segunda-feira, 8 de julho de 2024

Revigoremos a virtude divina da fé (07/07)

                                                      

Revigoremos a virtude divina da fé

Senhor, ajudai-nos, para que jamais separemos a fé que professamos  e as linhas do quotidiano que escrevemos com nossas palavras e ações.

Senhor, ajudai-nos no amadurecimento de nossa fé, pois como Jacó, por vezes ela pode ser ainda imatura, necessitada de abrir-se cada vez mais à vontade divina.

Senhor, ajudai-nos a viver uma fé não condicionada a resultados, mas sempre predisposta à purificação e crescimento constante.

Senhor, não nos permitais que vivamos uma fé dolente, com lamentos e reclamações inúteis, mas prontos para o amadurecimento no deserto árido do quotidiano.

Senhor, perdoai-nos se por vezes caímos, ou mesmo traímos nossa fé por pensamentos, palavras, atos ou omissões, e ajudai-nos a voltar regenerados ao primeiro Amor.

Senhor, concedei-nos uma fé aberta à Vossa ação e poder, crendo contra toda falta de esperança, sobretudo diante dos sinais de morte.

Senhor, que a exemplo da mulher curada da febre hemorrágica, vivamos uma fé que vence a vergonha e o isolamento que possa se colocar nossa existência.

Senhor, que a exemplo desta, renovai a nossa coragem de nos aproximarmos de Vossa misericórdia, que nos acolhe, ama, cura e perdoa. Amém.


Fontes inspiradoras:
Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 – Vol. I Tempo Comum – p.678
Gn 28,10-22a; Mt 9,18-26

Amadureçamos na fé (07/07)

                                                         

Amadureçamos na fé

Na Liturgia, da Segunda-feira da 14ª Semana do Tempo Comum ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 9,18-26),  e refletimos sobre a autêntica fé:

- A fé do pai: um chefe, portanto, representante do judaísmo oficial,  que pede que Jesus venha a impor as mãos sobre ela para que volte a viver, “é uma fé aberta, contra toda a esperança, contra toda a evidência, perante a morte”.

- A fé daquela mulher hemorrágica há 12 anos: a fé de “uma pessoa que vence a vergonha e o isolamento em que está envolvida a sua existência, e encontra coragem de se aproximar às escondidas para conseguir misericórdia”.

Também nós, como discípulos missionários, somos chamados ao amadurecimento constante na fé, e nas promessas e intervenções divinas.

Precisamos de uma fé “aberta” contra toda a esperança, confiando em Deus, para quem nada é impossível.

Além disto, aprendemos com a mulher que nossa fé rompe barreiras, e podemos nos dirigir a Deus, que tem para conosco um olhar sempre pronto e solícito de misericórdia.

Movidos pela fé, podemos contar com a solicitude, bondade e clemência divina que vem em nosso socorro, abrindo novos horizontes e possibilidades, do absolutamente inédito em nossa vida, ou seja, do melhor d’Ele para nós; somos curados de nossas enfermidades (físicas e espirituais); e podemos vislumbrar a força da vida que vence a morte, sobretudo porque cremos no Ressuscitado, Aquele que agora vive e reina sobre tudo e todos.

E isto é possível quando correspondemos ao amor de Deus que jamais desiste de nós, ainda que pecadores sejamos.

Quando nos abrimos ao Mistério do Amor Divino da Santíssima Trindade:

- escutamos a voz de Deus que nos fala no mais íntimo de nós,
- quando sabemos nos recolher e silenciar para escutá-La;

- quando O acolhemos na mais profunda e fecunda intimidade e amizade;
- quando abrimos nosso coração para Sua preferida morada, e O acolhemos como mais belo Hóspede;

- finalmente, quando vivemos a dimensão pascal da fé: passagens contínuas do pecado à graça, da escuridão à luz; do ódio ao amor e da vida à morte.

É tempo de testemunharmos a nossa fé no Senhor, acolhendo e vivendo Sua Palavra, com a força que nos vem do Pão da Eucaristia.



Notas: Lecionário Comentado - Editora Paulus – 2011 – Vol. I  pp.678-679.

A noite escura de nossa existência: Será ela para sempre? (08/07)

A noite escura de nossa existência:
Será ela para sempre?

 "Deus sempre está na aparente ausência."

Reflexão sobre a luta de Jacó com Deus - (cf. Gn 32,23-33).

Viver é constante processo de amadurecimento na fé. Viver amando é preparar um epílogo de eternidade, porque o amor jamais passará. Amar é condição para o alcance da eternidade, anseio mais profundo que carregamos.

