quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

A vida a partir das pontuações


A vida a partir das pontuações

A vida não pode consistir apenas em pontos finais,
Em certezas adquiridas e irremovíveis de nosso eu… é preciso aperfeiçoamento, transformação e renovação constante.

A vida não pode consistir apenas em pontos de exclamação.
Há momentos em que não somos tão encantados, tampouco encantadores.

A vida não pode consistir apenas em pontos de interrogação.
Não suportaríamos tantas incertezas, seríamos condenados à loucura, à instabilidade, a uma situação permanente de inquietação. Tornar-se-ia insuportável. O melhor é aprender a conviver com dúvidas, incertezas e ausência de respostas.

A vida não pode consistir apenas em reticências. 
Ficaria muito para ser dito; muito seria dito sem querer dizer exatamente o que deve ser. Às vezes é melhor ser claro, conciso e dizer apenas o que deve ser dito, sem deixar margens a duplas interpretações; outras vezes é bom despertar o imaginário na expressão da liberdade de pensamento...

De outro lado, a vida não pode consistir na ausência de pontuações. Jamais saberíamos se é hora de dialogar, de calar, de ouvir, de falar. Ausência de pontos impossibilita a percepção se devemos no diálogo prosseguir, na reflexão adentrar. Ausência de ponto, pensamento interrompido, sentimentos não expressados...

Quero aprender a viver cada dia com a pontuação certa, na exata medida, ou bem próximo dela (. ! ? ...).

Por isto… só aqui, não sempre! Bem como a exclamação. Exclamação? Sim apenas uma interrogação e ponto final. Ponto final. Apenas uma vez também, digo duas, permita-me mais um (.).

Paciência...

                                                              

Paciência...

Quantas vezes nos decepcionamos frente às dificuldades múltiplas e multiplicadas no tempo presente: resultados esperados, não alcançados; demora de resposta; metas que parecem menos tangíveis; decepções por não ver o que se esperava de alguém ou de uma situação com a realidade de fato.

As provas são muitas, ora menores, ora maiores, ora internas próprias da condição humana, ora externas, devido aos inúmeros fatores que nos envolvem (econômicos, familiares, sociais).

E nos dizem: “é preciso ter paciência”... Paciência? Mas como ter paciência? Como cultivá-la? O que fazer quando “sentimos que o sinal de reserva já foi dado”?

A virtude da paciência precisa andar de mãos dadas com a perseverança, apesar de todos os obstáculos que possam surgir e nos desafiar, pois a paciência é, segundo Santo Agostinho, “a virtude pela qual suportamos os males com ânimo sereno”.

Na Sagrada Escritura, encontramos inúmeras passagens que revelam a paciência de Deus conosco: é próprio do Amor de Deus não desistir jamais de nós.

Entretanto, não confundamos paciência com passividade perante o sofrimento, pois o Amor de Deus nos assegura que, se um sofrimento nos foi permitido, é para que tenhamos frutos maiores ainda, como nos diz Santo Tomás em seu comentário da Epístola aos Hebreus:

– “Corramos com paciência ao combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a Cruz; não Se importando com a infâmia (Hb 12,1-2)”.

O Senhor, sabedor das dificuldades, nos revela a misericórdia de Deus e nas provações nos diz: “havereis de ter aflições no mundo, mas tendes confiança, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Precisamos viver a virtude da paciência em três níveis:

- Primeiro, para conosco próprios: humildade, confiança em Deus, superação das próprias limitações. São Francisco de Sales afirmava que “é necessário termos paciência com todos, mas, em primeiro lugar, conosco próprios – (“Epistolário – fragmento n.139);

- Depois, com as pessoas com quem nos relacionamos: elas também têm seus defeitos, limitações e podem estar também fazendo esforços de superação. É preciso dar um tempo, uma resposta amável para que nossas palavras cheguem ao coração destas e ainda se não chegarem, com certeza chegarão ao Coração do Senhor que não desviará Seu olhar de afeto para nós. Pode acontecer que o veneno, o problema não esteja no outro, mas bem dentro de nós;

- Finalmente, com os acontecimentos que nos contrariam: doença, pobreza, frio ou calor, contratempos, provações de muitos nomes... É preciso enfrentar tudo com ânimo, sem “explodir”, sem rancores, blasfêmias. Santificar-se também com as adversidades e em todas as circunstâncias dar graças a Deus, ficando sempre alegres e orando sem cessar, conforme falou o Apóstolo (1 Ts 5, 17).

Abrir o coração à docilidade do Espírito que nos assiste, vivendo a paciência de mãos dadas com a constância, a humildade: quando a paciência anda de mãos dadas com a humildade, acomoda-se ao ser das coisas e respeita o tempo e o momento de cada uma delas, sem precipitações, perturbações, inquietações desnecessárias porque sabe lidar com as próprias limitações, com as dos outros e com o contexto no qual nos encontramos inseridos.

É preciso ter sempre o olhar posto em Cristo e confiar em Sua presença e Palavra; manter a serenidade, e, somente cresceremos em serenidade, se a pusermos a serviço da caridade, fortalecendo a humildade, tomando consciência de nossas limitações, aprendendo a conviver com elas para superá-las.

Para finalizar, somente com uma Oração bem feita, deixando-nos modelar pela mão divina, iluminando as profundezas de nosso coração, reencontraremos a paciência que tanto desejamos e precisamos para nos relacionarmos conosco, com o outro e com o mundo que nos cerca.

Cultivemos em todo o tempo esta virtude tão necessária para que a esperança de novos tempos se torne uma realidade e novas relações de paz sejam percebidas, porque estará transbordando nosso coração de alegria, e nós, envolvidos pelo Amor de Deus, que veio morar em nosso meio e em nós, e nos foi comunicado através da Sua Encarnação, na fragilidade de uma criança.

A Encarnação de Deus naquela Criança, e Ele crescendo em sabedoria, tamanho e graça de Deus, é a maior expressão da paciência divina para conosco que, tendo nos amado, nos amou até o fim, passando pela morte.

Somente nos sentindo amados por Deus, daremos um suspiro profundo, renovando nossas forças que vêm do alto, da Divina Fonte da Paciência: A Trindade Santíssima.

A religião pura e sem mancha



A religião pura e sem mancha

O Apóstolo São Tiago (Tg 1,18-27) nos fala da inseparável relação entre fé e obras. A fidelidade aos ensinamentos de Cristo nos compromete com o próximo (representado na figura do órfão e da viúva).

O autor da Carta nos exorta a não sermos meros ouvintes da Palavra, mas autênticos praticantes, não nos enganando a nós mesmos.

E nisto consiste a verdadeira religião, pura e sem mancha: solidariedade vivida e vigilância, para não se contaminar com os contravalores que o mundo apresenta.

É preciso, portanto, superar a frieza, o legalismo e o ritualismo religioso, procurando viver uma Religião comprometida com o Reino por Jesus inaugurado.

A Palavra de Deus quer encontrar no coração humano a frutuosa acolhida, portanto, há um itinerário da Palavra: acolher, acreditar, anunciar e testemunhar a Palavra de Deus, que nos garante vida e felicidade plenas.

É sempre tempo de cultivar maior intimidade e compromisso com a Palavra de Deus, colocando-a em prática.

Autenticidade da religião cristã

 


Autenticidade da religião cristã

Reflexão à luz da passagem da Epístola de São Tiago (Tg 1,19-27)

“A observância meticulosa da Lei, porém, não é garantia suficiente da verdadeira religiosidade. Neste campo, o engano é sumamente fácil. Para o evitar, existem dois critérios característicos da religião cristã (pois também o eram da religião judaica): a beneficência e a benevolência para com os necessitados (os órfãos e as viúvas são mencionados como os exemplos mais claros, segundo a mentalidade da época, da necessidade e do desamparo humanos) e o esforço sério para levar uma vida pura neste mundo contaminado e secularizado.” (1)

Como vimos nos “Comentários à Bíblia Litúrgica”, beneficência e benevolência, acompanhados do esforço para se levar uma vida pura neste mundo, dão identidade à autêntica religião cristã.

A fé expressa no primeiro critério leva-nos à prática do bem, da acolhida, proximidade e ternura para com o próximo.

Discípulos missionários do Senhor devem ter uma vida marcada pela boa vontade, transformada em gestos de generosidade, benignidade, compaixão, doação e partilha em favor dos que mais precisam.

Quanto ao segundo critério, pede-nos vigilância permanente, a fim de que não cedamos às tentações do maligno (Mt 4,1-11; Lc 4,1-13; Mc 1,12-13), e jamais nos conformemos com este século (cf. Rm 12,2).

Com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai na comunhão com o Espírito Santo, empenhemo-nos em nosso discipulado, para que vivamos uma religião cristã que seja de fato sal da terra e luz do mundo.

Como Povo de Deus, sempre a caminho na busca da perfeição espiritual, fortaleçamos nossa comunhão, participação e missão, vivendo a graça do Batismo.

 

(1) Comentários à Bíblia Litúrgica – Editora Coimbra 2 – Palheira - pág.1725                                                                                                                                                                                            

A eficácia da Palavra Divina em nossa vida (IIIDTCC)

                                                   


A eficácia da Palavra Divina em nossa vida

A Liturgia do 3º Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos convida a refletir sobre a centralidade da Palavra de Deus e sua importância em nossa vida, para que não sejamos apenas ouvintes, mas alegres e convictos proclamadores e testemunhas.

A passagem da primeira Leitura (Ne 8,2-4a.5-6.8-10) nos apresenta uma verdadeira celebração da Palavra de Deus e sua eficácia. Primeiro fala da importância, depois sobre os preparativos necessários, de sua centralidade, sua proclamação e, por fim, a resposta de conversão ao apelo que ela traz ao povo.

Na passagem da segunda Leitura (1Cor 12,12-30), o Apóstolo Paulo compara a comunidade a um corpo, onde todos os membros são importantes para que a missão evangelizadora aconteça.

Com a passagem do Evangelho (Lc 1,1-4; 4,14-21), aprofundamos sobre a missão de Jesus, uma missão divina, libertadora, inauguradora de um novo tempo, de uma nova realidade.

Com Ele, o Ano da graça é instaurado, a alegria, a paz, a vida em plenitude nos é alcançada por Sua presença e ação em nosso meio, pois Ele age sendo a própria presença da Palavra de Deus com a unção do Espírito Santo.

A missão de Jesus é a missão da Igreja, que ungida pelo Espírito Santo, alimenta-se e encarna a Palavra de Deus na vida.

Reflitamos:

- Quais as realidades que nos desafiam?

- De que modo comunicamos a Boa-Nova de Jesus?

- Sentimo-nos como um corpo em comunhão de carismas, diferentes ministérios empenhados em prol da vida e na edificação da comunidade?

- Quanto mais formos unidos, maior será a eficácia da Evangelização. Sendo assim, como vivemos a solidariedade, a responsabilidade e a coparticipação em nossa comunidade?

- Como acolhemos a Palavra de Deus? 

- O que ela provoca em cada um de nós? 

- Ela nos alegra, ilumina, alimenta?

- Esvaziamos a eficácia da Palavra de Deus, apenas ouvindo sem colocá-la em prática?      

- Cremos que o anúncio não é apenas para o outro que está ao nosso lado?

Renovemos nossas motivações, para que sejamos autênticos discípulos missionários do Senhor, seguindo-O, decidida e apaixonadamente, pois somente Ele tem palavras de vida eterna, como bem disse o Apóstolo Pedro  (cf Jo 6,51-58).

Oremos:

“Deus eterno e todo-poderoso, dirigi nossas ações segundo a vossa vontade, para que, em nome do Vosso dileto Filho, mereçamos frutificar em boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.”

Alegres e convictos evangelizadores do Reino (IIIDTCC)

 

 

Alegres e convictos evangelizadores do Reino
 
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 4,14-22a).
 
Reflitamos sobre a centralidade da Palavra de Deus e sua importância em nossa vida, para que não sejamos apenas ouvintes, mas alegres e convictos proclamadores e testemunhas, bem como aprofundemos sobre a missão de Jesus, uma missão divina, libertadora, inauguradora de um novo tempo, de uma nova realidade.
 
Com Ele, o Ano da graça é instaurado, a alegria, a paz, a vida em plenitude nos é alcançada por Sua presença e ação em nosso meio, pois Ele age sendo a própria presença da Palavra de Deus com a unção do Espírito Santo.
 
A missão de Jesus é a missão da Igreja, que ungida pelo Espírito Santo, alimenta-se e encarna a Palavra de Deus na vida.
 
Reflitamos:
 
- Quais as realidades que nos desafiam?
- De que modo comunicamos a Boa-Nova de Jesus?
 
- Sentimo-nos como um corpo em comunhão de carismas, diferentes ministérios empenhados em prol da vida e na edificação da comunidade?
 
- Quanto mais formos unidos, maior será a eficácia da Evangelização. Sendo assim, como vivemos a solidariedade, a responsabilidade e a coparticipação em nossa comunidade?
 
- Como acolhemos a Palavra de Deus? O que ela provoca em cada um de nós? Ela nos alegra, ilumina, alimenta?
 
- Esvaziamos a eficácia da Palavra de Deus, ouvindo-a sem praticá-la?      
- Cremos que o anúncio não é apenas para o outro que está ao nosso lado?
 
Renovemos nossas motivações, para que sejamos autênticos discípulos missionários do Senhor, seguindo-O, decidida e apaixonadamente, pois somente Ele tem palavras de vida eterna, como bem disse o Apóstolo Pedro (Jo 6,51-58).
 
Oremos:
 
“Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o Vosso Amor, para que possamos, em nome do Vosso Filho, frutificar em boas obras. Por N. S. J. C. Amém.”
 

Evangelizar com a ação e presença do Espírito Santo (IIIDTCC)

                Evangelizar com a ação e presença do Espírito Santo

Alegrai-vos! O Espírito Santo repousa sobre nós!

 

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 4,14-22a).

 

Na Sinagoga de Nazaré, a Palavra de Deus se cumpriu: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim e me enviou para Evangelizar os pobres” (Lc 4,18), e para que esta mesma Palavra continue sendo anunciada, o mesmo Espírito continua repousando sobre a Igreja.

 

Urge a renovação de nossas forças e que sejamos enriquecidos com as luzes divinas, para que anunciemos a Boa-Nova na Cidade em que habitamos.

 

Invoquemos a Sabedoria do Espírito, para que correspondamos ao querer de Deus Pai de Misericórdia; para continuarmos, com alegria e dedicação, a missão realizada pelo Seu Filho Jesus, com a mesma fidelidade e compromisso, ao mundo sinalizando as alegrias do Reino.

 

Permaneçamos na  Cidade e Proclamemos a Boa Nova, ungidos pelo azeite da humana ternura e inebriados com o vinho da alegre esperança, numa atualização de Pentecostes, reaprendendo a linguagem do Espírito que sopra na Sua Igreja, comunicando o fogo do Amor, para sermos, com renovado ardor, portadores desta Boa-Nova.

 

Mesmo apostolado, mas não mesmos apóstolos; mesmo discipulado, novos discípulos; mesma missão, embora tempos e realidades diferentes. No entanto, sempre o mesmo Evangelho, e o mesmo Cristo, ontem, hoje e sempre (Hb 12,14).

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG