sábado, 1 de novembro de 2025

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Bem-Aventuranças vividas, Santidade alcançada (Homilia Todos os Santos)

                                           

Bem-Aventuranças vividas, Santidade alcançada

A Solenidade de todos os Santos abre nosso espírito e coração às consequências da Ressurreição. Para Jesus, ela foi ao terceiro dia, para nós, seus amigos, será mais tarde.

Com esta Solenidade celebramos todos os que amaram a Deus e aos irmãos, canonizados ou não. Quer nomes inscritos no calendário litúrgico ou não, mas antes inscritos no Coração de Deus.

Fazemos sair do anonimato e vivemos aquilo que professamos toda vez que rezamos o Creio: “... Creio na comunhão dos Santos”

Esta Solenidade nos faz viver intensamente a realidade mais profunda e misteriosa da Igreja, que ainda peregrina na terra, saboreia e vive dos bens do céu.

Para que a santidade seja sólida, há um caminho a ser trilhado: o caminho das Bem-aventuranças, que é na exata medida, o caminho da santidade.  

Jesus sobe ao monte para nos dar a Lei que já tinha dentro de Si, para inscrevê-la no coração da humanidade, para que esta encontre o verdadeiro caminho da felicidade, que é o caminho da santidade. Ele faz das Bem-aventuranças um programa de vida para Seus discípulos.

Santos são aqueles que percorreram o caminho das Bem-aventuranças, acolheram o Cristo e o Seu Reino e agora estão na glória celeste.  

As Bem-aventuranças vividas nos fazem pobres, mansos, puros, misericordiosos e pacificadores. Elas portam ao mesmo tempo o fascínio e a angústia. 

Firmados da esperança da eternidade, firmaram passos com coragem, firmeza, fidelidade, sem vacilar na fé e no testemunho.

Assim nasceram e viveram os Santos: quanto mais perto da luz mais visíveis foram as sombras da existência. Vivendo na fragilidade da existência, abriram-se plenamente à graça divina, pois sabem que nada podemos e nada somos Sem Deus e sem a Sua força, graça, ternura, poder e bondade.

Por isto rezamos no Prefácio da Missa: “Peregrinos da cidade Santa, para ela caminhamos na fé e na alegria, ao vermos glorificados os ilustres filhos da Igreja que nos destes como exemplo para nossa fragilidade”.

Para vivermos a santidade temos de ser corajosos peregrinos do cotidiano, ou seja,  pessoas em marcha, apaixonadas pelo Evangelho que não se desviam do caminho da verdade e da liberdade, anunciando e testemunhando o que lhes faz viver, o que lhes motiva a viver: um amor por Deus, incondicional.

Com o Batismo, somos inseridos no caminho das Bem-aventuranças, e vivê-las implica em assumir riscos, alcançar a alegria, como fruto da liberdade, como podemos contemplar na passagem da primeira Leitura (Ap 7,2-4.9-14). 

Contemplamos a descrição de uma visão da condição celeste. Há esperança na provação.

Refletimos sobre o Cordeiro Imolado que é o vitorioso, o vencedor, revelando-nos que o caminho de morte dos que O seguem não é o caminho da derrota, mas daqueles que foram transformados e estão de pé diante d'Ele.

O autor de Apocalipse fala de 144.000 (12x12x1000) que significa o Novo Povo de Deus, que nasce dos doze Apóstolos de Cristo. Soma-se a multidão imensa que venceu a prova. A cor branca das túnicas reflete a glória celeste e as palmas nas mãos, o martírio, a vitória e a alegria.

Na passagem da segunda Leitura (1Jo 3,1-3) refletimos sobre o nosso futuro, que tem marca de eternidade e o nosso destino como criação divina: foi para a felicidade eterna que fomos criados. A maior glória é sermos semelhantes a Deus e um dia podermos contemplar Sua face.  

“Deus é Amor” (1Jo 4,8.16) e nós podemos amar, “mas amamos, porque Deus nos amou primeiro” (1Jo 4,19). A santidade se mede pelo amor: quem mais ama é mais Santo; quem menos ama é menos Santo; quem não ama nada, não é Santo.

Santidade! Esse é o segredo que o cristão deve ter para aproximar muitas pessoas de Deus. Jamais santidade rima, em forma e conteúdo, com coisa esquisita, rara, estranha, alienada, medonha, impossível, inalcançável.