Neste constante processo de amadurecimento, muitas lutas e embates prolongados fazem parte de nosso existir.

- Como combater?
- Com quem contar neste combate?

Combater contra os problemas e nunca contra Deus. Combater com Deus e não contra Ele.

Problemas existem, dificuldades também, mas é inegável e irrevogável a presença da graça de Deus em nossa vida.
       
Todo combate sem Deus se anuncia como desastrosa derrota, porque sem Ele nada podemos fazer.

Propor-se a combater sempre, com a imprescindível e soberana ajuda divina: 
                                         
- Dar o melhor de nós sempre!
- Esmorecimentos? Desistências?  Jamais!
- Hesitações e oscilações na fé? Não nos são permitidos.
- Minimização dos horizontes? Irremediavelmente inconcebível, inimaginável!
- Congelamento ou ausência da caridade? Absolutamente impensável.

Noites escuras de nossa existência são páginas, que fazem o conjunto da obra de arte que deve ser uma vida.

A mais bela história, o mais belo filme, a mais inesquecível vitória trazem consigo lembranças de momentos trágicos, dramáticos em que tudo parecia irreversível.

A mais bela história de nossa existência também comportará momentos prolongados de aparente ausência de Deus quando, de fato, Ele jamais Se fez ausente.

Deus, de fato, está sempre presente na aparente ausência:

- Quando Jó experimentou incontáveis perdas;
- Quando Jesus dormiu na barca;
- Quando gritou no alto da Cruz: “Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?”;
- Quando desceu à mansão dos mortos, no túmulo abismal da morte, mansão pela qual todos passaremos;
- Quando a noite escura da Sexta Maior se prolongou no sábado, para irromper em luz da aurora do Domingo da Ressurreição.

Reflitamos sobre eventuais e momentâneas noites escuras pelas quais possamos estar passando...
                 
- Será ela, a noite escura, eternizada?
- Terá, irremediavelmente, a última palavra?
- Jamais se estivermos com Deus!

Mas se ousarmos enfrentar noites escuras sem Ele ou contra Ele, inexoravelmente, ela terá a última palavra...

Sem Deus, nada tem beleza e êxito.
Sem Deus, nada tem luz e cor.
Sem Ele, nenhum esplendor!

Deus é como a luz a irromper em nossas noites escuras, frias e sombrias; como o sol que desponta em cada amanhecer!

É preciso n’Ele, sem sombra alguma de dúvida, crer em cada amanhecer até o entardecer. Noites escuras sim, para sempre jamais haverão de ser!

Com Deus, as noites escuras de nossa existência são iluminadas, e não são e nem serão para sempre.
                                    
Oremos: 

Que Tua luz, Senhor, irrompa esplendorosa, após noites escuras de nossa existência! 

Que elas, Contigo, alcancem o esplendor esperado! Amém!

A paradoxalidade do Amor de Deus: Amar na contramão da história... (08/07)

                                                                 

A paradoxalidade do Amor de Deus:
Amar na contramão da história...

À luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 9,36-10,8), refletimos sobre a compaixão, o Amor misericordioso de Deus, que nos chama e envia para sermos sinal desta compaixão, no trabalho da Messe, no cuidado do rebanho.    
  
O cristão é, fundamentalmente, alguém que descobriu que Deus o ama. Por isso, enfrenta a cada dia o bom combate da fé com serenidade e alegria. Possui uma esperança que brota da certeza fundamental: o Amor de Deus.

Este Amor deve ser para nós o grande tesouro de que nos fala a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 6,19-23): “…ajuntai tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam… Pois onde estiver teu tesouro, aí estará também o teu coração”. 

O cristão condiciona e fundamenta toda sua vida nesta certeza, e vive a alegria de quem encontrou e experimentou o Amor de Deus que o faz discípulo missionário, Sal e Luz, ou seja, Eucarístico.  

Com a Palavra, Jesus Cristo revelou o Deus Bíblico: Deus de Amor, pois o Espírito do Senhor repousava sobre Ele na mais perfeita relação de comunhão e Amor.

A reflexão sobre o Amor de Deus é convite para que embarquemos na aventura da Aliança de Amor. Não um amor qualquer, mas no exato sentido da Palavra Amor, pois Deus é Amor.

Deus ama o Povo e o tem como Seu tesouro, Sua propriedade e o constitui povo de sacerdotes e nação santa (Ex 19,2-6a).

Ama apesar de toda infidelidade, traição, idolatria, abandono, morticínios, sacrifícios inúteis, abominações, reclamações sem fundamento, provação, provocação, lamentações infundadas, ingratidão, atrocidades cometidas, amor não correspondido…

De que Amor se fala?
Do Amor de Deus, que é o Amor que ama na contramão da história, daí sua paradoxalidade: Ama um povo pequeno, aos olhos humanos, absolutamente desprezível, débil, frágil e insignificante. 

Encarna-Se para redimi-lo e não somente este povo, mas toda a humanidade, em Cristo Jesus, e perpetua Seu Amor na presença do Espírito Santo, não nos deixando órfãos!

Reflitamos:

 Ø   E, por que não corresponder na exata medida deste Amor?
 Ø   Por que não fazer do Amor de Deus e de Sua presença em nós o bem maior que se possa querer e ter?

Deus habita em cada um de nós como templo Seu, sendo para nós o mais belo Hóspede!

Vejamos os tantos modos de falar sobre o Amor de Deus a partir de apenas uma simples vogal:

Idealizador,
Idílico, Ilimitado, Ilimitado,
Ilógico, Iluminador, Ilustre, Imaculado,
Imortal, Impecável, 
Imperante, 
Imperdível,
Imperturbável, Implacável, Impressionante, Imutável, Imprescindível, Inalienável, Inalterável, Incandescente,
Incansável, Incendiário, Incessante, Incomensurável,
Incomparável, Incondicional, Inconfundível,
Incontestável, Incorruptível,
Indelével, Indiscutível, 
Indispensável, 
Indissociável, 
Incrível Indubitável, Indulgente, Inédito, Inerente, Inesgotável, Inesquecível, Inestimável, Inexplicável, Infalível, Infiltrante, Infinito, Inflamável, Inigualável, Iniludível, Inimitável, Inovador, Inqualificável, Inquebrável, Insaciável, Insigne, Inspirador, 
Insubstituível, 
Inteligente,
Interminável, Íntimo, Inusitado, Inviolável,
Irradiante, Irrecusável, Irrenunciável,
Irresistível, Irrestrito, Irretocável,
Irreversível, Irrevogável,
Irrigador...

A missionariedade consistirá em corresponder ao Amor de Deus. Somente no verdadeiro encontro e apaixonamento por Cristo e Seu Evangelho estaremos, como João Batista, vivendo nossa vocação profética, ontem, hoje e sempre.

Contemplemos na Cruz o Mistério do Encontro/presença de um Deus que é Amante (Pai), Amor (Espírito Santo), Amado (Filho), como nos falou Santo Agostinho.

Movidos pela fé no Senhor (07/07)

                                                    

Movidos pela fé no Senhor

A Liturgia, da Segunda-feira da 14ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar), nos oferece as seguintes passagens: Gn 28,10-22a; Sl 90; Mt 9,18-26, e refletimos sobre a fé:

- A fé de Jacob: “uma fé ainda imatura, que se abre, é verdade, à entrada de Deus na sua vida, mas por detrás de muitas promessas e expectativas”.

- a fé do Salmista: confiança plena e incondicional no Senhor, em todas as circunstâncias, sobretudo as mais adversas.

- A fé do pai: um chefe, portanto, representante do judaísmo oficial,  que pede que Jesus venha a impor as mãos sobre ela para que volte a viver, “é uma fé aberta, contra toda a esperança, contra toda a evidência, perante a morte”.

- A fé daquela mulher hemorrágica há 12 anos: a fé de “uma pessoa que vence a vergonha e o isolamento em que está envolvida a sua existência, e encontra coragem de se aproximar às escondidas para conseguir misericórdia”.

Também nós, como discípulos missionários, somos chamados ao amadurecimento constante na fé, e nas promessas e intervenções divinas.

Precisamos de uma fé “aberta” contra toda a esperança, confiando em Deus, para quem nada é impossível.

Além disto, aprendemos com a mulher que nossa fé rompe barreiras, e podemos nos dirigir a Deus, que tem para conosco um olhar sempre pronto e solícito de misericórdia.

Movidos pela fé, podemos contar com a solicitude, bondade e clemência divina que vem em nosso socorro, abrindo novos horizontes e possibilidades, do absolutamente inédito em nossa vida, ou seja, do melhor d’Ele para nós; somos curados de nossas enfermidades (físicas e espirituais); e podemos vislumbrar a força da vida que vence a morte, sobretudo porque cremos no Ressuscitado, Aquele que agora vive e reina sobre tudo e todos.

E isto é possível quando correspondemos ao amor de Deus que jamais desiste de nós, ainda que pecadores sejamos.

Quando nos abrimos ao Mistério do Amor Divino da Santíssima Trindade:

- escutamos a voz de Deus que nos fala no mais íntimo de nós,
- quando sabemos nos recolher e silenciar para escutá-La;
- quando O acolhemos na mais profunda e fecunda intimidade e amizade;
- quando abrimos nosso coração para Sua preferida morada, e O acolhemos como mais belo Hóspede;
- finalmente, quando vivemos a dimensão pascal da fé: passagens contínuas do pecado à graça, da escuridão à luz; do ódio ao amor e da vida à morte.

É tempo de testemunharmos a nossa fé no Senhor, acolhendo e vivendo Sua Palavra, com a força que nos vem do Pão da Eucaristia.



Notas: Lecionário Comentado - Editora Paulus – 2011 – Vol. I  pp.678-679.

domingo, 7 de julho de 2024

Sem paixão e a Graça Divina não há profecia (XIVDTCB)

Sem paixão e a Graça Divina não há profecia

A Liturgia do 14º domingo (ano B) revela um Deus que nos chama para sermos Suas testemunhas, apesar de nossas limitações, fragilidades, pois é paradoxalmente em nossa fraqueza que Ele manifesta a Sua força.

Com a primeira Leitura (Ez 2, 2-5) refletimos sobre a vocação profética, que consiste numa iniciativa de Deus. Não existe autovocação, ninguém é Profeta por iniciativa própria, pois sua vocação é antes um desígnio divino.

O Profeta é uma pessoa frágil e limitada, mas contando sempre com a força e presença de Deus, torna-se uma voz humana que indica os caminhos de Deus.

Sua vocação é fruto da eleição divina, apesar dos limites humanos naturais.

Ezequiel, o Profeta da esperança, exerceu seu ministério no dificílimo momento da história do Povo de Deus, no meio dos exilados judeus. Sua missão consistiu em destruir as falsas esperanças dos exilados e denunciar a multiplicação de infidelidades do Povo a Javé. 

Portanto, a missão do Profeta é revelar o sonho de Deus, que é infinitamente superior à realidade que se nos apresenta.  Tem os olhos postos em Deus no mundo. Lê a realidade, o “jornal diário” à luz da Palavra Divina. 

É um precioso instrumento nas mãos de Deus para Sua proposta libertadora, e por isto o Profeta Ezequiel tem a árdua missão de alimentar a esperança e a confiança em Deus, irrevogavelmente fiel à Sua Aliança com o Povo.

Poderá sofrer perseguições, sofrimentos, marginalização ou sucumbir no medo, comodismo ou preguiça.

Reflitamos:

-  Quem são e onde estão os Profetas de hoje?
-   Como vivemos a vocação profética recebida no dia de nosso Batismo?

-  O que mais impede a vivência de minha vocação profética?
-  Tenho consciência de que minhas fragilidades não são obstáculos para viver a vocação profética?

O Apóstolo Paulo na passagem da segunda Leitura (2Cor 12,7-10) reforça o fato de sermos instrumentos finitos e limitados nas mãos de Deus.

O texto pertence à terceira parte da Carta em que Paulo, num estilo apaixonado, defende a autenticidade de seu ministério diante de “superapóstolos” que o acusavam de não ser fiel à doutrina dos Apóstolos, entre outras coisas.

Paulo não se vale dos seus méritos, mas se apresenta como homem frágil e vulnerável, para que a força e a graça de Deus nele se manifestassem e mostrassem os Seus caminhos.

Há uma fraqueza que permite a plena manifestação do poder de Deus: é a que é vista e aceita com fé humilde, com disponibilidade confiante, com obediência filial. Então Deus pode fazer coisas grandes”. (1)

É na fraqueza humana que Deus revela a Sua força, e faz-se necessário vencer toda e qualquer forma de desânimo e a tentação de desistir:

“Do mesmo modo, porém, como Cristo Crucificado é ‘poder de Deus e sabedoria de Deus para todos os que creem’, assim a fraqueza do evangelizador não lhe é tirada, mas é vista num mundo diametralmente oposto – 'quando sou fraco, então é que sou forte' (v.10)". (2)

Com Paulo, aprendemos que o cristão autêntico vive em função de Cristo.

