“Melhor é calar-se e ser do que falar e não ser.
Coisa boa é ensinar, se quem diz o pratica.”
A Liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum (Ano A) nos apresenta as passagens bíblicas: Is 49,3.5-6; Sl 39, 2.4.7-10-11ab; 1 Cor 1,1-3; Jo 1,29-34.
Na primeira Leitura, uma passagem do Antigo Testamento, o Profeta Isaías anuncia a ação divina, que fará do Servo Sofredor a luz das nações, para que seja a Salvação de Deus oferecida a toda a humanidade. Trata-se do segundo cântico do Servo Sofredor.
A Tradição cristã viu sempre nesta página o anúncio profético do Messias, que veio ao mundo como luz e Salvação para a Humanidade.
O Salmo traz um refrão que deve iluminar toda a nossa vida, sobretudo nossa prática pastoral como discípulos missionários do Senhor – “Eu disse: ‘Eis que venho, Senhor, com prazer faço a Vossa vontade!’”.
Servir a Deus com alegria, exultação, sinceridade, doação... Sem reclamar, sem sentir-se obrigado a qualquer coisa. Impulsionados pelo amor, quando algo fazemos, o prazer e a alegria são mais que alcançados, notados e partilhados.
Não encontramos nenhum gosto saboroso naquilo que não fazemos por amor e com prazer, sobretudo quando se refere à vontade divina, que pode exigir de nós algo mais: renúncia, sacrifício.
A passagem da segunda Leitura é a introdução da Carta que Paulo dirige à comunidade de Corinto, convidando todos a trilhar o caminho de santidade e a viver a única vocação que Deus tem para nós: sermos santos.
Finaliza a Carta com uma preciosa saudação que devemos trocar mutuamente, sobretudo quando estivermos esmorecidos, não enxergando a mão e a intervenção amorosa de Deus, que nos concede toda graça e toda paz: “A graça e a paz de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco”.
Na passagem do Evangelho, vemos a presença de João que nos apresenta Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
João batizou Jesus, não porque este fosse pecador, mas para santificar a água na qual todos seríamos batizados. João viu e dá testemunho sobre Jesus: Ele, João, viu, no dia do Batismo, descer do céu sobre Jesus o Espírito como uma pomba. É Jesus, batizado por João, o Messias esperado, o enviado de Deus para com o Batismo no Espírito comunicar Luz e salvação para toda a humanidade.
Oportuna a citação do Lecionário Comentado: “Hoje a Palavra de Deus qualifica João como o ‘apresentador do Messias.
Estamos habituados a assistir às entrevistas na televisão, em que o apresentador se serve de personagens famosas para ganhar audiência: os outros são para ele um pretexto para aumentar sua popularidade.
João, não! Não se serve de Jesus para aumentar a sua fama, ao invés convida os seus discípulos a seguirem Jesus” (p. 62).
A propósito, João dirá em outra passagem: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).
Iniciando o ano, somos todos convidados a renovar a alegria da graça do Batismo e também sermos no mundo sinal da Luz que é o Cristo Senhor.
É nossa missão sermos também apresentadores do Senhor, com o anúncio do Evangelho em todos os espaços e por todos os meios.
Mas não basta apresentar Jesus, falar de Jesus. É preciso que nossa vida corresponda ao que anunciamos, ou seja, é necessário o testemunho permanente e incansável, até que um dia possamos contemplar a face d’Aquele que nos foi apresentado, e também ao mundo apresentamos, na glória da eternidade.
Finalizo com as palavras de Santo Inácio de Antioquia (séc I):
“Melhor é calar-se e ser do que falar e não ser. Coisa boa é ensinar, se quem diz o pratica. Pois só um é o Mestre que disse e tudo foi feito, mas também, tudo quanto Ele fez em silêncio é digno do Pai”.
Peçamos a Deus a graça de continuarmos apresentando o Senhor ao mundo, sempre acompanhado do necessário testemunho, em constante atitude de amor, diálogo, comunhão e serviço.
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