Rezemos o
“Pai-Nosso” com humildade e confiança
Reflitamos
sobre a Oração do Senhor, o “Pai-Nosso”, à luz do Tratado de São Cipriano,
bispo e mártir. (Séc. III),
“Haja
ordem na palavra e na súplica dos que oram, tranquilos e respeitosos. Pensemos
estar na presença de Deus. Sejam agradáveis aos olhos divinos a posição do
corpo e a moderação da voz. Porque se é próprio do irreverente soltar a voz em
altos brados, convém ao respeitoso orar com modéstia. Por fim, ensinando-nos,
ordenou o Senhor orarmos em segredo, em lugares apartados e escondidos, até nos
quartos, no que auxilia a fé por sabermos estar Deus presente em toda a parte,
ouvir e ver a todos e na plenitude de sua majestade penetrar até no mais
oculto. Assim está escrito: Eu sou Deus
próximo e não Deus longínquo. Se se esconder o homem em antros, acaso não o
verei Eu? Não encho o céu e a terra? E de novo: Em todo lugar os olhos de Deus
veem os bons e os maus.
Quando
nos reunimos com os irmãos e celebramos com o sacerdote de Deus o sacrifício
divino, temos de estar atentos à reverência e à disciplina devidas.
Não
devemos espalhar a esmo nossas preces com palavras desordenadas, nem lançar a
Deus com tumultuoso palavrório os pedidos, que deveriam ser apresentados com
submissão, porque Deus não escuta as palavras e sim o coração.
Com
efeito, não se faz lembrado por clamores Aquele que vê os pensamentos, como o
Senhor mesmo provou ao dizer: Que estais
pensando de mal em vossos corações? E em outro lugar: E saibam todas as Igrejas
que eu sou quem perscruta os rins e o coração.
Ana,
no Primeiro Livro dos Reis, como figura da Igreja, tem esta atitude, ela que
suplicava a Deus não aos gritos, mas silenciosa e modesta, no mais secreto do
coração. Falava por prece oculta e fé manifesta, falava não com a voz, mas com
o coração, pois sabia ser assim ouvida pelo Senhor. Obteve plenamente o que
pediu porque o suplicou com fé. A Escritura divina declara: Falava em seu coração, seus lábios moviam-se, mas não se ouvia som
algum e o Senhor a atendeu. Lemos também nos salmos: Rezai em vossos corações e compungi-vos em vossos aposentos.
Através de Jeremias ainda o mesmo Espírito Santo inspira e ensina: No coração deves ser adorado, Senhor.
O
orante, irmãos caríssimos, não ignora por certo como o publicano orou no
templo, com o fariseu. Não com olhos orgulhosos levantados para o céu nem de
mãos erguidas com jactância, mas batendo no peito, confessando os pecados
ocultos em seu íntimo, implorava o auxílio da misericórdia divina. Por que o
fariseu se comprazia em si mesmo, mais mereceu ser santificado aquele que
rogava sem firmar a esperança da salvação na presunção de sua inocência, já que
ninguém é inocente; rezava, porém, reconhecendo seus pecados; e atendeu ao
orante aquele que perdoa aos humildes.”
Sendo
o “Pai-Nosso” a oração que o Senhor nos ensinou, não podemos rezá-la de
qualquer modo, pois a oração deve brotar do coração humilde e confiante.
Concluímos
com uma das motivações para a Oração do “Pai-Nosso”, quando celebramos a Santa
Missa:
- "Guiados pelo Espírito Santo, que ora em nós e por nós, elevemos as mãos ao Pai e rezemos juntos a oração que o próprio Jesus nos ensinou: Pai nosso..."
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