fidelidade e alegria.
Serão sinal para toda a comunidade, que jamais se decepciona.
Quem se nutre do Pão da Eucaristia e em Deus confia.

Agentes de Pastoral serão sinais do Cristo Bom Pastor:

Quando não deixarem o medo do coração tomar conta,
Se a chama do primeiro amor for renovada.
Coragem, confiança, alegria, esperança, fidelidade...
No mais profundo da alma, entranhadas...

Quando da Pastoral não se apropriarem.
Fizerem dela serviço humilde e silencioso,
A exemplo de Maria: serva alegre e disponível.
Fragilidade humana na mão do Todo Poderoso.

Pais e Mães serão sinais do Cristo Bom Pastor:
Quando na alegre acolhida, no diálogo e educação,
Ao lado de seus filhos com ternura se colocarem,
Assegurando crescimento em tamanho, graça e sabedoria,
Para além de todo resultado, sem jamais se cansarem...

Quando não adiarem a oração com seus filhos,
Palavra de Deus na mão, lida, meditada, partilhada...
Família na fé solidificada, espaço do aprendizado do amor;
Intimidade divina por todos vivenciada.

Autoridades e políticos serão sinais do Cristo Bom Pastor:
Quando fizerem da política melhor um gesto sublime de amor:
Promoção do bem comum será princípio de ação.
Vocacionados para a política à corrupção não se curvarão,
Pois não haverá espaço para mazelas, privilégios e corrupção.

Quando para além de credos religiosos e ideológicos,
Reconhecerem a dignidade humana em cada existência.
Quando ao elaborarem Leis e projetos, decretos e medidas,
Não sejam olvidadas a ética, justiça e coerência.

O “canto da sereia não nos seduzirá”
Seremos ovelhas do rebanho do Senhor.
Pois uma só voz em nossos ouvidos ressoará...

Para que sejamos sinais do Cristo Bom Pastor! 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho! (IVDTPC)

                                                                         


Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho! 

         “Eu sou o Bom Pastor; conheço minhas ovelhas

e as minhas ovelhas me conhecem” (Jo 10,14) 

 

Sejamos enriquecidos à luz da reflexão escrita pelo Papa São Gregório Magno (séc. VI) sobre Jesus Cristo, o Bom Pastor.

 

“Eu sou o Bom Pastor. Conheço minhas ovelhas, isto é, Eu as amo, e minhas ovelhas me conhecem (Jo 10,14). 

É como se quisesse dizer francamente: Elas correspondem ao Amor d'Aquele que as ama. Quem não ama a verdade, é porque ainda não conhece perfeitamente. 

Depois de terdes ouvido, irmãos caríssimos, qual é o perigo que corremos, considerai também, por estas palavras do Senhor, o perigo que vós também correis. 

Vede se sois Suas ovelhas, vede se O conheceis, vede se conheceis a luz da verdade. Se O conheceis, quero dizer, não só pelo que credes, mas também pelas obras. 

O mesmo evangelista João de quem são estas palavras, afirma ainda: ‘Quem diz: Eu conheço Deus, mas não guarda Seus Mandamentos é mentiroso’ (1Jo 2,4). 

Por isso, nesta passagem do Evangelho, o Senhor acrescenta imediatamente:

‘Assim como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai e dou minha vida por minhas ovelhas’ (Jo 10,15). 

Como se dissesse explicitamente: a prova de que Eu conheço o Pai e sou por Ele conhecido, é que dou minha vida por minhas ovelhas; por outras palavras, este amor que me leva a morrer por minhas ovelhas, mostra o quanto Eu amo o Pai. 

Continuando a falar de Suas ovelhas, diz ainda: Minhas ovelhas escutam a minha voz, Eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna (Jo 10,27-28). 

É a respeito delas que fala um pouco acima: Quem entrar por mim será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10,9). 

Entrará, efetivamente, abrindo-se à fé, sairá passando da fé à visão e à contemplação, e encontrará pastagem no banquete eterno. 

Suas ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que O segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. 

Quais são afinal as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? 

Sim, o Alimento dos eleitos é o rosto de Deus sempre presente. Ao contemplá-Lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida. 

Procuremos, portanto, irmãos caríssimos, alcançar estas pastagens, onde nos alegraremos na companhia dos cidadãos do céu. Que a própria alegria dos bem-aventurados nos estimule. 

Corações ao alto, meus irmãos! Que a nossa fé se afervore nas verdades em que acreditamos; inflame-se o nosso desejo pelas coisas do céu. Amar assim já é pôr-se a caminho. 

Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, pretende chegar a um determinado lugar, não há obstáculo algum no caminho que o faça desistir de chegar aonde deseja. 

Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem, se esquece de continuar sua viagem até o fim”. (1)

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Não ouçamos outras vozes que nos desviem da verdadeira felicidade, pois somente Ele é a porta da verdadeira realização de nossos sonhos e projetos, fonte da plenitude de alegria que celebramos na Páscoa, um Mistério de transbordamento de alegria. 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Não nos separemos do rebanho d’Ele, porque a Ele pertencemos, e não haverá ninguém e nada que possa nos fazer encontrar saciedade para nossa sede e fome de amor, vida e paz. 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Como família, multiplicando todo esforço necessário para santificá-la e edificá-la na solidez da Palavra ouvida e vivida, Lei maior do Amor, que por todos deve ser acolhida, pois o Mandamento do Amor, a Lei Divina vivida é a plenitude da caridade. 

Que a família seja uma escola de eternidade, onde se aprende a viver na terra o que esperamos encontrar nos céus: diálogo, comunhão, alegria, verdade, liberdade, sinceridade, transparência, luz, vigor de quem aprendeu na concretude das relações, o vigor e a saúde que brotam do perdão, da reconciliação. 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Fortalecendo nossos laços fraternos na comunidade, revigorando-nos na Mesa da Eucaristia, com mais sólidos e sinceros compromissos pastorais na participação da construção do Reino. 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho!

Não há outro caminho. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Ele é o Bom Pastor! A porta que se abre para nos introduzir nos céus, em verdes pastagens... Quem nelas não quer passear? Quem das Águas Cristalinas não quer beber? Quem do Banquete da Eternidade não quer se saciar? 

Inflamemos o nosso desejo pelas coisas do céu. 

Renovemos a alegria de pertencermos ao rebanho do Senhor. 

Coloquemo-nos diante da ternura, da acolhida, do amor, da voz do Bom Pastor, que nos interpela a novas atitudes, novos compromissos, imitando-O nos mais diversos pastoreios que Deus nos confia, tanto dentro como fora da Igreja: 

Na fidelidade ao Cristo Bom Pastor,
Sejamos conduzidos às verdes pastagens:
Da vida em abundância, da paz, do amor, da alegria,
Na fidelidade no carregar da Cruz a cada dia!

 
Seja inflamado nosso desejo pelas coisas do céu,
Procurando torná-las visíveis, possíveis aqui na terra...
Tão somente assim, o paraíso não será saudade de algo perdido,
Mas, de fato, um projeto, uma meta, um sonho a ser construído! 

Amemos Cristo, o Bom Pastor, ponhamo-nos a caminho, sem demora!  

 

 

(1) Liturgia das Horas – Volume Quaresma/Páscoa – Volume II - pág. 679-680  

 


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