quinta-feira, 24 de abril de 2025

Pelo Batismo, novas criaturas em Cristo

                                                             

Pelo Batismo, novas criaturas em Cristo

À luz do Sermão do Bispo e Doutor Santo Agostinho  (Séc.V), reflitamos sobre a graça do Batismo que nos faz novas criaturas em Cristo.

Por causa do Batismo recebido, rendemos graças Deus por nos ter feito:

- filhos recém-nascidos,
- pequeninos em Cristo,  

- nova prole da Igreja,
- graça do Pai,

- fecundidade da Mãe,
- germe santo,

- multidão renovada,
- flor de nossa honra,

- fruto do trabalho de quem administrou o Batismo,
- coroa e alegria permanecendo firmes na graça recebida.

De fato, ser batizado é ser revestido do Senhor Jesus Cristo e não se poderá dar atenção à carne e à satisfação de suas paixões (Rm 13,14), e o que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos somos um só, em Jesus Cristo (Gl 3,27-28).

Experimentar a força do Sacramento que é sacramento da vida nova que começa no tempo presente pela remissão de todos os pecados passados, e atingirá sua plenitude na ressurreição dos mortos, pois pelo Batismo, em Sua morte, fomos sepultados com Cristo, para que, como Cristo Ressuscitado dos mortos, assim também levemos uma vida nova (cf. Rm 6,4).

Viver o Batismo é caminhar, vivendo neste corpo mortal como peregrinos longe do Senhor.

No entanto, este caminho é seguro, pois é o próprio Jesus Cristo, que Se fez homem por amor de nós, de modo que, crendo e vivendo com o Ressuscitado, devemos nos esforçar por alcançar as coisas do alto, onde Ele Se encontra, sentado à direita de Deus.

Aspiraremos, sem demora e incansavelmente, as coisas celestes e não às coisas terrestres, pois morremos com Ele, e a nossa vida n’Ele encontra-se escondida, com  Cristo, em Deus.

E assim, peregrinando, quando Cristo, nossa vida, aparecer em Seu triunfo, então, apareceremos com Ele, revestidos de glória (Gl 3,1-4).

Oremos:

“Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu vida nova, e o Sangue que nos remiu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

“Fica conosco, Senhor, durante a noite”

                                                         

“Fica conosco, Senhor, durante a noite”

Este Hino pode nos acompanhar na Oração da Noite, ao colocarmos o dia vivido nas mãos de Deus, e pedirmos forças para um novo dia.

Supliquemos ao Senhor que fique conosco, e com quanto queiramos, durante a noite, para que, ao amanhecer, sintamos a Sua presença, como o foi naquela madrugada da Ressurreição.

Confiemos na presença do Senhor, ao viver a “noite escura” da alma, alcançando a luminosidade desejada, saciados com a doce presença do Amado, Aquele que desejamos, procuramos, e amando O encontramos, e uma vez encontrado O amemos sempre, como expressou Santo Anselmo.

Oremos: 

“Fica conosco, Senhor, durante a noite.

De noite descia a escada misteriosa,
Junto da pedra onde Jacó dormia.

De noite celebravas a Páscoa com Teu povo,
Enquanto, nas trevas, caíam os inimigos.

De noite ouviu Samuel três vezes o seu nome
E em sonhos falavas aos santos Patriarcas.

De noite, num presépio, nasceste, Verbo eterno,
E os Anjos e uma estrela anunciaram a Tua presença.

À noite celebraste a primeira Eucaristia
No meio dos Teus amigos na última Ceia.

De noite agonizaste no Jardim das Oliveiras
E recebeste o beijo frio da traição.

A noite guardou o teu Corpo no sepulcro
E viu a glória da Tua Ressurreição”.

Amém. Aleluia! Aleluia!

Páscoa: transbordemos de alegria!

                                                          

Páscoa: transbordemos de alegria!

“Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32)

Reflexão à luz da passagem dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35); um itinerário para aquele que quer descobrir a presença do Ressuscitado.

Descobrir o Senhor que conosco Se põe a caminho, para podermos confessá-Lo com palavras e obras, não nos curvando diante das problemáticas e dificuldades existenciais, com suas contradições, contrariedades.

Aquele que crê é sempre chamado a sair de si para o encontro com o Absoluto, Deus, que Ressuscitou e nos dirige Sua Palavra e nos comunica Sua amável presença, reconhecida no partir do Pão, em cada Banquete Eucarístico que participamos.

Como todo itinerário, temos etapas a serem vivenciadas em contínuo movimento:

Repensar as experiências passadas, procurando reler os fatos, percebendo a presença de Deus em Sua aparente ausência. O que aparentemente se nos apresenta como derrota, pode se transformar em vitória; o caos que parece eterno pode ser iluminado com o esplendor da luz do Ressuscitado. Às possíveis situações em que não aparecem perspectivas, com asfixia eminente, aparece de repente uma fresta por onde o ar entra e nos revitaliza.

Pôr-se em atenta escuta da Palavra do Senhor, sobretudo em vida comunitária. A comunidade cristã há que ser sempre o espaço privilegiado da escuta da Palavra do Senhor, que está sempre pronto a iluminar nossa vida, de modo que nossos horizontes se alarguem em conformidade com os desígnios divinos, superando quaisquer resquícios de individualismos e acomodações indesejáveis, com matizes de fechamentos e empobrecimentos, dor, sofrimento, luto e morte sem perspectivas de Ressurreição.

- E, assim, nesta escuta atenta, deixar ressoar a força da Palavra do Ressuscitado e deixar Sua chama ardente fazer arder nossos corações (como aconteceu aos discípulos de Emaús). O Encontro entre a Palavra e a vida torna-se fecundo, neste aquecimento desejável, porque nos ajuda a avaliar, rever, reorientar o caminho com novas perspectivas. Sem voltar para Emaús, mas voltar para Jerusalém, lugar do conflito, dos desafios, da continuidade, do não desistir do corajoso anúncio e testemunho do Ressuscitado – Emaús ou Jerusalém, qual é a nossa escolha?

- Desta escuta, vem um passo fundamental: a Oração – “Fica conosco Senhor”. É bom estar com o Senhor, permitir que Ele faça morada conosco e em nós. Como é bom estar do lado do Amado! Bem disse Pedro: “Só Tu tens Palavras de vida eterna” (cf. Jo 6,68), e por isto o discípulo amado chegou primeiro ao túmulo para ver e acreditar na presença nova do Ressuscitado, que caminha com a comunidade (cf. Jo 20,1-9).

- Chega-se ao momento ápice: o partir do Pão e o reconhecimento do Senhor Jesus, Ressuscitado, fazendo o mesmo gesto que tantas vezes fizera com eles. Uma anamnese maravilhosa “Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”, e como falamos na Missa, quando partimos o Pão: “Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós..."

A escuta da Palavra, a partilha do Pão preanunciam a Eucaristia (com as Mesas da Palavra e da Eucaristia), remetendo-nos ao cotidiano, multiplicando gestos de amor, comunhão, partilha, compromisso e solidariedade.

A comunidade que ouve a Palavra e celebra a Eucaristia é agora aquela que continuará a Missão do Ressuscitado. Isto deve fazer transbordar nosso coração de alegria. 

Continuar a missão do Ressuscitado, que mais Deus poderia nos confiar?

Renovemos em cada Banquete Eucarístico esta graça. Ele Se faz presente na comunidade, na Palavra proclamada, ouvida, acolhida, acreditada e vivida.

Ele Se faz presente na comunidade quando o Pão é partilhado no Altar, levando-nos também à partilha do pão cotidiano com os que mais precisam.

De Banquete em Banquete caminhamos para o Encontro do Banquete Eterno quando O veremos face a face.

Que a Páscoa seja de fato o nos sentirmos uma nova criatura, buscando as coisas do alto (cf. Cl 3,1-4).

Ouvidos que a Palavra acolhem, coração que arde,
olhos que se abrem, mãos que também assim o fazem,
pés que se põem a caminho para o alegre anúncio
e testemunho do Ressuscitado.
Com Ele morramos, com Ele ressuscitemos. 
Aleluia! Aleluia!

Rezando com os Salmos - Salmo 32 (33)

 


“O Senhor é o nosso auxílio e proteção”

“–1 Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
Aos retos fica bem glorificá-Lo.

–2 Dai graças ao Senhor ao som da harpa,
na lira de dez cordas celebrai-o!
–3 Cantai para o Senhor um canto novo,
com arte sustentai a louvação!

–4 Pois reta é a Palavra do Senhor,
e tudo o que Ele faz merece fé.
–5 Deus ama o direito e a justiça,
transborda em toda a terra a Sua graça.

–6 A Palavra do Senhor criou os céus,
e o sopro de seus lábios, as estrelas.
–7 Como num odre junta as águas do oceano,
e mantém no seu limite as grandes águas.

–8 Adore ao Senhor a terra inteira,
e o respeitem os que habitam o universo!
–9 Ele falou e toda a terra foi criada,
Ele ordenou e as coisas todas existiram.

–10 O Senhor desfaz os planos das nações
e os projetos que os povos se propõem.
=11 Mas os desígnios do Senhor são para sempre,
e os pensamentos que Ele traz no coração,
de geração em geração, vão perdurar.

–12 Feliz o povo cujo Deus é o Senhor,
e a nação que escolheu por sua herança!
–13 Dos altos céus o Senhor olha e observa;
Ele se inclina para olhar todos os homens.

–14 Ele contempla do lugar onde reside
e vê a todos os que habitam sobre a terra.
–15 Ele formou o coração de cada um
e por todos os seus atos se interessa.

–16 Um rei não vence pela força do exército,
nem o guerreiro escapará por seu vigor.
–17 Não são cavalos que garantem a vitória;
ninguém se salvará por sua força.

–18 Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem,
e que confiam esperando em seu amor,
–19 para da morte libertar as suas vidas
e alimentá-los quando é tempo de penúria.

–20 No Senhor nós esperamos confiantes,
porque Ele é nosso auxílio e proteção!
–21 Por isso o nosso coração se alegra n’Ele,
seu Santo nome é nossa única esperança.

–22 Sobre nós venha, Senhor, a Vossa graça,
da mesma forma que em Vós nós esperamos!”

Rezando o Salmo 32(33), um hino à providência de Deus, renovamos nossa confiança no Senhor, que é nosso auxílio e nossa proteção, porque por Ele todas as coisas foram feitas (cf. Jo 1,3):

“Aquele que fez os céus dizendo uma só palavra está presente na História com Sua Providência. Nossas forças não são um valor absoluto; é no Deus-Amor que colocamos nossa esperança.” (1)

Peregrinos da esperança somos, e precisamos contar com o auxílio e proteção do Deus-Amor, que jamais nos abandona, e nos assiste em todos os momentos, favoráveis ou adversos. Amém.

 

Em poucas palavras...

                                            


“O milagre de Pedro...”

“O milagre de Pedro não é mais que ‘outro’ milagre de Jesus. Basta compará-lo com os milagres que Cristo opera no Evangelho.

Na Igreja os sinais extraordinários da salvação, e suscita ainda no homem, salvação, maravilha, estupor.”  (1)

 

(1) Comentário da passagem dos Atos dos Apóstolos ( At 3,1-10) - Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 341

A Palavra do Senhor realiza maravilhas

                                                              


A Palavra do Senhor realiza maravilhas

Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou:
em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” 
(At 3,6).

Na passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 3,1-10), Pedro e João curam um coxo de nascença sentado à porta do tempo, chamada Formosa.

A cura é realizada, com as palavras dita pelos apóstolos:  “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”  (At 3,6).

