sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Em poucas palavras...

                                                 


“A Igreja é, por sua própria natureza, missionária...”

“«Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para cumprir na terra, no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para que santificasse continuamente a Igreja» (LG 4).

Foi então que «a Igreja foi publicamente manifestada diante duma grande multidão» e «teve o seu início a difusão do Evangelho entre os gentios, por meio da pregação» (AG 4).

Porque é «convocação» de todos os homens à salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária, enviada por Cristo a todas as nações, para de todas fazer discípulos (Mt 28,19-20; AG 2,5-6).” (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.767

Vocação é graça e missão

                                                


Vocação é graça e missão
 
“Corações ardentes, pés a caminho”
(Cf. Lc 24,13-35)
 
Com Ele, vivamos.
Corações ardentes,
Olhos iluminados,
Pés a caminho.
 
Não permitir que frio, fique o coração,
Quando tudo parece perder real sentido,
Nem sonhos, nem esperanças sobrevividas,
Como que tudo a cinzas para sempre reduzidas.
 
Somente se d’Ele Palavra no caminho ouvida,
Possibilitando vislumbrar novos horizontes,
E para a vida, com o divino encontro, um novo sentido,
Inflamado o coração, forças revigoradas na Divina Fonte.
 
Corações ardentes, tão somente
Quando Sua Palavra é ouvida,
No mais profundo do coração,
Acolhida, acreditada, vivida.
 
Não permitir que os olhos percam o brilho,
Ainda que os fatos os queiram ofuscar,
É preciso n’Ele, a Luz que não se apaga,
Incansavelmente, e a cada instante confiar.
 
Com Ele, podemos sempre contar,
E o colírio da fé jamais há de nos faltar,
Para um olhar que transcenda o ilusório,
Olhar que ultrapassa o aparente e transitório.
 
Olhos que se abrem no partir do Pão,
Gesto que se repete em cada Eucaristia.
Pão partilhado, Sua Real presença,
Que nos alimenta e renova forças e alegria.
 
Não permitir que os pés se cansem no caminho,
Subindo montanhas, atravessando vales e campinas,
Confiantes que jamais nos faltará a Sua presença
Contemplada desde sempre na suave brisa divina.
 
Viver a graça da sinodalidade, como Igreja que somos,
Caminhar sempre juntos para mais longe chegar,
Com renúncias e sacrifícios necessários,
Sonhos e utopias que nos movem, compartilhar.
 
Pés a caminho, sem jamais desistir.
Quedas e cansaços inevitáveis, mas
Com a força da oração e da Eucaristia, e a
Presença da Estrela da Evangelização: Maria. Amém. 

quinta-feira, 31 de julho de 2025

“Cuidemos de nossa casa comum”

 



“Cuidemos de nossa casa comum”
 
Em 2016, a Igreja no Brasil realizou a IV Campanha da Fraternidade Ecumênica, com um tema extremamente atual, complexo e desafiador: “Casa comum, nossa responsabilidade”, e o Lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
 
Retomamos a temática com a Campanha da Fraternidade deste ano (2025), com o tema - "fraternidade e Ecologia Integral", e com o lema -"Deus viu que tudo era muito bom" (cf. Gn 1,31).
 
Oportuno retomar os sete “erres” que, cada vez mais, devem fazer parte de nossa vida:
 
Repensar os nossos hábitos de consumo e comportamentos. Vejamos onde podemos economizar e evitar a produção de lixo; 

Reduzir o consumo e o uso de embalagens e produtos não recicláveis; 

Reaproveitar materiais, papéis, embalagens etc., que muitas vezes vão para o lixo, mas que poderiam continuar sendo usados ou doados para outras pes­soas; 

Reciclar, fazendo a separação/coleta seletiva do lixo; reciclá-lo ou doá-lo para quem o recicla (muitas pessoas ganham o próprio sustento e da família com este trabalho); 

Recusar produtos descartáveis como plásticos e outros produtos que prejudicam o ecossistema; 

Reparar produtos, prolongando sua vida útil; 

- Reintegrar restos de alimentos e outros materiais orgânicos à natureza, através da compostagem.

Com estas ações, que não exigem grande esforço, ao mesmo tempo em que cuidamos do Planeta, estaremos fazendo bem a nós mesmos e aos outros, e, com isto, exercitando a caridade fraterna.
 
Cuidemos do nosso Planeta, nossa Casa Comum, com a consciência de que devemos preservá-lo para as gerações que virão. Se não nos convertermos no uso das coisas, na relação com elas, estaremos comprometendo não somente o futuro, mas já também o presente, haja vista os acidentes e tragédias ambientais que vemos nos noticiários e bem perto de nós.
 


O Senhor revigora a nossa fé

                                                     

O Senhor revigora a nossa fé
 
Reflexão à luz da passagem da Carta de São Pedro (1Pd 1,6-9):
 
“Isto é motivo de alegria para vós, embora seja necessário que agora fiqueis por algum tempo aflitos, por causa de várias provações. Deste modo, a vossa fé será provada como sendo verdadeira – mais preciosa que o ouro perecível, que é provado no fogo – e alcançará louvor, honra e glória, no dia da manifestação de Jesus Cristo. Sem ter visto o Senhor, vós O amais. Sem O ver ainda, n’Ele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação”
 
A Carta é dirigida aos cristãos das cinco províncias romanas da Ásia menor, e tem como objetivo a exortá-los para que vivam a fidelidade ao Senhor, apesar de toda provação, perseguição e incompreensão.
 
O discípulo missionário não está livre de aflições e provações, como o próprio Senhor já alertara no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados” (Mt 5,5); “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-Aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim” (Mt 5,10-11).
 
A autenticidade, solidez, luminosidade e fecundidade da fé somente são alcançadas quando ela for provada, e assim se torna “mais preciosa que o ouro perecível, que é provado no fogo” (1Pd 1,7), e como também podemos ler no Livro do Eclesiástico: “Meu filho, se te ofereceres para servir o Senhor, prepara-te para a prova. Endireita teu coração e sê constante, não te apavores no tempo da adversidade. Une-te a Ele e não separes a fim de seres exaltado no teu último dia. Tudo o que te acontecer, aceita-o, e nas vicissitudes que te humilharem sê paciente, pois o ouro se prova no fogo, e os eleitos, no cadinho da humilhação” (Eclo 2,1-5).
 
É preciso nas contrariedades do cotidiano, sobretudo se inevitáveis, manter a esperança, confiar no amor de Deus, que nos envolve e nos impulsiona, para que jamais recuemos no testemunho da fé, no revigoramento da caridade, virtudes divinas que nos movem, permanentemente, na fidelidade ao Senhor, com a força e presença do Espírito Santo, dom de Deus, e todos os dons que possam nos enriquecer.
 
Vivamos na solidariedade, alegria, coerência e fidelidade na adesão feita ao Cristo Ressuscitado, em total identificação com Aquele a quem amamos, mesmo sem ter visto, pois Ele é o Cristo que, por amor, Se entregou ao Pai em favor de todos nós.
 
Nisto consiste a fé: crer no poder e presença do Senhor, ainda que não O tenhamos visto, mas n’Ele acreditamos, como também nos disse o Senhor, quando Se manifestou aos discípulos, dirigindo a Tomé estas palavras: “Porque viste creste. Felizes os que não viram e creram!” (Jo 20,29).
 
Tão somente deste modo, beberemos de uma fonte genuína e inesgotável de alegria, que é o próprio Senhor Jesus Cristo, que nos ama e nos garante vida plena e feliz, a salvação, e com Ele, chegaremos à glória da Ressurreição.
 
Concluamos com as palavras do Salmista: “O Senhor nos sacia com a fina flor do trigo. E nos farta com o mel que sai da rocha” (cf. Sl 81,17), e assim, satisfeitos e felizes somos, não obstante às provações e dificuldades que tenhamos que enfrentar e superar.



PS: oportuno para a reflexão da passagem do Livro do Eclesiástico (Eclo 2,1-3) (gr. 1-11)

A esperança da vida plena e feliz



A esperança da vida plena e feliz

Sejamos iluminados pelo início da chamada Carta de Barnabé (Séc. II), em que nos fala da esperança da vida como o início e o fim de nossa fé.

