quarta-feira, 23 de abril de 2025

Santo Expedito: Mártir do Senhor

      
   
Santo Expedito: Mártir do Senhor 

Santo Expedito, cuja Memória celebramos no dia 19 de abril, antes de sua conversão (final do séc. III), tinha vida devassa. Era comandante-chefe da XII Legião Romana, aquartelada na Cidade de Militene. 

Quando estava para se converter, apareceu-lhe um espírito mal, na forma de um corvo, grasnando crás que em latim significa “amanhã”, mas esse grande Santo pisoteou o corvo, bradando “Hodie”, que significa “hoje”, confirmando sua urgente conversão. 

Por isto, em uma das mãos, sustenta uma palma e uma cruz, que ostenta em letras visíveis  “Hodie”, em referência ao episódio do espírito do mal, que surgiu para adiar sua conversão; e calca com o pé, vitorioso, um corvo que se consome. 

As imagens de Santo Expedito o apresentam com traje legionário, vestido com túnica curta e de manto jogado militarmente atrás de espáduas com postura marcial. Cristão convertido, foi vítima, assim como toda a sua tropa, da ira do Imperador Diocleciano. 

A importância de seu posto fazia dele um alvo especial do ódio do imperador. Foi flagelado até sangrar e depois decapitado pela espada. 

Recorre-se a Santo Expedito, as pessoas com problemas urgentes e de difícil solução; e também é considerado protetor dos militares, estudantes, jovens e viajantes. 

Aprendemos com ele, que a conversão é cotidiana, e não programada para um amanhã. 

Todos precisamos de conversão e ela tem que ser hoje! 

Urge o empenho para que vivamos a vida nova dos filhos e filhas de Deus. 

Imitemos sua coragem, coerência no testemunho da fé até as últimas consequências, ainda que não tenhamos que chegar ao ato extremo do martírio a que foi submetido.  

Oremos:

“Ó Deus Pai, com os Anjos, Santos e Santas e com toda a Igreja,
Eu Vos louvo e bendigo pelo Seu amor
E pelas maravilhas que realizais.
 
Eu Te peço:
que pela força do testemunho
de fé de Santo Expedito
eu não caia na tentação de deixar a
minha conversão para amanhã,
 
Mas que eu seja perseverante na fé, hoje e sempre,
Em todas as circunstâncias e em todo o lugar.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo..." Amém!

O Senhor caminha conosco! Aleluia!

                                                                    

O Senhor caminha conosco! Aleluia!

Que a Boa Nova da Ressurreição de Jesus
seja nossa força na missão: A Ressurreição
de Jesus se descobre caminhando.

Uma reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,13-35), sobre a caminhada dos discípulos de Emaús.

Urge que descubramos Cristo vivo, que Se manifesta caminhando com os discípulos e com a humanidade.

Com Sua Palavra, medo, mágoas, tristezas, desânimo são superados, dando lugar à coragem, ao perdão, à alegria, à esperança.

Assim como Sua voz fez arder o coração dos discípulos de Emaús, enquanto lhes falava das Escrituras, também o nosso em cada Eucaristia que participamos e a Palavra de Deus ouvimos.

Do mesmo modo, nossos olhos se abrem ao partir e repartir o Pão, Corpo e Sangue do Senhor, como também o fez com os discípulos, ficando com eles naquele entardecer inesquecível, assim faz conosco em cada Banquete Eucarístico que participamos.

Contemplemos a presença de Cristo Vivo, Ressuscitado e Vitorioso, que caminha com a comunidade. Enche o coração dos discípulos de esperança, fazendo o mesmo arder, e Se dá a reconhecer na partilha do Pão.

Deus não intervém de forma espetacular, mas no caminhar, no comunicar Sua Palavra e no simples gesto do Partir do Pão (simples e com tons Eucarísticos).

Esta passagem é uma página verdadeiramente catequética, e não uma reportagem jornalística. O Evangelista quis levar a comunidade à acolhida da Palavra do Ressuscitado, para retomar o caminho com ardor missionário, nutridos pela presença do Ressuscitado, encontrada no Pão Eucarístico, na Ceia piedosa, consciente, ativa e frutuosamente celebrada, como a Igreja nos ensina ao longo dos tempos.