Vemos que nosso testemunho da Ressurreição não pode ficar restrito às palavras, que  anunciam e narram a ação de Deus apenas, como vemos nesta cura realizada.

As palavras são acompanhadas de gestos e de ações, para que se torne visível o poder do Ressuscitado, capaz de transformar a vida de todas as pessoas e a vida totalmente.

Crer na Palavra do Ressuscitado e ajudar outros a esperar, a reencontrar o gosto da vida e das relações autênticas, a fim de que se abram ao louvor de Deus.

Crer na palavra do Ressuscitado  é testemunhar com gestos, ainda que simples, mas com total eficácia que, na verdade, Jesus Cristo está Ressuscitado e é o Autor e Senhor da Vida.

Crer na Palavra do Ressuscitado, e se tornar instrumento da ação divina em favor, de modo especial, dos que mais precisarem de nós, como sinais visíveis de Sua misericórdia.

Oremos: 

Exulte sempre o vosso Povo, Senhor, com a renovada juventude da alma, de modo que, alegrando-se agora por se ver restituído a glória da adoção divina, aguarde o dia da Ressurreição na esperança da felicidade eterna”.

Amém. Aleluia! Aleluia!

Rezando com os Salmos - Salmo 31 (32)

 


O perdão divino é fonte de felicidade

“–1 Feliz o homem que foi perdoado
e cuja falta já foi encoberta!
=2 Feliz o homem a quem o Senhor
não olha mais como sendo culpado,
e em cuja alma não há falsidade!

=3 Enquanto eu silenciei meu pecado,
dentro de mim definhavam meus ossos
e eu gemia por dias inteiros,

–4 porque sentia pesar sobre mim
a vossa mão, ó Senhor, noite e dia;
– e minhas forças estavam fugindo,
tal como a seiva da planta no estio.

–5 Eu confessei, afinal, meu pecado,
e minha falta vos fiz conhecer.
– Disse: 'Eu irei confessar meu pecado!'
E perdoastes, Senhor, minha falta.

–6 Todo fiel pode, assim, invocar-Vos,
durante o tempo da angústia e aflição,
– porque, ainda que irrompam as águas,
não poderão atingi-lo jamais.

–7 Sois para mim proteção e refúgio;
na minha angústia me haveis de salvar,
– e envolvereis a minha alma no gozo
da salvação que me vem só de Vós.

=8 'Vou instruir-te e te dar um conselho;
vou te dar um conselho a seguir,
e sobre ti pousarei os meus olhos:

=9 Não queiras ser semelhante ao cavalo,
ou ao jumento, animais sem razão;
eles precisam de freio e cabresto
– para domar e amansar seus impulsos,
pois de outro modo não chegam a ti'.

=10 Muito sofrer é a parte dos ímpios;
mas quem confia em Deus, o Senhor,
é envolvido por graça e perdão.

=11 Regozijai-vos, ó justos, em Deus,
e no Senhor exultai de alegria!
Corações retos, cantai jubilosos!”

Com o Salmo 31(32) de coração contrito e humilhado elevemos a Deus nossa súplica de perdão, e alcançados pela misericórdia divina, acolhamos o perdão que nos renova, refaz nossas forças, alarga os horizontes de um novo dia, e finalmente nossos pés são firmados.

De fato “Feliz o homem que foi perdoado!” E Davi  declara feliz o homem a quem Deus credita a justiça independentemente das obras (Rm 4,6):

“O pecador não encontra a felicidade enquanto não reconhece o próprio erro e entra num processo de conversão. Mas se o fizer, abre as portas ao perdão divino, que vem acompanhado de uma alegria profunda.” (1)

Como peregrinos da esperança, é sempre oportuno e necessário, que reconheçamos nossos pecados e os confessemos diante de Deus, sobretudo no Sacramento da Penitência, seja no Tempo da Quaresma, Tempo do Advento, ou em qualquer outro tempo.


(1) Comentário da Bíblia Sagrada - Edições CNBB - pág. 751

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