Deste modo, santidade não é algo exterior, não é caricaturesca, rígida, sombria ou até mesmo triste. Não! O Santo é uma pessoa com uma profunda vida interior, com uma grande unidade de vida, coerente, flexível, cheia de luz e de alegria.

Uma pessoa Santa é um ser humano bem normal no seu dia a dia, que  leva dentro de si algo diferente - o Amor de Deus atuante e que faz novas todas as coisas - ou seja, uma pessoa que revela ao mundo inteiro a Face de Cristo.



PS: Fontes: www.presbiteros.com.br/, Liturgia Dominical - Ed. Vozes - Johan Konings, Missal Dominical.

Os Santos contemplam a glória dos céus

                                                      

Os Santos contemplam a glória dos céus

Celebrando a Solenidade de todos os Santos, reflitamos um dos Sermões do Abade São Bernardo (Séc. XII), em que nos ilumina sobre a frutuosa devoção aos Santos/as.

"Para que louvar os Santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas, a eles que, segundo a promessa do Filho, o mesmo Pai celeste glorifica?

De que lhes servem nossos elogios? Os Santos não precisam de nossas
homenagens, nem lhes vale nossa devoção. Se veneramos os Santos, sem dúvida nenhuma, o interesse é nosso, não deles. Eu por mim, confesso, ao recordar-me deles, sinto acender-se um desejo veemente.

Em primeiro lugar, o desejo que sua lembrança mais estimula e incita é o de gozarmos de sua tão amável companhia e de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-aventurados, de unir-nos ao grupo dos patriarcas, às fileiras dos Profetas, ao senado dos Apóstolos, ao numeroso exército dos mártires, ao grêmio dos confessores, aos coros das virgens, de associar-nos, enfim, à comunhão de todos os Santos e com todos nos
alegrarmos.

A assembleia dos primogênitos aguarda-nos e nós parecemos indiferentes! Os Santos desejam-nos e não fazemos caso; os justos esperam-nos e esquivamo-nos. 

Animemo-nos, enfim, irmãos. Ressuscitemos com Cristo. Busquemos as realidades celestes. Tenhamos gosto pelas coisas do alto.

Desejemos aqueles que nos desejam. Apressemo-nos ao encontro dos que nos aguardam. Antecipemo-nos pelos votos do coração aos que nos esperam. Seja-nos um incentivo não só a companhia dos Santos, mas também a sua felicidade.

Cobicemos com fervoroso empenho também a glória daqueles cuja presença desejamos. Não é má esta ambição nem de nenhum modo é perigosa a paixão pela glória deles.

O segundo desejo que brota em nós pela comemoração dos Santos consiste em que Cristo, nossa vida, tal como a eles, também apareça a nós e nós juntamente com ele apareçamos na glória.

Enquanto isto não sucede, nossa Cabeça não como é, mas como Se fez por nós, se nos apresenta. Isto é, não coroada de glória, mas com os espinhos de nossos pecados.

É uma vergonha fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos. Por enquanto a púrpura não lhe é sinal de honra, mas de zombaria. Será sinal de honra quando Cristo vier e não mais se proclamará Sua morte, e saberemos que nós estamos mortos com Ele, e com Ele escondida nossa vida.

Aparecerá a Cabeça gloriosa e com ela refulgirão os membros glorificados, quando transformar nosso corpo humilhado, configurando-o à glória da Cabeça, que é Ele mesmo.

Com inteira e segura ambição cobicemos esta glória. Contudo para que nos seja lícito esperá-la e aspirar a tão grande felicidade, cumpre-nos desejar com muito empenho a intercessão dos Santos.

Assim, aquilo que não podemos obter por nós mesmos, seja-nos dado por sua intercessão".

O Abade confessa sentir acenderem-se desejos veementes:

- O primeiro desejo: gozar de tão amável companhia,e por isto, Ressuscitados com Cristo, busquemos as realidades celestes, com gosto pelas coisas do alto.

- O segundo desejo: que Cristo, nossa vida, tal como a eles, também apareça a nós e, nós, juntamente com Ele, apareçamos na glória.

Para tanto, exorta-nos para que cobicemos esta glória, contando com a intercessão dos Santos
, e tê-los como companhia enquanto vivemos o tempo do combate, enquanto peregrinamos no tempo presente, é para nós motivo de júbilo e certeza de vitória.

Na fidelidade ao Senhor, temos Santos e Santas que viveram a graça do Batismo; lavaram suas vestes no Sangue do Cordeiro; alvejaram-nas; viveram as Bem-Aventuranças como um Projeto de Vida que o Senhor nos apresentou na montanha, e hoje veem a face de Cristo, contemplam a glória de Deus na comunhão com o Santo Espírito.

Contemos com a intercessão dos Santos e Santas, procurando imitar suas virtudes, para não incorrermos em estéril devoção, e um dia fazermos nosso encontro definitivo na glória dos céus, onde eles já se encontram.

Oração do Ano Vocacional de 1983

                                                


Oração do Ano Vocacional de 1983 

Senhor da Messe e Pastor do Rebanho,
faz ressoar em nossos ouvidos Teu forte e suave convite:
“Vem e segue-me”.
Derrama sobre nós o Teu Espírito,
que Ele nos dê sabedoria para ver o caminho
e generosidade para seguir Tua voz. 

Senhor, que a Messe não se perca por falta de Operários.
Desperta nossas comunidades para a Missão.
Ensina nossa vida a ser serviço.
Fortalece os que querem dedicar-se ao Reino
na vida consagrada e religiosa. 

Senhor, que o Rebanho não pereça por falta de Pastores.
Sustenta a fidelidade de nossos bispos, padres e ministros.
Dá perseverança a nossos seminaristas.
Desperta o coração de nossos jovens
para o ministério pastoral em Tua Igreja. 

Senhor da Messe e Pastor do Rebanho,
chama-nos para o serviço de Teu povo.
Maria, Mãe da Igreja,
modelo dos servidores do Evangelho,
ajuda-nos a responder SIM.
Amém. (1)

 

PS: A abertura oficial do Ano Vocacional ocorreu no 20º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, em 24 de abril de 1983. E esta Oração Vocacional é rezada ainda hoje.

Se desejar, acesse e confira:

https://www.cnbb.org.br/jubileu-do-1d-ano-vocacional-do-brasil-1/


"Vivemos no tempo e temos tempo" (Todos os Santos)

                                                                 

"Vivemos no tempo e temos tempo"

O que mais nos difere dos Santos, segundo Raniero Cantalamessa:

"A maior diferença entre nós e os Santos está exatamente aqui: nós vivemos no tempo e temos tempo. E isso eles não têm mais. Se os Santos pudessem desejar algo e nos invejar, eis do que eles teriam inveja em relação a nós: o tempo.

O tempo para amar mais, para se purificar mais, para se tornar mais semelhantes ao Cordeiro sem mancha. Nós possuímos o tempo; não sabemos quanto, não sabemos até quando. Cabe a nós decidir o que queremos fazer: deixá-lo simplesmente passar ou utilizá-lo como o maior dos talentos. 'Caminhai enquanto tendes luz' (cf. Jo 12,35: esta Palavra de Jesus pode ser traduzida também da seguinte maneira: enquanto tendes tempo!"

De fato, vivemos no tempo e temos tempo, mas não um tempo infinito. Enquanto temos tempo é preciso vivê-lo com intensidade, sem perda alguma. Lembrando um trecho de uma música: "Cada hora que passa envelhecemos dez semanas..."

E quem são os Santos? São exatamente aqueles que viveram no tempo e não precisam mais do tempo, como nós concebemos. Estão vivendo na plenitude do tempo; vivem os dias sem ocasos, na plena luminosidade divina, envolvidos pelo amor de Deus, na alegria celestial.

Tiveram a coragem, vindo da grande tribulação, lavaram e alvejaram as suas roupas, com fidelidade constante, no Sangue do Cordeiro. Combateram o bom combate da fé, e estão diante do Trono do Senhor, louvando-O, glorificando-O, como expressou o autor do Livro do Apocalipse (cf. Ap 7,2-4.9-14).

Viveram no tempo que lhes foi próprio: foram os pobres em espírito, choraram, sofreram, tiveram fome e sede de justiça, foram misericordiosos como o Pai, foram puros de coração, trabalharam pela paz e foram perseguidos por causa da justiça, de Jesus e do Reino, que Ele anunciou, pelo qual deu a vida.

Contemplam Jesus, Aquele que não somente nos anunciou as Bem-Aventuranças, mas as viveu plenamente e no-las apresentou como um Projeto de vida, um Programa a ser vivido, dia pós dia, até que possamos viver na plena alegria do céu.

Os Santos e as Santas não vivem mais no tempo em que vivemos, mas com eles, estamos unidos, em comunhão professamos, como professamos no Creio.

Nós temos o tempo. Quanto? Quem o sabe? Importa, pois, não perder tempo com futilidades ou quaisquer outras coisas que não valham a pena.

Tempo é sagrado, é graça divina, saibamos viver intensamente cada segundo que o Senhor nos concede em maior correspondência ao Seu querer a nosso respeito.

É o tempo de descermos a montanha e, na planície, viver o Sermão das Bem-Aventuranças, e tão somente assim felizes seremos, e, no caminho da santidade, os passos firmamos.



(1) O Verbo Se faz Carne - Editora Ave Maria - 2013 - p.856

Bem-Aventuranças: único caminho para a felicidade (Todos os Santos)

                                                              

Bem-Aventuranças: único caminho para a felicidade

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 5-12a), em que Jesus nos apresenta o Sermão da Montanha, que se vividas é o único e autêntico caminho para a felicidade que tanto desejamos e buscamos.

Vemos em sua proposta, um programa de felicidade: Paradoxal caminho da felicidade, porque tão diferente da felicidade que o mundo oferece, porque as Bem-aventuranças vividas, inevitavelmente a cruz cotidiana deve ser assumida e carregada, com suas necessárias renúncias, para maior liberdade e fidelidade no seguimento ao Senhor.

Importa acolhê-lo, quer na montanha (Evangelho de Mateus - Mt 5,1-12a), ou mesmo na planície (Evangelho de Lucas - Lc 6,20-26).

É fundamental que vivamos este Projeto na planície de nosso cotidiano. Não podemos ficar para sempre na montanha, ainda que nos seja tentador (Pedro que o diga).

Enquanto o mundo novo não irrompe nas relações entre nós, os “ais” de Jesus ecoam no mais profundo de nosso coração, bem como o convite à vivência das Bem-aventuranças.

Quando os “ais” de Jesus são acolhidos (Lc 6,20-26), rompe-se e supera-se todo egoísmo, prepotência, injustiça, exploração, ilusões, dolorosas frustrações, porque não confiaremos demais nas pessoas (prescindindo de Deus), tão pouco em nós (em execrável autossuficiência), nem confiaremos nas coisas em si, nos bens que passam...

Quando as Bem-aventuranças são encarnadas, inauguram-se relações de partilha, solidariedade, comunhão e amor, humildade, gratuidade, doação... Ganham vigor as relações fraternas.

Celebrando  a Eucaristia, experimentamos a força do Ressuscitado, subimos a montanha Sagrada, onde Deus Se revela e nos envolve com Seu sopro e rompemos com o velho mundo e sua enganadora proposta de felicidade.

Precisamos subir sempre a Montanha Sagrada e respirar o ar de Deus que nos refaz de nossos cansaços, fortalece-nos para suportar sofrimentos, superando quaisquer sinais de marginalização, para que o Reino de Deus aconteça.

Ainda que alcançado por caminhos tão diferentes daquele que a humanidade teima em propor... A felicidade divina é alcançada não por quem tem todos os tesouros da terra, mas por quem fizer de Deus seu grande e belo tesouro.

Nossas comunidades precisam encarnar o Projeto das Bem-aventuranças! Elas são caminhos para se viver com absoluta confiança em Deus e chegar até Ele, alcançando o desejo mais profundo d’Ele para nós, e que desde a concepção desejamos: A felicidade! Para a felicidade que Deus nos criou! É este o genuíno e irremovível Projeto de Deus para nós!

A fé na Ressurreição faz-nos comprometidos com o Projeto das Bem-aventuranças, alcançando a felicidade desde já, para desabrochar plenamente na madrugada de nossa Páscoa.

A felicidade está ao nosso alcance, mas saibamos o caminho único para alcançá-la: o caminho da Bem-Aventuranças.

Este caminho passa pela cruz, nem sempre pela humanidade, entendido!
Por quem recebeu o Batismo, nem sempre bem assumido!
Caminho da cruz, aparente sinal de fracasso e desilusão,
Mas para quem crê, vitória, alegria transbordante no coração! 
Sejamos pobres em espírito porque a Eles pertence o Reino dos Céus, disse o Senhor.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG