domingo, 31 de março de 2024

Pelo amor e para o amor fomos criados




Pelo amor e para o amor fomos criados

Sejamos amados pelo que somos e não pelo que pretendemos ser.

Se amados formos pelo que somos não faremos sombras,
não deixaremos o outro com reticências e explicações fúteis.

Há uma miopia crônica de não saber-se amado,

Isto leva a situações desagradáveis, constrangedoras, indesejáveis...
Quando se é amado percebe-se sua múltipla manifestação.

Não imploro o Amor de Deus, peço apenas a graça
de contemplar Sua ação e manifestação.

Sejamos alegres testemunhas do Ressuscitado

Sejamos alegres testemunhas do Ressuscitado

“Sabemos que o nosso velho homem foi
crucificado com Cristo, para que seja destruído
o corpo de pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado” (Rm 6, 6)

A Alegria do Tempo Pascal é diretamente proporcional
Ao quanto nos empenhamos no Itinerário Quaresmal,
Assim como no Tríduo Pascal, dias tão especiais,
Com Liturgias próprias, imensuráveis de riquezas...

Faço votos de um Feliz Tempo Pascal.
Que estes dias de alegria, esplendor e exultação
Pela Boa Nova da Ressurreição, tornem
Cada vez mais Pascal nossa existência.

Que a fé no Ressuscitado e na Ressurreição,
Por Ele prometida para quem n’Ele viver e crer,
Mais que promessa, seja um dia para nós realidade,
Quando, então, O contemplaremos gloriosamente na eternidade.

Contemplemos o Mistério Pascal com sua riqueza infinda,
Acolhamos, na fé, a Deus que é Pai e que Se dá a nós,
Por Cristo Ressuscitado gloriosamente no Espírito,
Presente no mais profundo de nosso coração.

Contemplemos com júbilo e exultação incontidas
O Mistério Pascal, deixando-nos envolver
Por este movimento ininterrupto e envolvente de Amor,
Para vivermos a vida nova, liberta de todo medo e incerteza.

Estabeleçamos vínculos fraternos sólidos e sinceros,
Configurando-nos a Cristo Morto e Ressuscitado,
Guiados pela ação do Espírito que é garantia
De saborosos frutos de comunhão, amor e paz.

Inflame-se e aumente a caridade ativa em nós,
Regenere e consolide-se a fé pura e inabalável,
Renove-se a esperança de um novo céu e nova terra,
Para que anunciadores e testemunhas do Senhor sejamos.

“Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo
por uma morte semelhante à Sua, seremos semelhantes
a Ele também pela Ressurreição” (Rm 6, 5).
  
Isto é Páscoa:
Ser, no mundo, alegres anunciadores e testemunhas do Ressuscitado.
Aleluia! Aleluia! Aleluia!


Pequei, Senhor Deus

Pequei, Senhor Deus

Um ato penitencial em tempos difíceis por que passamos passar.
Ora menos, ou mais, são nossas súplicas, que sobem como incenso,
chegando ao mais alto dos céus; alcançando a misericórdia divina.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, porque sou pecador.
Por vezes ter naufragado no mar impetuoso das paixões desmedidas,
Ou mesmo por ter inflamado as labaredas do incêndio das vãs paixões.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, por ter consentido
E me entregado, desenfreadamente, aos pecados capitais:
Soberba, avareza, luxúria, gula, ira, inveja e preguiça.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, quando desnorteado,
Ardendo em impaciência, por objetivos não alcançados,
até mesmo ignorando Tua presença, existência, amor e bondade.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, pelo sono não dormido;
Por tresnoitar, passando noites em claro, duvidando de Tua graça,
Como se dela prescindir pudesse, e tudo por próprias forças resolver.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, por cegueira vivida,
Mergulhado em tormentos, aflição e angústias do quotidiano,
Procurando respostas e saídas tão apenas com recursos humanos.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, quando desfaleci,
Sem forças para me levantar, levado pelos ventos dos dissabores,
e deixei-me arder e me consumir; na frágua do padecer, quase morrer.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, quando desertificado,
E em meu apertado coração, como um cálice de amargura,
Não me uni ao Cálice Sagrado, e não bebi da Tua Salutar Bebida.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim. Volto a Ti
De coração contrito e humilhado, meus pecados tantos confesso,
Indigno e pecador que sou, clemência e misericórdia Te peço. Amém. Aleluia!

Em poucas palavras...

 


Derramai a Vossa Misericórdia! 

“Cristo Jesus, salvai-nos e derramai a vossa misericórdia sobre o povo que vive na esperança da Ressurreição; 

– conservai-nos, hoje e sempre, livres de todo o mal.”  (1)

 

 

(1) Prece das Laudes da  Liturgia das Horas

 

É Páscoa! Vida nova se inaugura!

                                                                

É Páscoa!
Vida nova se inaugura!

Algo novo em nosso coração reluz, alegria abundante jorra, nossos olhos voltam a brilhar… O Sol Divino veio ao nosso encontro abraçando-nos, acolhendo-nos, enviando-nos...

O Senhor veio plantar no coração de pessoas de boa vontade a confiança e a esperança, que concretizadas em ações de caridade autêntica assegurarão o novo que Deus tem para nós.

O Senhor, de fato, faz novas todas as coisas, sobretudo no coração daquele que crê e ama. Os sinos soam em vibração contagiante e os suores da luta se multiplicam, porque não há, quando por amor, esforços que sejam insignificantes.

Que o Suor de Sangue do Amado não tenha sido em vão. Derramemos o nosso, se preciso for, por um mundo novo, alegre, cheio de vida, paz, justiça, fraternidade e amor. O Sol Divino irrompeu na madrugada, iluminou nossa existência, revigorou nossos passos, refez nossos sonhos e os sagrados compromissos que brotam da fé.

É Páscoa!
Chegou o tão esperado amanhecer!
O Sol Divino, Jesus, está mais do que vivo no meio de nós.
O Senhor Ressuscitou! Aleluia! Aleluia!

Eucaristia: Sacramento da unidade e da caridade


Eucaristia: Sacramento da unidade e da caridade

Vivendo o Tempo Pascal, sejamos iluminados pela mensagem dos “Livros a Monimo”, escrita pelo Bispo de Ruspe, São Fulgêncio (Séc.VI), que nos fala da Eucaristia, como Sacramento da unidade e da caridade.

“A edificação espiritual do corpo de Cristo realiza-se na caridade, segundo as palavras de São Pedro: ‘Como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo’ (1Pd 2,5).

Esta edificação espiritual atinge sua maior eficácia no momento em que o próprio Corpo do Senhor, que é a Igreja, no Sacramento do Pão e do Cálice, oferece o Corpo e o Sangue de Cristo: ‘o cálice que bebemos é a comunhão com o sangue de Cristo; e o pão que partimos, é a comunhão com o corpo de Cristo. Porque há um só pão, nós todos participamos desse único pão’ (cf. 1Cor 10,16-17).

Por isso pedimos que a mesma graça que faz da Igreja o Corpo de Cristo, faça com que todos os membros, unidos pelos laços da caridade, perseverem firmemente na unidade do corpo.

E com razão suplicamos que isto se realize em nós pelo dom daquele Espírito que é ao mesmo tempo o Espírito do Pai e do Filho; porque sendo a Santíssima Trindade, na unidade de natureza, igualdade e amor, o único e verdadeiro Deus, é unânime a ação das três Pessoas divinas na obra santificadora daqueles que adota como filhos.

Eis por que está escrito: ‘O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado’ (Rm 5,5).

O Espírito Santo, que é unidade do Pai e do Filho, realiza agora naqueles a quem concedeu a graça da adoção divina, transformação idêntica à que realizou naqueles que receberam o mesmo Espírito, conforme lemos no livro dos Atos dos Apóstolos: ‘A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma’ (At 4,32). Quem fez dessa multidão dos que creram em Deus um só coração e uma só alma, foi aquele Espírito que é unidade do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é um só Deus.

Por isso, o Apóstolo exorta a conservarmos com toda a solicitude esta unidade do espírito no vínculo da paz, quando diz aos Efésios: ‘Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportando-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito’ (Ef 3,1-4).

Deus, com efeito, enquanto conserva na Igreja o amor que ela recebeu pelo Espírito Santo, transforma-a num sacrifício agradável a seus olhos. De modo, que, recebendo continuamente esse dom da caridade espiritual, a Igreja possa sempre se apresentar como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”.

Seja cada vez mais nossa espiritualidade Eucarística: impossível o discipulado sem que celebremos e comunguemos o Corpo e Sangue do Senhor (por vezes espiritualmente).

Saciados pelo Pão de Imortalidade, antídoto para não morrermos (cf. Santo Inácio de Antioquia), somos revigorados e animados para edificar a Igreja.

Oportuno concluir com as palavras do Papa São João Paulo II, que, em seus últimos escritos sobre Eucaristia: Ecclesia de Eucharistia – 2003 e Mane Nobiscum Domine – 2004), assim nos falou:

“A Eucaristia é amor levado ao extremo”;
“A Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia”;
“A Eucaristia cria comunhão e edifica para a comunhão”;

“Na simplicidade dos sinais do banquete se esconde o abismo da santidade de Deus”;

“A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço do céu que se abre sobre a terra – é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da história e vem iluminar nosso caminho”;

“... o cristão, que participa na Eucaristia, dela aprende a tornar-se promotor de comunhão, de paz, de solidariedade em todas as circunstâncias da vida...  a Eucaristia como uma grande escola de paz...”

“O Senhor é a minha força”

“O Senhor é a minha força”

O Salmo 17(18) é um hino entoado por Davi, em que louva e agradece a Deus pela proteção diante dos ataques dos inimigos, acompanhado de vitórias alcançadas.

Diversas imagens aparecem no Salmo com toda amplidão e riqueza:

“Ao Senhor eu invoquei na minha angústia
E Ele escutou a minha voz.
Eu Vos amo, ó Senhor sois minha força,
Minha rocha, meu refúgio e Salvador!

Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,
Minha força e poderosa salvação,
Sois meu escudo e proteção: em Vós espero!
Invocarei o meu Senhor: a Ele a glória!
E dos meus perseguidores serei salvo!

Ondas da morte me envolveram totalmente,
E as torrentes da maldade me aterraram;
Os laços do abismo me amarraram
E a própria morte me prendeu em suas redes.

Ao Senhor eu invoquei na minha angústia
E elevei o meu clamor para o meu Deus;
De Seu Templo Ele escutou a minha voz,
E chegou a Seus ouvidos o meu grito” (1).

Além das belas imagens do rochedo, escudo, há outras muito expressivas: “Ondas da morte”; “torrentes da maldade”; “laços do abismo” e “a morte que prende em suas redes”.

Muitas são as “ondas da morte” que vemos em noticiários e ao nosso redor, quotidianamente. E não são poucas as “torrentes da maldade” destruindo amizades, sonhos, esperança, a beleza da vida da humanidade e do planeta, nossa casa comum.

Também há “laços do abismo” dos pecados capitais (soberba, avareza, luxúria, gula, inveja e preguiça), que nos arrastam para o fundo do abismo, e que, somente abertos e acolhidos pela misericórdia divina, conseguimos voltar à superfície e continuar por outro caminho que seja expressão de uma vida digna, plena e feliz.

E a morte que nos prende em suas redes pode ser o roubar de nossas forças, o cansaço, o estresse, a indiferença, o individualismo, o relativismo, por vezes nos dilacerando e nos roubando quaisquer forças para dar mais um passo.

Mas também há a rede de morte virtual, quando mentiras são multiplicadas rapidamente, assim como modismos e contravalores que se opõem à beleza e à sacralidade da vida, de sua concepção ao seu declínio natural.

Podemos utilizar as redes virtuais para aproximar, criar laços, multiplicar informações, facilitar acessos e tantas outras possibilidades positivas, mas, também, podemos utilizá-la para criar distanciamentos, insegurança, atentados, e outras expressões negativas.

Ontem, Davi tinha suas lutas, conquistas. Hoje, os tempos são outros, mas não estamos livres das “ondas da morte”; das “torrentes da maldade”, dos “laços do abismo” e da “morte que prende em suas redes”.

Ontem e hoje, o Senhor seja sempre a nossa força, nosso escudo e proteção, para que sejamos envolvidos por ondas de vida, torrentes abundantes do bem, crendo e vivendo Sua Palavra, vivendo a autêntica liberdade, pois foi para a liberdade que Ele nos libertou (Gl 5,1)

Tendo morrido livremente e por amor na Cruz, fez dela o instrumento para gerar uma nova rede, na qual nos inserimos, como que enxertados, e vida plena, eterna e feliz, alcançamos.


(1) Versão do Missal  Cotidiano – Salmo 17(18), 1-7 

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG