quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Nasceu para nós um Menino! (Natal do Senhor)

 


Nasceu para nós um Menino!

“Nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho;
ele traz aos ombros: a marca da realeza;
o nome que foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros,  Príncipe da Paz.” Is  9,5) 

Natal do Senhor: nasceu para nós o Menino Esperança, a fim de que aprendamos a amar na esperança de que a família, o mundo e toda a humanidade podem ser melhores, que a Casa Comum em que habitamos será melhor cuidada por todos nós, assegurando vida no presente e para os que virão depois de nós.

Deste modo Natal é recomeçar a cada dia a nossa missão, nossa atividade pastoral e profissional, com entusiasmo, participando ativamente da obra do Criador.

Recomeçar sempre com Ele, que veio não porque éramos perfeitos, mas para nos aperfeiçoar, para nos recriar, para dizer que um novo tempo, um novo modo de viver é preciso recomeçar com renovado ardor, com alegria, com dedicação a missão que o Senhor nos confiou, para na eternidade consumar: Ele que desceu misericordiosamente, e nós que por vezes caímos miseravelmente (cf. Santo Agostinho).

A passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 9,1-6) é sempre uma mensagem de alegria no meio das trevas de um povo deportado: o Nascimento de um Menino com títulos ilustres; promessa de um futuro de paz, de justiça e direito para todos.

As maravilhas realizadas pelo Senhor do Universo com todas as virtudes dos heróis de Israel, mais sábio que Salomão; mais corajoso e forte do que Davi; mais piedoso que Moisés e dos Patriarcas. Ele é o verdadeiro Emanuel, o portador da Verdade Paz, o Shalon, que nos garante a plenitude de bens, plenitude de vida.

Contemplemos e adoremos o Menino Jesus, um Deus conselheiro admirável, maravilhoso; Deus Forte; Pai da Eternidade; Príncipe da Paz.

Seja, portanto, o Natal celebrado, a renovação do sagrado compromisso de comunicar a Divina Luz a quantos precisarem, uma vez que por Ele naquela Memorável Noite Santa para sempre fomos iluminados.

Em poucas palavras... (Natal do Senhor)

                                               


Jesus Cristo: perfeito na divindade e humanidade

«Na sequência dos santos Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, igualmente perfeito na divindade e perfeito na humanidade, sendo o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto duma alma racional e dum corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela sua humanidade, «semelhante a nós em tudo, menos no pecado» (Hb 4,15): gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nestes últimos dias, por nós e pela nossa salvação, nascido da Virgem Mãe de Deus segundo a humanidade.

Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único, que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é abolida pela sua união; antes, as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas numa só pessoa e numa só hipóstase»”

(1)        Concílio Ecumênico de Calcedônia (451d.C.) – Catecismo da Igreja Católica – parágrafo 467

Natal: Não será apenas mais uma noite... (Natal do Senhor)

                                                     


Natal: Não será apenas mais uma noite...


“O anjo então lhes disse: ‘Não temais! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade da Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo.”      (cf. Lc 2,10-11)
 
Natal não será apenas mais uma noite como todas as outras,
Se não sequestrarmos seu autêntico conteúdo e sentido.
 
Será a celebração do nascimento do Verbo, Deus-Menino,
Que, fazendo-Se  Carne, vem redimir a humanidade e a história.
 
Emanuel, Deus-conosco, virá conosco caminhar,
Aprenderá com José e Maria os primeiros passos.
 
A noite escura de pecado para sempre iluminada será,
A graça, a paz, a luz aos pobres, pequeninos a comunicar.
 
Pulsará mais forte nosso pulso, e o coração a palpitar;
Com os anjos, glória a Deus, um hino haveremos de cantar.
 
A voz proclamou no deserto que Ele, Jesus, haveria de chegar;
A Palavra desde o princípio, em nossos corações, alegre acolhida.
 
Uma noite de alegre saudação, por todos os dias a se repetir:
Não seja reduzida à formal saudação, mas comunicação de amor.
 
Feliz Natal não reduzidos às luzes de vitrines, casas ou praças,
Mas expressão de amor e fidelidade à Palavra que não passa.
 
Que nosso Natal tenha matizes pascais,  alegria de Ressurreição.
Na fidelidade ao Senhor, na maceração, flagelação, mortificação.
 
Natal: renovemos a alegria incontida de discípulos missionários,
Do Senhor, intrépidas testemunhas com ardor a missionar.
 
Natal: nascimento do Verbo celebrado no altar,
Fé, esperança e caridade a vida toda a pautar. Amém.


Em poucas palavras... (Natal do Senhor)

                                          


A ação de Deus na História

“Para além da distração do período natalício e também de uma leitura ‘à maneira de presépio’ das narrações teológicas dos evangelhos da infância, o desafio que a nossa fé nos propõe cada ano com a festa do Natal, é na ótica de Lucas, precisamente a de ver a ‘coerência’ da história de Deus ‘encarnada’ nas muitas e incoerentes histórias do Seu Povo...

Um desafio para viver ainda, todas as vezes que somos tentados a não acreditar verdadeiramente na Encarnação de um Deus que permanece ‘santo’, embora sujando as mãos com a História, e de um Deus que continua a ser ‘Senhor onipotente’, embora esperando a colaboração dos seus débeis servos.” (1)

 

(1)            Lecionário Comentado - Volume Advento/Natal - Editora Paulus - Lisboa - pág. 176-177

Em poucas palavras... (Natal do Senhor)

                                             


“O Natal do Senhor é o natal da paz”

“É a paz que gera os filhos de Deus e alimenta o amor; ela é a mãe da unidade, o repouso dos bem-aventurados e a morada da eternidade; sua função própria e seu benefício especial é unir a Deus os que ela separa do mundo (...)

O Natal do Senhor é o natal da paz. Como diz o Apóstolo, Cristo é a nossa paz, Ele que de dois povos fez um só (cf. Ef.2,14); judeus ou gentios, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai (Ef 2,18)” (1)

 

 

(1) Papa São Leão Magno (séc V)

Imensidão de olhares (Presépio)

                                                  


Imensidão de olhares

Noite de Natal passada,
Noite em que a Luz brilhou para o mundo.
Contemplo o presépio do Menino Jesus.
Sete mares em olhares das imagens.
 
No olhar do Menino Jesus,
Olhar de misericórdia e ternura.
Na missão pelo Pai confiada, o mesmo olhar,
Que O acompanhará até o último suspiro na Cruz.
 
No olhar da Amantíssima Maria,
Olhar contemplativo e puro como um lírio,
Expressão do que está em seu coração:
Abertura e confiança nos desígnios divinos.
 
Maria, “És lírio entre os espinhos,
és pura sem igual,
brilhando nos caminhos
da culpa original”. 
(1)


No olhar de José, guardião da Sagrada Família,
Olhar límpido e confiante, ainda que não compreenda,
Sabe transformar dificuldades em oportunidades
Sonhos, caminhos, desafios vencidos: cândida fidelidade.
 
Nos olhares dos anjos e dos pastores,
Olhar de alegria pelo anúncio e acolhida da Boa Notícia
Do Mistério do Nascimento do Salvador,
Tão pequenino, tão frágil, Mistério do Divino Amor.

 

No olhar de uma criança estática e extática diante do presépio,

Como que querendo tomar no colo a terna imagem do Menino

Acalentar, como devem ser acalentadas na ternura e no amor

Todas as crianças do mundo, as distantes de sua terra, pais e país...

 

O sétimo olhar: “Ele (Jesus), portanto, foi pequeno, foi criança, para que possais vós, ser perfeitos adultos; Ele foi envolvido em faixas, para que sejais, vós, libertados das garras da morte; Ele, na manjedoura, para vos por sobre o Altar; Ele, na terra, para que estejais vós entre as estrelas; não havia lugar para Ele na sala comum, para que tenhais vós várias moradas na casa do Pai”. Amém. (2)


(1)Liturgia das Horas - Volume Advento-Natal - pág.1037

(2) Santo Ambrósio, Bispo e Doutor da Igreja (séc. IV)

Natal: envolvidos pelo amor de Deus (Natal do Senhor)

                                                    

Natal: envolvidos pelo amor de Deus
 
Natal é a Festa do amor de Deus por nós. E é próprio do Seu amor, vir sempre ao nosso encontro para:
 
- Inspirar os nossos projetos, em conformidade ao Projeto de Deus querido para nós;

- Dirigir nossos passos no caminho do bem, da verdade e do amor, que se encontram;
 
- Corrigir os nossos rumos, quando mudanças são necessárias, porque todos somos necessitados de conversão;

- Ajudar-nos a vencer o medo humano de deixar o “seguro”, para nos lançarmos ao “mistério”.
 
Deste modo, ao celebrar o Natal, sejamos “...cada vez mais semelhantes Àquele que, neste tempo, Se tornou Menino por nosso amor; que em cada novo Natal nos encontre mais simples, mais humildes, mais santos, mais caridosos, mais resignados, mais alegres, mais repletos de Deus... Este é o tempo da inocência, da pureza, da mansidão, da alegria, da paz” (Santo Cardeal Newman).  
 
Natal é a Festa que deve nos tornar “mais”, em tudo que faz nossa vida mais luminosa, bem como a de todos com quem convivemos.
 
Mas também há de ser a Festa que nos torna “menos”, em tudo que rouba o verdadeiro sentido da vida: preconceitos, ódio, violência, fome, abandonos, descasos em relação aos pobres, exploração das riquezas de nossa casa comum...
 
Envolvidos pelo amor de Deus, celebremos o Natal do Senhor, e seja cada momento de nossas vidas, de discernimento do que contribui para um mundo melhor, e o que precisa ser mudado.
 
Feliz Natal do Senhor!


Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG