segunda-feira, 15 de julho de 2024

Que o Fogo do Espírito nos inflame! (15/07)

                                                                

Que o Fogo do Espírito nos inflame!

Celebramos, no  dia 15 de julho, a Memória do Bispo São Boa Ventura (séc. XIII), que nos enriquece com seu “Opúsculo Literário da Mente para Deus”.

“Cristo é o caminho e a porta. Cristo é a escada e o veículo, o propiciatório colocado sobre a arca de Deus (cf. Ex 26,34) e o Mistério desde sempre escondido (Ef 3,9).

Quem olha para este propiciatório, com o rosto totalmente voltado para Ele, contemplando-O suspenso na Cruz, com fé, esperança e caridade, com devoção, admiração e alegria, com veneração, louvor e júbilo, realiza com Ele a Páscoa, isto é, a passagem.

E assim, por meio do Lenho da Cruz, atravessa o mar Vermelho, saindo do Egito e entrando no deserto, onde saboreia o maná escondido.

Descansa também no túmulo com Cristo, parecendo exteriormente morto, mas experimentando, tanto quanto é possível à Sua condição de peregrino, aquilo que foi dito pelo próprio Cristo ao ladrão que O reconhecera: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23,43).

Nesta passagem, se for perfeita, é preciso deixar todas as operações intelectuais, e que o ápice de todo o afeto seja transferido e transformado em Deus.

Estamos diante de uma realidade mística e profundíssima: ninguém a conhece, a não ser quem a recebe; ninguém a recebe, se não a deseja; nem a deseja, se não for inflamado, até a medula, pelo Fogo do Espírito Santo, que Cristo enviou ao mundo. Por isso, o Apóstolo diz que essa Sabedoria mística é revelada pelo Espírito Santo (cf. 1Cor 2,13).

Se, portanto, queres saber como isso acontece, interroga a graça, e não a ciência; o desejo, e não a inteligência; o gemido da oração, e não o estudo dos livros; o esposo, e não o professor; Deus, e não o homem; a escuridão, e não a claridade.

Não interrogues a luz, mas o Fogo que tudo inflama e transfere para Deus, com unções suavíssimas e afetos ardentíssimos.
Esse Fogo é Deus; a Sua fornalha está em Jerusalém. Cristo acendeu-a no calor da Sua ardentíssima Paixão.

Verdadeiramente, só pode suportá-la quem diz: Minha alma prefere ser sufocada, e os meus ossos a morte (cf. Jó 7,15). Quem ama esta morte pode ver a Deus porque, sem dúvida alguma, é verdade: O homem não pode ver-me e viver (Ex 33,20).

Morramos, pois, e entremos na escuridão; imponhamos silêncio às preocupações, paixões e fantasias.

Com Cristo crucificado, passemos deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1), a fim de podermos dizer com o Apóstolo Filipe, quando o Pai Se manifestar a nós: Isso nos basta (Jo 14,8); ouvirmos com São Paulo: Basta-te a minha graça (2Cor 12,9); e exultar com Davi, exclamando: Mesmo que o corpo e o coração vão se gastando, Deus é minha parte e minha herança para sempre! (Sl 72,26).

Bendito seja Deus para sempre! E que todo o povo diga: Amém! Amém! (cf. Sl 105,48)”.

Oremos:

Senhor, que o Fogo do Espírito nos inflame, para correspondermos melhor ao Projeto de Deus.

Com a Sabedoria a nós comunicada, seja nossa alma inflamada, e acompanhados pela Vossa presença e envolvidos pela Vossa infinita misericórdia, bondade e ternura.

Como peregrinos da esperança, com a Sabedoria do Espírito, contemplamos insondáveis Mistérios Divinos que dão um novo e salutar sentido à nossa vida. Amém.

Uma Oração que eleva pensamentos e refrigera a nossa alma! (15/07)

                                            


Uma Oração que eleva pensamentos e refrigera a nossa alma!

Com a Oração do Bispo São Boaventura (séc. XIII) somos agraciados por uma leve Brisa Divina, numa suave expressão do sopro do Espírito.

“Ó inefável beleza do Deus altíssimo e puríssimo esplendor da Luz eterna, Vida que vivifica toda vida, Luz que ilumina toda luz, e conserva em perpétuo esplendor a multidão dos astros, que desde a primeira aurora resplandecem do trono da Vossa divindade.

Ó eterno e inacessível, brilhante e suave manancial daquela Fonte oculta aos olhos de todos os mortais! Sois profundidade infinita, altura sem limite, amplidão sem medida, pureza sem mancha! De Ti procede o rio que vem trazer alegria à cidade de Deus,

Para que entre vozes de júbilo e contentamento possamos cantar hinos de louvor ao Vosso nome, sabendo, por experiência que em Vós está a Fonte da vida, e em Vossa Luz contemplamos a luz”.

Contemplemos o Sagrado Coração de Jesus, e n’Ele o Mistério do Amor de Deus por nós, do qual jorra uma torrente que tudo depura e arrasta, e assim teremos elevados nossos  pensamentos e nossa alma refrigerada, com este sopro que vem do Espírito.

Reflitamos:

- O que a oração, de São Boaventura nos desperta?
- O que significa o Amor de Deus em minha vida?

- Qual a profundidade e intensidade do Amor de Deus que sinto em minha vida?
- Como percebem em mim a presença do Amor vital de Deus?

- Tenho correspondido e agradecido o Amor de Deus por mim?
- Com que palavras posso agradecer o Amor de Deus por mim?

Supliquemos a Deus para que Seu inefável Amor, continue sendo derramado em nosso favor, e façamos silêncio diante da Palavra de todas as Palavras  e digamos depois:

Deus como Te amo!
E por mais que Te ame
É nada, absolutamente nada,
Diante do Teu amor, mas Te amo!
E quero amar, a cada dia,  cada vez mais. Amém.


domingo, 14 de julho de 2024

São Camilo servia o Senhor nos enfermos(14/07)

                                                               

São Camilo servia o Senhor nos enfermos

Celebramos no dia 14 de julho a memória de São Camilo de Léllis (séc. XVII) que, com ardor e zelo servia o Senhor, sobretudo nos irmãos enfermos.

São Camilo é padroeiro dos enfermos, dos profissionais da saúde e hospitais.

Sobre ele, um de seus companheiros assim escreveu:

“Começarei pela santa caridade, raiz de todas as virtudes e dom familiar a Camilo mais do que qualquer outro. Ele vivia sempre inflamado pelo fogo desta santa virtude, não só para com Deus, mas também para com o próximo, especialmente os doentes. Bastava vê-los para que se enchesse de ternura e se comovesse no mais íntimo do coração, a tal ponto que esquecia completamente todas as delícias, prazeres e afetos terrenos.

Quando tratava de algum doente, parecia doar-se com tanto amor e compaixão que, de bom grado, tomaria sobre si toda doença, para aliviar-lhe as dores ou curar as enfermidades.

Contemplava nos doentes, com tão sentida emoção, a pessoa de Cristo que, muitas vezes, quando lhes dava de comer, pensando serem outros Cristos, chegava a pedir-lhes a graça e o perdão dos pecados.

Mantinha-se diante deles com tanto respeito, como se estivesse realmente na presença do Senhor. De nada falava com mais frequência e com mais fervor do que da santa caridade. O seu desejo era imprimi-la no coração de todos os homens.

Para incutir em seus irmãos religiosos esta santa virtude, costumava recordar-lhes aquelas dulcíssimas palavras de Jesus Cristo: Eu estava doente e cuidastes de mim (Mt 25,36). Parecia que ele tinha estas palavras verdadeiramente gravadas em seu coração, tal era a frequência com que as dizia e repetia.

Camilo era um homem de tão grande caridade, que tinha piedade e compaixão não somente dos doentes e moribundos, mas também, de modo geral, de todos os outros pobres e miseráveis. Seu coração era tão cheio de bondade para com os indigentes, que costumava dizer: ‘Ainda que não se encontrassem pobres no mundo, os homens deveriam andar a procurá-los e desenterrá-los, para lhes fazerem o bem e praticar a misericórdia para com eles’”.

Nesta breve apresentação de São Camilo, vemos quão apreço tinha pelos pobres, enfermos, e que muito tem a nos ensinar, para que tenhamos a mesma atitude e apreço por eles, como assim deseja o Senhor, e nos apresentou como um dos critérios no dia do julgamento final.

Elevemos orações por todos os enfermos, e, a quantos pudermos, uma palavra, a presença, o cuidado; e quando não for possível, o façamos em nossas orações quotidianas, dando a eles especial lugar em nosso coração.

Oremos:

“Ó Deus, que inspirastes a São Camilo de Léllis extraordinária caridade para com os enfermos, dai-nos o Vosso Espírito de amor, para que, servindo-Vos em nossos irmãos e irmãs, possamos partir tranquilos ao Vosso encontro na hora de nossa morte. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”. Amém.

Alegria da missão e da vocação profética (XVDTCB)

                                                                              

Alegria da missão e da vocação profética

“A missão de Jesus é a nossa missão”

A Liturgia da Palavra do 15º Domingo do Tempo Comum (ano B), convida-nos a refletir sobre a vocação profética que é um dom de Deus.

Com a passagem da primeira Leitura (Am 7,12-5), refletimos sobre a vocação e a corajosa atuação do Profeta Amós, que foi chamado por Deus, quando envolvido estava por suas atividades de pastor de gado e cultivador de sicômoros.

Amós não é um Profeta convencional, profissional e não vive da profecia. Para ele, viver a vocação profética é a mais bela expressão de confiança e compromisso com o Projeto de Deus, que estava sendo desvirtuado através da prática da injustiça, violação do valor sagrado do culto, e do triste empobrecimento de tantos à custa do luxo e da suntuosidade de poucos.

A vocação profética é sempre um risco e pode ser acompanhada de rejeição e expulsão. Sendo o Profeta a autêntica voz de Deus muitas vezes tentarão calar sua voz, como aconteceu com Amós.

Entretanto como bem diz o refrão de um canto – “se calarem a voz dos Profetas, as pedras falarão” ­– Amós não se calou e levou a termo sua missão apontando a infidelidade e as indesejáveis e trágicas consequências que viriam pouco mais tarde.

A passagem da segunda Leitura (Ef 1, 3-14) é um hino Paulino de riqueza imensurável. Uma passagem bíblica que deve ser lida e relida incontáveis vezes. Em forma de hino e Oração, Paulo oferece uma síntese doutrinal de toda a Carta.

Ele nos fala do Mistério Divino que se revela na história em diversos momentos: na criação por meio de Jesus Cristo;  através dos Profetas Deus também Se revelou e instruiu a humanidade; na plenitude dos tempos Se revelou enviando o próprio Filho; Se revelou pela Palavra Encarnada, anunciada, crucificada, ressuscitada; Se revela na ação e missão da Igreja, até que possamos alcançar a glória da eternidade.

É próprio do Amor de Deus revelar-se, dar-se a conhecer a quem se abre à Sua ação e presença. E ainda mais, Paulo nos fala que Deus desde o princípio nos predestinou e nos criou para sermos Santos e irrepreensíveis no amor para com Ele.

Deste modo, a vida cristã consiste em rejeitar o que não for digno para o cristão e abraçar tudo o que for digno deste nome. Nisto também consiste uma vida profética: saber discernir o que é bom e justo, santo e verdadeiro daquilo que não é bom e nos torna impermeáveis a graça e ao Amor transbordante de Deus para conosco, porque mergulhados na vida do pecado, escuridão e desamor.

Na passagem do Evangelho (Mc 6,7-13), Jesus, Profeta do Pai por excelência, envia os discípulos dois a dois para pregar a Boa Nova do Evangelho, anunciando a conversão, mudança de mentalidade e atitudes para a acolhida da chegada do Reino.

Não somente envia, mas lhes confere o poder que tem junto do Pai para expulsar demônios, curar os enfermos, inaugurar relações novas de vida e liberdade.

Há, porém, algumas exigências que devem marcar a vida dos discípulos do Senhor:

- a alegria da missão por Ele confiada; 
- o despojamento;
- a pobreza;
- a simplicidade;
- a liberdade total diante de tudo e de todos;
- a confiança incondicional no poder e na providência divina;
- a maturidade para suportar a rejeição e as adversidades.

Assim afirma o Missal Dominical:

“Quem anuncia não deve ter nada que pese, deve ser leve e desembaraçado, não tanto de alforje e capa, mas antes, livre de interesses humanos, de ideologias a defender, de compromissos com as potências deste mundo. Essas coisas não lhe permitem estar livre, condicionam-no, embaraçam-lhe o trabalho, enfraquecem-lhe o zelo, impedem-no de merecer crédito”.

Aprendamos com os Apóstolos, os Santos e tantos quantos que deram testemunho de sua fé, que sem paixão por Jesus, fascínio por Ele e pelo Reino, não há apostolado, não há missão e tão pouco profecia.

Ninguém é Profeta por iniciativa própria, mas a vocação profética é prerrogativa divina. Em cada tempo Deus suscita Profetas para serem Sua voz, Sua Palavra, a vibração de Suas cordas vocais.

No coração do mundo, o Profeta é o pulsar do coração  de Deus, sua missão consiste em ajudar a construir relações que estejam em perfeita sintonia com o Projeto Divino.

A missão do Profeta não é fácil. Ele é alguém que antes de tudo escuta a Palavra de Deus, acolhendo-a no mais profundo de si mesmo para anunciá-la e testemunhá-la com credibilidade.

O Profeta tem a missão de tornar a vida uma bela canção, uma bela melodia, em perfeito tom e sintonia com o Projeto divino, na mais bela harmonia, um canto novo de alegria, vida, justiça e paz:

“Não só a Igreja na sua totalidade, mas também cada cristão deve sentir-se escolhido pessoalmente, chamado e enviado: cada um de nós faz parte de um projeto cósmico, a construção do Reino de Deus. O grande pecado seria sentirmo-nos sozinhos ou sentirmo-nos inúteis” (1)

Reflitamos:

- Como vivo a vocação profética recebida no dia do meu Batismo?
- Quais são as vozes proféticas no tempo presente?

- Como procuro viver a santidade e a filiação divina?
- Qual é a missão que Jesus me confia?

- Sinto alegria em realizá-la?
- Onde e quando sinto a presença e ação de Deus se revelando em minha vida?


É sempre tempo de reavivar a chama profética, crepitar ardente no coração, para que a alegria da missão torne visível o quanto nos configuramos ao Senhor, e assim geremos e formemos Cristo em nós e nos outros. 

(1) Leccionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 714 

Que o nosso coração seja fecundo (XVDTCA)

Que o nosso coração seja fecundo

“Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem.
O campo é o mundo. A boa semente são
os que pertencem ao Reino.”

A Liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum (Ano A) nos convida a refletir sobre a importância e a centralidade da Palavra de Deus na vida daqueles que creem.

A passagem da primeira Leitura (Is 55,10-11) é um pequeno trecho do “Livro da Consolação”, e retrata a fase final do exílio (anos 550-540 a.C.).

O Povo de Deus encontra-se farto de belas palavras e promessas de libertação, que tardam em se realizar, e com isto a impaciência, a dúvida e o ceticismo enfraquecem a resistência dos exilados.

O Profeta, para evidenciar a eficácia da Palavra de Deus, utiliza o exemplo da chuva e da neve que, vindas do céu, tornam fecunda a terra, multiplicando a vida nos campos.

Uma imagem muito sugestiva, considerando que os judeus exilados na Babilônia devem se lembrar da chuva que cai no norte de Israel e da neve no monte Hermon. A água alimenta o rio Jordão, correndo por todo Israel, e por onde passa gera vida e fecundidade.

A mensagem que se comunica é de que a Palavra de Deus não falha, pois indica sempre caminhos de vida plena, verdadeira, expressa na liberdade e paz sem fim, não necessariamente segundo a lógica do tempo dos homens, dos seus desejos, projetos, interesses e critérios.

É necessário que se aprenda e respeite o ritmo e o tempo de Deus. E também, a eficácia da Palavra divina não dispensa compromissos e indica os caminhos que devem ser percorridos, renovando o ânimo para a intervenção no mundo. A Palavra divina não adormece a ação humana, mas impele para a transformação e renovação do mundo.

Com a passagem da segunda Leitura (Rm 8,18-23), continuamos a refletir sobre a vida segundo o Espírito, que consiste em deixar-se conduzir pela Palavra de Deus, e isto só é possível quando se acolhe a salvação como dom de Deus, que nos é alcançada por meio de Jesus Cristo, na ação do Espírito, que é derramado sobre todos os que aderem ao Seu Projeto e fazem parte de Sua comunidade.

A vida segundo o espírito consiste também em viver atentamente na escuta da Palavra de Deus, em plena obediência ao Projeto que Ele tem para nós, com renúncia ao egoísmo, aos interesses mesquinhos, ao comodismo, ao orgulho. É um caminho de doação da própria vida a Deus e aos outros.

A vida segundo o Espírito implica em maturidade para viver os sofrimentos, as renúncias, as dificuldades, que nada representam se comparadas com a felicidade sem fim que aqueles que creem encontrarão no fim do caminho.

A vida segundo a carne é, por sua vez, marcada por uma vida onde impera o egoísmo, o orgulho e a autossuficiência, que conduz ao pecado, à morte, à infelicidade total.

Viver consiste em saber fazer escolhas: viver segundo a carne, ou viver segundo o Espírito. Sendo pelo Espírito, pautar a vida pela Palavra divina e por ela ser conduzido.

Na proclamação do Evangelho (Mt 13,1-23), em que nos apresenta a Parábola do semeador, somos convidados a refletir sobre o modo como acolhemos a Palavra de Deus, e como comunicamos a Boa-Nova do Reino, que jamais pode ser interrompida, e que aos poucos vai revelando seu esplendor e fecundidade, a vida que Deus quer para a humanidade.

Neste capítulo, encontramos sete Parábolas de Jesus: do semeador; do grão de mostarda; do fermento; do trigo e do joio; do tesouro escondido; da pérola valiosa e da rede.

A linguagem em forma de Parábolas mexe com os ouvintes, arma controvérsia, e é um método pedagógico de reflexão em busca da verdade.

O Evangelista Mateus tem como sua preocupação a vida da comunidade, de modo que nas sete Parábolas, e na interpretação das mesmas, apresenta Jesus como o Pastor que exorta, anima, ensina e fortalece a fé dos que creem.

Sejamos fortalecidos em nosso itinerário de fé, trilhando caminhos, ainda que difíceis e desafiadores, mas sempre iluminados pela Palavra Divina proclamada, acolhida, meditada, partilhada, celebrada e testemunhada.

Empenhemo-nos para que a Palavra caia num chão fértil, que deve ser nosso coração, para que produza os frutos por Deus esperados: justiça, paz, amor, alegria, felicidade...

A Palavra de Deus é eficaz; é preciso que tornemos nosso coração mais fecundo, em séria e atenta escuta e vivência desta Palavra.

Nutridos pela força da Eucaristia, inebriados pelo Vinho Novo, a nós oferecidos no Cálice da Salvação, sejamos cada vez mais comprometidos com a mesa de nossos irmãos no quotidiano, até que sejamos merecedores de ser partícipes do Banquete Eterno, na glória da eternidade. Amém. 

Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Os desafios da Pós Jornada Mundial da Juventude

Os desafios da Pós Jornada Mundial da Juventude 

“Com o ruído que se produziu a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma” (At 2, 6)

Onze anos passados, vivíamos dias memoráveis com a visita do Papa Francisco e a realização da 28ª Jornada Mundial da Juventude, cujo lema é sempre oportuno lembrar - “Ide e fazei discípulos entre as nações!”. 

Na Basílica Nacional de Aparecida, o Papa foi e é uma “Voz Viva” que o mundo parou para ouvir. Foi um grande Pentecostes, lembrando a passagem da Sagrada Escritura:

“De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e pousavam sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimirem” (At 2, 2-4).

Ocupando espaço na mídia televisiva, impressa, internet, pelo carisma próprio e, sobretudo, pela mensagem marcada pela simplicidade e profundidade, beleza e profecia, força e ternura.

O Papa veio como que reavivar a chama do rebanho católico, e não há dúvida que suas palavras também aqueceram o coração de quem o viu e ouviu. 

Fomos desafiados a buscar ações solidárias em favor da vida, e de modo especial em favor dos empobrecidos. Fomos exortados a uma conversão sincera a Jesus Cristo e à mensagem de Seu Evangelho.

E, de modo especial está reafirmado o compromisso da evangelização da Juventude, descobrindo métodos, caminhos para que estes sejam, de fato, uma primavera na Igreja, protagonistas preciosos no anúncio e testemunho da Boa-Nova de Jesus.

Temos que continuar o aprofundamento do que o Papa disse e deixou escrito, fazendo uma revisão do caminho feito e alargando sempre os horizontes, para que a opção pelos pobres e os jovens (desde a Conferência Episcopal Latino Americana em Puebla – 1979) seja efetiva. 

Não há alegria verdadeira se nos tornarmos indiferentes à realidade de quem sofre e precisa de uma palavra de carinho, um gesto de solidariedade.  

Como Igreja que somos, o Papa nos convidava e convida a nos deixarmos surpreender pelo Amor de Deus e a Ele correspondermos, servindo com alegria, irradiando a luz da fé, multiplicando ações que viabilizem a esperança de um novo céu e uma nova terra, colocando-nos como eternos aprendizes da linguagem do amor que nos uniu, independentemente de nação, cultura ou língua.

O Papa não somente nos ensinou, mas assim o fez, tornou-se próximo de nós, tocando o rebanho ficou com o seu cheiro, como ele já dissera no começo de seu pontificado: “os presbíteros precisam ter cheiro do rebanho”.

Continuemos sentindo a presença de Deus em nosso meio, como uma incessante e suave brisa divina, e o fogo do Espírito, que faz arder nossos corações, e assim, renovemos a graça da missão que o Senhor nos confia.

Um novo amanhecer, podemos esperar!

Um novo amanhecer, podemos esperar!

Onze anos passados, multiplicavam-se nas ruas e praças de nossas cidades, acontecimentos inéditos e inauditos.

De forma surpreendente, e inexplicável para muitos, os clamores se somaram, os encontros se multiplicaram, para que nossas esperanças não fossem subtraídas, para que aprendamos melhor dividir uns com os outros as forças que temos, para o novo inaugurar. 

A indignação, através das redes sociais, se difundiu, como lavas vulcânicas, em vibrantes protestos, manifestando o despertar de sonhos aparentemente adormecidos, e projetos de um mundo novo sufocado, asfixiado pelos poderes constituídos, com seus mandos e desmandos, improbidades, governos e desgovernos, práticas de impunidade acobertadas por interesses escusos, que apenas fizeram avolumar a situação clamorosa de nosso povo, com desigualdades sociais aviltantes, precariedade da situação da saúde, educação, habitação, lazer e outras tantas.

O clamor subia aos céus, expressão de insatisfação, jamais de saudosismo, pessimismo ou derrotismo. Não há, e nunca houve espaço para indiferença e resignação, pois somente agravaria o momento pelo qual passamos.

É inaceitável entrar no cortejo dos que pregam o “quanto pior, melhor”, mas sim no cortejo daqueles que se empenham e não se omitem na missão que realizam, para um amanhecer mais iluminado e feliz para todos.

Ontem e hoje, olhares envinagrados não nos permitirão vislumbrar novos caminhos de superação e reconstrução de uma verdadeira democracia.

Somente olhares reluzentes de indignação, acompanhados de fremir profético, mas sem a ira, loucura passageira e estéril, é que alcançaremos os nossos direitos.

É preciso reconhecer e acolher esta força da manifestação que veio das ruas e praças e que, de um modo ou de outro, continuam a acontecer. 

Como Igreja, na realidade em que estamos inseridos, com suas marcas nem sempre positivas, há a necessidade de estabelecer as urgências e perspectivas da ação evangelizadora, para que todos tenham vida, e vida plena.

Urge que continuemos nosso caminho, participando da construção de uma sociedade mais fraterna, justa e solidária.

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