domingo, 14 de julho de 2024

São Camilo servia o Senhor nos enfermos(14/07)

                                                               

São Camilo servia o Senhor nos enfermos

Celebramos no dia 14 de julho a memória de São Camilo de Léllis (séc. XVII) que, com ardor e zelo servia o Senhor, sobretudo nos irmãos enfermos.

São Camilo é padroeiro dos enfermos, dos profissionais da saúde e hospitais.

Sobre ele, um de seus companheiros assim escreveu:

“Começarei pela santa caridade, raiz de todas as virtudes e dom familiar a Camilo mais do que qualquer outro. Ele vivia sempre inflamado pelo fogo desta santa virtude, não só para com Deus, mas também para com o próximo, especialmente os doentes. Bastava vê-los para que se enchesse de ternura e se comovesse no mais íntimo do coração, a tal ponto que esquecia completamente todas as delícias, prazeres e afetos terrenos.

Quando tratava de algum doente, parecia doar-se com tanto amor e compaixão que, de bom grado, tomaria sobre si toda doença, para aliviar-lhe as dores ou curar as enfermidades.

Contemplava nos doentes, com tão sentida emoção, a pessoa de Cristo que, muitas vezes, quando lhes dava de comer, pensando serem outros Cristos, chegava a pedir-lhes a graça e o perdão dos pecados.

Mantinha-se diante deles com tanto respeito, como se estivesse realmente na presença do Senhor. De nada falava com mais frequência e com mais fervor do que da santa caridade. O seu desejo era imprimi-la no coração de todos os homens.

Para incutir em seus irmãos religiosos esta santa virtude, costumava recordar-lhes aquelas dulcíssimas palavras de Jesus Cristo: Eu estava doente e cuidastes de mim (Mt 25,36). Parecia que ele tinha estas palavras verdadeiramente gravadas em seu coração, tal era a frequência com que as dizia e repetia.

Camilo era um homem de tão grande caridade, que tinha piedade e compaixão não somente dos doentes e moribundos, mas também, de modo geral, de todos os outros pobres e miseráveis. Seu coração era tão cheio de bondade para com os indigentes, que costumava dizer: ‘Ainda que não se encontrassem pobres no mundo, os homens deveriam andar a procurá-los e desenterrá-los, para lhes fazerem o bem e praticar a misericórdia para com eles’”.

Nesta breve apresentação de São Camilo, vemos quão apreço tinha pelos pobres, enfermos, e que muito tem a nos ensinar, para que tenhamos a mesma atitude e apreço por eles, como assim deseja o Senhor, e nos apresentou como um dos critérios no dia do julgamento final.

Elevemos orações por todos os enfermos, e, a quantos pudermos, uma palavra, a presença, o cuidado; e quando não for possível, o façamos em nossas orações quotidianas, dando a eles especial lugar em nosso coração.

Oremos:

“Ó Deus, que inspirastes a São Camilo de Léllis extraordinária caridade para com os enfermos, dai-nos o Vosso Espírito de amor, para que, servindo-Vos em nossos irmãos e irmãs, possamos partir tranquilos ao Vosso encontro na hora de nossa morte. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”. Amém.

Alegria da missão e da vocação profética (XVDTCB)

                                                                              

Alegria da missão e da vocação profética

“A missão de Jesus é a nossa missão”

A Liturgia da Palavra do 15º Domingo do Tempo Comum (ano B), convida-nos a refletir sobre a vocação profética que é um dom de Deus.

Com a passagem da primeira Leitura (Am 7,12-5), refletimos sobre a vocação e a corajosa atuação do Profeta Amós, que foi chamado por Deus, quando envolvido estava por suas atividades de pastor de gado e cultivador de sicômoros.

Amós não é um Profeta convencional, profissional e não vive da profecia. Para ele, viver a vocação profética é a mais bela expressão de confiança e compromisso com o Projeto de Deus, que estava sendo desvirtuado através da prática da injustiça, violação do valor sagrado do culto, e do triste empobrecimento de tantos à custa do luxo e da suntuosidade de poucos.

A vocação profética é sempre um risco e pode ser acompanhada de rejeição e expulsão. Sendo o Profeta a autêntica voz de Deus muitas vezes tentarão calar sua voz, como aconteceu com Amós.

Entretanto como bem diz o refrão de um canto – “se calarem a voz dos Profetas, as pedras falarão” ­– Amós não se calou e levou a termo sua missão apontando a infidelidade e as indesejáveis e trágicas consequências que viriam pouco mais tarde.

A passagem da segunda Leitura (Ef 1, 3-14) é um hino Paulino de riqueza imensurável. Uma passagem bíblica que deve ser lida e relida incontáveis vezes. Em forma de hino e Oração, Paulo oferece uma síntese doutrinal de toda a Carta.

Ele nos fala do Mistério Divino que se revela na história em diversos momentos: na criação por meio de Jesus Cristo;  através dos Profetas Deus também Se revelou e instruiu a humanidade; na plenitude dos tempos Se revelou enviando o próprio Filho; Se revelou pela Palavra Encarnada, anunciada, crucificada, ressuscitada; Se revela na ação e missão da Igreja, até que possamos alcançar a glória da eternidade.

É próprio do Amor de Deus revelar-se, dar-se a conhecer a quem se abre à Sua ação e presença. E ainda mais, Paulo nos fala que Deus desde o princípio nos predestinou e nos criou para sermos Santos e irrepreensíveis no amor para com Ele.

Deste modo, a vida cristã consiste em rejeitar o que não for digno para o cristão e abraçar tudo o que for digno deste nome. Nisto também consiste uma vida profética: saber discernir o que é bom e justo, santo e verdadeiro daquilo que não é bom e nos torna impermeáveis a graça e ao Amor transbordante de Deus para conosco, porque mergulhados na vida do pecado, escuridão e desamor.

Na passagem do Evangelho (Mc 6,7-13), Jesus, Profeta do Pai por excelência, envia os discípulos dois a dois para pregar a Boa Nova do Evangelho, anunciando a conversão, mudança de mentalidade e atitudes para a acolhida da chegada do Reino.

Não somente envia, mas lhes confere o poder que tem junto do Pai para expulsar demônios, curar os enfermos, inaugurar relações novas de vida e liberdade.

Há, porém, algumas exigências que devem marcar a vida dos discípulos do Senhor:

- a alegria da missão por Ele confiada; 
- o despojamento;
- a pobreza;
- a simplicidade;
- a liberdade total diante de tudo e de todos;
- a confiança incondicional no poder e na providência divina;
- a maturidade para suportar a rejeição e as adversidades.

Assim afirma o Missal Dominical:

“Quem anuncia não deve ter nada que pese, deve ser leve e desembaraçado, não tanto de alforje e capa, mas antes, livre de interesses humanos, de ideologias a defender, de compromissos com as potências deste mundo. Essas coisas não lhe permitem estar livre, condicionam-no, embaraçam-lhe o trabalho, enfraquecem-lhe o zelo, impedem-no de merecer crédito”.

Aprendamos com os Apóstolos, os Santos e tantos quantos que deram testemunho de sua fé, que sem paixão por Jesus, fascínio por Ele e pelo Reino, não há apostolado, não há missão e tão pouco profecia.

Ninguém é Profeta por iniciativa própria, mas a vocação profética é prerrogativa divina. Em cada tempo Deus suscita Profetas para serem Sua voz, Sua Palavra, a vibração de Suas cordas vocais.

No coração do mundo, o Profeta é o pulsar do coração  de Deus, sua missão consiste em ajudar a construir relações que estejam em perfeita sintonia com o Projeto Divino.

A missão do Profeta não é fácil. Ele é alguém que antes de tudo escuta a Palavra de Deus, acolhendo-a no mais profundo de si mesmo para anunciá-la e testemunhá-la com credibilidade.

O Profeta tem a missão de tornar a vida uma bela canção, uma bela melodia, em perfeito tom e sintonia com o Projeto divino, na mais bela harmonia, um canto novo de alegria, vida, justiça e paz:

“Não só a Igreja na sua totalidade, mas também cada cristão deve sentir-se escolhido pessoalmente, chamado e enviado: cada um de nós faz parte de um projeto cósmico, a construção do Reino de Deus. O grande pecado seria sentirmo-nos sozinhos ou sentirmo-nos inúteis” (1)

Reflitamos:

- Como vivo a vocação profética recebida no dia do meu Batismo?
- Quais são as vozes proféticas no tempo presente?

- Como procuro viver a santidade e a filiação divina?
- Qual é a missão que Jesus me confia?

- Sinto alegria em realizá-la?
- Onde e quando sinto a presença e ação de Deus se revelando em minha vida?


É sempre tempo de reavivar a chama profética, crepitar ardente no coração, para que a alegria da missão torne visível o quanto nos configuramos ao Senhor, e assim geremos e formemos Cristo em nós e nos outros. 

(1) Leccionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 714 

Que o nosso coração seja fecundo (XVDTCA)

Que o nosso coração seja fecundo

“Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem.
O campo é o mundo. A boa semente são
os que pertencem ao Reino.”

A Liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum (Ano A) nos convida a refletir sobre a importância e a centralidade da Palavra de Deus na vida daqueles que creem.

A passagem da primeira Leitura (Is 55,10-11) é um pequeno trecho do “Livro da Consolação”, e retrata a fase final do exílio (anos 550-540 a.C.).

O Povo de Deus encontra-se farto de belas palavras e promessas de libertação, que tardam em se realizar, e com isto a impaciência, a dúvida e o ceticismo enfraquecem a resistência dos exilados.

O Profeta, para evidenciar a eficácia da Palavra de Deus, utiliza o exemplo da chuva e da neve que, vindas do céu, tornam fecunda a terra, multiplicando a vida nos campos.

Uma imagem muito sugestiva, considerando que os judeus exilados na Babilônia devem se lembrar da chuva que cai no norte de Israel e da neve no monte Hermon. A água alimenta o rio Jordão, correndo por todo Israel, e por onde passa gera vida e fecundidade.

A mensagem que se comunica é de que a Palavra de Deus não falha, pois indica sempre caminhos de vida plena, verdadeira, expressa na liberdade e paz sem fim, não necessariamente segundo a lógica do tempo dos homens, dos seus desejos, projetos, interesses e critérios.

É necessário que se aprenda e respeite o ritmo e o tempo de Deus. E também, a eficácia da Palavra divina não dispensa compromissos e indica os caminhos que devem ser percorridos, renovando o ânimo para a intervenção no mundo. A Palavra divina não adormece a ação humana, mas impele para a transformação e renovação do mundo.

Com a passagem da segunda Leitura (Rm 8,18-23), continuamos a refletir sobre a vida segundo o Espírito, que consiste em deixar-se conduzir pela Palavra de Deus, e isto só é possível quando se acolhe a salvação como dom de Deus, que nos é alcançada por meio de Jesus Cristo, na ação do Espírito, que é derramado sobre todos os que aderem ao Seu Projeto e fazem parte de Sua comunidade.

A vida segundo o espírito consiste também em viver atentamente na escuta da Palavra de Deus, em plena obediência ao Projeto que Ele tem para nós, com renúncia ao egoísmo, aos interesses mesquinhos, ao comodismo, ao orgulho. É um caminho de doação da própria vida a Deus e aos outros.

A vida segundo o Espírito implica em maturidade para viver os sofrimentos, as renúncias, as dificuldades, que nada representam se comparadas com a felicidade sem fim que aqueles que creem encontrarão no fim do caminho.

A vida segundo a carne é, por sua vez, marcada por uma vida onde impera o egoísmo, o orgulho e a autossuficiência, que conduz ao pecado, à morte, à infelicidade total.

Viver consiste em saber fazer escolhas: viver segundo a carne, ou viver segundo o Espírito. Sendo pelo Espírito, pautar a vida pela Palavra divina e por ela ser conduzido.

Na proclamação do Evangelho (Mt 13,1-23), em que nos apresenta a Parábola do semeador, somos convidados a refletir sobre o modo como acolhemos a Palavra de Deus, e como comunicamos a Boa-Nova do Reino, que jamais pode ser interrompida, e que aos poucos vai revelando seu esplendor e fecundidade, a vida que Deus quer para a humanidade.

Neste capítulo, encontramos sete Parábolas de Jesus: do semeador; do grão de mostarda; do fermento; do trigo e do joio; do tesouro escondido; da pérola valiosa e da rede.

A linguagem em forma de Parábolas mexe com os ouvintes, arma controvérsia, e é um método pedagógico de reflexão em busca da verdade.

O Evangelista Mateus tem como sua preocupação a vida da comunidade, de modo que nas sete Parábolas, e na interpretação das mesmas, apresenta Jesus como o Pastor que exorta, anima, ensina e fortalece a fé dos que creem.

Sejamos fortalecidos em nosso itinerário de fé, trilhando caminhos, ainda que difíceis e desafiadores, mas sempre iluminados pela Palavra Divina proclamada, acolhida, meditada, partilhada, celebrada e testemunhada.

Empenhemo-nos para que a Palavra caia num chão fértil, que deve ser nosso coração, para que produza os frutos por Deus esperados: justiça, paz, amor, alegria, felicidade...

A Palavra de Deus é eficaz; é preciso que tornemos nosso coração mais fecundo, em séria e atenta escuta e vivência desta Palavra.

Nutridos pela força da Eucaristia, inebriados pelo Vinho Novo, a nós oferecidos no Cálice da Salvação, sejamos cada vez mais comprometidos com a mesa de nossos irmãos no quotidiano, até que sejamos merecedores de ser partícipes do Banquete Eterno, na glória da eternidade. Amém. 

Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal

sábado, 13 de julho de 2024

Com o Senhor, vençamos todo o medo (12/07)

                                                  


Com o Senhor, vençamos todo o medo

“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo,
mas não podem matar a alma!”

No sábado da 14ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 10,24-33).

Reflitamos sobre a solicitude e o Amor de Deus para com aqueles que Ele chama e envia em missão, uma vez que a perseguição está sempre presente no horizonte dos discípulos de Jesus.

Já no Antigo Testamento, como vemos no Livro do Profeta Jeremias (Jr 20, 10-13), este como tantos outros Profetas, sofreu o abandono dos amigos, o sofrimento, a solidão e a perseguição, por isto é um paradigma do Profeta sofredor, que merece ser lembrado para nos inspirar e fortalecer na caminhada de fé e no testemunho da vocação profética.

O Projeta Jeremias faz forte apelo à conversão e a fidelidade a Javé e à Aliança, num período, da história do Povo de Deus, marcado por desgraças, infidelidade e injustiça social.

Por sua veemência e fidelidade, Jeremias é chamado de o “amargo Profeta da desgraça”, e é acusado de traidor. Sua missão tem um alto preço pago: o abandono e a solidão. Ele é tratado como objeto de desprezo e de irrisão e tido como um maldito, porque não é aceita e compreendida sua mensagem em nome de Javé.

No Livro, encontramos desabafos seus, expressando desilusão, amargura, queixas, confissões e frustração, mas mantém-se fiel, porque estava verdadeiramente apaixonado pela Palavra de Deus.

Apesar do abandono experimentado, até dos amigos mais íntimos, eleva hino de louvor, que expressa confiança em Deus, para além de todo sofrimento e perseguição.

Bem sabemos que o caminho do Profeta é marcado pelo risco da incompreensão e da solidão, e precisamos de coragem para trilhar este caminho, com a certeza e confiança de que Deus jamais nos abandona.

Voltando à passagem do Evangelho, vemos que o tema da inevitabilidade da perseguição na vida dos discípulos é explícito, assim como vimos na primeira Leitura.

O Evangelista exorta à superação do desânimo e frustração decorrentes das perseguições.

Apresenta como que um “manual do missionário cristão”, que consiste no “discurso da missão” – “Para mostrar que a atividade missionária é um imperativo da vida cristã. Mateus apresenta a missão dos discípulos como a continuação da obra libertadora de Jesus.

Define também os conteúdos do anúncio e as atitudes fundamentais que os missionários devem assumir, enquanto testemunhas do Reino” (1)

Três vezes aparece a expressão “Não temais”, assegurando a presença, ajuda e proteção divina para superação do medo que impeça a proclamação da Boa Nova; o medo da morte física; e neste medo se pode experimentar a solicitude de Deus, um cuidado que desconhece limites.

A mensagem é que a vida em plenitude é para quem enfrentar o medo, na fidelidade, até o fim. O medo não pode nos deixar acomodados.

A ternura, a bondade e a solicitude divina são imprescindíveis, pois fortalecem na missão. É preciso se entregar confiadamente nas mãos de Deus:

“Jesus encoraja os Seus discípulos a alargar o horizonte da vida e a avaliar os riscos vividos por Sua causa, no contexto mais amplo da vida com Deus, da vida eterna.

O cristão é chamado a viver na confiança de que o Pai não o abandona nas mãos dos perseguidores (v.28), que a sua vida, a sua salvação custou o Sangue do Filho e tem por isso, aos Seus olhos, um valor imenso (vv. 29-31).

A fidelidade e a confiança no Senhor serão recompensadas por aquele ‘reconhecimento’ que já se manifestou na Ressurreição de Cristo” (2).

No testemunho da fé, é possível a perseguição, portanto é necessária a confiança. Anunciar e testemunhar a Boa-Nova é não deixar que o medo nos paralise, pois o medo nos impede de ser autênticos discípulos missionários:

“O cristão não é chamado a procurar o martírio como prova da sua fé, mas a viver constantemente a vida com os olhos fixos no Alto, isto é, a alargar aquele horizonte que hoje, mais do que nunca, tende a fechar-se no círculo dos benefícios desfrutáveis, aqui e agora.” (3)

Também nós precisamos ouvir a todo instante – “Não tenhais medo”. É preciso que a Palavra de Jesus ressoe em nossos ouvidos e fique entranhada no mais profundo de nosso coração:

“Impressiona a história de tantos mártires cristãos, antigos e atuais, que escolheram o caminho da coerência e da fidelidade ao Senhor a custo da própria vida.

É com eles que nos encontramos na Comunhão dos Santos, vivida, sobretudo, na Celebração Eucarística; uma companhia que a comunidade dos crentes gosta de ter ao seu redor, mesmo com as pinturas, os afrescos, os mosaicos que adornam as nossas Igrejas (hoje reduzidas muitas vezes a belas obras que se admiram em igrejas-museu) expressões artísticas surgidas para tornar humanamente visível o que vivemos na fé.” (4)

Nossa realidade humana marcada pela fragilidade, portanto, é necessitada da força e intervenção divina,; portanto,  é preciso que como cristãos levantemos o olhar para a vida a que Cristo nos chama, ou seja, “viver a força de contestação profética que viveu Jeremias, que Jesus levou perante as autoridades judaicas e romanos e conduziu os Apóstolos ao martírio.

É na relação íntima e comunitária que vivemos com  Deus, no desejo de sermos reconhecidos por Ele que se reforça a adesão a Cristo e ao seu Evangelho, com a esperança libertadora de vivermos confiando no Pai.” (5)


Oremos:

“Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de Vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no Vosso amor. Por N. S. J. C. Amém.”



(2) (3) (4) Lecionário Comentado p.560.
(5) Idem p.561.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

“Amor exige amor. E amor fiel”(10/07)

                                                     

“Amor exige amor. E amor fiel”

No comentário do Lecionário Comentado, sobre a primeira Leitura da Missa (quinta-feira da 14ª semana do Tempo Comum - ano par) - (Os 11,1-4-8.c-9), assim lemos:

“Há quem diga que, de calcar a mão sobre a bondade e misericórdia de Deus, corre-se o risco de debilitar a mensagem cristã e tornar vazia a própria vida cristã, a tal ponto é sempre possível o perdão...

Mas nossa própria experiência humana nos diz que não pode ser assim. Um perdão forte, generoso, que procura redimir, muitas vezes vence a ofensa; trará o filho ao pai, o esposo à esposa. Ainda, porém, que nunca se dê isso entre os homens (o que não é verdade), dá-se entre Deus e nós. Amor exige amor. E amor fiel.” (1)

A passagem do Livro de Oseias acima mencionada é uma das mais belas de todo o Antigo Testamento, na qual mediante uma linguagem humana cheia de experiência da intimidade familiar, Deus Se apresenta com o Coração de Pai e Mãe. Já havia Se apresentado com a imagem esponsal, e agora como Pai.

Quanto nos impressiona o Amor de Deus que é diferente do amor humano, pois o Seu ardor é totalmente consumado na misericórdia irrevogável e eterna.

Contemplamos uma das mais ternas imagens para descrever o Amor de Deus por nós, o carinho e cuidado materno e paterno que tem para conosco, Seus filhos.

De santidade infinita, o Senhor Deus é o “totalmente outro” do homem e da mulher, e assim Sua fidelidade é eterna, e Seu amor e perdão são sempre possíveis.

Deus sendo totalmente outro, é o mais belo e puro e eterno Amor, que acolhe, acompanha, perdoa, renova, recria, reconduz... Deus exige tão apenas amor, porque de fato, amor exige amor, e não amor qualquer, mas um amor fiel.

Assim é o amor de Deus, o mesmo amor a ser vivido e testemunhado pelos seus discípulos na missão na construção do Reino:

Todos os tons e vocábulos do amor (esponsal, amigável, paterno/materno) são utilizados pelo Profeta (Oseias) para exprimir o que é inexprimível, isto é, a ternura infinita do Deus enamorado loucamente do homem [...] o amor é contagioso e pede amor: e eis que o nosso programa de vida, necessariamente missionário, porque quem recebe deve dar – tem por modelo Jesus e Seu Ministério (Evangelho do dia Mt 10,7-15).” (2)

Continuemos a reflexão sobre a ternura infinita do Deus enamorado loucamente do homem, como Oseias tão bem nos apresenta...


(1) Missal Cotidiano -Editora Paulus - pp. 1005
(2) 
Lecionário Comentado - Volume I - Tempo Comum - Editora Paulus - Lisboa - pp. 693-694

Com amor Eterno, Deus nos ama (10/07)

                                                    

Com amor Eterno, Deus nos ama


"Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo, e rebaixava-me a dar-lhes de comer. Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão" (Os 11,4.8).

Na quinta-feira da 14ª Semana do Tempo Comum (ano par), ouvimos a passagens do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1-4-8.c-9).

Trata-se de  uma das mais belas passagens de todo o Antigo Testamento, na qual mediante uma linguagem humana cheia de experiência da intimidade familiar, Deus Se apresenta com o Coração de Pai e Mãe. Já havia Se apresentado com a imagem esponsal, e agora como Pai.

Quanto nos impressiona o Amor de Deus que é diferente do amor humano, pois o Seu amor é totalmente consumado na misericórdia irrevogável e eterna.

Contemplamos uma das mais ternas imagens para descrever o Amor de Deus por nós, o carinho e cuidado materno e paterno que tem para conosco, Seus filhos.

De santidade infinita, o Senhor Deus é o “totalmente outro” do homem e da mulher, e assim Sua fidelidade é eterna, e Seu amor e perdão são sempre possíveis.

Deus sendo totalmente Outro, é o mais belo e puro e eterno Amor, que acolhe, acompanha, perdoa, renova, recria, reconduz... Deus exige tão apenas amor, porque de fato, amor exige amor, e não amor qualquer, mas um amor fiel.

Vejamos o que nos diz o Lecionário Comentado sobre esta passagem:

“Há quem diga que, de calcar a mão sobre a bondade e misericórdia de Deus, corre-se o risco de debilitar a mensagem cristã e tornar vazia a própria vida cristã, a tal ponto é sempre possível o perdão...

Mas nossa própria experiência humana nos diz que não pode ser assim. Um perdão forte, generoso, que procura redimir, muitas vezes vence a ofensa; trará o filho ao pai, o esposo à esposa. Ainda, porém, que nunca se dê isso entre os homens (o que não é verdade), dá-se entre Deus e nós. Amor exige amor. E amor fiel.” (1)

Ainda mais sobre o amor de Deus:

Todos os tons e vocábulos do amor (esponsal, amigável, paterno/materno) são utilizados pelo Profeta (Oseias) para exprimir o que é inexprimível, isto é, a ternura infinita do Deus enamorado loucamente do homem [...] o amor é contagioso e pede amor: e eis que o nosso programa de vida, necessariamente missionário, porque quem recebe deve dar – tem por modelo Jesus e Seu Ministério (Evangelho do dia Mt 10,7-15).” (2)

Contemplemos a ternura infinita do Deus, enamorado loucamente do homem e da mulher, como Oseias tão bem nos apresenta.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus -  pp.693-694.
(2) Idem

Da ignominiosa idolatria à prelibação da alegria do Amor de Deus! (10/07)

                                                       

Da ignominiosa idolatria à prelibação da alegria do Amor de Deus!

“Oseias, Profeta do amor, canta a fidelidade do Amor de Deus
para com a humanidade e Sua capacidade de perdão”.

Na Liturgia da Quinta-feira da 14ª Semana do Tempo Comum (ano Par), nos apresenta a passagem do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1-9), na qual contemplamos a face misericordiosa de Deus, Sua fidelidade irrevogável que se manifesta no perdão, no convite a conversão.

É sempre imperativo para o profetismo a ser vivido, voltar-se para Deus em absoluta relação de amor com Ele, aprofundando nossa fidelidade aos Seus preceitos, em relacionamentos de gratuidade para com Ele e com nosso próximo. 

A confiança incondicional na Sua presença deve ser sempre acompanhada de frutuosa prática da justiça para que o culto seja a Ele agradável, de modo que, o suor e o sangue, se necessário no chão derramados reguem sementes de um novo amanhecer, tão somente assim o incenso que se sobe no culto, será por Ele aceito.

Profecia é sinal de sangue e suor derramados, incenso ao Deus Vivo e Verdadeiro elevado!

Assim diz o Missal Cotidiano:

“Quando Israel era criança, Eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho... Ensinei Efraim a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que Eu cuidava deles.

Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de Amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo; e rebaixava-me a dar-lhes de comer. Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão...”

O Profeta nos convida a refletir, a tomar consciência e abandonar o ignominioso serviço às divindades inexistentes, materializada na adoração muito presente entre nós como nos diz com toda profundidade o Missal Cotidiano (pág. 996):

“Hoje gritariam os Profetas contra muitas divindades a quem os cristãos queimam incenso de sua devoção, pretendendo ao mesmo tempo continuar cristãos: a divindade do dinheiro, do sexo, do comodismo e dos bens de consumo, a divindade do carro, da televisão, do estrelismo em todas as formas, esportes, cinema, moda...

‘Afinal de contas, que mal há nisso?’ pergunta-se. O cristão, porém, não deve caminhar levianamente; deve examinar-se, para ver se e em que medida alguma dessas divindades o impede de ter verdadeiro relacionamento com Deus”.

Somente a fidelidade a Deus e Seu Projeto conduzirá a humanidade à verdadeira felicidade, na construção de relacionamentos fundados na prática da justiça, externados em gestos solidários que levem à edificação da fraternidade universal. 

Eclipsá-lo, mesmo afirmar Sua morte, têm sido motivos para o caos em que muitas vezes nos encontramos mergulhados, sem perspectivas utópicas, sem horizontes promissores...

A reflexão do Livro do Profeta Oseias nos leva a tomar uma atitude: ceder ao ignominioso serviço idolátrico voltando-nos contra nós mesmos ou viver na fidelidade e adoração verdadeira do retorno para Deus em absoluta fidelidade a Sua Lei, que se resume no amor a Ele e ao próximo, prelibando a alegria da conversão, do perdão obtido em alegre e verdadeiro louvor a Ele também oferecido.

A idolatria, a infidelidade e a ingratidão para com Deus levam-nos, inevitavelmente, a uma ignominiosa realidade. Indubitavelmente a adoração e o culto a Deus, expressos no amor e no serviço ao próximo, levar-nos-á a prelibação da alegria no mais fundo de nosso coração, onde Ele fez Sua morada.

Ah, o Amor de Deus, como compreendê-lo?
Impossível para nossos critérios e conceitos.
Amor de Deus, mais que compreendido,
Precisa ser correspondido e vivido,
eis o caminho a percorrer e melhor viver!

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG