sábado, 4 de janeiro de 2025

“Vinde ver”

                                                            


“Vinde ver”

“Foram, pois, ver onde Ele morava e,
nesse dia, permaneceram com Ele.
Era por volta das quatro da tarde”
(Jo 1, 39)

Não pode ficar contida, retida, aprisionada, a experiência pessoal do encontro com o Senhor, que nos chamou pelo nome, a cada um de um modo, e a cada um em uma determinada hora, como vemos na passagem do Evangelho de João (Jo 1,35-42), proclamada no dia 04 de Janeiro.

Voltemos ao que afirmou o Papa Bento XVI:

«No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro» (Deus Caritas Est, 1).

Num dos “Odes de Salomão” assim lemos: 

“O Senhor deu-Se me a conhecer na Sua simplicidade, na Sua benevolência tornou pequena a Sua grandeza. Tornou-Se semelhante a mim para que eu O acolha, fez-Se semelhante a mim para que eu O revista. Não me espantei ao vê-Lo, porque Ele é a misericórdia! Ele tomou a minha natureza para que O possa compreender, a minha figura para que não me afaste d’Ele” (1).

Nisto consiste a vida do discípulo missionário do Senhor: tendo encontrado o Senhor, torna-se intermediário de um novo encontro para outra pessoa com Ele.

Ter encontrado com o Senhor é ter feito a experiência do encontro com a misericórdia feito Carne; Alguém que Se fez próximo de nós, muito mais que possamos compreender, e quer conosco caminhar e fazer-nos discípulos missionários Seus.

Assim haverá de ser sempre o discipulado: encontrar e permanecer com o Divino Mestre, Jesus, deixar-se guiar, permanentemente, por Ele, para que que Ele nos conduza:

Aos poucos, o rosto de Jesus revela-Se em todo o Seu mistério luminoso, como Cordeiro imolado que redime o pecado do mundo, como Mestre e como Cristo-Messias, que instaura o Reino de Deus na história dos Homens. Mas também o rosto do discípulo se ilumina progressivamente, e cada um conhece o seu mistério e sua verdade. Perante o Senhor, que vê no fundo dos corações, cada um recebe de fato, na Sua Palavra, a identidade mais verdadeira e o sentido da sua vida: ‘Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas que quer dizer ‘Pedro’” (2).

Os primeiros discípulos deram sua resposta, agora é o nosso tempo, a oportunidade de também nos tornamos autênticas testemunhas do Messias, d’Aquele que veio ao nosso encontro.

Continuemos elevando a Deus orações, de modo especial, pelos cristãos leigos e leigas, para que, tendo feito este encontro com Jesus, sejam corajosos intermediários, levando muitos ao encontro com o Senhor, sendo no mundo um instrumento e sinal de esperança, fé e caridade, para que a luz de Deus se irradie mais forte e ilumine os cantos sombrios de nossa história, marcado ainda, pelo pecado, sofrimento, dor  e tantos sinais de morte.



(1)         Lecionário Comentado – Vol. Tempo Comum - Editora Paulus - Lisboa 2011 – p.57
(2)        Idem p.69

PS: Oportuno para reflexão do dia 27 de dezembro, quando celebramos a Memória de São João Apóstolo e Evangelista.

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