sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Peregrinos da Esperança e ação do Espírito Santo (súplica)

 


Peregrinos da Esperança e ação do Espírito Santo  (súplica)

Oremos: 

Enviai, Senhor, o Vosso Espírito para que tenhamos uma fé inquebrantável, esperança viva e caridade generosa.               

Enviai, Senhor, Vosso suave sopro do Espírito para nos  acalentar, acalmar, consolar, conduzir e firmar nossos passos.

Enviai, Senhor, os raios fulgurantes e ardentes do Espírito para aquecer nosso coração e novas relações fraternas construirmos. 

Enviai, Senhor, a água cristalina do Teu Espírito, para saciar as sedes tantas que carregamos, por Vós plenamente saciadas. 

Enviai, Senhor, o de que fato precisamos, pois nos conheceis e sabeis antes mesmo que Vos peçamos.

Vós que agis sempre nos surpreendendo, porque assim é o amor: Alegrai-vos ao surpreender, surpreendes porque nos amais. 

Vos glorificamos pela Vossa presença conduzindo a Igreja e a História, pois não há absolutamente nada bom sem o Santo Espírito. 

Enviai Vosso Espírito para rejuvenescer a Igreja renovando-a constantemente, na perfeita união com o Esposo, pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: “Vem”. Amém.

 

 

Fonte: Tratado do Bispo Basílio Magno (séc. IV)

 

Divórcio do coração

                                                

Divórcio do coração
“Do divórcio do coração, livrai-nos Senhor”

Nas passagens dos Evangelhos (Mc 10,1-12; Mt 19,3-12), Jesus ratifica a indissolubilidade do Sacramento do Matrimônio.

Para aprofundamento deste tema, apresento uma reflexão aos casais, e a quantos possa interessar, para acender uma fagulha de luz, iluminando a sagrada missão de santificar nossas famílias, e redescobrir caminhos para menos divórcios do coração, e assim, a família cumpra sua missão, não obstante todas as dificuldades e ventos contrários.

Quantos casais, neste sentido, vivem há anos num divórcio prático, ratificado e consumado, isto é, querido e atuado? Quando, por exemplo, entre marido e mulher não se tem nem a vontade de se perdoar, de se reconciliar, quando reina a indiferença, é divórcio de fato, do coração. É o repúdio sem formulações legais! O mandamento de Deus está violado, não se é mais ‘uma só carne’.

Fala-se muito dos terríveis males do divórcio jurídico: mulheres condenadas à solidão, filhos destruídos psicologicamente pela escolha penosa que devem fazer entre a própria mãe e o próprio pai.

Conheço uma criança nesta situação; depois que vi seus olhos, não preciso mais ouvir conferências sobre os males do divórcio: os vi todos estampados naqueles olhos de passarinho ferido.

Mas os males deste outro divórcio são, talvez, muito menores para a sociedade e para os filhos? Há tantos meninos desnorteados, drogados, violentos que não são filhos de divorciados casados de novo; são filhos de pais que vivem no divórcio do coração, que brigam, se ofendem ou se calam obstinadamente, reduzindo assim a família a um tenebroso inferno.

‘O homem não separe’ significa sim: a lei humana não separe; mas significa também, e antes de tudo: o marido não separe a mulher de si, a mulher não separe de si o marido.

É bem pouco o que se pode fazer depois que este divórcio aconteceu há anos. Mas muito, porém, se pode fazer no início para impedir que o divórcio aconteça.

Jesus lembra a unidade: ‘não serão senão uma só carne’, isto é, quase uma só pessoa, com a concórdia nos mesmos projetos e sentimentos; implicitamente inculca a construir sobre a unidade e renová-la cada dia. Como?

Procurando resolver logo que surgem os problemas, as incompreensões, as friezas. ‘Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento’ (Ef 4,26); esta recomendação do apóstolo, aplicada para os cônjuges, soa assim: antes do sol se deitar fazei as pazes; significa que não se pode deitar sem ser perdoados, nem que seja só com um olhar.

Depois a confiança recíproca; esta é como um lubrificante: falar, comunicar as próprias dificuldades e também as próprias tentações. Se a gente dissesse ao próprio cônjuge aquilo ou parte daquilo que se diz ao confessor ou se escreve ao diretor de certas revistas, quantos problemas seriam resolvidos! Enquanto há confiança recíproca, o divórcio fica longe.

A expressão ‘uma só carne’ lembra veladamente e outro meio humano para evitar o divórcio do coração: fazer da união sexual um momento de autêntica doação, abandono, humildade, de modo que sirva para restabelecer a paz e a confiança recíproca.

Continuar a ver sempre na mulher, como sugere a Bíblia, também depois que passaram os anos ‘ a mulher da própria juventude’ e no marido o homem da própria juventude, isto é, o ser que te deu sua juventude (cf. Pr 5,18).

Devemos nos convencer de que tudo isto não basta e que são necessários os meios espirituais: sacrifício e oração. Se o matrimônio encontra tanta dificuldade de se manter unido, é porque enfraqueceu o espírito de sacrifício e se quer só receber do outro, antes de dar ao outro.

A Oração! A melhor é aquela feita juntos,  marido e mulher. Mas a ela acrescentemos hoje também a oração comunitária: rezemos pelos casais e para aqueles que estão se encaminhando ao matrimônio; que o Senhor afaste deles o divórcio do coração”.

Sem dúvida, esta reflexão é de grande contributo, para que todos os lares sejam candelabros, onde a luminosidade divina não falte, ainda que a família passe por momentos difíceis, provações, inquietações.

Unamo-nos em oração e nos diversos trabalhos realizados pela Igreja em prol da Família, como tão bem nos exortou o Papa Francisco na Exortação – “Amoris Laetitia”.

Tenhamos sempre a Sagrada Família como modelo, inspiração e a ela recorramos sempre, para santificar e solidificar nossas famílias na rocha da Palavra, que é o próprio Jesus, Nosso Senhor (Mt 7, 21-27).


O Verbo Se faz Carne -  Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria - 2013 - pp.447-448   

Mensagem do Papa Francisco para o XXX Dia Mundial do Doente - Síntese (2022)

                                                     


Mensagem do Papa Francisco para o XXX Dia Mundial do Doente - Síntese

A mensagem do Papa Francisco para o XXX Dia Mundial do Doente (11/02/2022) tem como tema: «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36), e o convite para que nos coloquemos ao lado de quem sofre, num caminho da caridade, voltando nossos olhos para Deus que «rico em misericórdia» (Ef 2, 4), que olha sempre para os Seus filhos com amor de Pai, mesmo quando se afastam d’Ele.

A misericórdia é por excelência o nome de Deus, que expressa a Sua natureza não como um sentimento ocasional, mas como força presente em tudo o que Ele faz, e conjuntamente é força e ternura.

A prática da misericórdia nos faz testemunhas da caridade de Deus que, a exemplo de Jesus, misericórdia do Pai, derrama sobre as feridas dos enfermos o óleo da consolação e o vinho da esperança, tocando a carne sofredora do próprio Cristo:

“O convite de Jesus a ser misericordiosos como o Pai adquire um significado particular para os profissionais de saúde. Penso nos médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório, auxiliares e cuidadores dos enfermos, bem como nos numerosos voluntários que doam tempo precioso a quem sofre. Queridos profissionais da saúde, o vosso serviço junto dos doentes, realizado com amor e competência, ultrapassa os limites da profissão para se tornar uma missão. As vossas mãos que tocam a carne sofredora de Cristo podem ser sinal das mãos misericordiosas do Pai. Permanecei cientes da grande dignidade da vossa profissão e da responsabilidade que ela acarreta”.

O Papa bendiz ao Senhor pelos progressos que a ciência médica realizou sobretudo nestes últimos tempos; as novas tecnologias que permitiram dispor de vias terapêuticas de grande utilidade para os doentes; a pesquisa que continua a dar a sua valiosa contribuição para derrotar velhas e novas patologias; a medicina de reabilitação que desenvolveu notavelmente os seus conhecimentos e competências.

