sábado, 6 de julho de 2024

Precisa-se de Profetas! (Parte III)

                                                            

Precisa-se de Profetas!

Precisa-se de Profetas!
Mas, o que é ser Profeta em nosso tempo?

Aprofundando a vocação profética, que recebemos no dia de nosso Batismo, veremos que ser Profeta é, antes de tudo, um dom de Deus e uma resposta humana. 

A missão profética não é iniciativa da Igreja, tão pouco nossa, mas do Espírito Santo.

Os Profetas surgem onde e quando menos esperamos. Com a consciência da unção divina, une culto à prática da justiça, de modo que é constituído por Deus “para arrancar e demolir, para destruir e abater, para edificar e plantar (Jr 1,10)”.

Sua ação é fruto de um encontro decidido, marcante e apaixonado por Cristo, que o torna portador de uma fé convicta, cultivador de profunda intimidade com os Mistérios divinos.

O Profeta é permanente discípulo da escola do Amor. Aprendiz voraz da sabedoria divina do Mestre e de tantos testemunhos dos mártires e Profetas de todos os tempos.

Acolhe a Semente do Verbo antes de anunciá-La! Para falar antes com a vida e depois com as palavras e, assim, sua profecia não seja um alienante contratestemunho; sabe que é preciso cultivar a coerência entre a fé e a vida.

Sabedor da necessária, plena e permanentemente abertura à vontade de Deus: Sua vontade sempre se submete à vontade d’Aquele que o seduziu.

Compromissado com a vida do povo simples é anunciador de uma redenção radical, levando-o a purificação de todas as suas infidelidades em contínuo processo de conversão do coração, correspondendo de maneira incansável aos desejos divinos.

Não há profecia se não for o Profeta um homem de fé! Devendo estar em permanente processo de amadurecimento e acrisolamento da mesma, que vai conferi-lo e revesti-lo de autoridade divina, impossibilitando-o de se enamorar com o autoritarismo, seja de que ordem for. A vocação profética desperta no coração do Profeta uma inquietude missionária!

Ele sabe que é preciso rezar todos os dias para manter acesa a chama do profetismo em seu ministério, renovando sempre a conduta de outrora, com invejável vigor (cf. Ap 2,5).

Num mundo marcado pelas relações interesseiras, o Profeta é  sinal e testemunha da gratuidade do Amor divino, por isto sabe que precisa se alimentar na oração e na escuta da Palavra de Deus, em diálogo aberto e sincero, confiando a Deus suas inquietações, angústias, preocupações, alegrias, certezas, esperanças... Muitas vezes confrontando com realidades de tristeza e desolamento, o profeta deve irradiar e testemunhar a alegria de ser Igreja, santa e pecadora, tudo fazendo para torná-la mais santa e servidora, em incontestável fidelidade ao Senhor...

A voz do Profeta é como a voz de Deus no aqui e agora... Sempre em constante sintonia e abertura para captar o sopro do Espírito, agindo como mediador e porta-voz de Deus.

Portanto, saberá calar para que a voz de Deus possa ressoar, terá uma voz intrépida a denunciar o que contraria e uma voz incansável a anunciar o mundo querido por Deus.

Por ser voz de Deus, é aquele que fala em nome de Deus! E muito mais, Deus através dele fala!

Deve, pois, falar com a autoridade d’Aquele que o envia. Portanto, precisa saber escutar, aprender e acolher a voz de Deus, para que todo povo tenha vida.

O Profeta, num mundo marcado por ruídos e barulhos ensurdecedores, é o homem do silêncio que gera o novo. Num mundo em que se semeiam mentiras e contravalores, mensagens supérfluas e tão frágeis, tão passageiras, o Profeta é mensageiro de um anúncio que não envelhece, não perde a pertinência e atualidade, não lhe sendo permitido escolher lugar, tempo e missão, porque a iniciativa é de Deus.

O Profeta não é alguém que fica nas nuvens...
Mas, com os pés fincados na realidade e nas asas do
Espírito age num lugar concreto, no quotidiano da vida...

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