“Saúdo-vos na paz, filhos e filhas, em nome do Senhor que nos ama.
Por serem grandes e preciosas as liberalidades que Deus vos concedeu, mais que tudo e intensamente me alegro por vos saber felizes e esclarecidos. Pois assim acolhestes a graça do dom espiritual, enxertada na alma. Por isto ainda mais me felicito com a esperança de ser salvo, ao ver realmente derramado sobre vós o Espírito vindo da copiosa fonte do Senhor.

Estou plenamente convencido e consciente de que ao falar convosco vos ensinei muitas coisas, porque o Senhor me acompanhou no caminho da justiça; e sinto-me fortemente impelido a amar-vos mais do que a minha vida, porque são grandes a fé e a caridade que existem em vós pela esperança da vida.

Tendo em consideração que, se é de meu interesse por vossa causa partilhar convosco algo do que recebi, será minha paga servir a tais pessoas. Decidi, então, escrever-vos poucas palavras, para que, junto com a fé, tenhais perfeita ciência.

São três os preceitos do Senhor: a esperança da vida, início e fim de nossa fé; a justiça, início e fim do direito; caridade alegre e jovial, testemunho das obras de justiça.

Pelos profetas, o Senhor fez-nos conhecer as coisas passadas, as presentes e deu-nos saborear as primícias das futuras. Ao vermos tudo acontecer por ordem, tal como falou, devemos nós, mais ricos e seguros, assimilar o Seu temor.

Quanto a mim, não como mestre, mas como um de vós, mostrarei alguns poucos pontos, pelos quais vos alegrareis nas circunstâncias atuais.

Nestes dias maus, Ele mostra Seu poder; empenhemo-nos, pois, de coração em perscrutar os Mandamentos do Senhor. Nossos auxiliares são o temor e a paciência; apoiam-nos a generosidade e a continência que, aos olhos do Senhor, permanecem castas, no convívio da sabedoria, inteligência, ciência e conhecimento.

Todos os profetas nos revelaram não ter Ele necessidade de sacrifícios nem de holocaustos nem de oblações, dizendo: ‘Que tenho a ver com a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto de holocaustos, de gorduras dos cordeiros; não quero o sangue de touros e de cabritos, mesmo que venhais à minha presença. Quem exige isto de vossas mãos? Não pisareis mais em meus átrios. Trazeis oblações de farinha? Será em vão. O incenso me é abominável; vossos novilúnios e solenidades, não as suporto (cf. Is 1,11-13)”.

Como discípulos missionários do Senhor, empenhemo-nos em viver os três preceitos do Senhor que Barnabé nos apresenta:

- “a esperança da vida, início e fim de nossa fé”;
- “a justiça, início e fim do direito”;
- “a caridade alegre e jovial, testemunho das obras de justiça”.

Oremos:

Ó Deus de bondade, ajudai-nos a fazer progresso no temor de Vós, com a paciência necessária para que vejamos florir e frutificar frutos de amor e justiça no mundo em que vivemos.

Concedei-nos a generosidade e a continência, e que elas permaneçam puras, vivendo com sabedoria, inteligência, ciência e conhecimento dos Vossos desígnios, ontem, hoje e sempre.

Fortalecei a esperança da vida plena e feliz, que é o início e o fim de nossa fé, quando parecer não mais haver sinais de esperança, e não tenha a última palavra a cultura da morte.

Ajudai-nos a buscar primeiro o Vosso Reino e a justiça, e tudo o mais nos será acrescentado, fiéis à fé que professamos e à Doutrina que nos conduz.

Revigorai em nossos corações a caridade alegre e jovial, a fim de que elas sejam testemunhos credíveis das obras de justiça dentro e fora da Igreja, em todos os âmbitos, na fidelidade a Jesus e com o Santo Espírito. Amém.

“A montanha azul”

                                                          

“A montanha azul”

Com passos firmes, subi à montanha azul, lugar que bem perto se pode encontrar.
Vencendo todo o cansaço e vozes que repetiam em coro: – “você não conseguirá”.
Mas, fôlego renovado, ao topo mais alto que se pode alcançar.

No cume da montanha, apenas o som do vento a escutar,
Ou quando muito, os passos trocados, de um lado para outro.
Olhos fixos no horizonte de um novo amanhecer,
Que não tardará por vir; ainda que as dificuldades pareçam a noite eternizar.

Páginas novas na planície serão escritas, com ousada teimosia,
Contra todos os cantos agourentos que, por vezes, parecem tornar impossíveis
Os mais belos sonhos que podemos ter; no secreto silêncio da alma sonhar.

Mas lá não se pode para sempre ficar; ainda que tentador,
É preciso pisar nos cacos de vidros da planície do cotidiano, com risco de se cortar,
Mas contar com a proteção que nos vem do alto, contra toda forma de perigo,
Pois Ele jamais se afasta daqueles que tanto ama, sendo em todo o tempo,
Nosso abrigo, refúgio, consolo, força e proteção, e jamais nos decepciona.

Cada um de nós precisa desta montanha azul, de momentos de restauração,
Em que nos colocamos despidos diante do Criador, com nossa miséria e limitação.
Envolvidos por Sua divina presença, impelidos a descer para o chão da realidade,
Para ser no mundo, para todos que precisarem, d’Ele, divino sinal,
Sua luz irradiar, no testemunho de uma fé irmanada com a esperança e caridade.


PS: passagens bíblicas - Mt 5,1-12a; Cl 3,1-5.9-11

O Reino dos céus é como uma rede lançada ao mar

                                                           

O Reino dos céus é como uma rede lançada ao mar

Na quinta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 13,47-53), em que Jesus nos apresenta mais uma parábola, exclusiva deste Evangelista,  sobre o Reino dos Céus: a parábola da rede lançada ao mar, e que recolhe todo tipo de peixe.

O Evangelista tinha diante de si uma comunidade imersa na monotonia, na falta de empenho, numa vivência morna da fé, logo, pouco exigente e comprometida.

Deste modo, era necessário buscar uma Palavra do Senhor, para que ela perseverasse diante das perseguições e hostilidades, enfrentando as dificuldades que vão se apresentando na caminhada da comunidade.

Nisto consiste a beleza das Parábolas: revigoram o ânimo, o entusiasmo, ajudam no discernimento e fortalecem no seguimento de Jesus.

A comunidade deve ver no Reino a grande pérola ou tesouro, pelo qual todo sacrifício deve ser feito e toda renúncia não será em vão.

É preciso rever a escala de valores que pautam nossa vida: o que nos seduz, o que consome nossas forças, nosso tempo; bem como refletir sobre a alegria que devemos ter por sermos instrumentos, colaboradores na realização do Reino.

A Parábola da rede e dos peixes leva a comunidade a refletir, mais uma vez, sobre a necessidade da paciência para ver o Reino de Deus acontecer (joio e trigo).

Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a morte do pecador, por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para amadurecer as suas opções e fazer suas escolhas.

Refletimos sobre a Misericórdia de Deus, que se manifesta na tolerância, paciência, sempre desejoso de que em nós aconteça a conversão e o amadurecimento.

Na conclusão da passagem do Evangelho, os discípulos são chamados a compreender e acolher o novo ensinamento proposto, num renovado compromisso e empenho.
  
Reflitamos:

- O que pedimos quando dizemos: “Venha a nós o Vosso Reino”?
- Como vivemos a paciência a serviço do Reino?

-  Como Igreja, estamos a serviço do Reino. Temos consciência desta missão?

Sentimos alegria contagiante ao trabalhar para que o Reino de Deus aconteça?

O melhor Ele já nos deu: O Espírito Santo e os sete Dons (Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus). Empenhemo-nos, decididamente, na construção do Reino, o Espírito nos assiste, a Sabedoria nos é comunicada, incessantemente. 

Como discípulos missionários do Senhor, renovemos nossa alegria de participar da realização do Reino de Deus, como herdeiros da graça em Cristo Jesus, pelo Espírito Santo, no amor do Pai.

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