sábado, 5 de julho de 2025

Alegria na missão (XIVDTCC)

                                                             

Alegria na missão

Reflexão à luz da passagem da Carta de Paulo aos Gálatas (Gl 6,14-18).

Como membros da Igreja, pelo Batismo, recebemos a graça de sermos sacerdotes, profetas e reis. De fato, pelo Batismo recebemos a graça de sermos Profetas do Reino. 

Só gerados e alimentados por essa fonte é que poderemos ser novas criaturas. No que diz respeito, Paulo declara que no centro da sua glória não está a observância rigorosa da Lei, mas Cristo Crucificado”. (1)

 “Não nos surpreende ouvir da boca do Mestre que a missão não é fruto de decisões ou de empenhos humanos. O primeiro responsável é o Pai, o dono da seara: a Ele cabe a salvação dos homens, é Ele que suscita os anunciadores do Reino.

Por isso o missionário é sereno e corajoso no anúncio, atua na confiança e na ausência total de seguranças ou de recursos materiais, não se deixa tentar pelo fascínio da imposição forçada, não impressiona o auditório com meios poderosos ou efeitos especiais, está consciente de que a fecundidade da missão está toda na força inerme da Palavra de que é arauto, uma Palavra capaz de curar e libertar todas as enfermidades”. (2)

A Deus, supliquemos graça para vivermos a nossa vocação batismal, plenamente disponíveis para o anúncio do Reino de Deus; com a imprescindível coragem apostólica e liberdade evangélica, iluminando todos os lugares em que vivamos, com a luz da Palavra de Amor e de paz, como alegres e convictos discípulos missionários do Senhor!


(1)  Lecionário Comentado - Volume I Tempo Comum - Editora Paulus - Lisboa - pág. 669.
(2)  Idem pág. 670.

Peregrinos da esperança: graça e missão pelo Senhor confiada (XIVDTCC)

 


Peregrinos da esperança: graça e missão pelo Senhor confiada

Sejamos enriquecidos pelo Comentário sobre o Evangelho de São Lucas escrito por São Cirilo de Alexandria, Doutor da Igreja (séc. V):

“Sendo que Cristo tinha dito: A messe é grande, mas os operários são poucos, novamente designou com os primeiros a outros setenta e dois e os enviou a sua frente a todos os povos e cidades da Judeia para que fossem precursores e falassem d’Ele. Os enviou deslumbrantes com a graça do Espírito santo e coroados com o poder de realizar milagres...

Na verdade, receberam o poder de repreender aos espíritos maus e de esmagar satanás, não para atrair a atenção sobre eles mesmos, mas para que Cristo fosse exaltado por aqueles catecúmenos que cressem que Cristo era Deus e Filho de Deus por natureza. E fosse tal o louvor, a preeminência e o poder, que tivessem também a potestade de esmagar satanás sob seus pés.

Os enviou muito bem-adornados com as dignidades apostólicas e os revelou capacitados com a ajuda da graça do Espírito Santo. Conferiu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos para que pudessem esconjurá-los.

Como já manifestei, tendo realizado muitos prodígios, estes regressaram dizendo: Senhor, até os demônios se submetem a nós por causa de teu nome.

Como já disse anteriormente, (o Senhor) estava cheio de alegria, ou seja, exultava, porque sabia bem que aqueles que tinha enviado haviam favorecido a muitos, e eles mesmos tinham aprendido sua glória por experiência. Portanto, aquele que é bom e ama aos homens, querendo salvar a todos os homens se torna em causa de alegria, conversão dos equivocados, luz dos que estão nas trevas e conversão dos ignorantes e indóceis mediante o reconhecimento da glória divina.

Deu aos santos apóstolos a autoridade e poder até mesmo para ressuscitar os mortos, limpar os leprosos, curar os enfermos e invocar o Espírito Santo sobre aqueles aos quais impunham as mãos.

Conferiu-lhes o poder de atar e desatar os pecados dos homens. Asseguro-vos, disse Ele, que tudo o que atares na terra será atado nos céus, e tudo o que desatares na terra será desatado no céu.

Na condição na qual nos encontramos, isto é o que podemos ver, e bem-aventurados sejam os nossos olhos e os de todos os que amam a Cristo.

Escutamos o Seu sagrado ministério. Ele nos ensinou as coisas que se referem a Deus Pai, e os mostrou a nós em Sua própria natureza. Aquelas coisas que graças a Moisés eram tipos e figuras, Cristo as manifestou diante de nós em verdade.

Aprendemos a adorar ao que é incorpóreo, imaterial e incompreensível a todo raciocínio, não com sangue e fumaça, mas com sacrifícios espirituais.” (1)

Somos peregrinos de esperança, e o Senhor nos confia e nos envia em missão, com a graça do Espírito Santo e coroados com o poder de realizar milagres.

Ontem, hoje e sempre, anunciamos e testemunhamos o Senhor, a quem rendemos toda honra, glória e poder.

Não podemos desistir diante de eventuais dificuldades, mas seguir sempre em frente, colocando-nos como frágeis instrumentos na vinha do Senhor. Amém.

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 671-672

Missão, uma resposta de amor ao Senhor (XIVDTCC)

                                                 

                      Missão, uma resposta de amor ao Senhor
 
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 10,1-9), sobre o envio que Jesus faz aos Seus discípulos e as exigências da missão evangelizadora: é missão do discípulo ser portador da paz, da vida e da esperança de um mundo novo, como também foi a missão dos profetas, como vemos na passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 66, 10-14c).
 
O Profeta, mesmo numa situação difícil, em que o Povo de Deus se encontrava (martirizado, sofrido e angustiado), tem palavras de confiança e esperança.
 
Apresenta a ação divina com imagens de fecundidade e vida: somente Deus pode oferecer ao Seu povo o “shalom”, ou seja, saúde, fecundidade, prosperidade, amizade com Ele e com os outros, a felicidade total.
 
O Profeta tem sempre uma palavra que convida à alegria. Deus age por meio dele. Também nós somos Profetas, a voz de Deus num mundo também marcado pelo sofrimento, angústia, dores, prantos e morte.
 
Ontem e hoje, vivendo a vocação profética, somos convidados a superar o medo e a angústia e sentir a presença e a força de Deus conosco, não nos curvando diante dos temores que nos paralisam.
 
Deste modo, compreendemos a mensagem do Evangelho: somos continuadores da missão de Jesus, e pelo Batismo, chamados a anunciar a alegria do Reino de Deus, não obstante as dificuldades que possam surgir. 
 
O comentário do Missal Dominical é enfático ao afirmar: “... Não há missão sem perseguição, sem sofrimento e sem Cruz.
 
A Cruz pelo Reino de Deus, aceita com amor, é o sinal da vitória sobre o mal e a morte...
 
O que o Senhor nos pede é a fidelidade a Ele, à Sua mensagem e ao Seu estilo de anúncio. Não nos garante o êxito” (pp. 1169-1170).
 
Jesus envia 72 discípulos, de dois em dois, pois a ação é comunitária, e apresenta a eles algumas exigências e advertências:
 
- Haverá dificuldades;
- Viverão a pobreza, confiando tão apenas na providência divina;
- Crerão na força libertadora da Palavra de Deus;
 
- Viverão a urgência da missão (não pode haver perda de tempo);
- Dedicarão totalmente à missão;
- Serão portadores da paz;
 
- Combaterão contra o mal que se contrapõe ao Reino de Deus;
- Exultarão de alegria por terem os nomes inscritos no céu, no Livro da Vida.
 
Urge que o discípulo missionário confie na Palavra e providência de Deus, com desprendimento, coragem, ousadia e paixão por Ele, carregando a cruz cotidiana. Somente Cristo interessa para nossa Salvação, de modo que nossa identificação com Ele se dará na intensidade que amarmos como Ele nos ama.
 
Neste sentido, Paulo, na passagem na Carta aos Gálatas, exorta a comunidade ao testemunho radical do Senhor, e como discípulos missionários, assumirmos nossa cruz, na qual devemos nos gloriar, para que nos tornemos novas criaturas e alcancemos a glória eterna (cf. Gl 6, 14-18).

 
Reflitamos:
 
- Qual é a nossa fidelidade à missão que Deus nos confia?
- Quanto nos empenhamos para que percebam em nós a alegria da chegada do Reino de Deus?
 
- Somos, de fato, prisioneiros do mais belo Amor, Jesus Cristo, marcados pelo sinal da Cruz, com expressão do amor radical, da liberdade, da vida, doação e serviço?
 
- Como viver mais intensamente a missão que Deus nos confia com plena doação, entrega e fidelidade?
 
Concluo com a afirmação do Papa São Paulo VI: “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”
 
Partícipes das Mesas Sagradas do Senhor, sejamos iluminados e fortalecidos por Sua Palavra, e revigorados pelo Pão da Imortalidade, para continuarmos com coragem, alegria e fidelidade a missão que Ele nos confia. Amém.


PS: Passagem proclamada na Festa de São Lucas Evangelista dia 18 de outubro.

Creio na Igreja santa, uma, católica e apostólica (XIVDTCC)

 


Creio na Igreja santa, uma, católica e apostólica

Sejamos enriquecidos pelo Tratado escrito por Tertuliano (séc. III), sobre a prescrição dos hereges:

“Cristo Jesus, nosso Senhor, durante a sua vida terrena, por Si mesmo ensinava em toda parte quem Ele era, o que tinha sido eternamente, qual era o desígnio do Pai que Ele realizava no mundo, qual deve ser a conduta do homem para que seja conforme a este mesmo desígnio; e algumas vezes o ensinava abertamente ao povo, outras à parte aos seus discípulos, principalmente aos doze que tinha escolhido para que estivessem junto d’Ele, e aqueles que tinha destinado como mestre das nações.

E assim, depois da apostasia de um deles, quando estava para voltar ao Pai, apos sua ressurreição, ordenou aos outros onze que fossem pelo mundo para ensinar aos homens e batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Os apóstolos – palavra que significa ‘enviado’ -, depois de terem escolhido Matias lançando as sortes, para substituir a Judas e assim completar o número doze – apoiados para isto na autoridade de uma profecia contida em um salmo de Davi -, e depois de terem obtido a força do Espírito Santo para falar e realizar milagres, como o havia prometido o Senhor, primeiramente na Judeia deram testemunho da fé em Jesus Cristo e ali instituíram Igrejas, depois foram pelo mundo para proclamar às nações os mesmos ensinamentos e a mesma fé.

De maneira semelhante continuaram fundando Igrejas em cada povoação, de forma que as demais Igrejas fundadas posteriormente, para serem verdadeiras Igrejas, tomaram e seguem tomando daquelas primeiras Igrejas o rebento de sua fé e a semente de sua doutrina. Por isto também aquelas Igrejas são consideradas apostólicas, enquanto descendentes das Igrejas apostólicas.

É norma geral que todo objeto deve ser referido a sua origem. E, por isto, toda a multidão de Igrejas são uma com aquela primeira Igreja fundada pelos apóstolos, da qual procedem todas as outras.

Neste sentido são todas primeiras e todas apostólicas, enquanto que todas juntas formam uma só.

Desta unidade são prova a comunhão e a paz que reinam entre elas, assim como a sua mútua fraternidade e hospitalidade. Tudo o qual não tem outra razão de ser que sua unidade em uma mesma tradição apostólica.

A única maneira segura de saber o que foi pregado pelos apóstolos, ou seja, o que Cristo lhes revelou, é o recurso às Igrejas fundadas pelos próprios apóstolos, aquelas que ensinaram de viva voz e, mais tarde, por carta.

O Senhor tinha dito em certa ocasião: Muitas coisas me restam por dizer-vos, porém não podeis suportá-las agora; mas acrescentou em seguida: quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará até a verdade plena.

Com estas palavras demostrava que nada lhes era oculto, já que lhes prometia que o Espírito da verdade lhes daria o conhecimento da verdade plena. E cumpriu esta promessa, já sabemos pelos Atos dos Apóstolos que o Espírito Santo realmente desceu sobre eles.” (1)

Tertuliano nos fala do início das primeiras comunidades em sua solidificação como Igreja apostólica, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Continuamos hoje esta missão como Igreja que somos, na promoção e fortalecimento da comunhão fraterna, na alegre acolhida e hospitalidade, como ficou marcado o pontificado do Papa Francisco (2013-2025).

Roguemos a Deus para que o Papa Leão XIV, na condução da Igreja, tenha a sabedoria e as luzes do Espírito para nos confirmar na unidade e na tradição apostólica.

Professemos nossa fé:

“Creio em Deus Pai todo-poderoso... creio na Santa Igreja Católica...”

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 673-674

Nem sábios, nem ricos, nem poderosos... (XIVDTCC)

                                                                   

Nem sábios, nem ricos, nem poderosos...

“Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens,
e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.”
(1Cor 1,25)

Voltemo-nos para o Sermão do Bispo e Doutor da Igreja Santo Agostinho (séc. V), em que reflete sobre a escolha que Jesus Cristo fez, chamando para ser Apóstolos alguns pescadores.

Estando o bem-aventurado Pedro com outros dois discípulos de Cristo Senhor, Tiago e João, na montanha com o próprio Senhor, ouviu uma voz vinda do céu: ‘Este é o meu Filho amado, meu predileto, escutai-O’.

Recordando este episódio, o mencionado Apóstolo escreve em sua carta: ‘Esta voz trazida do céu nós a ouvimos estando com ele na montanha sagrada’. E em seguida continua dizendo: Isto nos assevera a palavra dos Profetas’. Se ouviu aquela voz do céu, e se garantiu a palavra dos Profetas’.

Este Pedro, que assim fala, foi pescador: e na atualidade é um inestimável sinal de glória para um orador ser capaz de compreender ao pescador. Esta é a razão pela qual o Apóstolo Paulo, falando dos primeiros cristãos, lhes dizia: ‘Atenham-vos, irmãos, em vossa assembleia: não há nela muitos sábios, segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos aristocratas; pelo contrário: Deus o escolheu o néscio do mundo para humilhar aos sábios; Deus escolheu o fraco do mundo para humilhar ao forte. Ainda mais: tem escolhido o vil e desprezível, aquilo que não conta, para anular ao que conta’.

Se para dar início à Sua obra Cristo tivesse escolhido um orador, o orador teria dito: ‘Fui escolhido em consideração a minha eloquência’. Se tivesse escolhido um senador, o senador teria dito: ‘Fui escolhido em atenção a minha dignidade’. Finalmente, se tivesse primeiramente escolhido a um imperador, o imperador teria dito: ‘Fui escolhido em consideração ao meu poder’.

Que esses tais descansem e aguardem ainda um pouco. Descansem um pouco: não se prescinda deles nem sejam desprezados; sejam somente diferidos aqueles que podem gloriar-se de si mesmos e em si mesmos.

Dá-me, diz, esse pescador, dá-me esse ignorante e ao analfabeto, dá-me a esse com quem o senador não se digna falar, nem sequer quando lhe compra um peixe: dá-me esse. E quando lhe tenha cumulado de meus dons, ficará manifesto que sou em quem atuo.

Ainda que seja verdade que me proponho a fazer o mesmo com o senador, o orador e o imperador: quando chegar o momento também farei com o senador, mas com um pescador a minha ação é mais evidente.

O senador pode gloriar-se de si mesmo, o orador também e o imperador: porém o pescador somente pode gloriar-se em Cristo.

Que venha, que venha primeiro o pescador a ensinar a humildade que salva; através dele o imperador será mais facilmente conduzido a Cristo.

Lembrai-vos, portanto, do pescador santo, justo, bom, pleno de Cristo, em cujas redes, lançadas por todo o mundo havia de ser pescado, junto com os outros, este povo africano; lembrai-vos, portanto, que ele tinha dito: ‘Isto nos assevera a palavra do Profeta’”. (1)

Deus verdadeiramente subverte qualquer lógica humana, chamando humildes pescadores e a eles confiando a missão de ser apóstolos: nem sábios, nem ricos; homens rudes e simples deram início à pregação, e semearam pelo mundo todo a Palavra que ouviram.

Regaram a Palavra com a vida e o sangue derramado, frutificando e multiplicando novos discípulos a partir do chamado, da convivência com Jesus, passando pelo Mistério da Paixão e Morte, e testemunhando a glória da Ressurreição.

Pescadores simples puderam chegar ao coração de sábios e ricos, apenas confiando, anunciando e testemunhando Aquele que mudou suas vidas: Jesus Cristo.

Como bem expressou o Bispo, não tinham a eloquência dos oradores, a dignidade dos senadores e tão pouco o poder dos imperadores, mas tinham humildade, confiança, disponibilidade, coragem, ardor e, sobretudo confiança na Palavra do Mestre e Senhor.

Creram e testemunharam Aquele que depois permaneceu vivo e Ressuscitado no Banquete da Eucaristia, cuja Palavra faz arder o coração, e o Pão partilhado faz abrir os olhos para o reconhecimento de Sua Divina presença, como o fez ao se manifestar aos discípulos de Emaús, e cada vez que nos reunimos para o Banquete Celestial.

Agora é o tempo favorável de nossa missão, com a força e a presença do Espírito Santo, continuar a missão de Jesus Cristo, a nós confiada, participando humildemente da construção do Reino de Deus.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes - 2013 – pp.631-632

Paulo: um Apóstolo apaixonado por Cristo (XIVDTCC)

                                                     



Paulo: um Apóstolo apaixonado por Cristo

O Apóstolo Paulo, escrevendo aos Gálatas (Gl 6,14-18), nos exorta ao testemunho radical que passa pela cruz, para alcançarmos a glória, e assim possa nascer em nós a vida do Homem Novo.

O Apóstolo declara que, no centro da sua glória, encontra-Se o Cristo crucificado e não a observância rigorosa da Lei:

“Paulo acreditou tanto nisso que apostou a sua vida inteira nesta certeza, até sentir-se crucificado com Cristo (cf v. 14), trazendo ‘no seu corpo’ os sinais de uma permuta existencial de participação no Mistério da Paixão de Cristo.

A conformidade com a Cruz marcou o seu próprio corpo, como testemunham ‘os estigmas’ dos sofrimentos provocados pelo seu ministério apaixonado”. (1)

Deste modo, para que vivamos o discipulado com fidelidade, precisamos ser gerados e alimentados pela Divina Fonte da Eucaristia, a fim de que sejamos “novas criaturas”, carregando com fidelidade nossa cruz, cotidianamente.

Na saudação final, invoca a “graça de Cristo” sobre a comunidade, pois esta é fundamental para que se viva a comunhão e a solidariedade na missão, e em todos os momentos, não obstante às dificuldades e incompreensões que tenhamos que suportar.

Oremos:

“Senhor Deus, que na vocação batismal nos chamais a estar plenamente disponíveis para o anúncio do Vosso Reino, concedei-nos a coragem apostólica e a liberdade evangélica, para que levemos a todos os ambientes da vida a Vossa Palavra de amor e de paz. Amém” (2)



(1)         Lecionário Comentado – Editora Paulus – Vol. I do Tempo Comum – p.669
(2)        Idem p.672

Covardes e desertores, jamais!

                                                                  

Covardes e desertores, jamais!

Para que Discípulos Missionários do Senhor o sejamos, recorramos a um invejável Sermão do Presbítero Santo Antônio Maria Zacaria a seus confrades (Séc. XVI), à luz do Apóstolo Paulo em suas Cartas.

O que se pode esperar dos Discípulos de Jesus?

Compaixão, paciência e mansidão para com os que nos entristecem e nos decepcionam; para com os que não nos compreendem. Um desejo profundo de que se inflamem no Amor de Deus e não na gelidez de nossas indiferenças, rancores, julgamentos, sentenças condenatórias:

“Nós somos os tolos por causa de Cristo (1Cor 4,10), dizia de si, dos demais Apóstolos e de todos os que professam a Doutrina cristã e apostólica, o nosso santo guia e santíssimo patrono. Mas isto não é para admirar ou temer, irmãos caríssimos, pois o discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor (Mt 10,24).

Quanto aos que se opõem a nós, devemos ter compaixão e amá-los, ao invés de detestá-los e odiá-los; pois fazem mal a si mesmos e atraem o bem sobre nós; contribuem para alcançarmos a coroa da glória eterna, ao passo que, sobre si, provocam a ira de Deus.

E mais ainda: devemos rezar por eles, e não nos deixarmos vencer pelo mal, mas vencer o mal pelo bem, amontoando atos de piedade como brasas acesas de caridade em cima de suas cabeças (cf. Rm 12,20-21), como ensina nosso apóstolo. Desta maneira, vendo a nossa paciência e mansidão, convertam-se a melhores sentimentos e se inflamem no Amor de Deus.”

O que mais se pode esperar dos Discípulos de Jesus?

Perseverar no serviço evangelizador, produzir abundantes frutos de caridade, alegria nas tribulações; para sermos merecedores da glória futura reservada para quem persevera até o fim.

Compaixão, paciência e mansidão para com os que nos entristecem e nos decepcionam; para com os que não nos compreendem, acompanhado de um desejo profundo de que se inflamem no Amor de Deus e não na gelidez de nossas indiferenças, rancores, julgamentos, sentenças condenatórias:

Apesar da nossa indignidade, Deus nos escolheu do mundo por sua misericórdia a fim de que, entregues ao seu serviço, vamos progredindo cada vez mais na virtude; e pela nossa paciência, possamos produzir abundantes frutos de caridade. Assim, alegremo-nos não apenas na esperança da glória dos filhos de Deus, mas também nas tribulações.”

Como comparar os Discípulos de Jesus?

São soldados de Cristo, comparativamente falando, empenhados no bom combate da fé para bem viver a vocação:

“Considerai a vossa vocação (cf. 1Cor 1,26), caríssimos irmãos.
Se quisermos examiná-la com atenção, veremos facilmente o que ela exige de nós: já que começamos a seguir, embora de longe, os passos dos Apóstolos e dos outros soldados de Cristo, não recusemos também participar dos seus sofrimentos.

Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé (Hb 12,1-2)".

O que jamais se pode esperar dos Discípulos de Jesus?

A covardia e a deserção; o abandono ou o recuo nos santos propósitos, no caminho de santidade na construção do Reino, de modo que não apenas estejamos na Igreja, mas Igreja o sejamos, de fato:

“Nós que escolhemos um tão grande Apóstolo como guia e pai, e fazemos profissão de imitá-lo, esforcemo-nos para que a nossa vida seja expressão da sua doutrina e do seu exemplo. Pois não seria conveniente que, sob as ordens de tão insigne chefe, fôssemos soldados covardes e desertores, ou que sejam indignos os filhos de um tão ilustre Pai.”

É sempre tempo de revermos nossa vida batismal, nossa fidelidade no carregar da cruz, para que testemunhas credíveis do Ressuscitado sejamos.

Reflitamos:

- O Senhor conta conosco, embora não precise, e qual é a nossa resposta?

Se dificuldades houver, se provações se multiplicarem, apenas supliquemos:

Da covardia, da deserção, da fuga e da omissão, livrai-nos, Senhor, a cada dia, para que seduzidos, apaixonados e enraizados em Vosso Amor, tornemos Seu nome conhecido, Seu Evangelho acolhido e vivenciado; uma Igreja mais Santa e um mundo fraterno e renovado. Amém!

Pai Nosso que estais nos céus... 

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