É fundamental a proximidade na dimensão relacional com o enfermo com a sua escuta e consolo.

Quanto aos lugares para o tratamento dos enfermos, destaca as necessárias “estalagens do bom samaritano” (cf Lc 10,34); instituições sanitárias católicas, sobretudo neste grave contexto de pandemia e cultura do descarte.

Ressalta a importância da pastoral da saúde cada vez mais reconhecida e indispensável, e deste modo, todos somos responsáveis, no exercício do “ministério da consolação”:

“A propósito, gostaria de lembrar que a proximidade aos enfermos e o seu cuidado pastoral não competem apenas a alguns ministros especificamente deputados para o efeito; visitar os enfermos é um convite feito por Cristo a todos os Seus discípulos. Quantos doentes e quantas pessoas idosas há que vivem em casa e esperam por uma visita! O ministério da consolação é tarefa de todo o batizado, recordando-se das palavras de Jesus: «Estive doente e visitastes-me» (Mt 25, 36)”.

Finaliza intercedendo a Maria, Saúde dos Enfermos, confiando todos os doentes e as suas famílias, para que unidos a Cristo, que carrega sobre Si o sofrimento do mundo, possam encontrar sentido, consolação e confiança; reza por todos os profissionais de saúde para que, ricos em misericórdia, ofereçam aos pacientes, juntamente com os tratamentos devidos, a sua proximidade fraterna; e concede-nos a Bênção Apostólica.

 

 

Se desejar, confira a mensagem na integra:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/sick.html


Oração para depois da Santa Missa (Papa Clemente XI)

                                         


Oração para depois da Santa Missa
  
Oremos:
 
“Meu Deus, eu creio em Vós, mas fortificai a minha fé;
espero em Vós, mas tornai mais confiante a minha esperança;
eu Vos amo, mas afervorai o meu amor;
arrependo-me de ter pecado, mas aumentai o meu arrependimento.
 
Eu Vos adoro como primeiro princípio,
eu Vos desejo como fim último;
eu Vos louvo como benfeitor perpétuo,
eu Vos invoco como benévolo defensor.
 
Que Vossa sabedoria me dirija,
Vossa justiça me contenha,
Vossa clemência me console,
Vosso poder me proteja.
 
Meu Deus, eu Vos ofereço
meus pensamentos, para que só pense em Vós;
minhas palavras, para que só fale em Vós;
minhas ações, para que sejam do Vosso agrado;
meus sofrimentos, para que sejam por Vosso amor.
 
Quero o que quiserdes,
porque o que quereis
como o quereis,
e enquanto o quereis.
 
Senhor, eu Vos peço:
iluminai minha inteligência,
inflamai minha vontade,
purificai meu coração
e santificai minha alma.
 
Dai-me chorar os pecados passados,
repelir as tentações futuras,
corrigir as más inclinações
e praticar as virtudes do meu estado.
 
Concedei-me ó Deus de bondade,
ardente amor por Vós e aversão por meus defeitos,
zelo pelo próximo e desapego do mundo.
 
Que eu me esforce para obedecer aos meus superiores,
auxiliar os que dependem de mim,
dedicar-me aos amigos e perdoar os inimigos.
 
Que eu vença a sensualidade pela austeridade,
a avareza pela generosidade,
a cólera pela mansidão e a tibieza pelo fervor.
 
Tornai-me prudente nas decisões,
corajoso nos perigos,
paciente nas adversidades
e humilde na prosperidade.
 
Fazei, Senhor, que eu seja atento na oração,
sóbrio nos alimentos,
diligente no trabalho
e firme nas resoluções.
 
Que eu procure possuir
pureza de coração e modéstia de costumes,
um procedimento exemplar e uma vida reta.
 
Que eu me aplique sempre em vencer a natureza,
colaborar com a graça,
guardar os Mandamentos
e merecer a salvação.
 
Aprenda de Vós como é pequeno o que é da terra,
como é grande o que é divino,
breve o que é desta vida
e duradouro o que é eterno.
 
Dai-me preparar-me para a morte,
temer o dia do juízo,
fugir do inferno
e alcançar o paraíso.
Por Cristo Nosso Senhor. Amém”.
 
 
Fonte:  Após a Missa o Missal Romano nos apresenta a oração atribuída ao Papa São Clemente XI (1649-1721) - Missal Romano – pp.1250-1252

 

“Maria, discípula e missionária do Senhor”

                                                        

"Maria, discípula missionária do Senhor"

 
Maria é a discípula mais perfeita do Senhor, porque é a máxima realização da existência cristã, em plena relação de amor com a Santíssima Trindade.
 
Maria nos ensina, portanto, a viver como “filhos no Filho”, pela sua fé e obediência à vontade de Deus, e por sua constante meditação da Palavra e das ações de Jesus, na abertura ao sopro do Espírito Santo.
 
Maria é a interlocutora do Pai, em Seu projeto de enviar Seu Verbo para a salvação da humanidade, e com sua fé chega a ser o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo, e também se faz colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos.
 
Maria é a figura de mulher livre e forte, que emerge do Evangelho, conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo, porque viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo, procurando sintonia plena com o Projeto do Pai.
 
Maria é a Virgem de Nazaré com uma missão única na história da salvação, concebendo, educando e acompanhando seu Filho até Seu sacrifício definitivo, acompanhando passo a passo, com a espada transpassando sua alma.
 
Maria é aquela a quem do alto da Cruz, Jesus Cristo confiou a Seus discípulos, representados por João, o dom da maternidade de Maria, que brota diretamente da hora pascal de Cristo: “E desse momento em diante, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,27).
 
Maria alcançou, ao permanecer corajosamente aos pés da Cruz de Seu Filho, em comunhão profunda, entrar plenamente no Mistério da Aliança, e com ela, unida à plenitude dos tempos, chega-se ao  cumprimento a esperança dos pobres e o desejo de salvação.
 
Maria, perseverando junto aos Apóstolos, à espera do Espírito,  cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano, que a identifica profundamente.
 
Maria, como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a viverem como família, a família de Deus.
 
Maria nos favorece o encontro com o Cristo, com o Pai e com o Espírito Santo, e, da mesma forma, com os irmãos. E assim, como na família humana, a Igreja-família é gerada ao redor de uma mãe, que confere “alma” e ternura à convivência familiar.
 
Maria, Mãe da Igreja, além de modelo e paradigma da humanidade, é artífice de comunhão, e um dos eventos fundamentais da Igreja, é quando o “sim” brotou de Maria. Ela atrai multidões à comunhão com Jesus e Sua Igreja, como experimentamos nos santuários marianos.
 
Maria é Virgem e Mãe, assim como a Igreja também é mãe, de modo que esta visão mariana da Igreja é o melhor remédio para uma Igreja meramente funcional ou burocrática.
 
Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários, pois da mesma forma como deu à luz o Salvador do mundo, trouxe o Evangelho à nossa América.
 
Maria, no acontecimento em Guadalupe, presidiu, junto com o humilde João Diego, o Pentecostes que nos abriu aos dons do Espírito, e a partir desse momento, são incontáveis as comunidades que encontraram nela a inspiração mais próxima, para aprenderem como ser discípulos e missionários de Jesus.
 
Maria tem feito parte do caminhar de cada um de nossos povos, entrando profundamente no tecido de sua história e acolhendo as ações mais nobres e significativas de sua gente, o que nos cumula de alegria.
 
Maria, com seus diversos títulos e santuários espalhados por todo o Continente, é sinal de sua proximidade com pessoas e suas realidades, e, ao mesmo tempo, lugar da manifestação da fé e confiança que os devotos sentem por ela.
 
Maria brilha diante de nossos olhos como imagem acabada e fidelíssima do seguimento de Cristo, a seguidora mais radical de Cristo, de Seu magistério discipular e missionário.
 
Maria Santíssima, a Virgem pura e sem mancha, é para nós escola de fé, destinada a nos conduzir e a nos fortalecer no caminho que conduz ao encontro com o Criador do céu e da terra.
 
Maria, em sua escola permaneçamos, inspirados em seus ensinamentos, acolhendo e guardando dentro do coração as luzes que, por mandato divino, nos envia do alto.
 
Maria, que “conservava todas estas recordações e as meditava no coração”,nos ensina o primado da escuta da Palavra na vida do discípulo missionário.
 
Maria fala e pensa com a Palavra de Deus; a Palavra de Deus se faz a sua palavra e sua palavra nasce da Palavra de Deus e, além disso, assim se revela que seus pensamentos estão em sintonia com os pensamentos de Deus, que seu querer é um querer junto com Deus.
 
Maria está intimamente penetrada pela Palavra de Deus, e por isto se tornou Mãe da Palavra encarnada, e essa familiaridade com o Mistério de Jesus é facilitada pela reza do Rosário, onde: “o povo cristão aprende de Maria a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a experimentar a profundidade de Seu amor.”
 
Maria ajuda a manter vivas as atitudes de atenção, de serviço, de entrega, solidariedade, gratuidade e fraternidade, que devem marcar a vida dos discípulos de seu amado Filho.
 
Maria nos ensina qual pedagogia para que todos na comunidade cristã,“sintam-se como em casa”, com atenção e acolhida do outro, especialmente se o outro é pobre ou necessitado.
 
Maria, presente em nossas comunidades, enriquece sempre a dimensão materna da Igreja e sua atitude acolhedora, para que ela seja “casa e escola da comunhão”, um espaço espiritual que prepara para a missão.
 
Ave Maria cheia de graça...
 
 
Livre adaptação dos parágrafos 266-272 da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe - Aparecida.
 


Vejo-Vos...

                                                                


 Vejo-Vos...

“Tal como ouvimos, assim vimos...”
Tal como ouvi, assim vi.

Eu Vos adoro, Senhor, Rei da terra,
Com todas as nações Vos sirvo,
Contemplo Vossa glória por toda a terra.

Vejo Vossos pés e mãos não mais por pregos fixos.
Vejo-Vos nos pés cansados e mãos calejadas.
Vejo-Vos nas mãos enrugadas pelo tempo.
Vejo-Vos nas mãos dos que se abrem e se solidarizam.

Vejo-Vos nos corpos pendentes pelo peso da cruz;
Da cruz do desemprego, da enfermidade, da solidão.
Vejo-Vos nos corpos pendentes, em corpos anêmicos
Que suplicam um copo de água, um pedaço de pão.

Vejo-Vos nos que estão nus, despidos de sonhos,
De esperança, porque lhes foi arrancada e pisoteada.
Vejo-Vos nos que foram sugados, vilipendiados,
Com direitos naturais à vida, subtraídos, negados.

Mas, vejo-Vos reinando naqueles que não se dobram
Diante da tirania do lucro, do poder, do prestígio, da fama,
E não traem seus princípios de igualdade, comunhão,
Na mais bela relação de liberdade, paz e fraternidade.

Vejo-Vos agindo naqueles que se comprometem
Com a Boa Nova do Vosso Reino, pelo qual Vos consumistes,
A própria vida entregastes, numa incrível História de Amor,
Que se consumou Ressuscitando e no céu fostes coroado.

Vejo-Vos naqueles que vivem e creem em Vós
Com fé inquebrantável, esperança viva e fortificada,
Caridade ativa, semente de um novo e belo tempo,
Pelo Pão da Palavra e da Eucaristia alimentados.

Vejo-Vos por um instante no tempo com coroas de espinhos
Escarnecido, crudelissimamente maltratado, por ela coroado.
Vejo-Vos por um tempo infinito recebendo uma nova coroação,
Acompanhada pelos Anjos e Santos que Vos louvam e glorificam. 

“Tal como ouvimos, assim vimos...” Tal como ouvi, assim vi.
Assim Vos vejo, Senhor, e quero assim imitar-Vos,
Praticando a compaixão, alcançando a máxima felicidade.
Vejo-Vos Encarnado, Padecente, Morto, Glorioso e Ressuscitado.

Vejo-Vos em corpos que vão silenciosamente morrendo.
Vejo-Vos em sinais de Ressurreição que vão acontecendo.
Vejo-Vos morrer, Vos vejo Ressuscitar,
A fé me concede um novo olhar...

                                            Amém. Aleluia! 

A frutuosa participação Eucarística

                                                        

A frutuosa participação Eucarística

“Vem, come com alegria teu Pão
e bebe com coração feliz o teu Vinho,
porque tuas obras já agradaram a Deus”.

Sejamos enriquecidos pelo Comentário sobre o Livro do Eclesiastes, escrito pelo Bispo São Gregório de Agrigento (séc. VI), que nos convida a exultar nossa alma no Senhor, a quem rendemos toda honra, glória, poder e louvor.

“‘Vem, come com alegria o teu Pão e bebe com coração feliz o teu Vinho, porque tuas obras já agradaram a Deus’.

A explicação mais simples e óbvia desta frase parece-me ser uma justa exortação que nos dirige o Eclesiastes: abraçando um tipo de vida simples e apegados à instrução de uma fé sincera para com Deus, comamos o Pão com alegria e bebamos o Vinho de coração feliz; sem resvalar para as palavras maldosas, nem nos comportarmos com duplicidade.

Pelo contrário, pensemos sempre o que é reto, e, quanto nos seja possível, auxiliemos com misericórdia e liberalidade os necessitados e mendigos, isto é, atentos aos desejos e ações com que o próprio Deus Se deleita.

No entanto, o sentido místico nos leva a mais altos pensamentos e ensina-nos a ver o Pão celeste e sacramental, que desceu do céu e trouxe a vida ao mundo.

Ensina-nos, também, com o coração feliz, a beber o Vinho espiritual, aquele Vinho que jorrou do lado da verdadeira vide, no momento da paixão salvífica.

Destes fala o Evangelho de nossa salvação: ‘Tendo Jesus tomado o pão, abençoou-o e disse a Seus santos discípulos e apóstolos: Tomai e comei: isto é meu Corpo que por vós é repartido para a remissão dos pecados; o mesmo fez com o Cálice e disse: Bebei todos dele; este é o meu Sangue da nova Aliança, que por vós e por muitos é derramado em remissão dos pecados.’

Aqueles que comem deste Pão e bebem o Vinho sacramental, na verdade enchem-se de alegria, exultam e podem exclamar: ‘Deste alegria a nossos corações’.

Ainda mais – julgo eu – este pão e este vinho designam, no livro dos Provérbios, a sabedoria de Deus, subsistente por si mesma, Cristo, o nosso salvador, quando diz: Vinde, comei do meu Pão e bebei do Vinho que preparei para vós; indicando assim a mística participação do Verbo.

Aqueles que são dignos desta participação trazem em todo o tempo vestes ou obras não menos luminosas do que a luz, realizando o que o Senhor diz no Evangelho:

Que vossa luz brilhe diante dos homens, para que vejam vossas obras boas e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.

Igualmente se percebe que em suas cabeças corre sempre o óleo, isto é, o Espírito da verdade que os protege e defende contra todo dano do pecado”.

De fato, a verdadeira alegria pode ser encontrada tão somente no Senhor, como nos disse o Apóstolo Paulo: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 4, 4).

Na participação autêntica, ativa, piedosa e frutuosa da Mesa da Palavra e da Eucaristia, somos iluminados pela Palavra Divina, que é luz para nosso caminho; somos nutridos pelo Diviníssimo Corpo e Sangue do Senhor.

Evidentemente esta participação não termina em si mesma, pois, como lembra o Bispo, exige daqueles que das Mesas sagradas participam a não “duplicidade de vida”, e a não multiplicação de “palavras maldosas”, e tão somente assim, a luz de Deus brilhará diante da humanidade, e o Pai que está nos céus será glorificado.

Supliquemos o Espírito da verdade, que vem socorro de nossa fraqueza, para que a participação eucarística seja sempre acompanhada de gestos concretos de solidariedade, amor e partilha, para que sal da terra e luz sejamos, e o Sermão da Montanha, que deve pautar nossa vida, seja, com ousadia e coragem, no chão do cotidiano vivido.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG