sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!
Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!
Há muito tempo a Igreja insiste na Pastoral de Conjunto e no respeito às instâncias decisivas e participativas dentro ou até mesmo fora dela, do qual não podemos esquecer, pois estaríamos nos afastando no retrato das primeiras comunidades: “Os cristãos eram perseverantes na doutrina dos apóstolos...” (Atos 2,42-45).
Nas páginas bíblicas contemplamos o agir de Deus e vemos que é próprio do Seu amor nos educar para a liberdade, a responsabilidade e a verdade.
Lamentavelmente, muitos ainda não aprenderam a corresponder à altura este amor, pois não querem ou não se abrem para estes ensinamentos que nos conduziriam inevitavelmente a uma autêntica espiritualidade e maturidade cristã, e consequente fortalecimento de nossas comunidades, conferindo à evangelização mais ardor e renovação em expressões e métodos.
Isto nos leva a refletir sobre a necessidade de retomar um princípio muito forte, o Princípio da Subsidiariedade, que tem seus momentos nascentes na Encíclica “Quadragesimo Anno” (1931), quando o Papa Pio XI já chamava o mundo para a necessária busca de caminhos para uma verdadeira ordem internacional.
O Princípio da Subsidiariedade deve promover uma harmonização das relações entre os indivíduos e as sociedades, instaurando uma verdadeira ordem internacional, sendo também fundamental para a construção de relações de poder e serviço dentro da própria Igreja, devendo ser incansavelmente aprendido em âmbito paroquial, regional, diocesano, enfim, na Igreja como um todo.
Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja acerca do referido Princípio no parágrafo 1883: “Segundo este Princípio, uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade inferior, privando-a de suas competências, mas deve, antes, apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar sua ação com as dos outros elementos que compõem a sociedade, tendo em vista o bem comum”
E no parágrafo 1884, insistindo na liberdade humana para a qual Deus nos criou e que deve ser acompanhada e inspirada de sabedoria no governo, independente de que ordem seja, diz que: “Deus não quis reter só para si o exercício de todos os poderes. Confia a cada criatura as funções que esta é capaz de exercer, segundo as capacidades da própria natureza. Este modo de governo deve ser imitado na vida social. O comportamento de Deus no governo do mundo, que demonstra tão grande consideração pela liberdade humana, deveria inspirar a sabedoria dos que governam as comunidades humanas. Estes devem comportar-se como ministros da providência divina”.
Portanto, se o Princípio da Subsidiariedade, em nossas comunidades, bem entendido e vivido o for, o poder será a expressão do serviço, como nos ensinou o Senhor; a abertura ao outro e a alegria em servir se farão presentes em todos. Importa nos espaços da Igreja, no bom desempenho da pastoral observar o que lhe é próprio e intransferível sem invadir o espaço do outro.
Concluindo:
Temos ainda muito a aprender para, de fato, correspondermos ao amor e a confiança que Deus, em nós, deposita. Somente assim cresceremos e amadureceremos para aquilo que Deus espera de nós, pois é próprio do Amor de Deus querer sempre o melhor de nós... Eis uma das faces da Misericórdia Divina que alguns já descobriram...
Princípio da Subsidiariedade vivido, pastoral frutuosa será, a começar das comunidades, mas se espraiando na Igreja como um todo.
Temos ainda muito a nos converter para sua prática, estejamos onde estivermos, ou independentemente de onde ou em que participamos.
Que o Princípio da Subsidiariedade jamais seja esquecido! Pois se levado em conta, nos ajudará a avançar para águas mais profundas na perfeita comunhão e participação...
A Ação Divina não dispensa a ação humana(30/01)
A Ação Divina não dispensa a ação humana
No Reino de Deus,
lançar a semente é nossa missão!
Na passagem do Evangelho (Mc 4, 26-34) proclamado na terceira sexta-feira do Tempo Comum, Jesus nos fala do Reino de Deus à luz da Parábola da semente lançada na terra.
Mais ainda, nos fala do Reino comparando-o a um grão de mostarda, a menor de todas as sementes e que produz ramos tão grandes que os pássaros vêm habitar à sua sombra.
Mais ainda, nos fala do Reino comparando-o a um grão de mostarda, a menor de todas as sementes e que produz ramos tão grandes que os pássaros vêm habitar à sua sombra.
Na construção e espera do Reino que vem, é preciso confiança ativa. O Reino é como o crescimento da semente, um processo lento e silencioso, mas seguro. A pequenez da semente também é significativa, pois aparentemente o que fazemos parece nada mudar, mas quanta diferença faz para quem dela recebe, já, os frutos.
Muitas vezes a pobreza dos meios, as nossas limitações, emergências e clamores nos levam a abrir-nos mais intensa e sinceramente à ação divina, explicitamente falando com a ação do Espírito que é imprescindível para a ação evangelizadora e a construção do Reino.
O Missal Quotidiano nos diz: “Em vez de agitação, serenidade; em vez de indolência, esforço; em vez de desânimo a certeza da fé; eis a atitude da Igreja, do apóstolo, do educador”.
Serenidade, esforço e a certeza da fé devem ser marcas de todo aquele que se coloca a serviço do Reino, contra toda tentação de agitação estéril e estressante, que nada de bom constrói; contra toda perniciosa, desastrosa tentação da acomodação, do recuo, do cruzar os braços em inativismo deplorável aos olhos de Deus – Deus que nos ama, como é próprio do Seu amor, não dispensa nossos esforços; contra toda tentação da perda da fé, do naufrágio da fé, o pior de todos os naufrágios.
Nisto consiste a missão de todos nós: lançar e cultivar as sementes. Se dela frutos não comermos, já terá valido ao outro ter assegurado esta possibilidade.
São oportunas as palavras do Apóstolo Paulo: “Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus quem fazia crescer” (1Cor 3,6).
De fato, aquilo que comemos ou desfrutamos não é fruto do acaso, mas do reconhecido e louvável esforço e empenho de tantos/as que, muito antes e até no tempo presente, suas sementes lançaram...
Lancemos nossas sementes, as melhores que pudermos para que outros desfrutem...
Lancemos nossas sementes, as melhores que pudermos para que outros desfrutem...
São João Bosco: um exemplo de educador
São João Bosco: um exemplo de educador
No dia 31 de janeiro, celebramos a Memória do Presbítero São João Bosco (séc. XIX), e a Liturgia das Horas nos apresenta um trecho de uma de suas Cartas.
Uma Carta sugestiva para ser refletida e discutida, sobretudo por aqueles que têm a difícil arte e graça de educar, sobretudo hoje, com tantos desafios.
“Antes de mais nada, se queremos ser amigos do verdadeiro bem de nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela foi sempre o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação salesiana.
Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e suavidade.
Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga, conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mau humor.
Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu serviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor servirmos.
Assim procedia Jesus com seus apóstolos; tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros, escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos d’Ele a ser mansos e humildes de coração.
Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de tal modo que pareça totalmente dominada.
Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais e conseguireis uma verdadeira correção.
Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não têm proveito algum para quem as merece”.
Vejamos algumas indicações oportunas e necessárias na educação daqueles que nos são confiados, apresentadas e vivenciadas por Dom Bosco:
- Ele vivia uma paternidade em relação aos alunos com vistas ao bem destes (não como sinônimo de paternalismo);
- A correção e o castigo não sejam o “descarregar o próprio mau humor”;
- O exercício do poder e de domínio sobre aqueles que se educam seja de serviço, como assim o fez Jesus;
- A afeição e a familiaridade com aqueles que se educa, assim como Jesus tratava os pecadores, comunicando-lhes o perdão;
- As faltas devem ser corrigidas sem cólera, ou com moderação: verdadeiros pais e a verdadeira correção;
- A recomendação a Deus, em determinados momentos muitos graves, e não “uma tempestade de palavras que só fazem mal” – silêncio e oração confiante a Deus.
Tenhamos São João Bosco como modelo de educador, em nosso trabalho evangelizador, para que cuidemos, com ternura e proximidade, daqueles que de nós muito esperam.
Oremos:
Ó Deus, que suscitastes São João Bosco para educador e pai dos adolescentes, fazei que, inflamados da mesma caridade, procuremos a salvação de nossos irmãos, colocando-nos inteiramente ao Vosso serviço. Por N.S.J.C. Amém!
Com cantos e louvores, celebremos as maravilhas de Deus
Com cantos e louvores, celebremos as maravilhas de
Deus “Louvem a
Javé, nações todas, e O glorifiquem todosos povos!
Pois o Seu Amor por nós é firme, e afidelidade
de Javé é para sempre! Aleluia!”(Sl 117,1-2) Sejamos enriquecidos com o “Comentário sobre os Salmos”, do bispo e
mártir São João Fisher (Séc. XVI): “Primeiramente, Deus, realizando muitos portentos
e prodígios, libertou o povo de Israel da escravidão do Egito. Deu-lhe passagem
a pé enxuto através do mar Vermelho. Sustentou-o com o Pão vindo do céu, maná e
codornizes. Da pedra duríssima fez jorrar água abundante para os sedentos.
Deu-lhe vitória sobre os inimigos que lhe moviam guerra. Fez com que o Jordão,
contrariando o seu ímpeto, retrocedesse por algum tempo. Repartiu entre as tribos e as famílias a terra
prometida. Concedeu-lhes tudo isto com amor e generosidade. No entanto,
ingratamente, aqueles homens esquecidos de tudo, desleixando e mesmo repudiando
o culto a Deus, não poucas vezes se emaranharam no inominável crime da
idolatria. Depois, também a nós, quando ainda pagãos íamos
atrás dos ídolos mudos, ao sabor de nossas inclinações, Ele nos cortou da
oliveira selvagem da gentilidade e, quebrados os ramos naturais, nos enxertou
na verdadeira oliveira do povo judaico, tornando-nos participantes da graça
fecunda de Sua raiz. Por fim, nem sequer poupou ao próprio Filho, mas O
entregou por todos nós como sacrifício e oblação de suave odor, a fim de nos
remir e de tornar puro e aceitável para Si um povo. Todos estes fatos, absolutamente certos, não são
apenas provas de Seu Amor e de Sua generosidade para conosco, mas também
acusações. Pois, ingratos, ou melhor, ultrapassando todos os limites de
ingratidão, nem damos atenção ao Seu Amor nem reconhecemos a grandeza dos
benefícios.
Rejeitamos e temos por desprezível o liberal doador de tão grandes
bens. A imensa misericórdia que Ele demonstrou incessantemente para com os
pecadores não nos comove nem nos leva a adotar uma norma de vida conforme Seu
Mandamento Santo. Tudo isto bem merece ser escrito para as gerações
futuras, em perpétua memória. E assim todos aqueles que no futuro receberem o
nome de cristãos, reconhecendo a infinita bondade de Deus para conosco, não
deixem nunca de celebrá-Lo com louvores divinos.” A primeira reflexão que nos desperta, é sobre a beleza e a riqueza
inesgotável dos Salmos, que são a expressão da oração do Povo de Deus, com as diferentes
sentimentos e realidades por que passamos. Não há nada de humano que tenha escapado aos salmistas. Com eles,
podemos falar com Deus: alegrias e tristezas, angústias e esperanças, dúvidas e
certezas, prantos e sorrisos, sonhos e pesadelos, sofrimentos e realizações,
sombras e luzes, pecado e graça. Cantos e louvores a Deus: Pela Sua ação criadora e recriadora, desde os primeiros amanheceres no
Éden, até que venha o novo céu e a nova terra. Pela Sua bondade e misericórdia, conduzindo o Povo pelo deserto,
libertando-o da escravidão do Egito, e de toda forma de escravidão em todos os
tempos. Pela experiência do amor e presença, através dos Profetas que
prepararam a vinda do Messias, e com Ele, o tempo da graça, a inauguração do
Reino. Pela proximidade de Deus no Verbo que Se fez Carne, que desceu ao nosso
encontro assumindo nossa condição humana, igual a nós, exceto no pecado, para
nos redimir e nos elevar à glória da eternidade. Pela bondade e misericórdia nas Palavras e ação de Jesus, que nos
revelou a face misericordiosa do Pai, porque inserido na plena comunhão de amor
do Santo Espírito. Pelo amor que ama até o fim, que elevado na Árvore da Vida, deixou-Se
trespassar e morrer de amor por nós. Pela presença do Santo Espírito, o Paráclito, que nos foi concedido
quando voltou para junto do Pai, para conduzir, iluminar e fortalecer a Sua Igreja,
para que jamais sentíssemos orfandade, fragilidade e abandono. Reflitamos: - O que mais Deus poderia ter feito por nós?Nada, absolutamente nada! Pois não poupou Seu Próprio Filho, para que
n’Ele creiamos e tenhamos vida eterna (Jo 3,16). - O que podemos fazer para corresponder ao Amor de Deus?Muito mais, porque, ainda que algo tenhamos feito, é nada diante do
tudo que a Trindade Santíssima fez, faz e sempre fará em nosso favor. O tempo é breve, a figura deste mundo passa. Façamos de cada instante,
de cada palavra e gesto multiplicado uma correspondência ao indizível e
infinito amor de Deus por nós, tão somente assim felizes o seremos. A segunda reflexão é sobre a graça de podermos celebrar as maravilhas
de Deus. No comentário, vemos retratadas as maravilhas que Deus realizou sempre
em favor da humanidade, cuja expressão máxima encontra-se em Jesus, entregue
por todos nós como sacrifício de suave odor. Também hoje, precisamos reconhecer as maravilhas que Deus continua a
realizar, em meio às dificuldades, provações, angústias e tristezas que se
possam notar. Não podemos incorrer no risco de não perceber a ação de Deus, a cada
segundo em nossa vida, e não cairmos na tentação de ver tão apenas o que haja
de negativo. Celebremos com louvores divinos a ação permanente de Deus, para que
tenhamos vida plena e feliz.
Redescobrir a Sua vontade e realizá-la, é um dos
caminhos de acolhida da Palavra de Jesus, com a força do Espírito, apresentada
no Sermão da Montanha: as Bem-Aventuranças (cf.Mt 5,1-12). Louvemos e agradeçamos as maravilhas que Deus realiza em nosso favor,
pois a gratidão é, verdadeiramente, o tesouro dos humildes (Shaekesperare); a
gratidão, humildade, paz e felicidade caminham juntas. Contemplemos as maravilhas de Deus com os olhos do
mesmo coração que celebra a Sua misericórdia e bondade, na plena comunhão com o
Espírito, por meio de Jesus, a quem rendemos toda a honra, glória, poder e
louvor. Amém.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Professemos a nossa fé (29/01)
Professemos a nossa fé
Creio em Cristo-Palavra que nos revela o segredo do amor de Deus através de Sua humanidade; que por Sua Palavra e ação revelou o rosto misericordioso do Pai, e espera que todos, pelo Batismo, assim o façamos.
Creio que a Igreja é o Seu Corpo Místico em fase de crescimento e acabamento, entre o tempo da Encarnação e o Seu retorno glorioso que esperamos vigilantes e orantes, com renovados e sagrados compromissos de discípulos missionários no anúncio e testemunho da fé.
Creio, portanto, que o primeiro dever da Igreja que somos é revelar a luz com que somos iluminados (Lumen Gentium 1), no alegre e corajoso testemunho da fé, pois ela tende a enfraquecer e acabar, apagando-se totalmente, quando não é devidamente partilhada, vivida.
Creio que a plena revelação é reservada para o fim dos tempos, mas desde agora é necessário que a mensagem do Evangelho seja transmitida com fidelidade e coragem, traduzida na atualidade e proclamada diante do mundo.
Creio que a Palavra a nós confiada não nos pertence, portanto não podemos modificá-La ao nosso bel prazer, alimentando caprichos e até mesmo traindo a essência de seu conteúdo, esvaziando sua sagrada e eterna mensagem, reduzindo-a a um discurso ideológico.
Creio que quanto mais de Deus se recebe, maior é a responsabilidade, acompanhada da gratidão, daqueles que foram escolhidos e introduzidos nos segredos de Deus, com o desejo de que todos sejam participantes desta mesma graça.
Creio que a Igreja realiza a sua missão, apesar dos obstáculos e da opacidade de sua condição terrena, não obstante a fraqueza, os erros e os pecados cometidos, contando com a Seiva do Amor do Santo Espírito, e revigorada cotidianamente no Banquete da Eucaristia.
PS: Fonte inspiradora: Mc 4,21-25 - Missal Cotidiano p.694 - Ed. Paulus.
Oportuno para a reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 8,16-18; Mc 1,21-28)
Em poucas palavras...
A graça de Deus
“A tentação de medir o progresso do Reino de Deus sempre ronda nossas comunidades: ainda com demasiada frequência, avaliamos as coisas sob o aspecto quantitativo e visível.
Quando fazemos estatísticas e levantamentos necessários, não podemos esquecer uma variável misteriosa, mas real, que pode mudar todos os valores dos nossos dados: a graça de Deus.” (1)
(1) Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 719 - passagem bíblica- 2 Sm 24,2.9-17
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Fecundemos nosso coração (28/01)
Fecundemos nosso coração
Reflexão à luz da Parábola do Semeador à luz da passagem do Evangelho (Mt 13,1-9; Mc 4,1-9; Lc 8.4-15), sobre a centralidade da Palavra de Deus em nossa vida.
São palavras do Bispo e Doutor da Igreja, São João Crisóstomo (séc. V), que nos adverte para algo que é terrível e que pode acontecer com mais frequência que possamos pensar: o homem pode fechar-se à Palavra de Deus, recusá-la e, consequentemente, torná-la ineficaz, não produzindo, assim, os frutos maravilhosos que Deus espera e que poderiam ter sido multiplicados:
“É possível que a rocha se transforme em boa terra; que o caminho deixe de ser pisado e se converta também em terra fértil, e que os espinhos desapareçam e deixem crescer exuberantemente as sementes. E se não se opera em todos essa transformação, não é, certamente, por culpa do semeador, mas daqueles que não querem mudar”.
No mistério de acolhida da Palavra e no empenho de fazê-la brotar, multiplicar, quem na alma não deixa habitar o verme da preguiça e acomodação, por mais que tenha feito dirá que nada ainda fez, é o que nos leva a refletir São João da Cruz (séc. XVI):
“A alma que ama a Deus de verdade não deixa, por preguiça, de fazer o que pode´ para encontrar o Filho de Deus, o Seu Amado.E depois de ter feito tudo o que pode,não fica satisfeita e pensa que não fez nada”.
Oportunas as palavras do padre Antonio Maria Zacaria (séc. XVI): jamais, do Senhor, covardes e desertores o sejamos, em exortação a fim de que imitemos o Apóstolo Paulo:
“Nós que escolhemos um tão grande Apóstolo como guia e pai, e fazemos profissão de imitá-lo, esforcemo-nos para que a nossa vida seja expressão da sua doutrina e do seu exemplo. Pois não seria conveniente que, sob as ordens de tão insigne chefe, fôssemos soldados covardes e desertores, ou que sejam indignos os filhos de um tão ilustre pai.”
E Padre Antônio Vieira (séc.XVII) sobre esta passagem do Evangelho afirmava que a Palavra pode não dar fruto, mas dará sempre efeito: efeito de Salvação ou efeito de condenação!
É a mais pura e incontestável verdade, ninguém ficará neutro diante da Palavra do Senhor que escutou, ou a acolhe, dá fruto nela e acolhe a salvação, ou a rejeita, para ela se fecha e por causa dela se perde, lamentavelmente.
De fato, ser filho de Deus, discípulo missionário não é fugir dos confrontos, conflitos, sofrimentos e perseguição, e para tanto, é preciso que Deus nos conceda a maturidade para suportar as dores do parto, pois nisto consiste a vida no Espírito.
Assim é o ser cristão: viver em tensão para o futuro da humanidade e do universo em Deus. A natureza e a humanidade estão envolvidas neste processo de dar à luz o mundo novo. Podemos deste processo, audazes, corajosos protagonistas sermos, ou não.
Reflitamos:
Como acolhemos a semente da Palavra Divina?
Ao cair sobre o chão do nosso coração, que tipo de terra a Palavra encontra?
Estamos no tempo da acolhida e fecundação da Palavra, para que frutos produzamos, que outros comam, ainda que não vejamos os frutos e que deles não possamos saborear.
A centralidade e fecundidade da Palavra Divina (28/01)
A centralidade e fecundidade da Palavra Divina
Na quarta-feira da 3ª Semana do Tempo Comum, a Liturgia nos convida a refletir sobre a importância e a centralidade da Palavra de Deus na vida daqueles que creem à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 4,1-20).
No Antigo Testamento, o Profeta Isaías nos apresenta um pequeno trecho do “Livro da Consolação” (Is 55,10-11).
Nesta retrata a fase final do exílio (anos 550-540 a.C.), quando o Povo de Deus encontra-se farto de belas palavras e promessas de libertação, que tardam em se realizar, e com isto a impaciência, a dúvida e o ceticismo enfraquecem a resistência dos exilados.
O Profeta, para evidenciar a eficácia da Palavra de Deus, utiliza o exemplo da chuva e da neve que, vindas do céu, tornam fecunda a terra, multiplicando a vida nos campos.
Uma imagem muito sugestiva, considerando que os judeus exilados na Babilônia devem se lembrar da chuva que cai no norte de Israel e da neve no monte Hermon. A água alimenta o rio Jordão, correndo por todo Israel, e por onde passa gera vida e fecundidade.
A mensagem que se comunica é de que a Palavra de Deus não falha, pois indica sempre caminhos de vida plena, verdadeira, expressa na liberdade e paz sem fim, não necessariamente segundo a lógica do tempo dos homens, dos seus desejos, projetos, interesses e critérios.
É necessário que se aprenda e respeite o ritmo e o tempo de Deus. E também, a eficácia da Palavra divina não dispensa compromissos e indica os caminhos que devem ser percorridos, renovando o ânimo para a intervenção no mundo. A Palavra divina não adormece a ação humana, mas impele para a transformação e renovação do mundo.
No Novo Testamento, o Apóstolo Paulo, por sua vez, exorta-nos para vivermos a vida segundo o Espírito (Rm 8,18-23), que consiste em deixar-se conduzir pela Palavra de Deus, e isto só é possível quando se acolhe a salvação como dom de Deus, que nos é alcançada por meio de Jesus Cristo, na ação do Espírito, que é derramado sobre todos os que aderem ao Seu Projeto e fazem parte de Sua comunidade.
A vida segundo o espírito consiste também em viver atentamente na escuta da Palavra de Deus, em plena obediência ao Projeto que Ele tem para nós, com renúncia ao egoísmo, aos interesses mesquinhos, ao comodismo, ao orgulho. É um caminho de doação da própria vida a Deus e aos outros.
A vida segundo o Espírito implica em maturidade para viver os sofrimentos, as renúncias, as dificuldades, que nada representam se comparadas com a felicidade sem fim que aqueles que creem encontrarão no fim do caminho.
A vida segundo a carne é, por sua vez, marcada por uma vida onde impera o egoísmo, o orgulho e a autossuficiência, que conduz ao pecado, à morte, à infelicidade total.
Viver consiste em saber fazer escolhas: viver segundo a carne, ou viver segundo o Espírito. Sendo pelo Espírito, pautar a vida pela Palavra divina e por ela ser conduzido.
Voltando à passagem do Evangelho em que nos é apresentada a Parábola do semeador, somos convidados a refletir sobre o modo como acolhemos a Palavra de Deus, e como comunicamos a Boa-Nova do Reino, que jamais pode ser interrompida, e que aos poucos vai revelando seu esplendor e fecundidade, a vida que Deus quer para a humanidade.
A linguagem em forma de Parábolas mexe com os ouvintes, arma controvérsia, e é um método pedagógico de reflexão em busca da verdade.
Sejamos fortalecidos em nosso itinerário de fé, trilhando caminhos, ainda que difíceis e desafiadores, mas sempre iluminados pela Palavra Divina proclamada, acolhida, meditada, partilhada, celebrada e testemunhada.
Empenhemo-nos para que a Palavra caia num chão fértil, que deve ser nosso coração, para que produza os frutos por Deus esperados: justiça, paz, amor, alegria, felicidade...
A Palavra de Deus é eficaz; é preciso que tornemos nosso coração mais fecundo, em séria e atenta escuta e vivência desta Palavra.
Também, que nutridos pela força da Eucaristia, inebriados pelo Vinho Novo, a nós oferecidos no Cálice da Salvação, sejamos cada vez mais comprometidos com a mesa de nossos irmãos no cotidiano, até que sejamos merecedores de ser partícipes do Banquete Eterno, na glória da eternidade. Amém.
Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal
A misericórdia do Senhor é para sempre
A misericórdia do Senhor é para sempre
“E se as misericórdias de Deus
são de sempre e para sempre, também eu
cantarei eternamente as misericórdias do Senhor”
Sejamos enriquecidos pelo Sermão do Abade São Bernardo (Séc. XII) sobre o Livro do Cântico dos Cântidos, em que ele nos leva à contemplação do Amor redentor do Senhor por nós pecadores, com uma mensagem que nos faz perceber que onde abunda o delito, o pecado, superabunda a graça divina.
“Onde encontrar repouso tranquilo e firme segurança para os fracos, a não ser nas Chagas do Salvador? Ali permaneço tanto mais seguro, quanto mais poderoso é Ele para salvar.
O mundo agita, o corpo dificulta, o demônio arma ciladas; não caio, porque estou fundado sobre rocha firme. Pequei e pequei muito; a consciência abala-se, mas não se perturba, pois me lembro das Chagas do Senhor.
Ele foi ferido por causa de nossas iniquidades. Que pecado tão mortal que a morte de Cristo não apague?
Se vier à mente tão poderoso e eficaz remédio, não haverá mal que possa aterrorizar.
Por isso, muito errou quem disse: Tão grande é o meu pecado que não merece perdão.
Mostra com isso não ser membro de Cristo nem lhe interessar o mérito de Cristo, por apoiar-se no próprio merecimento, declarar coisa sua o que pertence a outro, como acontece com um membro em relação à cabeça.
Quanto a mim, vou buscar o que me falta confiadamente nas entranhas do Senhor, tão cheias de misericórdia, que não lhe faltam fendas por onde se derrame.
Cravaram Suas mãos e Seus pés, traspassaram Seu lado; por estas fendas é-me permitido sugar o mel da pedra, o óleo do rochedo duríssimo, quero dizer, provar e ver quão suave é o Senhor.
Ele alimentava pensamentos de paz e eu não sabia. Pois quem conheceu o pensamento do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?
Mas o cravo que penetra tornou-se-me a chave que abre a fim de ver a vontade do Senhor.
Que verei através das fendas? Clama o cravo, clama a chaga que Deus está em Cristo reconciliando o mundo consigo. A espada atravessou sua alma e tocou seu coração; é-lhe agora impossível deixar de compadecer-se de minhas misérias.
Abre-se o íntimo do Coração pelas Chagas do corpo, abre-se o magno Sacramento da piedade, abrem-se as entranhas de misericórdia de nosso Deus que induziram o Oriente, vindo do alto a visitar-nos.
Qual o íntimo que se revela pelas Chagas? Como poderia brilhar de modo mais claro do que em Vossas Chagas, que Vós, Senhor, sois suave e manso e de imensa misericórdia?
Maior compaixão não há do que entregar Sua vida por réus de morte e condenados. Em vista disso, meu mérito é a misericórdia do Senhor. Nunca me faltam méritos enquanto não lhe faltar a comiseração.
Se forem numerosas as misericórdias do Senhor, eu muitos méritos terei. Que acontecerá se me torno bem consciente dos meus muitos pecados? Onde abundou o delito, superabundou a graça.
E se as misericórdias de Deus são de sempre e para sempre, também eu cantarei eternamente as misericórdias do Senhor. Acaso é minha a justiça?
Senhor, lembrar-me-ei unicamente de Vossa justiça. Vossa, sim, e minha; porque Vós Vos fizestes para mim justiça de Deus.”
Contemplemos as Santas Chagas dolorosas do Senhor, que são também as Suas Santas chagas gloriosas, da qual nascemos e nos alimentamos.
A água cristalina jorrada do Coração transpassado do Senhor, remete-nos ao Batismo, e o Sangue, por usa vez, remete-nos ao Sangue que nos lavou e nos redimiu, e que no Banquete Eucarístico, quando o Pão e o Vinho recebemos, não comemos pão nem bebemos vinho, mas comemos e bebemos do Cálice do Senhor, verdadeira Comida, verdadeira Bebida.
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