terça-feira, 29 de abril de 2025

Quem, por medo, as portas não fecharia?

 


Quem, por medo, as portas não fecharia?

“Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas,
por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-Se no meio deles, disse:  ‘A paz esteja convosco’”(Jo 20,19)
 
Quem a portas, por medo, não fecharia?
Eliminaram a vida do Amado, em quem tanto confiávamos.
Esperanças e confiança, com eles mortas, para sempre enterradas!
 
Enterradas?
Não. Definitivamente não!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
 
Não há portas que possam impedir Sua nova presença.
Ele vive e está entre nós, O Primeiro e o último.
Aquele que vive, nos falou o discípulo amado(cf. Ap 1,17).
 
“Estive morto, mas agora estou vivo para sempre.
Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos.
Escreve, pois o que viste, aquilo que está acontecendo
E que vai acontecer depois.” (cf. Ap. 1,18)
 
Com Ele vivo e Ressuscitado,
O início de uma nova criação,
Primeiro dia da semana.
 
Centralidade em nossas vidas em todos os momentos e lugar
Com Ele, por Ele, para Ele todo o nosso existir.
Com o sopro do Seu Espírito, há uma missão a cumprir.
 
Suas chagas que na sexta-feira escura da dor paixão e morte,
A mansão dos mortos, o sepulcro por amor visitou.
Mas o Pai, para sempre, em mesmo amor, glorificou.
 
Vive, para sempre, Aquele que tantos nos amou.
Viveremos para sempre por quem tanto nos amou.
Peregrinando na esperança, fiéis a divina missão
Que à Sua Igreja, com o Santo Espírito nos confiou. 
 
Vençamos todo o cansaço, todo o medo.
Anunciar o mundo o mais belo segredo de quem crê:
Nada mais será como antes. Ressuscitou Aleluia.
 
Quem, por medo, as portas não fecharia?
Mas agora não pode impedir o anúncio,
Corajoso testemunho. Aleluia! Aleluia!

Vivamos a comunhão fraterna

                                                        

Vivamos a comunhão fraterna

Reflexão à luz da passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 4,32-37), em que Lucas, mais do que uma fotografia da situação real, apresenta-nos um retrato divino e modelo ideal de uma comunidade eclesial. 

Urge que edifiquemos a Igreja marcada por este espírito: – “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (At 4,32), e ainda “Eles eram perseverantes no ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na Fração do Pão e nas Orações” (At 2,42).  

Evidencia-se, nesta passagem, a comunhão fraterna, expressa na partilha dos bens, e a missão dos Apóstolos na motivação e administração destes bens. 

A estes são confiados o ofício da pregação e a presidência da atividade caritativa, o que distingue a Igreja de uma mera organização burocrática governada pelo princípio da eficiência, em que vigoram relações meramente funcionais. 

Sempre oportuno que façamos a revisão de nossas comunidades, e o quanto ela vive este retrato divino, edificando uma Igreja que nasce da escuta da Palavra, fortalece os vínculos de comunhão fraterna, na perseverança na doutrina dos Apóstolos, nutrindo-se da Eucaristia (fração do Pão), fonte e ápice de toda a Igreja, regada também, com múltiplos e fecundos momentos de oração. 

O Papa Francisco sempre afirmava que a Igreja não é uma ONG (Organização não Governamental), mas uma comunidade de pessoas, que nasce do Espírito e por Ele assistida e conduzida, e não nasce da carne e do sangue.   

Oremos para que, como Igreja, na ação Evangelizadora, sejamos sempre atentos aos PILARES que se completam, inseparavelmente: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária, como vemos nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), e que também nos remete, imediatamente a outro retrato das primeiras comunidades que Lucas nos descreve nos Atos dos Apóstolos (At 2,42-47).

Este tempo difícil por que passamos, é muito favorável para promovermos e intensificarmos a comunhão fraterna, com gestos de amor, partilha e solidariedade, a fim de que possamos vislumbrar um novo amanhecer. 

Não podemos nos salvar sozinhos. No amor vivido e na comunhão fraterna vivida, damos testemunho da presença do Ressuscitado. 

Mais uma vez, ecoem as palavras de Tertuliano, ao se referir aos primeiros cristãos: “Vede como eles se amam”.

A comunidade cristã tem, portanto, algumas marcas:

- É o lugar privilegiado do encontro com Jesus Cristo Ressuscitado: na Palavra proclamada, no pão partilhado, no amor vivido e no corajoso testemunho dado;

- É formada homens e mulheres novos, que nascem da Cruz e da Ressurreição de Jesus, a Igreja;

- Rica pela diversidade, unidade e caridade, tendo como centro o próprio Jesus Cristo Ressuscitado;

- Formada por diversas pessoas, mas tem uma só fé e vive num só coração e numa só alma, assim manifestado em gestos concretos de partilha;

- Deve superar todo tipo de egoísmo, autossuficiência, fechamento em si mesma, para que possa dar testemunho da vida e presença do Ressuscitado;

- Continuará a missão do Senhor: comunicar a vida nova que brota de Sua Ressurreição.

Que nossas comunidades vivam cada vez mais a unidade, a comunhão fraterna e a caridade para serem alegres testemunhas do Cristo Ressuscitado, aquele que nos concede a verdadeira paz – Shalom!

Oremos:

“Fazei-nos, ó Deus todo-poderoso, proclamar o poder do Cristo Ressuscitado, e, tendo recebido as primícias dos Seus dons, consigamos possuí-los em plenitude. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém



Fontes inspiradoras:

- Missal  Cotidiano – Editora Paulus – p.362

-  www.dehonianos.org/portal

Eucaristia: Sacramento da unidade e da caridade

                                                

Eucaristia: Sacramento da unidade e da caridade

Sejamos iluminados pela mensagem dos “Livros a Monimo”, escrita pelo Bispo de Ruspe, São Fulgêncio (Séc.VI), que nos fala da Eucaristia, como Sacramento da unidade e da caridade.

“A edificação espiritual do corpo de Cristo realiza-se na caridade, segundo as palavras de São Pedro: ‘Como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo’ (1Pd 2,5).

Esta edificação espiritual atinge sua maior eficácia no momento em que o próprio Corpo do Senhor, que é a Igreja, no Sacramento do Pão e do Cálice, oferece o Corpo e o Sangue de Cristo: ‘o cálice que bebemos é a comunhão com o sangue de Cristo; e o pão que partimos, é a comunhão com o corpo de Cristo. Porque há um só pão, nós todos participamos desse único pão’ (cf. 1Cor 10,16-17).

Por isso pedimos que a mesma graça que faz da Igreja o Corpo de Cristo, faça com que todos os membros, unidos pelos laços da caridade, perseverem firmemente na unidade do corpo.

E com razão suplicamos que isto se realize em nós pelo dom daquele Espírito que é ao mesmo tempo o Espírito do Pai e do Filho; porque sendo a Santíssima Trindade, na unidade de natureza, igualdade e amor, o único e verdadeiro Deus, é unânime a ação das três Pessoas divinas na obra santificadora daqueles que adota como filhos.

Eis por que está escrito: ‘O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado’ (Rm 5,5).

O Espírito Santo, que é unidade do Pai e do Filho, realiza agora naqueles a quem concedeu a graça da adoção divina, transformação idêntica à que realizou naqueles que receberam o mesmo Espírito, conforme lemos no livro dos Atos dos Apóstolos: ‘A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma’ (At 4,32). Quem fez dessa multidão dos que creram em Deus um só coração e uma só alma, foi aquele Espírito que é unidade do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é um só Deus.

Por isso, o Apóstolo exorta a conservarmos com toda a solicitude esta unidade do espírito no vínculo da paz, quando diz aos Efésios: ‘Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportando-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito’ (Ef 3,1-4).

Deus, com efeito, enquanto conserva na Igreja o amor que ela recebeu pelo Espírito Santo, transforma-a num sacrifício agradável a seus olhos. De modo, que, recebendo continuamente esse dom da caridade espiritual, a Igreja possa sempre se apresentar como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”.

 

Roguemos a Deus que nos envie o Espírito Santo, que acompanhou Jesus Cristo em toda a Sua divina missão, para que nos conduza, a fim de que sejamos sacramento da unidade e da caridade.

Que o Espírito nos conceda os sete dons (Sabedoria, Entendimento, Conselho, Ciência, Fortaleza, Temor de Deus e Piedade), para edificarmos uma Igreja na unidade, sem jamais confundirmos unidade com uniformidade, abertos às diversidades de ministérios e carismas.

De modo especial, para que nossas comunidades cresçam na caridade e fortaleçam os vínculos fraternos, iluminados pela Palavra e fortalecidos pela Sagrada Eucaristia, vivendo com ardor a ação missionária.

No entanto, urge que cada vez mais nossa espiritualidade Eucarística: impossível o discipulado sem que celebremos e comunguemos o Corpo e Sangue do Senhor (por vezes espiritualmente).

Oportuno concluir com as palavras do Papa São João Paulo II, que, em seus últimos escritos sobre Eucaristia: Ecclesia de Eucharistia – 2003 e Mane Nobiscum Domine – 2004), assim nos falou:

- “A Eucaristia é amor levado ao extremo”;

- “A Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia”;

- “A Eucaristia cria comunhão e edifica para a comunhão”;

“Na simplicidade dos sinais do banquete se esconde o abismo da santidade de Deus”;

-“A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço do céu que se abre sobre a terra – é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da história e vem iluminar nosso caminho”;

“... o cristão, que participa na Eucaristia, dela aprende a tornar-se promotor de comunhão, de paz, de solidariedade em todas as circunstâncias da vida...  a Eucaristia como uma grande escola de paz...”.

Concluindo, saciados pelo Pão de Imortalidade, antídoto para não morrermos (cf. Santo Inácio de Antioquia), somos revigorados e animados para edificar a Igreja, sacramento da unidade e da caridade.

 

Um diálogo amoroso

                                                                          

Um diálogo amoroso
 
Da Virgem Santa Catarina de Sena (séc. XIV), Doutora da Igreja, temos um Diálogo que ela faz com a Providência divina, e que muito nos ajuda a crescer na intimidade com Deus.
 
Assim inicia seu diálogo com Deus:
 
Com a indizível benignidade de Sua clemência, o Pai eterno dirigiu o olhar para esta alma, e começou a falar...”
 
Em seguida, ela nos apresenta o falar da Providência Divina:
 
Caríssima filha, determinei com firmeza usar de misericórdia para com o mundo e quero providenciar acerca de todas as situações dos homens. Mas o homem ignorante julga levar à morte aquilo que lhe concedo para a vida, e assim se torna muito cruel, para si próprio; no entanto, dele Eu cuido sempre.”
 
Como Deus é misericordioso para conosco! Incansavelmente, cuida de nós, ainda que não mereçamos, ainda que não percebamos.
 
“Por isso quero que saibas: tudo quanto dou ao homem provém da suprema providência.”
 
Nada teríamos se Deus não nos providenciasse. Tudo é nosso pela iniciativa de Deus. Importa reconhecer que tudo que temos é nosso, mas antes de tudo é de Deus. O mundo, a vida, o nosso ser, tudo é de Cristo, e Cristo é de Deus, já nos disse o Apóstolo Paulo.
 
“E o motivo está em que, tendo criado com providência, olhei em mim mesmo e fiquei cativo da beleza de minha criatura. Porque foi de meu agrado criá-la com grande providência à minha imagem e semelhança. Mais ainda, dei-lhe a memória para guardar meus benefícios em seu favor, por querer que participasse de meu poder de Pai eterno.”
 
Deus nos criou, somos obras de Suas mãos. A beleza que temos é a perfeita semelhança com Ele. Criado à Sua imagem e semelhança nos deu a memória, que por vezes mal usamos, não guardamos os benefícios e maravilhas incontáveis que Ele realiza.   Possuidores de memória, de inteligência, de liberdade, podemos corresponder ou não aos desígnios divinos; fortalecer vínculos com a fonte de nossa vida e aprofundar nossa amizade com Ele, no senhorio sobre todas as coisas.                 
 
“Dei-lhe, além disto, a inteligência para conhecer e compreender na sabedoria de meu Filho a minha vontade, porque Sou com ardente caridade paterna o máximo doador de todas as graças. Concedi-lhe também a vontade de amar, participando da clemência do Espírito Santo, para poder amar aquilo que a inteligência visse e conhecesse.”
 
Explicita a inteligência para compreensão de Sua sabedoria para que sua vontade seja conhecida e realizada. Deus é Pai e possui por nós uma “ardente caridade paterna” e é para nós o “doador de todas as graças.” Ainda, nos comunica a ação e a presença do Espírito Santo para “amar aquilo que a inteligência visse e conhecesse”.
 
Continua a Doutora:
 
“Isto fez minha doce providência. Ser o único capaz de entender e de encontrar seu gozo em mim com alegria imensa na minha eterna visão. E como de outras vezes te falei, pela desobediência de vosso primeiro pai Adão, o céu estava fechado. Desta desobediência decorreram depois todos os males no mundo inteiro.”
 
Ó quão doce é a providência divina; capaz de derramar e comunicar Seu Amor por nós, ainda que nossos primeiros pais tenham pecado. É próprio do Amor de Deus não desistir de nós, porque somos obras de Sua mão, expressão de Seu amor.
 
“Para fazer desaparecer do homem a morte de sua desobediência, em minha clemência providenciei, entregando-vos meu Filho unigênito com grande sabedoria, para que assim reparasse vosso dano. Impus-lhe uma grande obediência, a fim de que o gênero humano se livrasse do veneno que se difundira no mundo pela desobediência de vosso primeiro pai.”
 
Somos remetidos à algumas passagens bíblicas:
 
 “Deus amou tanto o mundo que entregou o Seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16);
 
 “Tornando-se semelhante aos homens e reconhecido em seu aspecto como um homem abaixou-se, tornando-se obediente até a morte, à morte sobre uma cruz. Por isso Deus soberanamente o elevou e lhe conferiu o nome que está acima de todo nome...” (Fl 2, 1-9);
 
 “Vede que manifestação de amor nos Deu o Pai: sermos chamados filhos de Deus e nós o somos. Se o mundo não nos conhece, é porque não o conheceu” (1 Jo 3,1).
 
Retomando o seu diálogo:
 
- “Assim, como que cativo de amor e com verdadeira obediência, correu com toda a rapidez, correu à ignominiosa Morte Sacratíssima, deu-vos a vida, não pelo vigor de Sua humanidade, mas da divindade”.
 
- “Cativo de amor” é o Senhor Jesus por nós. Que sejamos então prisioneiros também do mais Belo Amor. Completemos em nossa carne o que falta à Paixão de Cristo por amor a Igreja, como falou o Apóstolo Paulo (Col 1,24). E com ele, repitamos: “quem nos separará de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, os perigos, a espada?” ( Rm 8,35)
 
Jesus, nos deu a vida não pelo vigor de Sua humanidade, mas pelo vigor de Sua divindade.
 
A onipotência divina tem um rosto e um nome: Jesus, e Se revela no Amor que ama até o fim.
 
A onipotência divina Se revela na impotência da humanidade crucificada por Amor de nós, para nos redimir, reconciliar com Deus e nos tirar da mansão dos mortos, do abismo do pecado, da escuridão, do desamor... Ó Suprema e Divina Santíssima Trindade!
 
Glorifiquemos a Deus por mulheres tão sábias, que nos comunicam as maravilhas das delícias divinas, ontem, hoje e sempre.
 


Como é bom e suave o Teu Espírito, Senhor!

                                                          

                    Como é bom e suave o Teu Espírito, Senhor!

Sejamos enriquecidos pelo diálogo da Virgem Santa Catarina de Sena (séc. XIV), Doutora da Igreja, com a Providência divina.

“Com a indizível benignidade de sua clemência, o Pai eterno dirigiu o olhar para esta alma, e começou a falar: ‘Caríssima filha, determinei com firmeza usar de misericórdia para com o mundo e quero providenciar acerca de todas as situações dos homens. Mas o homem ignorante julga levar à morte aquilo que lhe concedo para a vida, e assim se torna muito cruel, para si próprio; no entanto, dele eu cuido sempre. Por isso quero que saibas: tudo quanto dou ao homem provém da suprema providência.

E o motivo está em que, tendo criado com providência, olhei em mim mesmo e fiquei cativo da beleza de minha criatura. Porque foi de meu agrado criá-la com grande providência à minha imagem e semelhança. Mais ainda, dei-lhe a memória para guardar meus benefícios em seu favor, por querer que participasse de meu poder de Pai eterno.

Dei-lhe, além disto, a inteligência para conhecer e compreender na sabedoria de meu Filho a minha vontade, porque sou com ardente caridade paterna o máximo doador de todas as graças. Concedi-lhe também a vontade de amar, participando da clemência do Espírito Santo, para poder amar aquilo que a inteligência visse e conhecesse.

Isto fez minha doce providência. Ser o único capaz de entender e de encontrar seu gozo em mim com alegria imensa na minha eterna visão. E como de outras vezes te falei, pela desobediência de vosso primeiro pai Adão, o céu estava fechado. Desta desobediência decorreram depois todos os males no mundo inteiro.

Para fazer desaparecer do homem a morte de sua desobediência, em minha clemência providenciei, entregando-vos meu Filho unigênito com grande sabedoria, para que assim reparasse vosso dano. Impus-lhe uma grande obediência, a fim de que o gênero humano se livrasse do veneno que se difundira no mundo pela desobediência de vosso primeiro pai. Assim, como que cativo de amor e com verdadeira obediência, correu com toda a rapidez, correu à ignominiosa morte sacratíssima, deu-vos a vida, não pelo vigor de sua humanidade, mas da divindade’".

Como Deus é misericordioso para conosco! Incansavelmente, cuida de nós, ainda que não mereçamos e não percebamos. É próprio do amor de Deus não desistir de nós, porque somos obras de Sua mão, expressão de Seu amor.

Nada teríamos se Deus não nos providenciasse, e tudo é Sua inciativa. Importa reconhecer que tudo que temos é nosso, mas antes de tudo é de Deus. O mundo, a vida, o nosso ser, tudo é de Cristo, e Cristo é de Deus, já nos disse o Apóstolo Paulo.

Deus nos criou, somos obras de Suas mãos. A beleza que temos é a perfeita semelhança com Ele. Criado à Sua imagem e semelhança nos deu a memória, que por vezes mal usamos, não guardamos os benefícios e maravilhas incontáveis que Ele realiza.   

Possuidores de memória, de inteligência, de liberdade, podemos corresponder ou não aos desígnios divinos; fortalecer vínculos com a fonte de nossa vida e aprofundar nossa amizade com Ele, no senhorio sobre todas as coisas.                 

Explicita a inteligência para compreensão de Sua sabedoria para que sua vontade seja conhecida e realizada. Deus é Pai e possui por nós uma “ardente caridade paterna” e é para nós o “doador de todas as graças.” Ainda, nos comunica a ação e a presença do Espírito Santo para “amar aquilo que a inteligência visse e conhecesse”.

Ó quão doce é a providência divina; capaz de derramar e comunicar Seu Amor por nós, ainda que nossos primeiros pais tenham pecado!.

Ressoem três passagens bíblicas:

“Deus amou tanto o mundo  que entregou o Seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16);

Tornando-Se semelhante aos homens e reconhecido em Seu aspecto como um homem abaixou-Se, tornando-Se obediente até a morte, à morte sobre uma Cruz. Por isso Deus soberanamente o elevou e lhe conferiu o nome que está acima de todo nome...” (Fl 2, 1-9);

“Vede que manifestação de amor nos Deu o Pai: sermos chamados filhos de Deus e nós o somos. Se o mundo não nos conhece, é porque não o conheceu” (1 Jo 3,1).

De fato, a onipotência divina tem um rosto e um nome: Jesus, que nos ama até o fim.

Esta onipotência Se revela na impotência da humanidade crucificada por Amor de nós, para nos redimir, reconciliar com Deus e nos tirar da mansão dos mortos, do abismo do pecado, da escuridão, do desamor... Ó Suprema e Divina Santíssima Trindade!

Glorifiquemos a Deus por mulheres tão sábias e tão presentes em nossas comunidades, a exemplo de Santa Catarina de Sena, que nos comunicam as maravilhas das delícias divinas em todos os tempos.

A serpente e a Cruz de Nosso Senhor!

A serpente e a Cruz de Nosso Senhor!

Como fazer a relação entre estes versículos, perguntou uma assídua leitora:

“A serpente que foi uma maldição para o povo, foi depois levantada ao alto e todos que a olhavam eram libertos (cf. Nm 21,8).

A cruz  que era sinal de vergonha quando Cristo, nela, foi elevado tornou-se,  por Sua morte e Ressurreição, sinal de libertação (cf. Jo 3,14-15).

Procurei a resposta diante de um crucifixo e diante da Palavra Divina, inspirando-me na passagem do Evangelho de São João ( Jo 3,16):

“Pois Deus amou tanto o mundo que deu o Seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que n'Ele crer, mas tenha a vida eterna”.

Outra passagem é a Carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 6,14):

“Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim e eu para o mundo.” 

Contemplando a imagem da serpente e da Cruz de Nosso Senhor refletimos sobre seu simbolismo e significado na vida do Povo de Deus.

O que era sinal de morte tornou-se fonte de cura, libertação: a serpente. O que era ignomínia, escândalo, terror... Deus, por amor sem limite, aceitando nela ser morto, tornou-se para a humanidade fonte de Salvação: CRUZ.

Somente Deus tem poder, pelo amor sem medida, de transformar aquilo que é sinal de morte em sinal de vida. 

A serpente levantada, o Filho levantado: que amor incrível, que incrível AMOR!

É próprio do amor transformar sinais de morte em sinais de vida, assim como é próprio do amor autêntico amar até o fim, até o extremo, até as últimas consequências.

Deus nos amou no deserto, no Calvário, e em todo lugar, pois Deus nos amou, ama e nos amará sempre porque o amor é ETERNO. 

Coloquemo-nos diante do Senhor, evidentemente, não da cruz palpável e visível, mas naquela em que acreditamos, em que por amor, Ele morreu em favor de nós, simplesmente por amor, para nossa redenção, sinal de fidelidade, de um amor que ama até o fim. 

Abramo-nos às “Delícias do Espírito”, que acontece sempre que nos colocamos a refletir a Sagrada Escritura, e mergulhamos neste mar imenso de sabedoria e luminosidade.

PS: Apropriado para reflexão da passagem do Evangelho de São João (Jo 3,7b-15)

Sábias Mulheres que nos revelam Deus

                                                                

Sábias Mulheres que nos revelam Deus

Dia 29 de abril celebramos a Memória de Santa Catarina de Sena, e temos a oportunidade de sermos enriquecidos pelo seu “Diálogo com a Divina Providência”, que nos é apresentada na Liturgia das Horas.

“Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto fizeste valer o sangue de Teu Filho Unigênito!

Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro, mais cresce a sede de Te procurar.

Tu sacias a alma, mas de um modo insaciável.
Porque saciando-se no Teu abismo, a alma permanece sempre sedenta e faminta de Ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-Te à luz de Tua luz…

Provei e vi em Tua luz com a luz da inteligência, o Teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a beleza de Tua criatura…

Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó Mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a Ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome.

Tu és que consomes por Teu calor todo amor profundo da alma.
Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com a Tua luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.

Espelhando-me nesta luz, conheço-Te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria.

Porque Tu és a própria Sabedoria, Tu, o Pão dos anjos, que no fogo da caridade Te deste aos homens.

Tu és a veste que cobre minha nudez; alimenta nossa fome com a Tua doçura, porque és doce, sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!”

Catarina de Sena, possuidora de grande amor e preocupação pelas dificuldades da Igreja, nos deixou tão belo e grande testemunho de amor pela mesma, repetindo sempre estas palavras em sua vida agitada e sofrida: “Se morrer, sabeis que morro de paixão pela Igreja”.

Santa Catarina de Sena foi declarada Doutora da Igreja e Padroeira da Itália, pelo Papa São Paulo VI.

Ela nutria profunda paixão por Jesus Cristo, assim como outras tantas “Sábias Mulheres de Deus”, ontem, hoje e sempre, são a manifestação da acolhida e da comunicação da Sabedoria de Deus no mundo.

Viveu no século XIV, num tempo de grandes desafios, dentre eles, a peste e o cisma da Igreja. Teve uma vida simples, de origem pobre e humilde (última de uma família de 25 filhos).

Mulher de grande mística, espiritualidade e oração, que acolheu o sopro do Espírito e enriqueceu a Igreja de seu tempo e de todo o tempo, testemunhou grande amor e cuidado aos doentes, foi incansável reveladora do amor de Deus.

Morreu jovem, aos 33 anos, deixando numerosos escritos de profunda espiritualidade e Cartas de alto valor histórico e religioso.

Encontramos em seus escritos as últimas palavras:


“Do leito de morte, dirigiu ao Senhor esta comovente oração: “Ó Deus eterno!, recebe o sacrifício da minha vida em benefício deste Corpo Místico da Santa Igreja. Não tenho outra coisa para oferecer-te a não ser aquilo que me deste”.

Ressoa em nosso coração a grande afirmação do Papa Bento XVI, quando esteve em nosso meio:  “Somente enamorados por Cristo é que poderemos ser Seus discípulos”. 

Reflitamos:

- Com que profundidade mergulhamos no Mistério de Amor da Santíssima Trindade?
- Qual a profundidade de nossa paixão pela Igreja de Cristo?

- Sentimo-nos, como Catarina, enamorados por Cristo?
- Quais são as Sábias Mulheres de Deus em nossas vidas?

- Qual a nossa solicitude para com os pobres, presença de Cristo em nossa vida?

Contemplemos o testemunho de Santa Catarina, e revigoremos nossos passos, na fidelidade ao Senhor, o Caminho e a Verdade, que nos conduz à Vida!

Santa Catarina de Sena, rogai por nós! 


Para maior aprofundamento e enriquecimento, sugiro que confira:

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