Reflitamos:

  -   Qual o lugar que Jesus ocupa em minhas decisões, projetos, opções e atitudes?
  -   Como acolho a graça de Deus em minha vida e missão?

  -   Sou consciente de minhas fraquezas e limitações para que apesar delas, Deus possa manifestar a Sua força, Seu Projeto, Seus desígnios?
  -   Confio na força e atuação de Deus por meio de minha condição finita e frágil?

Com a passagem do Evangelho (Mc 6,1-6), contemplamos através da ação e presença de Jesus, um Deus que Se manifesta na fraqueza e na fragilidade. 

Os conterrâneos de Jesus em Nazaré, não souberam ir ao encontro e acolher Deus na pessoa de Jesus, o Emanuel, Deus conosco, ao contrário, tiveram uma reação totalmente oposta, de rejeição, indiferença.

Podemos nós também acolher ou nos tornarmos indiferentes à proposta de Jesus, como Seus conterrâneos, fechados em nossos esquemas mentais, preconceitos diversos, que impedem o reconhecimento e acolhida d’Ele em nossa vida.

Embora rejeitado pelos Seus a missão de Jesus não é invalidada e tão pouco interrompida. Bem dizia São Francisco pelos caminhos da Itália: “O Amor não é amado”.

“Cristo Crucificado é o emblema do Amor infinito de Deus por nós. Embora vergados sob a Cruz, com coração obstinado, os homens desafiam a Sua onipotência; Ele permanece inerme na Cruz, mostrando um Amor indefectível, mais forte que a morte.

[...] A Cruz de Cristo revela a maldade humana, mas, mais ainda, revela o Amor de Deus. Aos pés da Cruz de Cristo confrontam-se num dramático e perene duelo, ‘a fortaleza débil’ do homem e a ‘fraqueza forte’ de Deus. A fé é que nos revela quem é o vencedor”. (3)

Pode ocorrer na missão dos discípulos o mesmo, importa não deixar se levar pelo desânimo, frustração, dificuldades.

Se grande é a incredulidade humana, bem maior é o Amor de Deus por nós. 

Reflitamos:

  -  A missão do Profeta não é uma missão de descanso e fuga. Assim compreendo a minha missão?
  -  A missão do Profeta não é pelo prazer, mas fidelidade ao Sopro do Espírito, suportando as diversas dificuldades acima mencionadas. Sei suportar estas dificuldades, provações, na vivência de minha vocação profética?

  -   Qual é a minha vocação?
  -   Para que Deus me chama?

  -   Para onde Deus me envia?
  -   Como se manifesta em mim a graça divina?
  -   Quais são as dificuldades a serem superadas?

Colocar-se frente a estas questões permite um olhar mais atento aos grandes personagens da Bíblia, que viveram sua história de amor e sedução por Deus, cada um em seu tempo: Ezequiel, o Apóstolo Paulo, e tantos outros.

Hoje, na fidelidade ao Senhor, é preciso enraizar profundamente em Seu Amor, sem o que a chama profética se apagaria totalmente, e com isto não saberíamos qual o sentido do próprio existir.

Que na Eucaristia celebrada, pela Palavra de Deus iluminados, e pelo Pão da Imortalidade fortalecidos, renovemos e revigoremos a nossa vocação profética. 

Precisa-se de Profetas autênticos, para que o mundo seja mais próximo do que Deus quer para nós. Qual é a nossa resposta?

Oremos:
Que Deus nos conceda a graça de uma fé humilde,
disponibilidade confiante e obediência filial,
para vivermos autenticamente a missão que nos confia, 
não por causa de nossa força e mérito,
até mesmo por falta deles. 
Amém!


(1) (2) (3) - Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa -  pág. 663-666.

Profetas do Reino (XIVDTCB)

Profetas do Reino

           “Jesus lhes dizia:
'Um profeta só não é estimado em sua pátria,
entre seus parentes e familiares'” (Mc 6,1)

Com a Liturgia do 14º Domingo do Tempo Comum (ano B), refletimos sobre o chamado que Deus faz para a realização de Seu Projeto de Salvação: Deus chama os pequenos e fracos e, através destes, manifesta a Sua força. Escolhe, acompanha e envia em missão e os assiste em todo o tempo e em todas as situações.

Na passagem da primeira Leitura, refletimos sobre a vocação do Profeta Ezequiel (Ez 2,2-5) que, como toda vocação profética, é uma iniciativa de Deus e uma resposta humana, para ser no meio do Povo a voz de Deus: a missão do Profeta consiste em falar e atuar em nome de Deus.

O Profeta Ezequiel exerce o ministério profético no difícil tempo do exílio na Babilônia, e pode ser chamado “o Profeta da esperança”, denunciando as infidelidades a Javé que levaram o povo ao exílio, e também destruindo as falsas esperanças dos exilados, levando-os a confiar tão apenas em Deus, que não os abandonou e os reconduzirá de volta à sua terra.

O ministério do Profeta Ezequiel nos revela que Deus chama homens e mulheres frágeis e limitados e sua missão consiste em apresentar Sua proposta, ou seja, ser uma voz humana que indique os caminhos de Deus.

Pelo Batismo, também recebemos a missão de sermos profetas, fomos ungidos como profetas à imagem de Cristo. Como profetas, temos que viver com os olhos postos em Deus e os olhos postos no mundo (uma mão na Bíblia e a outra no jornal diário).

Deste modo conseguimos perceber a distância existente entre o sonho de Deus para a humanidade e a realidade vivida.

A vocação profética por vezes comporta perseguição, sofrimento e marginalização, e por isto, é preciso vencer todo medo, comodismo, preguiça que nos impeçam de viver esta missão.

Reflitamos:

- Quem são e onde estão os profetas hoje?
- O que mais nos impede a vivência da vocação profética?
- Temos consciência de que as fragilidades não são obstáculos para a vivência da vocação profética?

Na passagem da segunda Leitura (2 Cor 12,7-10), o Apóstolo Paulo nos comunica a mensagem de que somos instrumentos frágeis, finitos e limitados nas mãos de Deus.

Ele próprio não se vale de seus méritos e se apresenta como homem frágil e vulnerável, a quem Deus chamou e enviou para dar testemunho de Jesus Cristo a todo o mundo.

A finitude e a fragilidade não são determinantes para a missão, porque o que prevalece é a graça divina. Em nossa fraqueza, Deus manifesta a Sua força para vencermos todo desânimo e tentação de desistir.

O cristão autêntico vive em função de Cristo e conta com Ele na Palavra e na Eucaristia.

Reflitamos:

- Qual é o lugar que Jesus ocupa em minhas decisões, projetos, opções e atitudes?
- Quando experimentei a força de Deus em minha fraqueza?

Na passagem do Evangelho (Mc 6,1-6), contemplamos a ação de Deus, que Se revela na fraqueza e na fragilidade, e por isto a dificuldade dos conterrâneos de Jesus reconhecê-Lo como Salvador da humanidade; não conseguem reconhecer a presença de Deus naquilo que Ele diz e faz.

Esta rejeição, no entanto, não invalida Sua procedência divina nem O leva a desistir da missão pelo Pai confiada.

No rosto humano de Jesus, a divindade de Deus se revela, e no rosto divino de Jesus se revela a Sua humanidade: em Jesus o humano e o divino se encontram.

A atitude de Jesus nos convida a nunca desanimar e desistir: Deus tem Seus Projetos e sabe como transformar o fracasso em êxito.

Pelo Batismo, continuamos a missão de Jesus vivendo a vocação como graça e enfrentando as possíveis dificuldades.

A missão do profeta, no seguimento do Senhor, não é a busca do prazer, sucesso, vedetismo, holofotes, mas é algo sério, profundo e que dá sentido à vida.

É Deus que nos chama para a vocação profética apesar de nossas limitações, mas somente uma paixão profunda por Jesus nos fará profetas, aguentando o espinho na carne, enfrentando e superando incompreensões, oposições e acusações.

Reflitamos:

- Qual é a minha vocação na Igreja e no mundo?
- De que modo me abro à graça divina para viver a vocação e enfrentar possíveis dificuldades?
- Para onde Deus me envia?
- Como se manifesta em mim a graça divina?

Voltemo-nos à oração depois da comunhão da Solenidade de Pedro e Paulo, que muito nos fortalece no discipulado e missão para sermos hoje os profetas no mundo como Deus tanto espera.

“Concedei-nos, ó Deus, por esta Eucaristia, viver de tal modo na Vossa Igreja que, perseverando na Fração do Pão e na Doutrina dos Apóstolos, e enraizados no Vosso Amor, sejamos um só coração e uma só alma. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”

Tão somente enraizados no amor de Deus e nutridos pelo Pão da Imortalidade, iluminados pela Palavra do Senhor, e com a força e luz do Santo Espírito é que poderemos realizar com solicitude e ardor a missão profética recebida no dia de nosso Batismo.

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