sexta-feira, 28 de junho de 2024

Se Ele vier amanhã...


Se Ele vier amanhã...
Assim se proclama na Missa:

“Eis o Mistério da fé”, e tão logo se responde:
“Anunciamos Senhor a Vossa morte,
E proclamamos a Vossa Ressurreição,
Vinde Senhor Jesus”.

Quando o Senhor voltará?
Quando se dará a Sua gloriosa parusia?
Nem os anjos, nem o Filho sabem,
Falou-nos Ele que é segredo do Pai,
Assim cremos, assim esperamos...

O que faria se Ele voltasse amanhã?
Se o mundo amanhã fosse consumado,
Se não nos restasse outro dia,
Outro amanhecer no tempo presente,
Porque a História teria chegado ao seu ápice glorioso...

Quando o Senhor voltará?
Se Ele voltasse amanhã, amado tão esperado,
Gloriosamente para julgar os vivos e os mortos,
Introduzir o justo na morada do Altíssimo,
Para a face do Pai contemplar?

Continuaria minha missão, meu ministério,
Sem remorsos, consciente de que vivi movido
Pelo mais belo e divino Mistério
De um Amor Uno e Trino que me chamou
Me consagrou, me enviou, Presbítero Seu;

Escreveria mais um texto, uma poesia,
Faria minha Oração da noite serenamente,
E se merecedor, ao amanhecer
O maravilhoso encontro com o coração confiante,
A Ele eternamente agradecido.

Ah, que bom se a amada continuasse penteando
O cabelo de seu amado, porque já trêmulo,
Enfermo, jubilados de ouro no matrimônio,
Mas amor renovado, no Sacramento nutrido,
Reluzindo em cada secreto e pequeno gesto de amor.

Que bom se a criança continuasse a brincar,
E que não fosse tão apenas diante de uma tela,
Mas nas ruas, de ciranda, de mãe da rua,
De esconde-esconde, de pega-pega,
Como em tempos idos, na alegria e na paz;

Que o jovem continuasse a sonhar,
Porque não será mais um número
Na tão triste estatística dos que são ceifados
Pela morte precoce, pela violência da vida banidos,
Não mais sangue dos pequenos, jovens e inocentes.

Que esperássemos com mesas postas,
Sem fome, sede sacrificando vidas e povos;
Esperar alimentados, esperar amados,
Sem angústia pelo que falta cruelmente,
Mas na alegria do pão quotidiano partilhado

Que o contador de história contasse novamente
A mesma história, com matizes de esperança,,
Fazendo brilhar os olhos de adultos,
Porque histórias belas contadas,
Não apraz somente coração de criança.

Que o cantor não parasse seu canto,
Que a melodia soasse mais suavemente
Dedicada ao tempo novo que se anuncia,
Porque amanhã será o fim, não um trágico fim,
Mas a grande e esperada parusia.

Que na veia do poeta o sangue continuasse circulando,
As palavras grafadas, digitadas, no muro da história
Gravadas, para que reproduzisse o que se encontra
Muito mais que na mente humana, o que fica no coração,
Porque é assim tudo que se eterniza na memória.

Que o pão assado no forno continuasse sendo assado,
Exalando o perfume que encanta o olfato do faminto,
Porque assim será o eterno futuro, uma exalação ininterrupta
Do Amor de Cristo para aqueles que  assim o quiserem;
Exalação do odor de amor no Paraíso reinventado, reconstruído...

Assim haveria e haverá de ser,
Não importa se o mundo amanhã acabará,
Importa antes de tudo, o que ora faço,
O que posso fazer para que o mundo seja melhor,
Sem medos, discursos funestos e alarmistas...

É tempo de viver a fé para que dê frutos.
É tempo de solidificar a esperança
Na caridade ativa, vigilante sejamos.
Quando será o fim do mundo não importa,
Importa o que estamos fazendo no mundo e do mundo...

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