É preciso passar do contexto do fracasso, do desencanto, da frustração para uma nova postura: alegres e corajosos discípulos missionários que encontram e sentem a presença do Ressuscitado caminhando. A fé não permite que haja recuos, desistência da Novidade do Reino por Jesus inaugurado.

O Evangelista dirige sua mensagem à comunidade dos que creem e caminham; pelas dificuldades, desanimados e sem rumo, para que não deixem morrer os sonhos que parecem diluir e desmoronar, diante da realidade monótona, ou hostil, com suas provações e adversidades.

Quando se sente a presença de Jesus, que Se faz companheiro, que caminha junto, que conhece nossas alegrias e tristezas, angústias e esperanças, sentimos que não estamos sós, que Alguém, ainda que não vejamos, conosco caminha, e esta presença se dá desde que Ele nos comunicou, com o Seu Divino Sopro, o Espírito, e nos enviou como Suas testemunhas: ”Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15).

Coloquemo-nos a caminho, com a convicção de que Jesus caminha conosco, ao nosso lado, para que superemos crises, fracassos, desalentos, desânimos.

Reflitamos:

- Qual o lugar da Palavra de Deus em nossa vida?
- Arde nosso coração quando lemos, proclamamos, refletimos, pregamos a Palavra de Deus, sobretudo nas Missas que participamos?

- Nossos olhos se abrem na Partilha do Pão e reconhecemos a presença do Ressuscitado?
- Repetimos este gesto de amor e partilha, com nossos irmãos, no cotidiano?

- Voltar para Emaús e desistir ou voltar para “Jerusalém” e, com coragem, proclamar a Boa Nova da Ressurreição?

- Em nossas Missas, sentimos o que aconteceu com os discípulos de Emaús: arde nosso coração e se abrem nossos olhos?

- Cléofas e outro caminhavam de volta, desanimados, tristes, derrotados. Também já nos sentimos assim na caminhada da comunidade?

Vemos, portanto, que a história dos discípulos de Emaús é a nossa história de cada dia:

“Os nossos olhos fechados que não reconhecem o Ressuscitado... os nossos corações que duvidam, fechados na tristeza... os nossos velhos sonhos vividos com decepção... o nosso caminho, talvez, afastando-se do Ressuscitado...

N’Ele, durante este tempo, ajustemos o Seu passo ao nosso para caminhar junto de nós no caminho da vida.  Há urgência em abrir os nossos olhos para reconhecer a Sua Presença e a Sua ação no coração do mundo e para levar a Boa Notícia: Deus Ressuscitou Jesus! Eis a nossa fé! (1)

Renovemos a alegria de caminhar com Jesus, e também, a alegria de ser discípulo missionário, cujo coração arde pelo fogo da Palavra proclamada, acolhida, crida e vivida; cujos olhos se abrem e reconhecem Jesus no partir do Pão, um gesto tão simples, tão belo, tão divino, que há de se repetir em outros tantos gestos de amor e partilha no cotidiano a fim de que todos tenhamos vida plena, abundante.

A Ressurreição de Jesus se descobre caminhando, e esta é força na missão, a Boa Nova que nos dá coragem para avançarmos para as águas mais profundas, em plena confiança na Palavra de Deus.

Em cada Missa que participarmos, ouçamos Deus que nos fala ao coração, e que nos abre os olhos para que O reconheçamos.

Urge que o desalento, o desânimo, a frustração, o fracasso e a derrota cedam lugar à fidelidade, à esperança, à coragem, aos sonhos, à alegria. Tudo isto é possível quando o Amor de Deus é derramado em nossos corações por meio do Cristo Ressuscitado e a presença do Seu Espírito. 

Aleluia! Aleluia! Aleluia!

A tríplice ação dos Apóstolos

                                                         


A tríplice ação dos Apóstolos

Libertar, curar e firmar os passos

A passagem bíblica: Atos 3, 1-10,  proclamada na quarta-feira da oitava da Páscoa: .

Acontecimento: a cura de um homem, coxo de nascença, que costumavam colocar, todos os dias, na porta do Templo, chamada formosa, a fim de que pedisse esmolas aos que entravam.

Ação dos Apóstolos Pedro e João: a cura do mesmo em nome de Jesus, o Nazareno, como assim ouvimos – Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!” (At 3,6).

A cura realizada: “Pegando-lhe a mão direita, Pedro o levantou. Na mesma hora, os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes. Então ele deu um pulo, ficou de pé e começou a andar e entrou no Templo junto com Pedro e João, andando, pulando e louvando a Deus” (At 3, 7-8).

Refletindo

Os Apóstolos continuam a missão de Jesus Cristo Ressuscitado, com o mesmo poder: libertar, curar e firmar os passos daqueles que aderem à Boa-Nova do Evangelho.

Oremos:

Libertai-nos, Senhor, pelo Vosso poder, de toda e qualquer forma de indigência que nos roube a dignidade, o encantamento pela vida, condenando-nos a uma dependência que nos enfraquece e rouba as nossas forças e a graça de amar e servir ao nosso próximo.

Curai-nos, Senhor, pelo Vosso poder, de toda a forma de paralisia, que imobiliza e esvazia nosso ardor e compromisso com a inauguração do Reino de Deus, a fim de que vejamos novas relações marcadas por justiça, fraternidade, amor, vida e paz.

Firmai “nossos pés e tornozelos”, pelo Vosso poder, para que nos coloquemos a Caminho, que sois Vós mesmo, que nos conduz a Deus, na plena comunhão com Vosso Espírito, em frutuosa comunhão fraterna, com vida plena e feliz. Amém. Aleluia!

“Parêntesis de ilusão e de fracasso”

                                                            


“Parêntesis de ilusão e de fracasso”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,13-35), em que nos apresenta os discípulos regressando para Emaús, após a morte de Jesus, que, inicialmente, pareceu a eles um “parêntesis de ilusão e de fracasso”:

A primeira coisa que surpreende nos discípulos de Emaús, é a atitude de fuga: tinham perdido Jesus e dispersam-se; deixam o grupo de discípulos e voltam, cada um, ao seu antigo mundo, às suas ocupações passadas, como se todo o assunto de Jesus tivesse sido um parêntesis de ilusão e de fracasso no caminho das suas vidas.

Eles fogem, mas Jesus sai-lhes ao encontro. Não lhes diz nada, contudo eles tendem. Têm que voltar para junto dos irmãos. O seu lugar, é ali, na edificação da nova comunidade dos discípulos de Jesus, no testemunho e na missão do que sabem. Por isso, deixando tudo como estava, apressadamente, no meio da noite, tomam o caminho de regresso (Lc 24,33). Descobriram que Jesus Ressuscitado está onde se encontram os irmãos”. (1)

Caminhando com Jesus que se lhe manifesta no caminho, ao ouvir quando lhes falava das Escrituras, o coração de ambos ardeu, o que acontece com todo aquele que ouve, acolhe e se deixa seduzir e iluminar pela presença e Palavra de Jesus Vivo e Ressuscitado que é “o fato por excelência, o fato no qual se funda a nova humanidade dos salvos” (2).

Acolhendo, em sua casa, o Ressuscitado, que atende ao pedido de ambos: “Fica conosco Senhor, pois já é tarde e a noite vem chegando” (Lc 24, 29), têm a graça de reconhecê-Lo no partir do Pão (Lc 24,35).

A vida cristã deve ser marcada pelo caminhar com Jesus e ouvir Sua Palavra, reconhecê-Lo no partir do Pão Eucarístico, transformando o aparente “parêntesis de ilusão e de fracasso” numa grande expressão da verdade de Sua presença que nos cumula de alegria, de modo que nosso coração fica transbordante de alegria, como tão bem expressa o Prefácio da Missa da Páscoa.

Todos nós passamos por momentos difíceis na vivência da fé, em que podemos nos sentir tais quais os discípulos de Emaús, mas não nos curvamos a este “parêntesis”, e, crendo na Ressurreição do Senhor, continuamos a escrever a história de nossa fé, com a graça do nosso Batismo, como profetas, sacerdotes e reis.

Crendo no Ressuscitado que venceu a morte, daremos ao mundo razão de nossa esperança, porque nossa fé se ancora neste fato fundamental de nossa vida: a Ressurreição. Assim, somos impulsionados pelo Espírito a viver a caridade, o Novo Mandamento que Ele nos deu naquela noite, em que nos tendo amado, amou-nos até o fim.

Nisto consiste a vida cristã, transformar o "parêntesis de ilusão" e de fracasso numa autêntica e frutuosa experiência pascal da Ressurreição do Senhor até que alcancemos a eternidade ao lado do Eterno, no tempo eterno. 

Amém. Aleluia! Aleluia!

Comentários à Bíblia Litúrgica - Gráfica de Coimbra 2
(1) pp. 1206-1207
(2) p. 1209

O Ressuscitado caminha conosco. Alegremo-nos!

                                                                     

O Ressuscitado caminha conosco. Alegremo-nos!

A passagem dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35) marca profundamente nossa Espiritualidade genuinamente Pascal, e por nos sentirmos, por vezes, profundamente com eles identificados, sejamos enriquecidos por este Comentário.

“A caminhada dos dois discípulos de Emaús coloca-nos perante o Mistério da Ressurreição de Jesus e o nosso modo de O reconhecermos.

É importante, em primeiro lugar, não banalizar esta realidade central do cristianismo com representações insuficientes: a Ressurreição de Jesus não é como a de Lázaro, o qual regressa à vida com um corpo igual ao precedente, para depois morrer de novo.

Neste caso, os discípulos teriam certamente reconhecido o Homem que até três dias antes tinham visto vivo, se a Sua Ressurreição fosse semelhante à de Lázaro. Pelo contrário, Jesus Ressuscitado entrou numa condição radicalmente nova e inconcebível para os recursos humanos apenas, à qual Ele dá origem precisamente com a Sua Páscoa.

Jesus está vivo para sempre e por isso pode aproximar-Se de cada homem. É verdade que a Sua aproximação e o Seu caminhar conosco não é reconhecível por nós só com os olhos do corpo: é preciso que o próprio Ressuscitado nos abra os olhos fazendo-nos percorrer um caminho de conversão [...].

O texto quer refletir precisamente acerca disto: como podemos encontrar o Ressuscitado, cuja presença não nos é dada na forma de uma realidade que podemos ver e tocar?

Os olhos do corpo já não bastam (como não foram suficientes para os discípulos da primeira hora), e então é preciso refletir sobre a condição mediante a qual o Ressuscitado Se apresenta, sobre o modo no qual Ele concede também a nós que O reconhecemos [...].

Os discípulos estão dominados pelas suas desilusões, mas ao mesmo tempo compreende-se que a sua vida não fora até então uma vida de pessoas superficiais: eles tinham-se deixado inflamar pelo Projeto de Jesus (“Esperávamos”; Lc 24,31).

Ambos representam uma Humanidade que procura, deseja ou que pelo menos soube a certa altura desejar coisas grandes; são pessoas dispostas a gastar a sua vida por coisas grandes, e embora na desilusão não se fecham, confessam a sua tristeza (“entristecidos”: Lc 24,17), aceitam qualquer palavra que possa eventualmente chegar até eles e abrem espaço a um desconhecido que se intromete e se põe a caminho com eles. [...]

É importante então compreender que os olhos não veem, não porque o Ressuscitado não está realmente presente, mas porque estão ainda prisioneiros e devem ‘adaptar-se’ à nova luz, porque o coração ainda não sabe arder.

Não veem porque ainda não descobriram a fulgurante sabedoria divina da Cruz, de um Deus que Se ofereceu aos homens sofrendo e morrendo de modo que compreendessem toda a Sua ‘Paixão’ por eles.

Pois bem, só a familiaridade com a Palavra de Deus pode introduzir-nos nesta sabedoria. A Escritura é a meditação contínua dessa Palavra que nos torna acessível o conhecimento do Amor Crucificado por Deus; a Escritura não tem mais para dizer senão o Amor do Pai em todas as suas cambiantes.

É depois na Fração do Pão que nos é entregue, num modo real e imediato, o gesto que abrange e exprime o sentido da vida de Jesus, inteiramente marcada pelo dom total de Si mesmo.

Com estes meios, ainda hoje Jesus Ressuscitado liberta os olhos e o coração do homem e permite-lhe reparar n’Ele, o Vivente, que partilha a caminhada conosco.” (1)

Concluindo, que sintamos renovar em nosso coração, o desejo de caminhar com Jesus Ressuscitado, com a comunidade, espaço privilegiado para ouvir, acolher Sua Palavra, e nos alimentarmos de Sua Divina presença no Pão da Eucaristia, que se partilha na mais bela Mesa da comunhão e da Vida Plena: o Altar do Senhor.

Amém. Aleluia! Aleluia!


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pp. 441/443. 

O Cristo Ressuscitado caminha conosco! Aleluia!

                                                               

O Cristo Ressuscitado caminha conosco! Aleluia!

O Ano Litúrgico (ano B), começa com a quarta-feira de cinzas, e com ela o início do itinerário quaresmal, e fomos convidados à prática dos exercícios quaresmais (oração, jejum e esmola), um tempo de graça e reconciliação com Deus e com os irmãos.

No primeiro Domingo da Quaresma, fomos com Jesus ao deserto, e com Ele aprender e revigorar nossas forças para vencermos as tentações fundamentais da existência humana (ter, ser e poder – acúmulo, privilégios e dominação, respectivamente): aprendemos que nem só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus; que somente Deus pode ser adorado.

No segundo Domingo, subimos com Jesus ao Monte Tabor, e com Pedro, João e Tiago, vimos a manifestação antecipada de Sua glória, diante das testemunhas credíveis (Moisés e Elias), pois Jesus é o pleno cumprimento da Lei e dos Profetas, nestes dois mencionados. Deu esta graça da contemplação de Sua glória, para afastar o escândalo do iminente e aparente fracasso da cruz. Não há Glória sem o mistério da Paixão, morte e Cruz.

No terceiro Domingo, refletimos sobre a ação de Jesus na purificação do templo, e Se apresentando como o verdadeiro Templo, que haveria de ser destruído e reconstruído em três, prefigurando assim o Mistério de Sua Paixão e Morte e Ressurreição.

No quarto Domingo refletimos sobre a fidelidade de Deus à Sua Aliança com o Povo de Deus, e  a expressão máxima de Seu Amor enviando o Seu Filho para que o mundos seja salvo por Ele, pois Deus amou tanto o mundo e não poupou Seu próprio Filho, Jesus.

No último Domingo da Quaresma, refletimos sobre a hora da proximidade da Paixão e Morte do Senhor, a hora de Sua glorificação, quando nos fala do grão de trigo que deve morrer para não ser apenas um grão, mas produzir muitos frutos.

Iniciando a Semana Santa, no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, acolhemos Jesus em Jerusalém, com cantos, alegria, exultação. Acolhemos o Filho de Davi que veio inaugurar um novo Reino, mas de forma diferente: um rei pobre, despojado de tudo. Com ramos e cantos O acolhemos depositando n’Ele toda a nossa confiança, nossa entrega e fidelidade.

Com a Quinta-feira Santa, pela manhã, celebra-se, de modo especial neste dia, a Missa dos Santos Óleos (batismo, enfermo, crisma), com a renovação das promessas do Ministério Presbiteral diante do Bispo (em alguns lugares pode ser feita em outro dia, atendendo as necessidades e realidades de cada Diocese).

Neste mesmo dia, à noite, com iniciamos com a Santa Missa, o Tríduo Pascal. Celebramos na Missa a instituição da Eucaristia, o Novo Mandamento do Amor que o Senhor nos deu e o rito do lava-pés, aquele gesto que o Senhor fez naquela última ceia, como sinal de humildade, doação e serviço, que todos somos chamados a viver no dia-a-dia.

Na Sexta-Feira Santa, celebramos, às quinze horas, Sua Paixão e Morte: ouvindo a Palavra proclamada, adorando a Cruz e nos alimentando com a Eucaristia, consagrada na Missa da noite anterior, pois neste dia não celebramos a mesma.

É profundo recolhimento acompanhado de oração, jejum e penitência. Também temos encenações, Sermões, teatros que representam a Paixão do Senhor.

No dia seguinte, o Sábado Santo, em que não celebramos nenhum Sacramento, pois estamos esperando o anoitecer para celebrar a Vigília Pascal, a mãe de todas as vígilias, a antiquíssima vigília, como bem nos falou Santo Agostinho. Nesta Vigília temos a Bênção do fogo novo, o acender do Círio Pascal, sinal do Cristo Ressuscitado, a “Luz do Mundo”; a proclamação da Páscoa seguida da riqueza da proclamação da Palavra de Deus (7 leituras, Salmos respectivos, uma epístola e o Evangelho); a renovação batismal e a Liturgia Eucarística.

Quem desta Vigília participa, sente a escuridão ser invadida pela luz, a tristeza da morte do Senhor sendo superada com a alegria de Sua Ressurreição, alegria que transborda no coração e transparece no olhar de todos.

Ao amanhecer, temos o Domingo de Páscoa, e no Evangelho da manhã, vemos Maria Madalena indo ao túmulo e não encontrando o corpo de Jesus, mas a pedra retirada do túmulo. Sai correndo ao encontro dos discípulos e comunica o que viu. Em seguida Pedro e o discípulo que Jesus amava vão também ao túmulo e confirmam que Jesus está vivo – “De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,90).

Com a riqueza da Palavra deste dia, podemos sintetizar em sete verbos a serem conjugados e vividos: amar, correr, ver, acreditar, anunciar, testemunhar e buscar.

Quem ama corre ao encontro do Senhor; vê os sinais de Sua presença e Ressurreição, acredita piamente; e como discípulo missionário, anuncia e testemunha Sua Palavra, a Boa-Nova do Reino, buscando as coisas do alto, onde Deus habita, os valores sagrados do Reino, que devem orientar e iluminar nossa vida, para que tenhamos, agora, vida plena e feliz, e, um dia, a glória da eternidade.

Na Missa do entardecer deste mesmo dia, pode ser proclamado a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,13-35), sobre a caminhada de Jesus com os discípulos de Emaús: Jesus caminha com os discípulos que retornavam derrotados para Emaús, explica-lhes as Escrituras, fazendo arder seus corações. Atendendo ao pedido de ambos, pois já entardecia, fica com eles, parte o Pão com eles, e enfim é reconhecido como a presença Viva do Ressuscitado: corações que ardem, olhos que se abrem! Assim se dá em cada Eucaristia que celebramos.

No segundo Domingo da Páscoa celebraremos o “Domingo da Misericórdia”, em que Jesus se manifesta Ressuscitado, entrando pelas portas fechadas, por medo dos judeus; coloca-se no centro da comunidade reunida e lhes comunica a paz; confia continuidade da missão a esta, e também temos a profissão de fé que Tomé faz ao ver e tocar as chagas gloriosas do Ressuscitado (Jo 20,19-31).

Trata-se apenas do início. É preciso continuar o itinerário Pascal,  contemplando as maravilhas que o Senhor fez e faz em nosso favor.  Amém. Aleluia! Aleluia! 

O Senhor Ressuscitado caminha conosco

                                                           

O Senhor Ressuscitado caminha conosco

Que a Boa Nova da Ressurreição de Jesus
seja nossa força na missão: A Ressurreição
de Jesus se descobre caminhando.

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,13-35) sobre a caminhada dos discípulos de Emaús, que descobrem a presença do Cristo Ressuscitado caminhando com eles e com a humanidade.

Quando ouvimos, acolhemos e cremos na Palavra do Cristo Ressuscitado, o medo, mágoas, tristezas, desânimo são superados, e dão lugar à coragem, ao perdão, à alegria, à esperança.

Assim como Sua voz fez arder o coração dos discípulos de Emaús, enquanto lhes falava das Escrituras, também o nosso em cada Eucaristia que participamos e a Palavra de Deus ouvimos.

Do mesmo modo, nossos olhos se abrem ao partir e repartir o Pão, Corpo e Sangue do Senhor, como também o fez com os discípulos, ficando com eles naquele entardecer inesquecível, assim faz conosco em cada Banquete Eucarístico que participamos.

Contemplemos a presença de Cristo Vivo, Ressuscitado e Vitorioso, que caminha com a comunidade. Enche o coração dos discípulos de esperança, fazendo o mesmo arder, e Se dá a reconhecer na partilha do Pão.

Deus não intervém de forma espetacular, mas no caminhar, no comunicar Sua Palavra e no simples gesto do Partir do Pão (simples e com tons Eucarísticos).

Esta passagem é uma página verdadeiramente catequética, e não uma reportagem jornalística. O Evangelista quis levar a comunidade à acolhida da Palavra do Ressuscitado, para retomar o caminho com ardor missionário, nutridos pela presença do Ressuscitado, encontrada no Pão Eucarístico, na Ceia piedosa, consciente, ativa e frutuosamente celebrada, como a Igreja nos ensina ao longo dos tempos.

É preciso passar do contexto do fracasso, do desencanto, da frustração para uma nova postura: alegres e corajosos discípulos missionários que encontram e sentem a presença do Ressuscitado caminhando. A fé não permite que haja recuos, desistência da Novidade do Reino por Jesus inaugurado.

O Evangelista dirige sua mensagem à comunidade dos que creem e caminham; pelas dificuldades, desanimados e sem rumo, para que não deixem morrer os sonhos que parecem diluir e desmoronar, diante da realidade monótona, ou hostil, com suas provações e adversidades.

Quando se sente a presença de Jesus, que Se faz companheiro, que caminha junto, que conhece nossas alegrias e tristezas, angústias e esperanças, sentimos que não estamos sós, que Alguém, ainda que não vejamos, conosco caminha, e esta presença se dá desde que Ele nos comunicou, com o Seu Divino Sopro, o Espírito, e nos enviou como Suas testemunhas: ”Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15).

É preciso sempre pôr-se a caminho, com a convicção de que Jesus caminha conosco, ao nosso lado, para que superemos crises, fracassos, desalentos, desânimos.

Reflitamos:

- Qual o lugar da Palavra de Deus em nossa vida?
- Quando lemos, proclamamos, refletimos, pregamos a Palavra de Deus, sobretudo nas Missas que participamos sentimos também nosso coração arder?

- Nossos olhos se abrem na Partilha do Pão e reconhecemos a presença do Ressuscitado?
- Repetimos este gesto de amor e partilha, com nossos irmãos, no cotidiano?

- Voltar para Emaús e desistir ou voltar para “Jerusalém” e, com coragem, proclamar a Boa Nova da Ressurreição?

- Ao participarmos das Missas, sentimos como os discípulos de Emaús: o arder do coração e a abertura dos olhos reconhecendo Sua Divina presença?

- Cléofas e outro caminhavam de volta, desanimados, tristes, derrotados. Também já nos sentimos assim na caminhada da comunidade?

Concluindo, vemos que a história dos discípulos de Emaús é a nossa história de cada dia:

“Os nossos olhos fechados que não reconhecem o Ressuscitado... os nossos corações que duvidam, fechados na tristeza... os nossos velhos sonhos vividos com decepção... o nosso caminho, talvez, afastando-se do Ressuscitado...

N’Ele, durante este tempo, ajustemos o Seu passo ao nosso para caminhar junto de nós no caminho da vida.  Há urgência em abrir os nossos olhos para reconhecer a Sua Presença e a Sua ação no coração do mundo e para levar a Boa Notícia: Deus Ressuscitou Jesus! Eis a nossa fé! (1)

Renovemos a alegria de caminhar com Jesus, e também, a alegria de ser discípulo missionário, cujo coração arde pelo fogo da Palavra proclamada, acolhida, crida e vivida; cujos olhos se abrem e reconhecem Jesus no partir do Pão, um gesto tão simples, tão belo, tão divino, que há de se repetir em outros tantos gestos de amor e partilha no cotidiano a fim de que todos tenhamos vida plena, abundante.

Seja de fato, Boa Nova da Ressurreição de Jesus, força na missão, e Sua Ressurreição de Jesus se descobre caminhando.

Em cada Missa que participarmos, ouçamos Deus que nos fala ao coração, e que nos abre os olhos para que O reconheçamos.

É sempre oportuno reafirmar: o desalento, o desânimo, a frustração, o fracasso e a derrota tem que ceder lugar à fidelidade, à esperança, à coragem, aos sonhos, à alegria.

Tudo isto é possível, pois o Amor de Deus foi derramado em nossos corações por meio do Cristo Ressuscitado e da presença do Seu Espírito. 

Amém. Aleluia! Aleluia!



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