“Eis
que estou à porta, e bato;
se
alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta,
entrarei
em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. (Ap
3,20)
A
Liturgia das Horas nos apresenta um Comentário sobre o Salmo 118, escrito pelo
Bispo Santo Ambrósio, que nos recorda que somos templos divinos, e precisamos
abrir as portas e portais ao Senhor, para que venha fazer morada.
“’Eu e o Pai
viremos e faremos nele nossa morada’. Franqueia, então, a tua porta ao que vem,
abre tua alma, alarga o íntimo de tua mente para veres as riquezas da
simplicidade, os tesouros da paz, a doçura da graça.
Dilata o coração
e corre ao encontro do sol, da eterna luz, ‘a que ilumina a todo homem’. Esta
luz verdadeira brilha para todos. Mas, se alguém fecha as janelas, priva-se da
eterna luz. Assim também Cristo é repelido se fechas a porta de teu espírito.
Embora possa entrar, não quer ser importuno, não quer entrar à força. Recusa-Se
a usar de coação!
Nascido da
Virgem, Ele saiu do seio, irradiando luz sobre o mundo inteiro, refulgindo para
todos. Os que desejam, acolhem a claridade inextinguível que noite alguma
interrompe. Pois à do sol que vemos diariamente, sucede a noite escura; mas o
sol da justiça jamais se põe, porque à sabedoria não sucede a maldade.
Feliz aquele a
cuja porta Cristo bate. Nossa porta é a fé, que, quando sólida, defende a casa
toda. Por esta porta Cristo entra. Daí dizer a Igreja no Cântico: ‘A voz de meu
irmão bate à porta’. Escuta o que bate, escuta o que deseja entrar: ‘Abre para
mim, minha irmã esposa, minha pomba, minha perfeita, porque tenho a cabeça
coberta de orvalho e meus cabelos, das gotas da noite’.
Observa que o
Deus Verbo bate à porta principalmente quando sua cabeça está coberta de
orvalho noturno. Digna-Se visitar os atribulados e tentados, para que não
sucumbam às amarguras. A cabeça cobre-se de orvalho e de gotas quando o corpo
sofre. Importa, portanto, vigiar para não ficar excluído à chegada do Esposo.
Se dormes e o teu coração não vigia, afasta-se antes de bater. Se o teu coração
está vigilante, bate e pede ser-lhe aberta a porta.
Possuímos a porta
de nossa alma, possuímos também portais sobre os quais se diz: ‘Levantai,
príncipes, vossos portais, erguei-vos, portas eternas, e entrará o Rei da
glória’. Se quiseres levantar os portais de tua fé, entrará em ti o Rei da
glória, trazendo a vitória de Sua paixão. Tem também portas a justiça. Delas
lemos o que disse o Senhor Jesus por meio de Seu profeta: ‘Abri-me as portas da
justiça’.
Há quem tenha
portas, há quem tenha portais. A essas portas Cristo bate, bate aos portais.
Abre, então, para Ele; quer entrar, quer encontrar vigilante a Esposa”.
É
preciso que abramos a porta e portais de nossa fé ao Senhor, para que nossa
alma seja iluminada, e não nos percamos nos caminhos escuros que a vida nos
apresenta.
Quando
abrimos a caverna escura de nossa existência ao Senhor, e nos abrimos ao Seu Plano
e Projeto de amor, há o encontro conosco mesmos, e ao mesmo tempo com Ele.
Da
mesma forma, é preciso estar vigilantes para a chegada do Senhor, que baterá à
nossa porta, para entrar e cear conosco, como nos falou o Autor do Livro do
Apocalipse:
“Eis que estou à
porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua
casa, e com ele cearei, e ele comigo”. (Ap 3,20).
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